Elements escrita por Jowlly


Capítulo 19
Ei, esse é meu lugar


Notas iniciais do capítulo

YEEEEY! Olá, pessoas lindas :3
Como vão vocês?

AAAAAHHHHH! MDS, MAIS UMA RECOMENDAÇÃO! TO. NO. CHÃO! Muito obrigada Jejezinha! Muuuuito obrigada :3

Aqui vai mais um capítulo! 'u'



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Voltamos para a casa em um silêncio confortável. Não sentíamos a necessidade de falar alguma coisa e isso nem estava nos incomodando. Eu posso não ter descoberto o real motivo de tamanha bipolaridade do Drake, posso não ter descoberto quem era aquela garota (apesar do palpite ser claro: um amor que deu errado), mas o importante é que, ao menos, ele parece ter se acalmado... e eu espero que continue assim por um bom tempo.

Eu realmente gostaria que o clima calmo permanecesse, gostaria que, pelo horário, todos já estivessem quietinhos em seus quartos, para que quando nos dois chegássemos apenas fossemos dormir, mas... não foi bem isso que aconteceu. A primeira coisa que notei quando abri a porta de vidro entrando no prédio foi Lauren e Ryan dando uma bronca em Zack, o que também não durou muito.

– Você sabe que alguém iria precisar fazer aquilo! – Zack bradou, estava zangado.

– Isso não é desculpa, Zack! – Ouvi a voz de Ryan. É tão incomum ouvi-la, mas quando acontece, parece que até o prédio treme.

– Eu não poderia prever seus movimentos! Não poderia saber que tudo aquilo iria acontecer!

– Mas quando aconteceu, você não fez nada para parar. – Agora quem disse foi Lauren, com um olhar tão tenebroso que eu iria preferir colocar minha cabeça em um buraco e nunca mais sair dali.

Eu e Drake estávamos paralisados perto da porta, controlando até nossas respirações para não fazermos barulhos, atentos a discussão. As poucas pessoas que ali se encontravam estavam mais distantes, cada uma cuidando de sua vida...

– Foi legítima defesa! – falou em um tom óbvio. – A culpa não é só minha!

– Eu sei que não. – Lauren o interrompeu, suspirando forte. – Mas também é sua. – frisou a palavra também – E você sabe que não conseguirá escapar da punição. – falou sem perder a pose. Zack revirou os olhos, irritado, murmurou um “que seja” e entrou pisando duro no elevador.

Ninguém ainda tinha reparado na nossa presença. Quando o elevador se fechou, Lauren e Ryan se entreolharam, fazendo, provavelmente, uma comunicação telepática de amigos que só os dois entenderiam. Mas Drake estragou o momento. O garoto ao meu lado pigarreou e logo atraiu os olhares dos dois a frente. Instantaneamente, eles vieram até nós. Lauren, como sempre, na frente e a mais preocupada. Quando chegou, abraçou fortemente Drake, que correspondeu o abraço por alguns segundos, até se separarem. Repetiu o gesto comigo, mas baixinho, só para que nós duas pudéssemos ouvir, sussurrou “obrigada” no meu ouvido.

– Como você está se sentindo? – perguntou para Drake.

– Uma porcaria. – falou, mas logo completou – Mas melhor do que antes. – e deu um sorrisinho de lado. Senti meu rosto esquentar levemente. Besta.

– Ótimo. – Lauren soltou uma leve risada, acompanhada por Ryan que apenas observava tudo. – Você sabe por que ele fez isso?

Drake negou com a cabeça.

– Pedi a ele para te tirar de lá. Mas nunca pensei que Zack fosse te provocar... nem que isso teria uma consequência tão devastadora. – ela mordeu seu lábio inferior. – Desculpa.

– Não tem problema. – ele sorriu reconfortante. Aparentemente, agora havia pensado sobre suas atitudes e estava sendo bem menos chato.

– Mas você sabe que brigas aqui são proibidas, Drake... – ela começou. Notei que ele havia prendido a respiração. – E sabe da punição. - Ele abaixou a cabeça.

– Mas, Lauren... – tentou contestar, porém foi interrompido.

– Sem “mas”. Olha, vai ser só amanhã. Não é o fim do mundo.

– Eu sei... – murmurou fazendo o bico. Acho que alguém esqueceu-sede amadurecer... só acho.

– Agora é melhor você ir dormir. Amanhã também damos um jeito de arrumar seu quarto. Boa noite.

– Eu te acompanho. Boa noite Lauren, Sofia. – Ryan falou e, ele e Drake, se retiraram indo em direção ao elevador. Lauren e eu trocamos suspiros, como se falássemos “é, pois é...”. Resolvi perguntar sobre a tal punição.

– Não é nada demais, só que o horário normal de trabalho é tipo, triplicado. Então se antes ele só tinha que tomar conta da limpeza dos corredores, agora será as louças, as janelas e por aí vai... Ele e Zack, na verdade.

– Ah, entendi... – Comentei ainda pensativa. Então pelo jeito amanhã Drake estaria ocupado pelo resto do dia, o que me dava mais tempo com Max. Dei um sorrisinho que não passou despercebido pela outra.

– E aí? – ela perguntou também sorrindo.

– E aí o quê? – fiz-me de desentendida.

– Como foi o encontro?

– Ah! Então você sabia! – ri junto com ela.

– Acredita que ele pediu-me permissão primeiro? Posso não ser a que mais gosta dele, mas não estragaria seu lance. – Isso é uma amiga de verdade. Aprendam.

– Obrigada. – Meu sorriso ficou ainda maior.

– Olha, vamos fazer assim. – disse após uns segundos em silêncio, enquanto eu decidia por onde começar a contar. – Eu conversei com Karen sobre isso e ela também está louca para saber. Vai até o quarto dela que daqui a pouco eu estou subindo, só preciso terminar umas coisas aqui.

– Está bem! – falei e já fui em direção ao elevador.

Estava ansiosa para saber como Karen estava, toda aquela batalha, todo o resgate, acabou me deixando tão aflita... Morri de medo de que pudesse perder alguém... Quando cheguei a porta de seu quarto dei duas batidas de leve, ouvi um “entre” despreocupado e foi o que fiz, logo fechando a porta atrás de mim. Karen estava com os longos cabelos castanhos molhados, penteando-os em frente ao espelho. Quando me viu, não tardou em largar a escova e me dar um abraço. Correspondi sem hesitação.

– Obrigada, obrigada, obrigada, obrigada! – me apertou com tanta força que quase ficou difícil respirar. Tive um ataque de risos diante de tanta animação.

– Ok, ok! – falei entre as risadas – Agora me solta, preciso de ar! – ela me soltou e nós duas rimos novamente.

– Lauren me contou o que houve! Sério, você foi incrível! Vocês todos foram! Eu tenho os melhores amigos do mundo! – seu sorriso ia de orelha em orelha e seus olhos brilhavam. Eu mal sabia o que responder, estava ficando vermelha. Acontecia sempre que alguém me elogiava... Fiquei meio sem jeito, murmurando um “obrigada”, “não há de que”, e até mesmo “não é para tanto...”, aliás, eu sabia que ela faria o mesmo por mim.

– E então... – me olhou com o mesmo olhar que Lauren havia me dado há pouco tempo, apertando os lábios. É quase como um código feminino. Correspondi com um sorriso de canto de boca e um olhar que significava algo como “nem te conto”. Foi mais ou menos nesse momento que Lauren entrou no quarto e as duas quase imploraram para saber como havia sido o dia. Suspirei e comecei a contar.

– Ai, gente... não foi anda de tão especial... – disse sentando-me em um dos pufs de seu quarto. Karen e Lauren sentaram-se também.

– Não é o que esse seu sorriso está dizendo... – provocou a morena.

– Vai, deixa de frescura! Desembucha. – Lauren insistiu.

– Ok, ok. Assim, primeiro ele me levou até uma praça, onde ficamos observando por um tempo tudo ao redor, e logo em seguida, fomos a um restaurante, algo bem aconchegante, meio que um pub. Ficamos conversando sobre milhares de coisas. Andamos um pouco pela cidade, que, nossa! É uma graça, não é mesmo?! Então, quando havia anoitecido, nós voltamos àquela praça e deitamos na grama, continuamos conversando até que... então... nos beijamos! – falei tudo de uma tacada só, parando para respirar só no final. Os dois pares de olhos que me encaravam brilharam, elas iriam me interromper para perguntas, pude perceber, mas decidi continuar antes disso. – Depois conversamos mais e voltamos pra cá, e foi aí que todo o lance com o Zack e o Drake estava acontecendo... bem, é isso.

– Uau. Espera. Deixa eu digerir. – Karen falou pensativa.

Mal se passou um minuto que as duas já começaram a surtar junto comigo. Por pouco não saímos pulando pelo quarto, morrendo de rir.

– Gente. Do. Céu! – falou pausadamente - Não acredito! Que fofo, que fofo! Vocês são tão, ah! Eu nem sei o que dizer! Que invejinha! – Karen parecia mais animada do que eu.

– Estou impressionada, admito. – Lauren comentou.

– E ele beija bem?! – perguntou a morena indiscretamente.

Comecei a rir e senti meu rosto esquentar.

– Oh! Muito bem! – nós três gargalhamos juntas. É realmente bom, ué... Não que eu seja especialista em beijos, mas, nossa...

– Quando você fala assim... – Lauren chamou atenção depois de algum tempo rindo – Nem parece que é o mesmo Max que eu conheço... – seus olhos pareciam estar meio tristes. Lembrei-me do que aconteceu e mordi meu lábio inferior. Iria arriscar comentar disso agora, mesmo não sabendo onde poderá me levar.

– Olha, Lauren... Max enfim me contou o que aconteceu para ninguém mais confiar nele... – suspirei, ambas me olhavam com atenção – E tipo, eu até entendo, houve realmente complicações... mas se quer saber, eu até concordo com ele. – senti que a ruiva iria me interromper, mas não deixei. –Assim como eu, ele sabe que assaltar bancos, museus, não é algo certo. Se isso não fosse necessário, se não fizessem isso, nada daquilo teria acontecido.

– Nós já te explicamos sobre, Sofia... – Lauren respirou fundo.

– Você me convenceu. Não me persuadiu. – disse – Posso até ter entendido os motivos, mas jamais irei concordar em fazer isso.

– Olha, eu realmente não sei que versão ele te contou...

– A verdadeira. – respondi de prontidão, interrompendo-a, mas ela me ignorou.

– Mas amanhã também irei te contar o que aconteceu. De verdade. – Ela frisou a última parte. Engoli em seco. – Agora esta tarde, o dia não foi curto para ninguém, é melhor descansarmos. - Com isso, Lauren se retirou do quarto de Karen. Fiquei um tempo em silêncio, tentando raciocinar um pouco. Olhei para Karen, que até agora estava quieta.

– Você concorda? – perguntei de repente.

– Oi?

– Concorda com Lauren?

– Olha, Sofia... – ela havia ficado mais receosa.

– Seja sincera. – já estava na defensiva, admito.

– Eu não estava aqui quando isso aconteceu... e fiquei sabendo não por ele, mas por Ryan e Lauren. Eu sei que a perda daquela outra garota foi algo muito abalador para todos e eu não vou dizer que o que ele fez foi certo... entendo que não foi por mal, mas mesmo assim... sabe? - Olhei para o chão, um tanto chateada, um tanto irritada. Por que será que ninguém o entendia? Por que ninguém me entendia?

– Não acho que ele seja a melhor pessoa do mundo, posso estar enganada, mas minha confiança nele nunca existiu. É normal que você veja diferente, foi ele quem te contou, em primeiro lugar, e depois, você está apaixonada... então não é bem a medida certa... – ela deu de ombros, também desviando o olhar.

– Entendi. – disse baixinho me levantando e indo até a porta, ainda de cabeça baixa.

– Sofia! – ouvi-a chamar antes que eu saísse. Apenas esperei que ela continuasse. – Você não esta brava comigo, né? – olhei para trás, Karen olhava-me um tanto preocupada.

– Não, não estou não. – Sorri triste e então sai.

Não estava brava com ela. Nem com Lauren. Não estava brava com ninguém. Eu só estava extremamente chateada. Eu sei que existiu uma morte, sei que ele fez besteira... mas pude ver o quanto ele estava arrependido, eu consegui entender seus motivos, e simplesmente não entendo como os outros não entendiam! Mas existia algo pior... é que eu sabia que eu era a mesma coisa. Sabia que provavelmente teria feito o mesmo... “cometido o mesmo erro”... E não cabia na minha cabeça que ninguém mais iria me aceitar por isso. Engoli em seco e não deixei mais lágrimas se formarem. Antes de ir para o meu quarto passaria no térreo, jogar-me-ia no sofá e ficaria pensando um pouco na vida. Bem, pelo menos esses eram meus planos.

Quando cheguei ouvi vozes familiares. Zack. Max. Escondi-me em um local que eles não poderiam me ver, mas eu conseguia vê-los e ouvi-los. Tá, eu sei que não é um dos atos mais louváveis, mas eu precisava escutar aquilo!

– Ah, vai, mas admite que foi bem imprudente de sua parte... – Max falou.

– Foi impulsivo, isso sim. Aquele cara é meio louco. – Zack respondeu. Estavam falando de Drake?

– Mas esquece isso, vai... Em uns dias esse seu olho roxo já vai estar melhor. – Segurou a risada e Zack murmurou algo como “idiota”, acho – E é só amanhã a punição. Logo todo mundo esquece, você sabe.

– Não esqueceram no seu caso. - Zack falou de repente, mas assim que viu o amigo fechar a cara, voltou atrás. – Desculpa, não foi por mal.

– Tudo bem...

– Mas conta aí... você e a Sofia... – Deu um sorriso de canto de boca. Ao ouvir meu nome, minha atenção havia se dobrado. Não consegui conter o sorriso ao ver a cara de bobo que o platinado fez.

– O que tem? – ele fez-se de desentendido. Tínhamos mais em comum do que eu imaginava.

– Ah, vai, eu sei que vocês saíram hoje. E aí? Então é sério mesmo, estão namorando?

– Saímos hoje, sim. E bem, eu acho que realmente estou gostando dela, sabe? Ainda não estamos namorando, mas logo eu pretendo pedir.

– Então não perca tempo.

Não esperei a conversa terminar, entrei novamente no elevador e praticamente surtei lá dentro, onde era mais seguro que ninguém iria me ver ou ouvir. Não conseguia expressar minha felicidade em palavras, então várias vezes abri a boca esperando gritar, mas não saía nada, eu só estava completamente chocada, no bom sentido. Andei rapidamente até o meu quarto e fechei a porta com mais força do que eu queria. Estava praticamente saltitando, surtando em silêncio para que alguém não viesse checar se estava tudo bem comigo.

Ele. Vai. Me. Pedir. Em. Namoro! Ai, meu Deus! Não acredito! Não conseguia parar de sorrir que nem uma idiota, mas, sério! Namoro, gente! Namoro!

A verdade é que fazia um tempinho que eu não sentia como era bom estar gostando de alguém, e um tempinho ainda maior que fazia com que eu pouco lembrasse como é namorar. Então, claro, a felicidade nesse nível é bem difícil de conter.

Coloquei um pijama leve e logo me deitei. Já estava bem tarde, o dia havia sido longo, uns momentos bons, outros nem tanto, mas depois daquilo eu acho que conseguiria dormir como um anjo, mais leve do que nunca. Não importava se minhas amigas não confiavam nele, eu confiava. E isso bastava para mim. E foram com esses pensamentos que acabei caindo no sono...

Acordei com uns raios de sol no meu rosto e um tanto contra gosto levantei. Minha cara estava levemente amassada e minha expressão cansada, como sempre acontece quando eu acordo. Lavei meu rosto e troquei de roupa. Não havia dormido por muitas horas, levando em consideração quando eu deitei... mas, de qualquer modo, tinha que ir tomar café-da-manhã.

Quando eu desci o refeitório já estava cheio. Peguei algumas coisas de meu agrado para comer e fui até a mesa. Peter estava comendo e Karen já havia acabado, mas encarava o ruivo sem nenhum pudor. Drake estava acabando e Lauren também. Não sabia onde Ryan estava.

– Bom dia, gente. – cumprimentei e todos retornaram da mesma forma.

Conversamos um pouco sobre assuntos triviais, mas a maior parte foi tomada pelo silêncio. Quando Drake acabou e passou por mim, disse:

– Não vamos treinar hoje, ok?

– Ok, mas por quê?

– Estou ocupado pelo resto do dia... – lembrei-me da punição.

– Quer ajuda?

– Não, valeu. Tenho que fazer isso sozinho. – e com isso se retirou.

Voltei a minha concentração para a minha maçã, mas não durou muito tempo, a voz de Karen chamou-me atenção, mesmo que não fosse comigo que ela estivesse falando.

– Vamos, Peter! Enfie logo essa comida na boca! – reclamou da demora do outro a sua frente. Ela estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo alto e meio debruçada sobre a mesa, encarando um tanto brava o garoto.

Peter, só para provocar, resolveu agir em câmera lenta. Levou lentamente o alimento até a sua boca e ainda mais lentamente mordeu a torrada. Karen se enfezou e, muito inteligente, pegou o copo do suco ao lado e o levitou em cima da cabeça do Peter, olhando-o de modo desafiador.

– Ta bom, ta bom! Calma, apressadinha! – com isso, comeu mais rápido. As garotas e eu rimos enquanto ele esforçava-se para comer o resto apressadamente.

– O que vocês vão fazer?

– Treinar. – Karen respondeu. – Aliás, os jogos estão chegando...

– Jogos? – indaguei.

– Os jogos do labirinto. O anúncio oficial será feito amanhã, depois te explico melhor sobre. – Lauren respondeu.

Assenti com a cabeça. Não era a primeira vez que ouvia desses jogos e estava ficando bem ansiosa para saber o que eram...

Não demorou muito para que ambos se retirassem para treinar e, logo depois, Lauren, que disse que tinha que começar as preparações, ajudando Ryan. Antes de ela sair da mesa falou para que assim que eu terminasse de comer a chamasse, precisávamos conversar. Engoli em seco. Eu realmente não estava muito ansiosa para isso, então acabei fazendo que nem Peter, agindo em câmera lenta. Felizmente, não havia ninguém para ameaçar a me jogar suco. Depois de muita relutância em comer o último pedaço da torrada, acabei terminando. Levei os pratos para cozinha e não demorou muito para eu achar Lauren com o olhar. Assim que ela me viu foi em minha direção, fazendo sinal para que fossemos falar na área dos sofás. Quando nos sentamos, não demorou muito para que ela começasse. Meu nervosismo só aumentava. Ás vezes Lauren criava essa tensão nas pessoas, mas, sinceramente, o real motivo era que eu realmente estava com medo de descobrir que era muito pior do que imaginava.

– Sobre Max... – ela começou e eu assenti. – Não fazia muito tempo que ele estava conosco, fazia, inclusive, parte do meu grupo e do Ryan. Nós três, outro garoto e uma garota. Já havíamos explicado a mesma coisa que explicamos para você, detalhamos com fervor cada detalhe do plano e todos sabiam de tudo o que deviam fazer. A única coisa que ficou sobre ele era desativar o alarme de segurança e as câmeras. – Ela falava tudo isso com alguma raiva... não, raiva não... rancor, que fazia com que eu me arrepiasse. – Não é muita coisa, definitivamente, mas era importante. E ele falhou nisso.

Ficamos um tempo em silêncio até que ela decidisse continuar.

– Todos cometemos erros, é humano, eu sei... Mas acontece é que ele sabia daquilo. Ele fez aquilo de propósito, Sofia. – tamanha era a dor de suas palavras que eu realmente me senti mal – Ele sabia de tudo que poderia acontecer e mesmo assim o fez. – pensei em interromper, falando que ele tinha seus motivos, mas naquele momento pareceu um tanto quanto insignificante. – Os policiais chegaram, eles nos pegaram de surpresa. Nunca havia acontecido algo parecido antes, pois os planos sempre são elaborados com muita precisão, não sabíamos o que fazer, tentamos fugir... mas nem tudo é um mar de rosas. Maxell foi o primeiro a sair de lá. – disse com desprezo – O outro garoto logo conseguiu se safar. Na situação que estávamos, era um pouco mais difícil...

Ela parou um pouco para respirar fundo. Parecia ser realmente difícil para falar sobre...

– Luna era nossa amiga. Disse que ficaria para distrair os policiais enquanto Ryan e eu tentávamos escapar. Disse que ficaria tudo bem... ela era esperta, mas não perfeita. Uma bala havia passado de raspão pelo ombro de Ryan a ferida estava um pouco assustadora, no momento, aquilo era a única coisa que me preocupava... fui tola. Não pensei direito e acabei aceitando suas condições, querendo apenas sair dali e tratar dos ferimentos. – mais silêncio, senti um nó na minha garganta se formando – Luna se sacrificou por nós. – e isso bastou para que algumas lágrimas se formassem no meu olho.

Silêncio novamente. Pude perceber que eu não era a única lutando contra as lágrimas.

– Ela era tão amável, Sofia. Tão querida por todos aqui. Tinha um poder fantástico e uma vida brilhante pela frente... e por causa de uma incompetência, uma pirraça... não está mais aqui.

– E-ele... ele só estava querendo mostrar para vocês que não tem que ser assim... – tentei amenizar as coisas, sem sucesso.

– Aquilo não era um jogo, Sofia. – falou brava – Ele sabia que estava botando vidas em perigo e não pensou duas vezes antes de fazê-lo.

Encolhi-me.

– Como confiar em alguém assim? – Lauren falou com amargura, levantou-se e foi embora. Quando notei que já estava a uma distância segura, deixei minhas lágrimas rolarem soltas, pois já estava doendo segura-las. Para evitar perguntas, disfarçadamente, ainda com a cabeça abaixada, sai do prédio, andando sem rumo na floresta.

Eu estava... brava? Não exatamente. Talvez chateada, de novo, talvez com raiva, com decepção, talvez um tanto irritada... Eu estava me sentindo mal. Simplesmente isso. Não com Max. Eu continuava gostando dele e conseguia entender seus motivos, sei que não fez por querer e que as coisas saíram de seu controle... mas mesmo assim, conseguia ver agora que foi realmente imprudente de sua parte. Por outro lado, também não estava com raiva de Lauren. Eu enxergava seu ponto também, por causa daquilo, ela perdeu uma grande amiga... eu estava tão imparcial, tão em cima do muro e... com tanto medo. Eu só queria que as coisas fossem mais simples. Queria que eles fossem realmente os mocinhos, que não roubassem nada, que essas tais “missões” não existissem... e me deixava tão nervosa sentir-me impotente diante de tudo isso! Também queria que as pessoas perdoassem Max, pois sabia que ele estava arrependido...

Eu estava cansada de tantas complicações.

Inconscientemente, acabei indo parar bem em frente da casa da árvore. Drake ia para lá quando se sentia infeliz e queria fugir um pouco da vida ao redor, então por que eu não podia fazer o mesmo? Subi a escada e logo adentrei o local, encostando-me em uma parede, abraçando meu joelho e abaixando minha cabeça. Não segurei mais o choro. Minha cabeça doía e a última coisa que eu queria naquele momento era voltar para Conventionis.

Eu me sentia péssima. Terrível.

Não sabia por quanto tempo estava naquele estado, mas encontrava-me tão imersa em meus pensamentos, em meus devaneios, que mal notei quando outra pessoa subiu a escada... muito menos quando ele apoiou os braços no chão de madeira e me olhou com um meio sorriso e a cabeça levemente virada. Foi apenas a sua voz que me trouxe de volta ao mundo.

– Ei, esse lugar é meu. – disse Drake.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Costuma-se dizer que numa história tem três pontos: de uma pessoa, de outra pessoa, e o verdadeiro auehuehuehaeu, mas bem, tirem as suas conclusões. O Max está mais pra culpado ou mais para inocente?
Teorias sobre esses jogos?

Gente, queremos agradecer a todo mundo lendo, acompanhando, comentando e tudo mais! Vocês não sabem como ajudam, mesmo os fantasmas :3

Até breve!