Peggy sentia-se sufocada, não conseguia ver nada, e o ambiente em que se encontrava era totalmente apertado. Nada agradável para uma dama. O universo conspirou para que ela acabasse em uma caixa de madeira. Estaca sendo carregada por um caminhão cargueiro durante uma perseguição furtiva aos dois suspeitos de um assassinato.

Fazia tempo que não participava de casos assim. Parecia até um sonho estar em uma missão que não envolvesse armas estranhas, H.I.D.R.A. ou governos malucos. Desde a sua entrada na S.H.I.E.L.D., não envolvia-se em casos pequenos, mas por ordens médicas, precisava relaxar. Já não era mais tão jovem como fora no dia em que participou de sua primeira missão.

Há mais de 15 anos Peggy não precisava mais provar seu valor. Era uma mulher forte e de grande influência na política mundial, mas secretamente ainda guardava a dor do acidente que causou sua perda de memória, mesmo que momentânea. Depois de tempos aos cuidados de seus pais, lentamente começou a lembrar de seu tempo no exército e, principalmente, de seu grande amor: Steve Rogers, desaparecido e dado como morto desde o fim da segunda guerra mundial, onde Peggy Carter o conheceu como Capitão América. Sua suposta morte foi um choque forte na vida de Peggy e de sua irmã, Sharon Carter. No entanto, desde Doctor Faustus ela e sua irmã ingressaram na S.H.I.E.L.D., sempre acreditando nos ideais que o Capitão América ensinara à todos os americanos.

– Estamos quase chegando, chefe. – Disse o homem ao volante. – Acredito que não fomos seguidos...

Idiotas, pensou Peggy.

– Precisamos nos manter atentos. Se nos seguirem, Provenzio cuidará de nós dois com as próprias mãos.

Peggy estremeceu ao ouvir o nome Provenzio. Fazia tempo que a S.H.I.E.L.D. investigava-o, no entanto, o homem parecia um fantasma. Ninguém comentava sobre ele nas ruas de Nova Iorque, todos pareciam temê-lo. No entanto, não de forma gratuita: tortura e esquartejamentos, enquanto suas vítimas ainda estavam vivas, era apenas dois de seus passatempos favoritos. Era a chance de Peggy de saber mais sobre suas operações e pegá-lo.

Continuou escondida, o que não era nada fácil. O cheiro dos corpos estava começando a incomodá-la, tudo beirava ao insuportável, mas ela permaneceu em silêncio até chegarem no esconderijo de Provenzio.

O carro parou, e ela escutou os dois homens brigando para ver quem viria buscar os corpos na parte traseira do caminhão. Por fim, decidiram que os dois fariam isso, o que qualquer pessoa com um pingo de inteligência teria percebido ser a melhor opção desde o princípio. Afinal, eram dois corpos. Quando Peggy escutou o barulho das portas do caminhão se abrindo, preparou-se para o ataque.

– Ali! Você pega este e eu aquele. – Disse um deles afinando um pouco a voz.

– Por que eu tenho que pegar o mais gordo? Pegue você. Não se acha tão mais forte?

– Você é o irmão mais velho. – Respondeu o homem aos gritos.

Peggy, que já estava cansando da discussão, saiu da caixa e foi diretamente nos membros inferiores do irmão mais novo com uma chave de perna. Quando o derrubou, pulou pela parede e caiu com a ponta do sapato na cara do mais velho, que cambaleou um pouco para trás.

– Joe, atire nela, seu inútil. – Falou o mais velho dos dois.

Quando Joe puxou a arma presa em sua cintura, Peggy chutou nas mãos do homem, jogando-a para cima e pegando-a para si. Atirou no pé de Joe, fazendo-o cair gemendo de dor.

– A vadia atirou em mim, Jason. A vadia atirou em mim. – Chorava Joe.

Com o cabo da arma, Peggy atingiu a cabeça de Jason e o fez desmaiar.

– Uma lição para você, cavalheiro: nunca chame uma mulher de vadia. – Falou chutando Joe na cabeça, que ficou inconsciente por um bom tempo após a pancada.