Projeto Eligio. escrita por P B Souza


Capítulo 10
Capítulo 10.




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Cidade Arquivo – 11h58min 16/04/2631

– As tropas estão reduzidas. – Alanor observou de cima de uma torre onde os guardas jaziam no chão com os pescoços torcidos.

Ele estava a quatro dias observando a Cidade Arquivo. Era, na verdade, uma instalação isolada cercada por uma muralha pequena mas guardada por homens fortemente armados, as únicas entradas era um túnel que ligava-a diretamente com a fortaleza de Nillas e uma saída por terra.

Alanor observava as tropas se retirando para os salões onde almoçavam diariamente aquele horário, estava acompanhando a rotina do local, ele era conhecido pela sua genialidade e astucia, capacidade de criar planos e executa-los sem falhas. Infelizmente isso já não era mais verdade, anos atrás ele tinha falhado em tentar impedir a explosão de Tatras...

Afastou os pensamentos mórbidos da mente e voltou a se concentrar no cenário a sua frente, era uma divisão de arquivos físicos, e que, se fosse verdade o que tinha conseguido de informação nos últimos meses, era o local onde estava sua liberdade, sua e de seus irmãos.

– Depois Rochandelly, verificar o centro de informações genéticas. – Alanor tagarelava baixinho repassando seus pensamentos até que o rádio no peito de um dos guardas caído chiou, ele olhou para o rádio, era alguém o chamando para o almoço. – Hora de agir.

Disse sabendo que em minutos a falta de resposta levantaria suspeita, alguém daria falta de três homens, e então uma corrente de eventos teria início.

Ele olhou para a entrada do prédio com a placa de “setor 1”. Três soldados não tinham saído, três deles estavam de sentinela na porta. Não seria tão difícil.

Alanor passou pela porta da torre e se pendurou nos balaústres e olhou para os três imaginando o que fazer, o chão era de paralelepípedos e não existia argamassa em volta os juntando, mas fazer aquilo causaria muito barulho e chamaria atenção indesejada. Olhou para cima, existia uma janela pela qual ele facilmente passaria, mas era inviável, existiria, com toda certeza, alarmes e ele teria de descer, outra hipótese era distrair os guardas, mas não tinha esse tempo, o amigo daquele homem morto na torre logo daria falta dele, e Alanor precisava desaparecer, só restava uma escolha.

Alanor saltou subindo no ar com abrindo os braços avançando da torre para a parede do prédio de oito andares, então bateu contra a parede as mãos e os pés deslizaram por um único segundo antes dele se soltar puxado pela gravidade e despencar rumo ao chão.

Os três guardas lá em baixo olharam para cima quando ouviram o som de algo bater contra a parede.

Alanor os viu levantar a cabeça quando ele caiu, caiu no meio dos três, foi rápido. Um deles puxava o revolver o outro a metralhadora e o último pegava o rádio, ele girou derrubando o guarda que pegava o rádio com uma rasteira e encarando o de metralhadora, agarrou a arma pelo bico e puxou com uma mão, com a outra agarrou o pescoço dele e o jogou contra o do revolver que perder a mira. Soltou a metralhadora e avançou novamente contra o homem desarmado que puxava o revolver do coldre na cintura, mas Alanor agarrou a cabeça dele e girou, o revolver do segundo guarda era levantado rumo a ele, antes que pudesse atirar Alanor desapareceu da vista dele e apareceu nas costas agarrando-o pelo pescoço e dando um tranco, o corpo do homem caiu feito boneca de pano.

O terceiro guarda rastejava até seu rádio, que tinha deixado cair quando foi derrubado pela rasteiras, Alanor correu até ele com um pequeno vendaval e agarrou o guarda, girou-o apoiando sua canela contra o pescoço do homem o sufocando, estendeu o braço e pegou o rádio que o guarda tentava e falhava em fazer.

Alanor olhou para o rosto se tornando vermelho pela falta de ar do homem, apertou o botão do rádio ouvindo o bip, então falou;

– Setor seis, intrusos! – Soltou o botão e esmagou o rádio em seguida. O guarda fechou os olhos desmaiando e Alanor aplicou mais força até que ele morresse, se levantou indo em direção a porta.

Ele não possuía o costume de deixar ninguém vivo, entrou em seu caminho virou alvo, era assim antes mesmo dos seus poderes, antes mesmo de ser um soldado a serviço do governo, seria assim até o fim de seus dias, era isso que ele era!

Empurrou a porta que, obviamente, não se abriu, ele voltou e vasculho o corpo de um dos guardas achando um cartão e passou-o pelo leitor ao lado da porta, um estalo e a porta se abriu, era apenas uma porta simples de madeira e metal.

Começou a andar pela central tentando não ser visto, matando quem estivesse no meio de seu caminho. Chegou a um elevador com a placa “Arquivos físicos”, entrou e desceu.

Quando a porta se abriu ele estava em escuro corredor que se estendia com várias curvas e portas ao longo do caminho. Pensou ter ouvido uma sirene vindo lá de cima, estava no primeiro nível de subsolo, o som estaria abafado então era provável que já tivessem descoberto sua invasão, logo estariam ali.

Olhou as portas com A, B, C, D, E, F etc. Impressas em chapas metálicas, dentro das salas separadas existiam mais distinções, A-1, A-2, A-3... Assim por diante, na sala B a mesma coisa, e quando a nomenclatura das cidades se esgotavam chegava o arquivo que ele procurava. Entrou na sala com a placa “Q”. Começou a correr entre as prateleiras, a organização era como a de um dicionário e ele correu pelas estantes e armários lendo QA, QB, QC, QD... Até chegar em QU.

Deslizou os dedos pelos livros e pelas gavetas analisando o conteúdo por cima até achar uma gaveta inteira com a placa escrito “Quinto Mestre”

– Isso! – Disse em um tom de felicidade puxando a gaveta ouvindo o estardalhaço que ela fez. Então com os olhos brilhando de esperança se deparou com algo que não esperava encontrar.

A gaveta estava vazia.

Ele espremeu o puxado que se amassou com um silvo metálico, se levantou saindo deixando a gaveta aberta.

Continuou seguindo o corredor sem saber onde procurar o que queria, então virou no último corredor onde uma porta metálica o separava de algo que parecia estar ali apenas para atrapalhar seu caminho, para o impedir de chagar em algo.

– Mas o que é isso? – Perguntou olhando o teclado para senha, não existia números e sim uma combinação de cores, azul, verde, amarelo, vermelho, laranja e rosa. – Malditos, porque trocaram os números por cores.

– Porque assim você não entra! – Uma voz veio de trás dele, e Alanor se virou lentamente com raiva de não ter ouvido ninguém se aproximando, mas percebeu que estava tão estressado pelo fracasso anterior na gaveta do Quinto Mestre que simplesmente não conseguiu prestar atenção no obvio, não conseguiu prestar atenção ao seu redor.

O homem estava parado na entrada do corredor enquanto um segundo virava com uma arma enorme que deslizava em rodinhas metálicas no chão, a arma possuía vários bicos e botijões como os de gás, o homem não disse mais nada por uns instantes, Alanor também nada disse ou fez, ficou parado olhando para a cena, ele estava encurralado ali, como um rato.

A arma se aproximava pelo corredor de vinte metros rumo a Alanor que começava a se procurar, os tubos apontados para frente eram ligados por canos aos botijões, um motor embaixo do assento onde um operador estava começava a rugir com seu funcionamento, ao mesmo tempo o homem que tinha falado com Alanor se retirava para trás da máquina.

– Rendasse ou vamos disparar! – O homem disse sério, Alanor pode vê-lo colocar luvas nas mãos, estranhas e grossas luvas que subiam até metade do antebraço, eram negras e não aparentavam ser de pano ou metal ou plástico.

– Tubos, botijões, luvas? – Alanor falou em tom de zombaria. – Eu deveria ter medo?

Perguntou fingindo uma risada, mas na verdade estava morrendo de medo.

– Rendasse agora ou atiro. Último aviso! – O homem repetiu no mesmo tom do mesmo jeito.

– Aranhou o disco? – Alanor perguntou pensando se deveria ou não avançar, deu um primeiro passo e uma proteção de vidro transparente subiu cobrindo o rosto do operador, uma mira vermelha surgiu no vidro, Alanor não saberia ao certo, mas tinha certeza que a mira focava nele.

Ele pensou o que restava a ele fazer, não tinha como correr para trás, a porta o impedia, então abaixou as pernas se flexionando para um salto, queria avançar verticalmente passando por cima dos dois homens e correr para fora da instalação.

Mas então a arma com tubos e botijões soltou duas garras metálicas que fincaram contra o chão quebrando o piso e travando a máquina. Alanor pensou no porque daquilo, a arma deveria ser bem violenta para precisar ser travada junto ao chão.

Antes que Alanor pensasse em pular correr se virar... Um jato foi cupido por um dos tubos da máquina, Alanor correu vendo uma ondulação transparente cruzar o ar, três passos foi o que conseguiu fazer antes daquela onda o atingir e ele rodar no ar jogado para trás com um violento estrondo sonoro que fazia seu ouvido quase explodir de dor. Ele foi jogado para trás como papel ao vento e bateu contra a porta, as paredes o teto e as luzes estouraram, a argamassa descascou e o piso rachou, Alanor caiu no chão de joelhos sentindo o cérebro doer. Era uma onda de som.

– Essa arma foi criada para deter vocês, renda-se! – O homem disse uma vez mais.

Alanor não tinha planos de se render.

Se levantou novamente pretendo avançar mas o cheiro de gás infestou o ar e uma fagulha fez com que o ambiente todo fosse incinerado, Ele permaneceu em pé, o fogo engolindo seu corpo e ele avançando em passos lentos, as labaredas girando contra as paredes e fragmentos de concreto girando no ar, Alanor esticou os braço e encostou no tubo onde o jato de gás era lançado, quando o fez o fogo parou e outro jato de som surgiu, abafando todo o fogo que sumiu em um segundo e Alanor foi jogado para o fundo do corredor novamente girando no ar até bater contra o chão, fincou os dedos no solo destruído e queimado se segurando ouvindo o som do metal da porta atrás dele ser retorcido. Olhou para suas mãos, estavam em carne viva cobertas de sangue, suas roupas estavam sanguinolentas e fundidas com a carne e a pele.

Alanor se virou lentamente mantendo-se agarrado ao solo, o som, as ondas de som arrancavam pedaços de sua pele, ele se virou e esticou as pernas contra a porta metálica toda chamuscada coberta de fragmentos do chão e das paredes e então se soltou, foi impulsionado pelas ondas de som, quando bateu na porta a mesa estourou virando presa as dobradiças e Alanor caiu no chão girando dentro de uma sala escura que começou a se iluminar com sensores de presença.

Ele aproveitou os poucos segundos de paz arfando e se levantando, seus cabelos tinham sido consumidos, sua pele estava destruída, sua aparência alterada, felizmente ele podia se regenerar em poucas horas.

– Está morto? – O homem perguntou passando pela porta.

– Quase! – Alanor respondeu olhando para ele, as luvas nas mãos dele brilhavam com um azul ciano. – Mas vai precisar fazer melhor do que isso.

– E vou!

O homem disse e saiu correndo atrás de Alanor que se virou e tentou fugir, mas mancava e tremia, não foi longe antes do homem pular em cima dele e os dois caírem no chão, o homem ficou por cima e apoiou as duas mãos contra o peito de Alanor, então posicionou a outra mão no pescoço de Alanor.

O homem sorria.

Alanor tentou se livrar do homem e por mais que se debatesse e empurra-se o homem Alanor sentia-se cada vez mais fraco até sentir o corpo como era décadas atrás, até sentir-se humano. O homem porem ficava cada vez mais forte, então tirou a mão do peito de Alanor e colocando o indicador na própria boca ele puxou a luva a jogando ao lado, puxou uma faca da cintura e girou-a nos dedos com um olhar sádico, desceu a lamina contra a barriga de Alanor que tentou tremer com o golpe sentindo a dor da lâmina perfurar seus órgãos.

– Como é depois de tantos anos sendo invencível, enfim, sentir a morte? – Disse o homem ainda estrangulando Alanor com a outra mão. A luva brilhava forte.

Alanor não respondeu, iria morrer se não agisse! Com os braços estendidos um deles ia colocando a luva rapidamente mexendo os dedos, o homem nem mesmo dava a atenção a isso, estava fascinado de mais com o rosto destruído queimado e deformado de Alanor tomado por feições de dor.

– Vou voltar como um herói!

– Se alguém... – Alanor engasgou na fala, sem fôlego. A energia da luva assim que Alanor a colocou no punho foi passada para ele, Alanor sentiu o próprio corpo se encher de força, a dor diminuir, sentiu voltando a ser um Eligio. – Voltará como herói... Esse alguém não é você!

Alanor levantou o braço agarrando o homem pelo braço e o jogando ao lado, o homem rolou no chão gritando de raiva já se levantando, Alanor girou se levantando também.

O homem com uma das luvas avançou com fúria na direção de Alanor que estava de costas para ele.

Alanor entendeu que sala era aquela, era um cofre! Agarrou uma espada indicada como do império romano e girou apontando-a para o homem que correndo em fúria não pode parar, o metal enferrujado atravessou o peito do homem que arregalou os olhos enquanto um fio de sangue desceu pelo seu lábio até o queixo pingando.

O homem esticou o braço colocando os dedos no peito de Alanor, a luva brilhou levemente sugando a energia dele.

– Sugue o que puder! – Alanor disse encarando o homem nos olhos. – Nem mesmo um Eligio sobreviver sem coração.

Disse puxado a espada e o homem girou no ar enquanto Alanor agarrava seu braço puxando a luva, o homem despencou morto no chão.

Alanor devolveu a espada ao seu local e então colocou as luvas retomando suas forças. Os soldados estavam se armando com uma tecnologia que pela primeira vez em muitos anos fazia frente ao poder de combate dos Eligios. Alanor tomou consciência que precisava agir depressa agora.


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