Temari estava um pouco tonta, cambaleava em direção à cama enquanto se via sozinha no recinto, num suspiro pesado e claro suor em seu rosto. Em mãos, uma garrafa amarronzada ameaçava escorregar e se quebrar no chão tão limpo que lhe refletia. Via olheiras, via a cara de frustração e pura derrota.

Estava numa estrada sem saída.

Olhou para o rótulo da garrafa já aberta, porém de conteúdo intacto. Não era lá muito fã de bebida, mas estava extremamente desesperada e aquilo resultou em medidas drásticas. Como empurrar álcool pela garganta, que era o que ela fazia no momento.

Fez uma careta diante do gosto terrível da bebida, logo pousando-a no criado-mudo do quarto que mais lembrava um hospital, com toda aquela decoração morta e o cheiro de mal estar. Não gostaria nem um pouco de estar ali, queria voltar para sua família, para seus irmãos em Suna. Se arrependia profundamente por ter se deixado levar pela situação.

Agora estava ali, como prisioneira do destino.

Seu rosto apresentava explícitos sinais de cansaço e vontade de ir embora, mas não podendo. E foi assim, com peito estufado, coragem no olhar como a selva, e num sopro determinado, que gritou:

— O que está acontecendo?!

Não houve resposta que pudesse ser ouvida. Ela desabou no chão, cobrindo o rosto com a mão, emanando raiva. Sua face estava levemente avermelhada pela bebida.

E então Temari ouviu, ela ouviu o som de uma porta se abrindo. E, olhando para cima com esperança a dominando, viu um homem. Ou melhor, o homem.

Shikamaru estava ali por ela.

— Você é tão problemática — disse, notando a garrafa pela metade. — Vamos, não precisa passar por um obstáculo criando outro ainda pior.

A loira sorriu; o som da liberdade ecoando pela sua mente.

— Temos um filho para cuidar, e uma vida juntos também — ele falou.

— Sei disso, idiota. — Ergueu-se num sorriso pequeno, e logo não estava mais naquele quarto, a paisagem fria sumira. E não estava bêbada, nem mesmo seu hálito apresentava traços.

Enfim, de volta. Enxergou o rosto do amor da sua vida diante do seu, murmurando palavras de incentivo à sua força. E ao seu lado, uma criança continha o choro por se achar gente grande.

Temari soltou uma risada breve, atraindo a atenção para si. Shikadai não resistiu, desdobrando-se em lágrimas rápidas. Seu marido parecia mais feliz e aliviado que nunca.

Estava de volta. Um acidente não poderia abatê-la assim. Não poderia levar o mais importante: sua vida.