Katniss olhou para o céu e sentiu mais uma vez o nervosismo rondar-lhe o estômago. O tempo não a estava ajudando muito. As nuvens estavam mais escuras, como se a qualquer momento desabasse uma tempestade em torno de si. Pôs até um vestido alegre para ver se melhorava seu humor, mas não serviu para nada. No fundo da sua alma se sentia cada vez mais triste. Necessitava um pouco de paz no seu interior...ou apenas do Abraço de sua avó.

Ela sorriu com o pensamento e começou a contar então, silenciosamente os minutos, para que aquele dia acabasse logo. Precisava de uma distração, mas o garoto loiro ao lado dela não entendia muito, depois de ter aceitado ajuda-la, não falara nem uma palavra, muito menos tentava ter qualquer início de conversa. Pelo canto do olho, Katniss percebeu que ele estava se sentindo desconfortável. Talvez pela sua presença, ou...Não! Devia ser ela mesma que estava o deixando assim.

Não aguentava mais o mudo ao seu lado. O silêncio as vezes à perturbava.

– Posso pelo menos saber o seu nome?- perguntou ela com uma certa grosseiria

O garoto não respondeu, apenas olhava para frente enquanto chegavam ao pátio principal que já estava cercado de adolescentes.

Katniss não podia deixar de reparar que a maior parte dos alunos estava a observando. E isto não parou, até que pôs os pés para dentro da escola. Quando olhou em volta tudo parecia tão tranquilo que não se importou por suas mãos estarem suando. Depois de alguns segundos, com os olhos cravados no chão, sentiu o clima sombrio que cercava as paredes dessa escola.

Primeiro veio o medo e então o comum nervosismo havia se juntando a ela. E como se a cada passo que dava esses sentimentos a penetrasse.

– É p-peeta...-ela ouviu o garoto gaguejar e então sorriu. Seus olhos azuis lembravam muito os da sua mãe. Estava se sentindo mais calma agora.

–Eu sou Katniss- disse tentando ser gentil e levantou a mão para cumprimenta-lo, mas peeta apenas desviou o olhar.

– Você não deve conversar comigo...-ele disse engolindo em seco. Sua voz pareceu fraca, percebeu katniss e o observou se afastando pela multidão de estudantes.

–obrigada peeta...por nada.

Ela girou os olhos quando depois de demorar alguns minutos rondando por todo o colégio, conseguiu enfim achar sua sala. Sentiu seu rosto ficar avermelhado de vergonha quando abriu a porta e o olhar de todos os seus futuros colegas estavam mirados nela. A novata...

Tentou parecer tranquila quando caminhou em direção ao professor que estava do outro lado da sala.

Contava baixinho cada passo que dava até chegar no homem com óculos. Ele a estava a encarando com um sorriso amigável estampado em sua face.

–Quantos passos deu?- perguntou tocando seu ombro. Ela se surpreendeu com a pergunta e sentiu seu rosto esquentar novamente

–vinte três, professor. ..-respondeu com a voz baixa, achando suas mãos muito mais interessante do que encarar os alunos que a estavam a olhando mais uma vez. Como se ela fosse de outro mundo.

– muito bom katniss!- ela pareceu um pouco nervosa por ele já saber seu nome, mas o homem com aparência cansada apenas a guiou até uma carteira vazia- Acho que em pouco tempo você se acostumarà com o ritmo da escola. Boa sorte e bem-vinda a Panem High School.

–Obrigada-agradeceu e percebeu um toque de ansiedade em sua voz. Olhou para sua carteira por um momento e então se sentou. Pegou seus cadernos e os colocou em cima da mesa esperando a aula começar realmente.

– Olá...bem é...katniss certo?- uma garota em sua frente a encarava tentando esconder a curiosidade. Seus cabelos eram mais negros que os de katniss .

Seus olhos tinham variações de verdes. Quando o sol batia em seu rosto angelical ficavam mais claros que o normal.

Ela era muito bonita, reparou katniss, mas achou divertido a garota estar usando um macacão maior que o seu pequeno corpo. A deixando em alguns ângulos, mais baixa do que deveria ser.

– sim. ..-respondeu sorrindo, e viu a menina coçar a bochecha. Não poderia ser uma alergia, ja que a sua pele ficava sequer irritada. Parecia mais uma mania, pois repetia muitas vezes.

Bom...uma mania bem estranha-pensou katniss

– Sou annie- ela respondeu feliz e piscou para Katniss- Estava pensando se você estar interessada em se juntar a mim e ao meu grupo literário, o que acha?- katniss a olhou realmente surpreendida com a proposta. Não achava que conseguiria amizades logo no primeiro dia de aula. Ela era muito estranha. Teve que admitir a si mesma.

–bom...eu...-katniss tentou falar, mas foi interrompida por annie

– Olha, talvez você não queira se juntar as "nerds"- fez aspas com as mãos e revirou as orbes verdes. Annie olhou para katniss pensativa - Mas seria realmente divertido... gostamos de pessoas inteligentes. E você, minha cara katniss- Annie de um tapinha na mão de katniss- parece ser uma pessoa realmente inteligente.

– Nossa...Obrigada Annie. Eu quero sim- aceitou, mas então refletiu por um momento-Bom... se as outras meninas não se importar.

– não se preocupe kat, a clove ficará muito feliz.

–clove? Eu pensei que fosse um grupo annie!- disse Katniss surpresa e começou a se sentir confusa, enquanto ouvia annie dar uma risadinha nervosa diante de sua expressão

–Agora será um grupo de três pessoas...

***

Peeta olhou ao redor tentando se decidir a onde ficaria no intervalo dessa vez. Não estava se sentindo muito bem para encarar os garotos novamente.

Da última vez em que se encontrou com eles, recebeu uma ameaça. Então estava disposto a manter distância, mas não por estar com medo das tentativas falhas de o atormentarem. Pois já estava atormentando com os fantasmas em sua cabeça. Mas não queria ser o alvo novamente. Não queria que as pessoas colocassem a culpa nele mais uma vez, pois não tinha mais ninguém que o protegesse.

Ele estava sozinho no mundo, e culpava o destino de não o ter preparado para a solidão que veio, pois sabia que não tinha coragem o suficiente para enfrentar seus medos.

Estava encurralado em uma armadilha da vida. O seu proprio labirinto.

E não sabia como se livrar dos obstáculos que o travavam por dentro.

Peeta estava caindo, e o seu coração estava se despedaçando. Ninguém poderia segurar a sua mão para o ajudar a se levantar, ou cicatrizar seu coração para continuar a viver, pois ele mesmo sabia que estava sozinho.