Projeto Eligio. escrita por P B Souza


Capítulo 6
Capítulo 6.




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Montanhas Tatras – 05h04min 11/04/2631

Alguma coisa caiu atrás deles, Salazar deu um pulo como gato assustado se virando levantando os braços pronto para atacar.

Anur chutou a pedra que tinha se desprendido do teto, farelos ainda caiam causando o único ruído além da respiração deles.

– Já vasculhamos tudo Salazar. – Anur disse sem ver o rosto de Salazar, mas sabia que o rosto dele carregava uma expressão de cansaço. – Nem mesmo Centinel está aqui. Só aquela máquina estúpida.

Salazar não disse nada, os dois continuaram andando pelos tuneis estreitos ou galerias molhadas, antes da guerra existia um lago no topo da montanha, toda aquela água ainda estava ali, em galerias subterrâneas formando grutas de beleza e horror incomparável.

Por um momento Salazar refletiu sobre o passado quando as mentiras foram contadas, após a destruição da montanha... Os quatro disseram nos quatro reinos que o quinto mestre estava aprisionado no fundo da montanha e morreria em breve, se já não estivesse morto, ele sempre soube que tal afirmação era mentira mas ver com os próprios olhos que Centinel não estava aprisionado ou morto lhe causou desconforto, se Centinel não estava ali então ele estava vivo, e estando vivo os quatro mestres corriam perigo, os Eligios corriam perigo... Mas isso não era tudo.

Salazar e Anur só encontraram dois corpos de Eligios, Robert Shouthavam e Arthur Nevenq, Robert morreu lutando pelos Eligios e pelo que foi criado para proteger, Arthur tinha traído os Eligios e morreu como traidor. Faltava encontrar o corpo de alguns Eligios, Salazar ficou feliz em não tê-los encontrado pois mantinha as esperanças de ela estar viva, ao mesmo tempo o medo dos outros três traidores também estarem vivos.

– Não encontraremos nada aqui.

– Finalmente concordou com o que venho dizendo a quase um dia. – Anur disse austero. – Podemos ir? Tenho fome.

– Vamos sim. – Salazar disse se virando procurando uma saída quando os tuneis se fundiam dando-lhe três rotas diferentes. – Viemos por onde?

– Ali. – Anur apontou e eles voltaram a andar, Salazar pisou em cima de um crânio sem nem mesmo ver e o osso se partiu ao meio com o som ecoando pelo túnel. – Precisamos de mais uma tocha.

Os dois permaneceram em silêncio por mais alguns minutos em uma longa subida quando Salazar levou a mão na cabeça sentindo-a latejar com uma forte dor. Fazia tempo que isso não acontecia, ele olhou para trás, mas só podia ouvir a respiração de Anur e mensurar que estava a dois metros, dois metros e meio de distância dele.

– Aconteceu algo? – Anur perguntou percebendo que os passos tinham parado.

– Não. – Salazar respondeu voltando a andar no outro instante. – Vamos, temos que achar o Derik. Ele deve saber onde ela... Os outros estão.

– Você acredita mesmo que ela sobreviveu? – Anur perguntou com uma tristeza envelopando suas palavras, era como se sentisse a dor de Salazar.

– Subestima aquela mulher, meu irmão. – Salazar respondeu sem olhar para trás, continuou avançando, agora em uma ladeira.

– Não é que eu a subestime. Mas se tirarmos a força dela, o que sobra?

– E se tirarmos o seu vinho... O que sobra? – Salazar perguntou em um tom rude. O silêncio novamente tomou conta e apenas os passos e o som das rochas se acomodando em pequenos deslizamentos eram ouvidos. – Anur, me desculpa, não devia ter dito aquilo.

– Pare de chorar. – Anur respondeu em tom brincalhão sem levar muito a sério o que Salazar dizia, mas sabia que no fundo nenhum dos outros nove Eligios o consideravam um bom homem, quão menos um bom Eligio. Ele era apenas um bom soldado, bom em matar pessoas e bom em encher a cara. – Vamos sair logo daqui. Onde o Derik está?

– Por que acha que eu sei?

– Porque quer ir atrás dele, – Anur respondeu. – e não dos outros, é simples.

– Vamos voltar para o Reino de Nillas. Lá talvez eu saiba ao certo, por enquanto é só uma sensação.

– Sim... O sexto sentindo dos Eligios. – Anur disse em zombaria, ele era o único dos dez que não tinha essa habilidade.

Então de repente os tuneis da montanha se desfizeram e Anur estava olhando pro passado, seu passado. No dia em que os dez foram encubados com a promessa de se tornarem heróis ao renascerem, no dia em que o Projeto Eligio teve início. Ele tinha uma única ordem, jejum de vinte e quatro horas antes do procedimento, Anur não obedeceu e bebeu meio copo de uísque com os amigos para comemorar o que aconteceria, o resultado foi catastrófico...

– Anur? – Salazar balançou-o pelos ombros o tirando daquele transe e Anur fungou tremendo assustado se desvencilhando dos braços de Salazar como se estivesse se soltando das agulhas e dos tubos da incubadora no laboratório.

– Que... Oi!

– O que deu em você? – Salazar perguntou, os rostos próximos um do outro, eles podiam ver o brilho nos olhos um do outro e os rostos desenhados nas trevas.

Anur pensou em falar, mas aquelas lembranças eram dele e apenas, não importava a ninguém mais além dele próprio. Anur apontou para frente empurrando Salazar e começou a andar de novo disposto a sair daquela montanha e nunca mais voltar, aquele lugar era amaldiçoado, ele tinha certeza!

– Vamos sair logo daqui está bem? – Disse por fim em um tom amigável.


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