Como odiar o amor escrita por TheGhostKing


Capítulo 13
Fim do plano, não dos problemas


Notas iniciais do capítulo

Gente, esse é o último capítulo da fic!
Comentem, por favor, o que acharam, porque talvez eu faça uma continuação.
Amo vocês, obrigada gente :3



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Finalmente, a grande hora! Ela não suportava mais esperar para puxar aquela flecha. Queria ver aquele desgraçado lentamente se tornando pó, em meio à confusão da traição, sofrendo enquanto era enviado em uma viagem só de ida para o Tártaro.

E, sim, foi exatamente como ela imaginava. Foi muito bom quando viu a flecha furando o pai, bem no peito.

– O que? – Cupido (sim, Cupido. Eros é o cacete) estava confuso – não! Sua traidora! Vocês dois, ladrõezinhos! Mentirosos!

As ofensas era como música para os ouvidos da menina. Os xingamentos foram ficando piores conforme ele ia sumindo. Scott abanou a mão, com um sorriso sarcástico.

– Tchauzinho! Boa viagem!

E ele sumiu. O silêncio reinou.

– Funcionou! – ela e o amigo comemoraram em uníssono, correndo para um abraço.

Separaram-se com rapidez e praticamente voaram para cima de Nico.

Ele parecia muito confuso, como se... bem, como se tivesse acabado de acontecer o que aconteceu.

– Desculpa, amiguinho, mesmo mesmo mesmo – Scott estava tirando as algemas do braço do garoto, que ainda não tinha dito nenhuma palavra.

– A gente pode explicar, juro – continuou Jill, arrancando as botas e a jaqueta de couro fora.

Ele continuava parado, com a mesma expressão.

Ela abaixou-se na frente dele.

– Se você não nos desculpar, eu não o culpo, mas nos deixe explicar.

Os olhos dele, antes vazios, fixaram-se nos dela. Ela aceitou aquilo como uma permissão para a explicação.

– Nossa, como começar... – ela andava de um lado para o outro. Não importava muito, na verdade, ele ia ficar confuso ao extremo de qualquer jeito – bom, o plano nunca foi matar você. Não o nosso.

O olhar de Nico foi de quem estava cansado de não entender nada. Ela suspirou.

– Foi tudo planejado, o tempo inteiro. Passamos a ficar mais tempo juntos e esfregar isso na sua cara, e já dava para sentir que você estava ficando mal.

– E depois, aquilo durante o jogo – completou Scott – sobre eu te bater e ela me beijar... é, isso fazia parte do plano também.

– E essa roupa horrorosa que eu estou vestindo.

Nico ainda os encarava, em silêncio. Sua expressão era indecifrável.

– E tudo isso faz sentido – a garota continuou – eu juro que faz. Veja bem, o Cupido é deus do amor, assim como Afrodite. Mas tem uma diferença enorme entre eles. Afrodite acha o amor lindo, ela é como aquelas patricinhas com quartos inteiramente rosas. Enquanto isso, o Cupido acha que, para amar...

Ela pausou, tentando arrancar alguma palavra de Nico. Como o menino continuou em silêncio, Scott completou a frase.

– Tem que sofrer. Eu repeti essa frase bastante para você, na esperança de que você conseguisse estabelecer uma relação, mas deu errado. De qualquer jeito, o sofrimento faz parte do poder dele.

Scott parou de falar, passando a fala para Jill, mas ela não sabia como continuar. O que eles haviam feito, ainda que por um motivo mais do que bom, fora imperdoável. Ela ainda sentia um pouco do clima tenso que ficava no ar enquanto o plano era executado. Sabia que Nico ainda sofria.

– A gente precisava que você sofresse – ela achou as palavras, resumindo – pois o Cupido consegue sentir o sofrimento nos outros. E se nós contássemos o que tínhamos planejado, você fingiria sofrer, e tudo iria por água abaixo.

– Falando nisso, ainda não contamos o que foi planejado – notou Scott. Ele correu e pegou a espada negra, caída no local onde o Cupido havia sido derrotado – segure.

Nico esticou a mão e segurou, mas ainda quieto.

– Você sente algo a mais? Sente-se mais forte, confiante... poderoso?

Ele fez que sim, lentamente.

– Isso é por que a espada transmite um pouco dos poderes para quem a usa. Os poderes de Hades. E as flechas que aquele psicopata deu para Jill mandam para o Tártaro tudo relacionado a Hades. Logo, planejamos como colocaríamos sua espada nas mãos dele, para termos a chance de derrotá-lo. Porque, sinceramente, em uma luta usando somente força, não teríamos chance.

– Concluindo, nesse exato momento, ele deve estar no fundo do Tártaro, jurando vingança. E, se dermos sorte, não nos incomodará por muito, muito tempo.

Ela sorriu. Ele não.

Com um suspiro, Jill se virou para Scott, que desenhou com os lábios a palavra “desculpe”. Ela balançou a cabeça, mostrando que não tinha problema.

– Nico – ela levantou-se – eu só queria que soubesse que nós sentimos muito, mas talvez fosse a única maneira de derrotá-lo.

Ele ainda não dizia nada.

Ela perdeu o controle o abraçou o amigo, chorando. E ficou muito surpresa quando ele retribuiu ao gesto, apertando o abraço. Ela sorriu, fazendo um som estranho em meio às lágrimas, e se afastou dele, com as mãos em seus ombros.

– Será que podemos ir para o acampamento agora? – ele falou, finalmente, com os olhos brilhando – não aguento vê-la mais um segundo com essa roupa.

Scott riu de alívio, e Jill sorriu tanto que as bochechas doeram.

Nico pegou na mão de cada um e viajou pelas sombras.

.

Chegaram ao chalé dela, que correu para separar um short jeans velho e confortável, a camisa do acampamento e seu tênis azul e cinza favorito. Estava no banheiro se trocando e pode ouvir os amigos conversarem.

– Então foi tudo planejado?

– Sim. Foi meio cruel, desculpe, mas foi necessário.

– Eu entendo. Mas, nesse exato momento, vocês estão contando a mais pura verdade, né?

– Não é sua culpa desconfiar. Apoie a cabeça em meu peito. – pausa - Foi tudo armado. Somos seus amigos. Gostamos de você. Fizemos pelo seu bem. No momento, não temos planos, é só aproveitar.

Jill sorriu, tentando tirar a saia, com dificuldade. Era pelo menos três números a menos do que uma saia razoavelmente aceitável para ela.

– Meu batimento cardíaco subiu?

– Não.

– Então eu não estou mentindo.

Ela ouviu os meninos se abraçarem, no momento em que a saia deslizou para baixo. Aleluia! Ela colocou o short com a maior facilidade do mundo e se olhou no espelho.

Camisa velha e suja. Short velho e sujo. Sapato velho e sujo. Rosto sem um grama de maquiagem. Aquela sim era Jill.

Saiu do banheiro, abrindo os braços e dando uma volta.

– Como estou?

Nico sorriu.

– Muito melhor.

Ela sentou-se perto deles.

– Vamos almoçar? – sugeriu – a gente pode explicar para as pessoas o que aconteceu.

– A gente pode tentar – corrigiu Nico – se eu fiquei confuso, sabe quando Percy entenderia isso, né?

Eles riram. Jill beijou a bochecha do amigo.

– Fico feliz pela sua reação.

– Tá achando que eu sou quem, um padre? – ele a puxou pela cintura e deu um beijo em seus lábios – agora sim. E eu também estou feliz.

Eles saíram do chalé de mão dadas, e quase dava para ouvir o sorriso malicioso de Scott atrás deles.

.

Ainda que todos tivessem preguntado se Nico estava bem, cada um teve sua própria reação.

Annabeth elogiou o plano, impressionada, quase orgulhosa.

Piper fez biquinho impressionado, mas com um toque de inveja, bem pouquinho, pois sabia que ela mesma talvez nunca pensasse naquilo.

Jason comemorou e bagunçou o cabelo de Nico, fazendo Jill notar uma relação diferente entre eles.

Leo ficou incendiando o dedo o tempo todo, distraído, então não prestou muita atenção.

Hazel parabenizou o plano, mas ainda fazendo o papel de irmã protetora.

Frank tentou acalmar Hazel disfarçadamente.

E Percy, como previsto, não entendeu nada, fazendo Annabeth tentar explicar o resto do almoço.

Todos sentaram na mesma mesa, Quíron até deixou, como comemoração. Brindaram Coca-Cola de cereja, que fez bastante sucesso. Só quem não gostou foi Hazel, que ainda desconfiava de Jill. Irmãos, fazer o que.

Jill, Nico e Scott jogaram na fogueira hambúrgueres decorados com ketchup para o Cupido, com os dizeres “você está na merda”, gargalhando, imaginando a reação do deus vendo aquilo. Nico engasgou algumas vezes, fazendo os amigos rirem ainda mais.

Mas as risadas, e qualquer barulho do refeitório, foram substituídos por gritos assustados quando uma menina surgiu na mesa dos amigos, em pé. Tinha a pele escura como café, os cabelos rebeldes presos em trancinhas, os lábios carnudos e os olhos destacados surpreendentemente azuis. Ela ficou de pé por um segundos e depois desabou no colo de Scott, que ficou vermelho na hora.

– Sério, Scott? – reclamou Nico – se uma garota bonita tombasse no seu colo e você corasse, não teria problema, contanto que ela estivesse viva. E que estivesse aqui antes, ao invés de surgir do nada, o que está ficando bem frequente.

– Você acha que ela está morta? – Jill perguntou, assustada.

Eles olharam os olhos da garota, virados para cima, e sua boca aberta.

– Acho.

Mas a menina esticou a mão para o alto com a rapidez de um tiro, fazendo todos recuarem.

– Tem um bilhete aqui – Scott notou, abrindo a mão da menina para pegar o papel. Leu em voz alta – “Meu nome é Cori”.

Todos esperaram por mais, mas o menino parou de ler por aí.

– É só isso.

– Vire o papel – Nico revirou os olhos.

Ele obedeceu e continuou:

– “O morto na luta pelo amor irá me acompanhar / A terra ressecada, nosso destino será / Buscar algo que já foi meu / E algo dele que também se perdeu / O deus castigado não será obstáculo / Mas outros inimigos farão parte do espetáculo / Em nome de meu pai, para ele devo achar / Procurar um destino que irá nos procurar”

– Isso é uma profecia? – questionou Annabeth, como reclamasse – não soa muito como uma.

– Porque foi ela que fez, sozinha – disse Nico – com as instruções do pai, pelo visto. Deve ser Apolo.

– Okay, mas o que isso tudo significa? – Jill estava confusa. Nico encarou-a.

– Que o tal “morto na luta pelo amor” tem uma missão.

– Eu sei que não sou lá muito inteligente – interveio Piper – mas acho que esse cara, na verdade, são vocês três. – ela apontou para Nico, Scott e Jill – veja bem. O morto, Hades, na luta, Ares, pelo amor, Cupido. Na verdade, quem tem uma missão são vocês.

Ela buscou o olhar de Annabeth, como se precisasse dela para confirmar sua teoria. A amiga mudou o peso de um pé para o outro e piscou para a outra, mostrando que concordava.

A garota acordou com um suspiro desesperado e um pulo. Jill estava cansada de tomar sustos com essa tal de Cori, antes mesmo de conhece-la.

– A água gelada queima – ela disse, apenas, deixando todos confusos. Ela se inclinou para Scott e beijou-o, antes de cair inconsciente de novo.

Scott pigarreou, envergonhado, e perguntou.

– Essa garota é meio maluca. O que a gente faz agora?

– Espera ela acordar – Nico sorriu. Seria sua primeira missão onde ele realmente fazia parte da profecia. Não estava animado daquele jeito a muito tempo – depois disso, amigão, nós temos uma missão a cumprir.

– Cori é um nome bonito – suspirou Scott.

Jill e Nico se entreolhara, rindo. Eles se aproximaram. Ele segurou o pingente de coração e perguntou:

– Você tirou isso enquanto estava vestida daquele jeito?

– Esse aqui, nunca.

Ela pegou o anel de prata do amigo e girou-o no dedo, como ele costumava fazer. Ele assistia com as mãos nos bolsos.

– Eu amo esse anel.

– Eu amo esse cordão.

– Eu amo você.

Ele a puxou pela cintura e pousou seus lábios no dela.

– Eu também te amo.


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Notas finais do capítulo

Fim :3 comentem o que acharam, por favor, e se querem a parte dois, que seria a missão deles com a Cori. Se não quiserem, fica para vocês imaginarem mesmo. Amo vocês, obrigada gente!



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