Detalhes escrita por LittleHobbit


Capítulo 7
River Flows In You


Notas iniciais do capítulo

A música do dia é River Flows In You, do Yiruma.
A música é instrumental e toda no piano, e definitivamente é a minha favorita até agora! A ideia veio naturalmente, na primeira vez que ouvi a música. Foi a primeira vez que aconteceu isso esse mês!
Eu gostei de como ficou, então espero que também gostem o/
Aproveitem!



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John passou o peso de seu corpo de uma perna para a outra, de forma nervosa. Seu coração ainda batia fortemente contra sua garganta e ele se sentia levemente tonto, como se pudesse desmaiar a qualquer momento.

–Pretende ficar parado ai até quando, John?

Sim. Ali estava ele. O loiro observava Sherlock Holmes caminhar pelo apartamento empoeirado. O mesmo apartamento que ficara vazio por dois anos, e ele caminhava pela sala como um fantasma. Como numa ilusão, ou como num sonho há muito esquecido. Ele caminhava de maneira tão natural que John poderia jurar que nada daquilo havia acontecido. Que ainda era há dois anos.

E ele observava aquela cena do lado de fora do apartamento. Parado no batente da porta sem ter coragem de dar um passo à frente, sem coragem de fazer parte daquela cena que se tornara tão comum e corriqueira anos atrás. Com medo de que se fizesse isso entrasse naquele sonho, aceitando de vez a sua loucura e abraçando sua insanidade como já chegara perto de fazer tantas outras vezes.

Nunca deveria ter ido até o apartamento. Nunca deveria ter deixado Mary voltar sozinha pra casa naquele táxi. Deveria ter ido com ela, como as coisas deveriam ser. Mas precisava ir até lá. Precisava falar com ele sem ter estranhos os ouvindo. Sem ter medo de que suas reações fossem assistidas por quem não entendia o que ele havia passado.

–Acho que vou ficar por aqui – respondeu o loiro num fio de voz.

Sherlock se aproximou a passos lentos. Ainda havia sangue em seu nariz e seu lábio inferior estava inchado em volta do corte. Não queria ter batido nele, mas sabia muito bem que ele merecia aquilo. Por todas as coisas. Por despedaçar seu coração e sua alma. Por deixá-lo sem rumo na escuridão. Por ter deixado que achasse que estava morto durante todo aquele tempo. E por achar que quando voltasse as coisas estariam iguais.

O que lhe tirava o chão, porém, era a forma como tudo aquilo parecia simples. Como se Sherlock não houvesse sido afetado por esses dois anos longes de si. Ele sentira saudades? Medo? Chorara? Sentiu vontade de voltar no tempo todos os dias? Porque John sentira todas essas coisas por tempo demais. E agora o maldito estava na sua frente e ele quase não conseguia respirar. Seu peito doía de alívio tanto quanto de raiva, e John tinha medo de como conseguia sentir ambas com tamanha intensidade.

–Você não veio aqui pra me admirar do lado de fora, veio? – ele o olhou com aqueles olhos e John sentiu o maldito arrepio em suas costas, o mesmo que sempre sentia quando seus olhares se encontravam. – Não precisava ter mandado Mary para casa se queria apenas me observar. Ela podia fazer companhia pra você.

John envolveu o colarinho de Sherlock em seus dedos, o puxando pra perto de seu rosto de forma violenta. O moreno se retraiu esperando que o punho do loiro o acertasse mais uma vez. O doutor o olhou com tanta fúria que pode ouvir o detetive prendendo a respiração, mas nada aconteceu.

John fitou aquele rosto machucado e só pode dar graças a Deus por ele estar vivo. Sentiu os olhos ficarem úmidos, enquanto afrouxava o aperto no colarinho do mais alto. Fungou o ar pelo nariz e logo suas bochechas foram molhadas pelas lágrimas que segurara durante toda aquela noite.

–Tanto tempo... Foi tanto tempo, Sherlock – soluçou.

Suas mãos apertavam o smoking do detetive com tanta força agora, que os nós de seus dedos estavam brancos. Precisava segurá-lo firme agora. Não podia deixar que ele sumisse uma segunda vez. E aquilo era a única coisa que podia fazer, segurá-lo com todas as suas forças.

Sentiu mãos em suas costas e apenas conseguiu chorar mais. Em silêncio, enquanto Sherlock o abraçava de forma cálida, John deixou esvair o que guardara por tanto tempo.

E mesmo muito depois de John ter parado de chorar, ainda continuaram abraçados sob o batente. O loiro rezava para que aquilo não fosse apenas um outro sonho, enquanto sentia o cheiro e o calor de Sherlock contra si.

O moreno correu as mãos até os seus braços, os apertando de maneira leve. E, dando alguns passos para trás, puxou o mais baixo para dentro do apartamento, numa confirmação de que estavam mais uma vez dentro da vida um do outro. E John apenas esperava que dessa vez fosse pra sempre.


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Notas finais do capítulo

Como eu disse lá em cima, essa é a minha favorita. Foi incrível escrever com uma música que não tem letra! Mostra que não precisamos de palavras pra transmitir o que sentimos, e o piano... Ah, o piano ♥♥
Essa parte eu sei que é besteira, mas enquanto escutava a música e digitava, me senti como se também estivesse tocando.
Enfim, espero o comentário de vocês.
Até o próximo o/