As Crônicas da Resistência escrita por Pec


Capítulo 4
Capítulo 3 - O Sopro Cinzento




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Os remotos trovões e rajadas de chuva estavam se aproximando do vilarejo cinzento, de leste a oeste, o murmúrio começou a incitar o caos, a notícia de que o comissário havia sido sequestrado se espalhou rapidamente por todo o reino do norte, a cada segundo o mundo escurecia mais, as trevas foram perturbadas.

Cavalgando ligeiramente por uma pequena trilha sob as montanhas que rodeavam o vilarejo Cinzento, Pamy seguia com tenacidade, coberta com sua capa rosada, ignorava o frio e o medo, aspectos do submundo, sou mais forte do que isso, minha missão é resistir! Pensava Pamy. A trilha seguia montanha acima, se estreitando mais a cada légua.

_Pare Bruce! – Disse Pamy com firmeza, fazendo seu cavalo parar – Ppu... De onde você tira esses nomes?

Bruce era um cavalo extremamente forte, pelos e cabelos negros, poderosos como seus olhos castanhos, suas pernas eram marcadas por algumas cicatrizes, mas o cavalo parecia se orgulhar delas, pois sempre que parava as posicionava de maneira bela e elegante, obrigando todos que o olhassem admirassem-nas.

_Ora ora ora! – Disse Pamy ao tirar o peno negro que escondia o comissário – Parece que acordou.

O comissário estava com os seus pés e mãos fortemente amarradas, Pamy retirou gentilmente um pedaço de pano posto em sua boca que evitava que o mesmo gritasse.

_Quando eu me soltar – Disse Giussep enfurecido – Vou quebrar seu pescoço com minhas próprias mãos!

_Eu deveria cortar suas mãos agora para me prevenir então? – Disse Pamy sarcasticamente ao beber um fraco de água que havia trago consigo – Se continuar quieto, talvez eu não te jogue da montanha, talvez...

_Silêncio! – Sussurrou Giussep rapidamente.

_Como é que... – Dizia Pamy antes de ser interrompida por Giussep.

_Não consegue ouvir? – Sussurrou Giussep assustado – Lobos Presatrovão... vieram junto com a tempestade.

_Lobos! – Pamy também sussurrou, fechou os olhos e concentrou seus ouvidos, foi quando ouviu um som estático e leves grunhidos se aproximando, como pequenos passos e leves pulsos elétricos – Bruce! Vamos!

_Não adianta – Sorriu Giussep – Nós já estamos mortos!

Pamy saltou sob as costas de Bruce a bateu com suas fracas pernas no grande corpo do cavalo, indicando para o mesmo prosseguir com velocidade. O cavalo começou a cavalgar bravamente montanha acima, em um breve momento Pamy olhou para trás e não avistou nada, porém com um susto de um forte relâmpago pode ver quatro grandes lobos brancos se aproximando a metros.

_Essa não! – Disse Pamy tornando a olhar para frente e inclinando-se, manobra utilizada para cortar o ar e aumentar a velocidade – Vamos Bruce, vamos!

O cavalo aumentou a velocidade, porém os Presatrovão eram incríveis velocistas, estavam se aproximando. Um forte trovão golpeou o pico da montanha, o estrondo foi tremendo, assustando Bruce e o fazendo perder o equilíbrio, por sorte, o cavalo era extremamente talentoso e manteve-se firme a corrida, porém Pamy não conseguiu se segurar e caiu na trilha; Bruce parou a alguns metros à frente e olhou para a garota, Pamy retribuindo o olhar gesticulou rapidamente com suas mãos indicando para o cavalo continuar sem ela, com respeito, ele obedeceu.

_São só quatro lobos... – Disse Pamy ao levantar e empunhar sua lâmina, mesmo assustada, a garota se manteve firme.

Os quatro lobos de pelagem branca a cercaram, rosnavam sedentos por carne, a cada latido um raio era emitido dos céus e acertava os arredores da montanha, um dos lobos avançou em direção a Pamy, esta girou rapidamente sua espada e acertou seu olho direito, enfurecido o lobo saltou em Pamy e mordeu sua perna, derrubando-a sobre a trilha da montanha.

_Minha perna... – Pamy contorceu-se de dor, a mordida de um lobo Presatrovão era extremamente dolorosa, pois além de perfurar a pele eletrificava parte do ferimento, o lobo soltou sua perna e preparou-se para morder seu pescoço.

Em uma fração de segundos, uma forte rajada de luz acertou o lobo que degolaria Pamy, o lançando a derradeiro da montanha. Pamy colocou-se de joelhos e avistou um semblante de um forte cavaleiro se aproximando, cabelos negros e lisos e uma armadura de prata, empunhava uma bela espada e carregava um escudo em suas costas.

_Deixe as criaturas infernais comigo! – Disse o cavaleiro epicamente ao girar sua espada com elegância e entrar e pose de combate – Sentirão o pesar de seus gélidos lamentos!

Rapidamente um lobo correu e saltou na direção do cavaleiro, este virou-se e o cortou em ascensão, partindo-o ao meio, assustados os outros lobos recuaram um passo e ficaram a latir, o cavaleiro ajoelhou-se e ao proferir algumas palavras inaudíveis, fincou com força sua lâmina no chão, por um breve instante os trovões e relâmpagos se cessaram, quando os lobos dobraram seus fortes joelhos para saltarem em direção ao cavaleiro, duas fortes rajadas vindas do céu acertaram-nos, queimando grande parte de sua pelagem e os fazendo desmaiar. O céu voltou a trovejar.

_Nossa... Jovem... – Disse Pamy ainda sentada no chão impressionada com tamanho poder – Você é um deus?

_Deuses não existem! – Disse o rapaz ao estender sua mão para Pamy - Eu sou apenas um paladino.

_Obrigada! – Disse Pamy ao usar a mão do rapaz para levantar – jovem, isso foi super legal!

_Você achou? – Disse o rapaz sorrindo e colocando sua espada em um suporte nas costas - Isso é um fardo...

_Fardo? – Disse Pamy o encarando.

_Um fardo que o portador da luz deve carregar! – Respondeu o garoto colocando seu punho fechado sobre o peito e fechando seus olhos.

–--

Na grande e triste torre do bosque, Thaina permanecia atentamente deitada, com um punhado de rosas brancas sob seu peito, estava usando belas vestes negras e uma tiara com um belo rubi vermelho, mordia sua bochecha, ansiosa pelo “príncipe” que enviou Bartolomeu para guiar.

_Aquele papagaio louco... – Disse Thaina irritada – Até parece que mandei ele buscar a corte inteira, que demora!

Levantando-se da cama a garota se dirigiu até um quarto especial, pequeno e escuro, cheio de artefatos mágicos, um caldeirão e uma mesa com alguns ossos, começou a bater o pé com ociosidade, bocejou alto e gritou:

_Ramon!

_O que é agora! – Disse uma voz extremamente fina e aguda, vinda do chão, seguida de uns pequenos passos – Fala chefe!

Um pequeno rato de jaqueta preta e óculos escuros começou a subir pela roupa de Thaina e colocou-se na sua mão, curiosamente, o rato portava uma espécie de regata onde estava escrito: eu sou swag!

_Ramon – Disse Thaina encarando o pequeno rato - Bartolomeu ainda não voltou... Será que está tudo bem?

_Há! – Disse o rato se colocando e pé e cruzando os pequenos bracinhos – Isso que acontece quando chefe manda pássaro burro fazer serviço de rato malandro, quando for pedir para alguém fazer essas missões importantes, peça a mim, chefe, porque eu sou malandrão!

_Malandrão até um gavião te agarrar – Disse Thaina sorrindo – Escuta, Ramon, Preciso que prepare uma poção especial, ainda lembra como fazer a rosadinha?

_A rosadinha? – Sussurrou Ramon olhando ao céu e buscando algo em suas memórias – Acho que me lembro, mas onde vai usar isso?

_Apenas faça – Disse Thaina o colocando na mesa – Quando terminar me avise.

_Certo, chefe! – Disse Ramon se dirigindo a alguns fracos com ervas e grãos coloridos.

Thaina voltou a seu quarto e caminhou em direção a janela, foi quando avistou ao longe da trilha Bartolomeu e uma figura caminhando ao seu voo, porém seu entusiasmo foi tanto que ela não se atentou a observar com detalhes, voltou correndo para sua cama, pegou seu buque de rosas e fechou os olhos, esperando seu cavaleiro chegar.

Alguns longos minutos se passaram, quando a jovem garota ouviu os passos de alguém subindo as escadas, extremamente ansiosa ela mexia os dedos do pé e dá mão, repentinamente sentiu a presença de alguém ao seu lado, sentiu o ar de uma boca perto da sua, esse é o momento que tanto sonhei!, começou a suar, tentou controlar sua ansiedade para não saltar nos braços do homem a sua frente, quando de repente:

_Dona! – Disse Leonardo ao acertar Thaina com alguns leves tapinhas no rosto – Está viva?

_Pegou pesado agora, garoto! – Disse Bartolomeu pousando em seu suporte de madeira.

_Como assim está viva? – Disse Thaina ao se levantar e encarar Leonardo – A profecia dizia que você deveria falar coisas lindas e não me acusar de cadáver!

_Profecia? – Disse Leonardo confuso – O que quer dizer?

Um forte estrondo atingiu a torre, derrubando Leonardo no chão e Thaina de sua cama, a garota se levantou e olhou em sua janela avistando um grupo de cavaleiros negros e um mago de capa vermelha, este que exclamou em voz alta:

_Pelo poder investido em lorde Caeli, as bruxas devem ser queimadas e decapitadas!

_Legionários! – Disse Bartolomeu assustado voando em círculos pelo quarto.

_Bruxa? – Perguntou Leonardo ainda mais confuso – Você não deveria ser uma princesa?

_Você deveria ser um lindo príncipe e não estou reclamando! – Disse Thaina ao estender sua mão e dizer epicamente – Varinha de Condão!

Surgiu uma varinha flutuando rapidamente em direção a mão de Thaina, a garota olhou para Bartolomeu a balançou sua cabeça em ascensão, o pássaro rapidamente se dirigiu a sala de feitiços descritas a pouco tempo. Novamente a torre tremeu.

_Estão colocando explosivos na base da torre! – Gritou Leonardo olhando pela janela – Temos que sair antes que ela caia junto conosco!

_Nós sairemos! – Disse Thaina inclinando seu braço para trás, girando sua mão rapidamente e posteriormente a içando a frente – Portal de Transporte!

Uma forte rajada negra foi disparada da varinha de Thaina, formando em sua frente um portal mágico circular, escuro e sombrio, assemelhava-se a um buraco negro.

_Caramba! – Disse Leonardo surpreso – Você pode criar portais! Eu pensei que isso era apenas uma lenda!

_” Quando encontrar sua alma gêmea, deixará a torre” – Sussurrou Thaina para si mesma – Bartolomeu! Ramon! Precisamos sair agora!

Rapidamente Bartolomeu surgiu entre os corredores carregando Ramon em suas pequenas garras, e Ramon resmungava carregando um pequeno frasco com um líquido rosado, o pássaro não precisou dizer nada para entender a situação, planou com afinco e maestria em direção ao portal, adentrando e desaparecendo no mesmo.

_É sério que vou entrar em um portal?! – Disse Leonardo empolgado.

_Entre logo! – Disse Thaina empurrando Leonardo para dentro do portal, em seguida a garota lançou um olhar entristecido para seu quarto, lugar onde viveu toda sua infância, trancafiada no alto de uma torre na floresta, fechou seus olhos e não foi forte o suficiente para manter lágrimas em seus olhos – Espero que esse portal não termine na boca de um vulcão!

A jovem bruxa entrou no portal antes da base de sua torre explodir a mesma começar a desmoronar, destruindo todos os artefatos mágicos e parte do bosque. Os cavaleiros negros começaram a vasculhar os escombros a procura de algo.

_Senhor! – Disse um dos cavaleiros para o mago de capuz vermelho – Não encontramos a bruxa, parece que ela conseguiu escapar momentos antes da explosão.

_Esperta... – Disse o mago vermelho acariciando seu queixo e analisando os destroços – Os poderes do jovem príncipe estão aumentando a cada dia... Ele foi mesmo capaz de encontrar uma fonte de magia a essa distância absurda.

O mago apoiou-se em seu cajado de madeira, sua pele negra e olhos escuros agora eram atingidos pela chuva, pensativo, ele olhou para o cavaleiro e disse:

_Você quer ser prestativo para a busca?

_Sim, meu senhor! – Disse o cavaleiro negro.

_Então traga-me algo bem alcoólico para beber, dizem que minha mente trabalha melhor dessa forma – Disse o jovem mago vermelho.

_Senhor, existe uma cervejaria perto deste bosque, que tal passarmos lá? – Disse o cavaleiro sorrindo e acertando o ombro do mago com um leve soco – Se é que me entende! Hehe

_Não, você não é legal cara! – Disse o mago vermelho ao bater com seu cajado no chão criando uma onda de energia e lançando o cavaleiro a metros de distância, desmaiando-o – É... Droga... Esqueci de perguntar para ele a direção da cervejaria...

–--

Em uma pequena viela do vilarejo Cinzento, Dennys e Elvis estavam costa a costa, encarando um grupo de soldados de bronze que os haviam cercado.

_Abaixem as espadas garotos! – Gritaram os soldados – Acabou!

_Professor? – Disse Dennys sorrindo – Ainda lembra de seu melhor golpe?

_Sem a Whiteslide não vai funcionar, Dennys! – Disse Elvis encostado em suas costas, o cobrindo – É loucura!

_Pensei que você fosse louco! – Disse Dennys correndo em direção a dois soldados, ele desferiu um golpe lateral, mas os soldados desviaram com facilidade, porém essa era a intuição de Dennys, que se agachou e fincou sua lâmina no asfalto – CORTE INVERTIDO!

Elvis correu em sua direção, pisou em suas costas e saltou em direção aos soldados, chutou precisamente o rosto de um deles e se impulsionou de volta ao ar, lançado em direção a outro soldado girou furiosamente sua espada e decepou sua cabeça, nesse curto intervalo de tempo Dennys havia se levantado e golpeado fatalmente os outros soldados que se distraíram com o movimento.

_Impressionante! – Disse Elvis recuperando o fôlego – Seu ângulo de inclinação foi perfeito, proporcionou um salto perfei...

_Certo! – Interrompeu Dennys correndo a frente – Vamos continuar, Cadelo!

_Esse apelido... – Disse Elvis coçando seus olhos e correndo em direção a Dennys, os dois correram até uma grande árvore, Dennys avistou alguns soldados e se escondeu atrás da mesma, Elvis o seguiu.

_Não faz sentido, Ppu, já procuramos por todos os cantos do vilarejo, nenhum sinal do Natan ou do Henrique, eles só podem estar no centro do vilarejo!

_Eles não são tão burros assim... – Disse Dennys coçando seu cavanhaque – A praça central está infestada de soldados e caravanas de guerra, é o último lugar que eles iriam.

_Confie em mim – Disse Elvis ofegante – Se eles não estão no lago ou nas ruas da cidadela, só podem estar na praça central!

_Não podemos confirmar isso empunhando armas – Disse Dennys.

_Vamos usar isso! – Disse Elvis tirando alguns capuzes negros de sua bolsa – Não são belos, mas são discretos.

_Bom andarilho! – Disse Dennys cobrindo seu corpo por completo com o capuz – Vamos seguir!

Os dois jovens seguiram em direção a praça central, lá muitos camponeses fizeram uma grande filha para pagar seus impostos, as carruagens da legião estavam preenchidas com moedas, artefatos e em algumas até mesmo pessoas, juntos a multidão de pessoas, Dennys e Elvis assistiam um pobre homem ser açoitado por não ter moedas suficientes.

_Vamos nos separar – Sussurrou Elvis – Nos encontramos na frente da cabana de Pamy, não demore muito!

_Certo! – Respondeu Dennys.

Elvis começou a caminhar cabisbaixo pelas pessoas, momentaneamente levantava seu olhar e procurava por um dos meninos, caminhou por toda a praça central e não encontrou nada, exausto, encostou em uma das caravanas, suas pernas ardiam e começou a pegar um resfriado, a chuva era incessante.

_Natan... Henrique... – Sussurrou Elvis para si mesmo ao encarar as gotas de chuva que acertavam seu rosto – Onde vocês estão?

_Elvis! – Disse Natan dentro da caravana – Estou preso!

_Natan! – Elvis virou-se e começou a encarar a caravana, grande e com barras de ferro, assemelhava-se a uma jaula para animais selvagens – O que você está fazendo nessa jaula?!

_Soldados me pegaram, eles estão aprisionando as crianças – Disse Natan tentando quebrar as barras de ferro – Não consigo quebrar isso...

_Ei! Jovem! – Gritou um soldado apontando uma lança para Elvis – É proibido falar com os prisioneiros!

_Opa! Desculpe amigo! – Disse Elvis sorrindo para o soldado e se afastando, sussurrando antes de sair – Voltarei com reforços!

Natan aquiesceu com a cabeça.

Dennys por ventura não encontrou Natan, também não obteve algum sinal de existência de Henrique, exaustivamente olhou uma última vez para a grande multidão de pessoas na praça central, nada.

Encostou-se em uma árvore e tirou um pequeno frasco com água de sua bolsa, em longos goles conseguiu saciar parte de sua sede, começou a encarar suas mãos, refletindo consigo mesmo, repentinamente percebeu um brilho violeta surgindo de uma das vielas, levantou-se assustado e correu em direção ao local. Parado, admirando a cena que acaba de presenciar, Ppu tentava entender o porquê de um papagaio, um rato, um costureiro e uma mulher de vestidos negros estarem saindo de um portal negro.

–--

Descendo a montanha, retornando ao vilarejo Cinzento, Pamy caminhava com o cavaleiro de prata.

_Tem certeza que não vai buscar seu cavalo? – Perguntou o cavaleiro.

_Bruce é esperto, jovem – Respondeu Pamy – Ele vai levar o comissário para a caverna e nos esperar lá.

_Bruce... – Sorriu o cavaleiro – Esse é um nome tão legal!

_Qual seu nome? – Perguntou Pamy sorrindo – Eu sou a Pamy!

_Marcos, o obstinado! – Respondeu Marcos realizando uma expressão positiva com a mão.

_Por que caminha para o Vilarejo Cinzento – Perguntou Pamy.

_Eu pude sentir as trevas naquele lugar – Disse Marcos lentamente – É minha missão combater a escuridão, é minha busca.

_Entendi... Eu acho... – Disse Pamy, sua perna ainda doía pela mordida do lobo presatrovão, ela andava com dificuldade e momentaneamente colocava sua mão sobre a ferida – Aquele lobo conseguiu me morder...

_Está ferida? – Disse Marcos parando seu caminhar e olhando para a perna de Pamy – Posso ver?

_Você quer ver minha perna, jovem?! – Disse Pamy avermelhada.

_Cal... Calma – Sorriu Marcos um tanto tímido – Acho que posso amenizar sua dor.

_Esse rapaz dispara rajadas de luz... – Pensou Pamy – Tudo bem... Pamy sentou-se e levantou parte de sua calça, a mordida era profunda e ainda sangrava um pouco.

_Já ouviu falar em helioterapia? – Perguntou Marcos lentamente ao começar a canalizar um brilho quente em sua mão._Não... – Respondeu Pamy observando atentamente a magia do paladino.

_Helioterapia... – Disse Marcos ao passar levemente sua mão sobre a ferida de Pamy – O poder do sol e da luz podem transferir energias vitalícias e curar enfermos, amenizar feridas e até mesmo dissipar doenças.

A ferida de Pamy parou de sangrar e melhorou consideravelmente, a garota se levantou e realizou pequenos saltos para confirmar o dito do paladino.

_Que legal! – Disse Pamy sorrindo – Poderes de cura!Ambos continuaram seguindo para o vilarejo cinzento, em um ponto alto, era possível avistar o horizonte, os trovões e o céu negro ficavam cada vez mais macabros.

_Que dia escuro – Disse Marcos encarando o horizonte – Está vendo aquela grande nuvem negra se aproximando?

_Acho que sim... – Disse Pamy avistando aquela gigantesca magra escuro nos céus – Está vindo rápido, não?

_Sim... – Disse Marcos sentando-se e bebendo um pouco de água que trazia consigo – Quer um pouco?

_Aquilo... – Disse Pamy espantada, começando a soar – Aquilo não é uma nuvem!

–--

Em cima de uma árvore, Leslian e Henrique observavam escondidos o caos se instalando na praça central, Leslian conseguiu arranjar (não me pergunte aonde) mais um punhado de uvas e continuava a degusta-las, Henrique por sua vez fitava atentamente tudo o que acontecia, os camponeses gritando, soldados correndo e a chuva e trovões se alastrando.

_Que droga é essa cara! – Disse Henrique curioso – Estão aprisionando até as crianças!Lentamente a chuva começou a parar, os murmúrios se cessaram, todos começaram a olhar para o céu, gigantesco, um grande monstro cobria os céus com suas asas, balançou sua cabeça levemente e cuspiu uma forte rajada de fogo que cobriu os céus por completo, nuvens começaram queimar, o gélido frio que todos sentiam agora começava a se tornar um calor infernal, o bater de asas da grande criatura fez com que as cinzas do vilarejo se levantassem, e em um forte sopro, o tenebroso dragão fez com que os ares se poluíssem com cinzas.

_Demoramos muito! – Disse Elvis correndo para a cabana de Pamy – Por favor, Ppu, esteja lá!

Do outro lado do vilarejo, Dennys corria junto a Thaina e Leonardo, os guiando em direção a cabana de Pamy.

_Caramba! – Gritava Leonardo impressionado – Animais falantes, magos e bruxas, e agora um dragão!

_Tantos lugares! – Resmungava Bartolomeu carregando Ramon em suas garras – Tantos lugares e você nos traz para o fim do mundo!

_Não é culpa minha! – Corria Thaina cansada – Não consigo saber onde meus portais vão me levar!

_Pessoal! Apenas continuem me seguindo! – Gritava Dennys.

–--

Na grande cervejaria castanha, Gabi acordou com os gritos de Alex, berrando em cima de uma mesa:

_Gabi! – Gritava Alex enfurecido – Alguém roubou o precioso!

Gabi saltou de sua cadeira e correu em direção a porta da cervejaria, olhou ao redor e não avistou ninguém, bardo mentiroso! , pensou Gabi, pensando onde o bardo poderia ter se escondido, avistou uma grande nuvem negra vindo do vilarejo do cinzento, oeste daquele lugar.

_Alex... – Disse Gabi lentamente – Acho que você precisa ver isso!

_O que foi agora! – Disse Alex revoltado lançando cadeiras ao ar e se aproximando da janela – Quero que aquele vilarejo se exploda, precisamos encontra-lo, Gabi! Ninguém entrou nesse lugar enquanto eu estava dormindo?

_Na verdade... – Disse Gabi cabisbaixa – Sim... Um bardo...

_Um o que? – Disse Alex pasmo sentando-se em uma cadeira – Bardos não existem!

_Ele era um bardo... – Disse Gabi ainda cabisbaixa e com voz fraca – Tenho certeza disso!

_Então vamos encontra-lo – Disse Alex caminhando lentamente até a parede onde deixava todas as suas bebidas e pegando um grande martelo de barril que havia construído a tempos – E fazer o que for preciso para recuperar meu precioso!

_O que quer dizer? – Perguntou Gabi.

_Quero dizer... – Disse Alex colocando seu martelo sobre seu ombro e empunhando uma grande garrafa de cerveja com sua mão livre- Que pedras vão rolar agora!

–--

Autor: Elvis Costa

Coautor: Marcos Vinicius

Capítulo 4 – Peguem aquele coelho!


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