Como odiar o amor escrita por TheGhostKing


Capítulo 9
O plano real


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelo apoio :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/590379/chapter/9

POV Scott

O menino seguiu Nico o dia todo. Era o primeiro dia de acampamento, ele não sabia direito o que fazer, então que outra opção tinha? Ia para as aulas que o amigo ia, até as que achava que seriam entediantes, por mais que tivesse a opção de não participar. Era triste de admitir que ele teve mais facilidade nas chatas, como latim (ele se aliviou de finalmente entender um pouco dos nomes que a professora de ciências costumava dizer) e interpretação da Teogonia. Fora um desastre total na atividade da parede de escalada, sem comentar a esgrima, onde um tal de Percy Jackson literalmente ganhou dele de olhos fechados e com apenas uma perna. Mas tinha uma folga das risadas, afinal, era o “garoto novo“.

Mas não se importou, nem reclamou. Queria apenas passar o dia do lado de Nico. Tinha mesmo vontade de criar uma amizade com ele, ele parecia legal. Assustador e sinistro, sim, mas legal. E, afinal, podia acabar sendo uma maneira de pedir desculpas pela época de implicância na escola. Queria ganhar a confiança de Nico por completo.

E eles já tinham colocado o plano em ação. Afinal, a etapa um era fácil e nem ao menos precisava de cuidados, ou pelo menos não de muitos.

Basicamente, eles precisavam irritar o Cupido, para que a raiva dele sobre Nico crescesse. Seria importante na etapa final. Podia parecer muito perigoso, mas aí que estava: Scott havia convencido o deus a não reagir, para poder ter sua vingança mais tarde, quando eles “completassem” o plano que tinham discutido juntos. Em outras palavras, Nico e Jill estavam livres para fazerem o que quiser durante um tempo, e Cupido não os incomodaria.

Era bom de ver. Ele não sabia como Jill estava o tempo todo, mas Nico sorria, doce. Às vezes dava um sorriso sinistro, provavelmente pensando em como Cupido ficaria bravo, mas depois voltava com aquele olhar de bobo. Quando Jill passava, eles se cumprimentavam, e ela parecia tão feliz quanto.

Eles não estavam mais com medo.

Scott imaginou que seria a melhor sensação do mundo.

A tarde passou muito rápido, logo já estavam jantando. Nico sentou-se com uma garota de pele escura e cabelo cacheado cor de canela, provavelmente a tal Hazel, a irmã de qual ele tinha comentado. Jill estava sozinha em uma mesa branca. Scott olhou para a mesa dos filhos de Ares: tinha muita gente. Mas, assim, muita gente mesmo. Ele se sentiria mais confortável com menos pessoas, ou talvez pessoas que ele conhecesse.

Chamou a atenção de Nico com um assovio e indicou Jill com a cabeça. Ele fez cara de quem não entendeu, então Scott desenhou com os lábios:

“Vamos sentar com ela”

Nico estreitou os olhos, como se ainda não tivesse entendido, mas quando Scott revirou os olhos e abriu a boca para repetir, ele fez “aah” e sumiu.

Simplesmente sumiu.

O menino ficou confuso, mas lembrou-se do lance de teletransporte que criaturas das trevas sabiam fazer, qual era o nome mesmo... era tipo viagem no escuro, alguma coisa assim.

Ele viu o amigo na mesa do Cupido. Não entendeu porque ele não simplesmente levantou e andou até lá, assim como Scott teria feito. Se não tivesse sido interrompido por Quíron.

– Desculpe, deve se sentar na mesa de seu pai divino – disse o centauro.

Ele queria que Ares tivesse um poder maneiro de teletransporte também, mas ao invés disso, ele teve que passar os cinco minutos seguintes tentando sentar com os amigos de modo discreto.

Quando conseguiu, chegou na hora em que o assunto era ele mesmo.

– O que vocês estão falando de mim?

– Nada – Nico segurou a risada um tempo – só sobre o quão corajoso você foi durante essa perigosa travessia.

Jill jogou a cabeça para trás em uma gargalhada, como se pensasse a mesma coisa e estivesse se lembrando do acontecimento.

– Você é um desastre como semideus – comentou a garota, entre risadas.

– Pega leve – ele se defendeu – primeiro dia.

– Você tinha que ter visto o primeiro dia da mocinha aqui – Nico apontou para a amiga e colocou a mão ao lado do rosto, tapando a visão da amiga, para cochichar – ela é incrível!

– E você é um desastre como cochichador, Nico – ela bagunçou os cabelos dele, como se precisassem de mais bagunça.

Scott imaginou se como era a relação deles antes do plano. Quando se viam, o que faziam? Trocavam um “oi” envergonhado? Ou se ignoravam por completo? Nas atividades que tinham juntos, será que eles tentavam ficar próximos, mesmo sem admitir?

Se bem que, não fazia assim muita diferença. Eles estavam felizes agora e seria assim quando o plano estivesse concluído. Para sempre.

– Para de me encarar – disse Nico de repente. Scott notou que tinha realmente viajado nos pensamentos e estava olhando fixamente para um lugar que, por pura falta de sorte, era o amigo.

– Acho que você tem um pretendente – riu Jill.

– Mas vocês gostam de me zoar, né?

– Você precisa entender que chegou hoje. É a carne fresca do momento. Vai entender o quanto é legal confundir e zoar um novato quando chegar o próximo – disse Nico, acrescentando rapidamente ao ver a cara amarrada de Scott – que são sempre muito legais e é importante fazer amizade antes de julgar.

– Ah, deixa de ser preocupado – Jill reclamou – ele sabe que é tudo só brincadeira.

Silêncio mortal.

Os três de repente explodiram em gargalhadas, chamando a atenção de todo mundo.

– Voltem para a me... – começou Quíron, quando Nico pegou Scott pela mão e fez o lance de sumir. Foi tão rápido que no segundo seguinte cada um estava em sua mesa.

– O que disse? – ele perguntou, com ar de inocente.

– Gracinha – resmungou o centauro, ao se virar e sair.

Scott estava muito tonto. Resolveu comer e ver se passava.

Na verdade, ele só estava afim de comer mesmo.

Mas ele estava tonto.

.

Os dias daquela semana foram incríveis. O trio de amigos se comportavam como se se conhecessem desde eram criancinhas. Riam, mas riam tanto.

E chegaram mais acampantes, afinal. Uma menina de uns doze e um garoto com uns dezesseis. Nenhum dos dois havia sido reclamado ainda, e nem conversado com Scott, mas a chegada deles era ótima de qualquer jeito. Não era mais o garoto novo.

Ele ficou feliz com a notícia logo de cara, mas as consequências o atingiram rápido demais. Chega de folga nas atividades. Chega de “café com leite”. Chega de fingir que não sabe as regras.

E a melhor parte era que Nico e Jill ainda não conheciam os novos acampantes, então Scott ainda era o novato.

Mas, de qualquer maneira, estava divertido. As melhores férias que ele jamais teve. Superava até a vez que ele foi para a Disney. Mas também, era de se esperar, já que ele vira o Pato Donald tirar aquele cabeção de espuma. Longa história. E também não vem ao caso.

O fato era que, tinha sido uma longa semana para relaxar e aproveitar, mas talvez estivesse na hora de pelo menos pensar em aplicar a segunda etapa do plano. Eles já tinham irritado o Cupido em uma semana mais do que Scott conseguiria em um ano. Nico e Jill já tinham até se beijado dentro do chalé dela, sinceramente!

O deus estava aparecendo com muita frequência nos sonhos do menino.

– Não aguento mais! – gritava – preciso matá-lo! Você viu quando...

E adicionava algo (brilhante, mas) irritante que eles haviam feito.

– Vi – o menino revirava os olhos – mas é necessário para o nosso plano, não se lembra? E além do mais, imagine só, tê-lo em suas mãos, para fazer o que quiser... seria ótimo, não? – Cupido balançava positivamente a cabeça, os braços cruzados e biquinho, como uma criança – só o que você precisa fazer para ter isso é esperar.

– Mas eles não me chamam nem pelo meu nome certo! – ele reclamou uma vez – eu sou grego. Sou Eros. Cupido é a versão romana!

– Isso te irrita?

– Muito!

E no momento em que acordou naquele dia, correu para avisar Nico a continuar a chamá-lo de Cupido. O menino apenas riu.

Lembrar desse dia fez Scott notar algo.

Tinha a confiança de Nico. Por inteiro.

Definitivamente era hora da fase dois.

– Cara – chamou Nico – você está prestando a mínima atenção no que eu estou falando?

– Você está falando? – Scott realmente não tinha escutado uma palavra.

– Ah, mas por Hades! – Nico bateu com a palma da mão na testa.

– A, desculpa, mesmo, eu viajei, mas eu estava pensando em uma coisa importante, juro.

– No que?

– Na fase dois.

Nico sorriu.

– É hora de começar.

– Era exatamente sobre isso que eu estava falando com você.

Foi a vez de Scott de sorrir. Eles pensavam parecido.

– Ou melhor, falando sozinho.

.

Ele tinha dito que precisava ir ao banheiro.

– Jill? Cadê você, garota?

Estava rodando pelo acampamento feito louco procurando a amiga. Não a encontrava de jeito nenhum. Era realmente irritante.

– Mas onde ela se meteu? – repetia para si mesmo.

Ele não podia demorar demais. Nico acharia que ele estava com diarreia ou alguma coisa assim.

Foi quando ele a viu.

– Jill! – ele gritou.

Ele virou com um pulo e um gritinho.

– Que isso, amigo. – ela falou, curvada, com a mão no peito - Quase que eu pulo para fora da pele. Não me mata de susto não.

– Desculpa, mas eu realmente preciso conversar com você.

– Sobre?

– A fase dois. Eu e Nico estávamos conversando sobre colocá-la em prática.

– Hoje? Tipo agora?

– Mas como você é ansiosa! Escuta!

– Okay, calma.

Ela mudou o peso de um pé para o outro, pronta para ouvir. Mas Scott não disse nada.

– Foi uma ótima conversa – ela disse, sarcástica.

– Ah, é, verdade.

– Como era o plano mesmo? A gente tinha que coletar os...

– Não – Scott interrompeu – é exatamente sobre isso que vamos conversar. Senta aí.

Eles sentaram-se em um banquinho perto de onde estavam. Ela parecia impaciente.

– Não vamos fazer aquilo que eu disse. O plano é outro.

– Você mudou, então?

Scott sorriu, os olhos brilhando.

– Aquele nunca foi o plano.

Ela entortou a cabeça para o lado, como se não tivesse entendido.

– E Nico sabe que não é aquilo que vamos fazer?

– Não.

– E vai saber?

Scott aproximou-se lentamente da amiga, quase colando os lábios do ouvido dela. Colocou a mão em sua perna, mais para se apoiar mesmo, mas fez questão de ser justamente na coxa Jill, e sussurrou, com a voz rouca.

– Não.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por favor comentem, leva um segundo e ajuda mais do que vocês imaginam :3