Projeto Eligio. escrita por P B Souza


Capítulo 17
Capítulo 17.




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Fortaleza de Caltanissetta – 00h11min 15/04/2631

Susan deslizou pelas paredes como uma cobra, esgueirando-se silenciosamente pela fortaleza de Isaquias.

Virou em um corredor e subiu escadas em caracol, queria encontrar o quarto de Isaquias. Sabia como aquele homem trabalhava, sabia exatamente como ele agia.

Continuou andando pela fortaleza, na área civil dela, salas, salões, livrarias, tudo vazio, Isaquias era, acima de tudo, solitário, embora rico e ganancioso era incapaz de fazer amigos e manter uma casa cheia. Felizmente aquela casa era grande o bastante para jamais ficar lotada com os poucos amigos de Isaquias.

Finalmente ela chegou no corredor da suíte de Isaquias, ficava no quarto andar da fortaleza. Ela olhou pela parede, agachada, nem mesmo guardas estavam na porta.

– Está facilitando muito Isaquias. – Ela sorriu se virando, ainda nua. O rebolado involuntário em sua cintura.

Rumou até a porta do quarto, agarrou a maçaneta da porta e espremeu puxando, o metal se soltou da madeira e ela jogou-o para trás, empurrou a porta em seguida e entrou no quarto.

Finalmente, assim que entrou ouviu o alarme soando. Algo estava errado, ou tinham descoberto sua ausência, ou algo mais ocorreu.

Olhou em volta, era um quarto normal, luxuoso mas normal. Cama grande, pilastras, baú no fim da cama, estantes com livros, lareira, mesa de centro, mesa de escritório, sofá...

Susan foi até o computador na mesa de escritório que ficava o lado oposto do local da cama, perto da parede com livros, do outro lado estava os sofás onde um vitral deixava luz entrar durante o dia, e cortinas tampavam olhares curiosos durante a noite.

Ligou o computador e começou a vasculhar os arquivos, o computador era ligado a uma rede de computadores privada, e tinha senhas, senhas que Susan não tinha conhecimento.

Puxou o computador da tomada e arrancou sua CPU de baixo da mesa, abriu a caixa e olhou para o HD retirando-o de dentro da CPU soltando os fios ligados a ele, correu para o guarda-roupa e olhou para as roupas, a maioria era de homem mas conseguiu uma calça e uma camisa social que rasgou aqui e ali, remendou com nós e improviso até ficarem do tamanho correto para seu corpo, uma bolsa de lado também lhe serviu bem, colocou nela o HD, e algumas canetas com tubos de metal dourado e prateado de Isaquias, caneta eram armas, Susan sabia disso melhor do que ninguém.

Susan amarrou o cabelo, até os ombros, todo repicado, usou um elástico de dinheiro para fazer isso. Então foi até a sacada do quarto de Isaquias e olhou para baixo, homens e mais homens surgiam por todos os lados, fugir não seria tão fácil como ela pensou.

Isaquias saiu do laboratório colocando a luva na mão e prendendo o fragmento brilhando na palma metálica da luva, da sua manopla.

Cruzou o corredor entre os prédios saindo em uma praça na frente da residência do Imperador.

– Ali está ela. – Isaquias disse apontando para a mulher na sacada olhando os mais de duzentos homens em prontidão. – Isqueiro.

Isaquias não era do tipo de andar com isqueiros, mas agora iria precisar estar sempre com um deles.

– Senhor, é melhor não fazer isso agora, para...

Isaquias lançou um olhar para Gefrau que dizia “cuida da sua vida”. Ele pareceu ter entendido. No momento seguinte olhou para os lados e saiu andando.

Isaquias olhou para Susan lá em cima, ele avisou Gefrau no momento em que as luzes apagaram devido a energização do fragmento que o anulador teria parado, por segundos, mas teria.

Era óbvio que com um pouco mais de força a Eligio teria estourado as correntes, escapado. O resto foi só mover as tropas. Ela escaparia com toda certeza, isso estava claro, mas agora ele tinha uma arma que nenhum dos outros três mestres tinha.

– Fogo.

Lá em cima Susan saltou.

A sacada foi assolada por disparos, o concreto e o mármore estouraram, mais e mais cacos se soltavam da construção, Isaquias porem viu o risco subindo e descendo no céu.

Foram dois segundos até a mulher cair no chão.

Isaquias pegou o isqueiro com um dos homens, enquanto tentava acender a chama no isqueiro via seus soldados aqui e ali, subindo dois metros no ar, caindo, rolando ou simplesmente morrendo com uma sombra fosca, um borrão no ar, um vulto demoníaco.

– Ascende. – Isaquias implorou para o isqueiro, que ele riscava e riscava, mas não produzia fogo algum, o vento não permitia.

– O próximo batalhão está chegando...

– MATEM ela. – Isaquias ignorou o aviso, a maioria dos homens estava morto.

Então o isqueiro ascendeu, Isaquias sabia que sua manopla não gerava fogo, mas controlava.

Jogou o isqueiro para frente vendo a chama dançar prestes a se apagar, então esticou o braço com a luva com a palma da mão aberta. O fogo no isqueiro recusou aumentando se espalhando pelo ar, avançou até a mão de Isaquias e cruzou seus dedos cobertos pela luva negra, o fragmento energizado brilhava forte, no outro segundo as labaredas avançaram da mão de Isaquias para frente engolindo seus próprios homens...

Susan agarrou o pescoço de um dos soldados, girou-o jogando o corpo contra outro. Virou quando viu uma bola de fogo avançando na sua frente engolindo soldados sem consideração pela vida deles, e sem consideração pela sua própria. Pulou.

O corpo dela girou no ar e Susan passou por cima daquelas labaredas que pareciam sair de um lança chamas, mas viu que era apenas a mão de Isaquias, uma mão com uma luva.

Caiu atrás do Mestre e do Imperador.

Isaquias fechou o punho e as labaredas, todas elas, desapareceram, seus soldados em chamas caíram no chão esfumaçando mas sem nenhum sinal de fogo. Isaquias se virou e encarou Susan. Abrindo o punho com a luva, mas Susan agarrou ele pelo braço e arrancou a luva de sua mão jogando-a para o lado, Isaquias pareceu se conformar e olhou-a nos olhos.

– Você foi a melhor espiã que eu já tive. Porque mudou tanto?

– Você jamais ia entender. – Susan disse esticando os braços.

Isaquias fechou os olhos sentindo as mãos dela envolver seu pescoço, os dedos de pele fina, a força, um único movimento e tudo estava acabado.

Susan abriu as mãos e o corpo de Isaquias caiu no chão. As armas apontaram para ela uma vez mais, Gefrau se aproximou e olhou-a.

– O que você fez?

– Isso...

Ela avançou em um vulto... Os tiros foram altos, mas ela subiu no ar em um salto e o único alvejado foi o próprio Gefrau, que virou-se com as roupas sanguinolentas olhando para cima, procurando Susan.

No topo de uma das construções Susan viu a praça com mais de trinta homens mortos, outros cem mirando em tudo, procurando o alvo, e um único homem cambaleando e enfim caindo ao lado de Isaquias, morto.

A mulher antes presa nua e torturada diariamente se virou encarando a lua no céu, o cheiro doce dos pomares de Caltanissetta, estava livre, fechou os olhos e pensou para si mesma sabendo que alguém iria ouvi-la. Salazar, eu estou voltando.


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Notas finais do capítulo

Gente, quero pedir duas coisas;
Desculpa pela demora com os cap.
E novamente, desculpa com o cap em si, porque acho que a qualidade destes últimos dois (16 e 17) foi bem inferior ao outros.
Vou tentar melhorar nos próximos, acho que é por causa da personagem ser feminina, pouco acostumado com isso, mas pretendo melhorar.
Até o próximo!!!



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