– Acorda dorminhoco!!!!! – DC foi acordado por um grito. Foi abrindo os olhos aos poucos, e quando estava totalmente desperto, percebeu que Dudu estava em cima dele, sacudindo-o.

– Argh, sai de cima de mim, Dudu! – Do Contra levantou rápido, derrubando o menino no chão.

– Afe, como você é mal agradecido em! Eu tô aqui pra ajudar a sua mãe a te acordar, você parece uma pedra, credo! Nossa, você tá cheio de olheiras, tem que fazer um tratamento aí e... – Dudu disse, sem parar.

– Que mané tratamento o quê, isso é culpa sua! Roncou que nem um porco a noite toda, sobrou pra mim! – DC disse, coçando os olhos.

– Ronquei é? Sabe que eu nem me ouvi roncando? Dormi feito um anjinho! – Dudu disse, rindo.

– Que bom pra você, né? Agora vai se arrumar pra escola porque o meu pai não tolera atraso! Anda, anda! – Do Contra disse, fazendo Dudu Correr rapidinho pro banheiro.

"Ô meu pai! Pelo menos hoje é sexta-feira!" DC pensou.

Depois de estarem todos prontos, Seu Nimbão levou os três meninos para a escola. Nimbus foi fazendo uma mágica para Dudu em sua cartola, que estava todo bobo. DC colocou seus fones de ouvido e foi dormindo até a escola, mesmo que o trajeto fosse curto. Ele estava morto de sono.

Chegando lá, Dudu encontrou os seus amigos perto da cantina e se despediu dos dois irmãos. Nimbus foi falar com Maria Mello, ainda ignorando Do Contra. DC não teve opção se não ir para perto de Magali, que estava esperando o sinal bater, lendo um livro de receitas.

– Bom dia, DC! – Magali disse, com um sorriso.

– Bom dia! Que o dia de hoje passe muito rápido, amém! – Do Contra disse, bocejando.

– Nossa, sua cara está muito amassada! Não dormiu bem? Deixa eu adivinhar... Dudu? – Magali disse, dando uma risadinha.

– Tá rindo, é? Eu tô é chorando! Gente, aquilo não é um garoto! Ele deixa o ronco do meu pai no chinelo! E, fala sério, aonde é o botão "desliga"? Caraca, como fala! – Do Contra disse.

– Você se acostuma... bom, eu levei mais de 10 anos pra me acostumar... mas quem sabe você não se sai melhor do que eu, né? Ih, o sinal bateu, vamos lá. – Magali disse, sendo acompanhado pelo amigo.

A primeira aula seria de biologia. Magali obviamente sentou na primeira carteira, para poder "admirar" o professor, como ela sempre dizia. Do Contra sentou no fundão como de costume. Ele estava abrindo a mochila, quando viu Samara vir na sua direção. A menina sentou atrás dele, falando:

– Bom dia! Ih, fiquei sabendo que tem gente nova "morando" na sua casa agora! – Ela disse, rindo.

– Bom di... O quê? Como você sabe? – DC disse, meio assutado.

– Ué, o próprio hóspede me contou! – Samara disse, sorrindo.

– Você fala com o Dudu? – Do Contra perguntou.

– Ahã, eu conheci ele no Domingo, antes de entrar pra escola. Ele me viu na rua e elogiou meu cabelo, falou que era maneiro... Aí na segunda eu reencontrei ele na saída da escola e ele pediu o meu whatsapp! Fofinho, né não? – Samara disse, sorrindo.

– É... muito fofo... – DC disse, virando pra frente. Dudu já tinha pego o whatsapp da menina, era isso mesmo produção? Do Contra tinha ficado incomodado com aquilo, só não sabia porquê... o moleque tinha o celular de Mara e ele não?

A sexta-feira foi extremamente longa e cansativa e Do Contra quase foi mandado pra diretoria por dormir em sala de aula. Na hora da saída, a euforia tomou conta da galera, já que o final de semana estava dando olá. Ele viu Magali e Quim marcando de almoçarem juntos no sábado, Marina, Cascuda e Mônica fofocando sobre algo (a Mônica... como ela tava bonita...) Maria Mello e Carmem combinando um shopping mais tarde e Cebola, Titi, Jeremias e Xaveco marcando uma maratona de videogames a noite. Mas DC só pensava em chegar em casa e dormir até o dia seguinte. Aliás, ele não viu Samara!

Do Contra foi para casa caminhando, ao lado de Dudu e Nimbus. Dudu não parava de falar e Nimbus só fazia rir:

– Tem uma mina na minha sala que é o cão chupando manga, vive na minha cola! Mas tem outra que senhor... muito gata! Mas ela só da confiança pro Heitor, aquele cara "boa-pinta" que todas as minas dão mole! Eu, particularmente, acho ele horrível! Sabiam que outro dia eu entrei naquele blog tosco da Denise e vi uma publicação em que ela dizia que a Magali tem "poderes mágicos"? Essa foi a gota d'água! – Dudu dizia sem quase sem respirar, no caminho pra casa.

Quando chegaram em casa Dudu correu para o seu quarto (o quarto do DC) gritando: "Sexta-feira, sexta-feira, vim de semana ta aí, sexta-feira, sexta-feira, eu quero só curtir!!!"

Nimbus já estava subindo também, mas DC foi mas rápido:

– Ei mano, posso falar com você? – DC perguntou.

– Eu tô um pouquinho cansado, quem sabe mais tarde... – Nimbus disse.

– EU VOU FALAR COM VOCÊ E VOU FALAR AGORA!!! – DC gritou, assustando o irmão. Nimbus sentou, talvez por medo. Afinal, Do Contra era extremamente imprevisível, então era melhor nem CONTRARIAR. Mas Do Contra agiu totalmente diferente do esperado:

– POR FAVOR ME DESCULPA!!! – O menino disse, se jogando no chão e chorando muito falsamente, usando a mesma estratégia que usou com Samara. – EU NÃO SABIA QUE VOCÊ IA FICAR CHATEADO POR EU INVADIR SEU CELULAR! MENTIRA, EU SABIA SIM, MAS VOCÊ SABE QUE EU NÃO ME CONTROLO! – DC completou, agarrado nos pés do irmão.

– Do Contra, me solta! – DC soltou o irmão. Nimbus suspirou e disse: – Tá tudo bem... você não está totalmente errado! Eu fiquei te enchendo com aquele papo besta da Samara... Mas por favor, não invade minha privacidade outra vez, se não eu vou fazer uma mágica pra você sumir! – Nimbus disse, rindo.

– Yay!!! Amigos outra vez!!! – Do Contra disse, pulando no pescoço do irmão. Depois, ele meio que se lembrou da ameaça da Denise sobre o trabalho de biologia e resolveu falar da menina pro irmão. – Érr... agora que já está tudo bem... você tem falado com a Denise? – DC disse, querendo morrer. Quem mandou não estudar pra biologia?

– Denise?? Hm... não muito... porque? – Nimbus perguntou, confuso.

– É que... eu vi ela reclamando c-com a Carmem... de estar sozinha, sem amigos... – Do Contra disse, muito sem graça.

– Sem amigos? Mas ela uma da meninas mais populares da escola... aliás, de todo bairro. Vai ver até a mais popular de São Paulo! Bom, de qualquer forma, posso falar com ela amanhã. – Nimbus disse meio desconfiado, mais achando graça naquilo.

Do contra quase pulou de alegria! Agora aquela chata não iria ficar atazanando ele pelo resto de sua vida, e a autoria do seu trabalho permaneceria em segredo. O garoto ficou tão aliviado que decidiu não dormir até o dia seguinte, como ele estava planejando. Subiu, tomou um banho, pegou seu celular e fone de ouvido e foi dar uma caminhada pelo bairro. "É bom que eu dou um descanso do Dudu!" DC pensou, sorrindo.

DC estava mais ou menos na altura do campinho quando escutou duas vozes familiares gritarem de alegria. Cascão e Samara! Do Contra foi seguindo as vozes e chegou até a casa de Cascão, onde estavam o próprio e Samara, com os olhos brilhando em direção a TV.

– Cascão? Samara? O que diabos vocês estão fazendo deitados no chão? – DC perguntou, debruçado na janela, meio assustado.

– DC???? Meu irmãooo, entra aí!!! Já te falei que a Samara curte MUITO Cosmoguerreiro? – Cascão disse, quase chorando de emoção.

– Do Contraaaa, você não vai acreditar! Acabou de lançar a quinquagésima nona temporada de Cosmogueiro no canal Limão Feliz! Cosmoguerreiro: A ascensão de um herói! – Samara disse, surtando também.

– Puxa... que incrível... – Do Contra disse. Ele não suportava cosmoguerreiro! Uma vez Cascão apareceu de surpresa em sua casa com cinquenta e oito DVDs, cada um de uma temporada. Nem precisa dizer que DC expulsou ele dali na mesma hora...

– Entra aí, cara! Minha mãe foi fazer pipoca, aproveita que a Maga não tá aqui! – Cascão disse, rindo da própria piada.

– Não dá... eu fiquei de pagar a mensalidade das minhas aulas de ninjutsu e daqui a pouco o dojo fecha... fica pra próxima. – DC disse, inventando aquilo na hora!

– Ok, você quem sabe! Até! – Cascão disse, eufórico

– Valeu DC, tchau! – Samara disse, igualmente animada.

Do Contra ia se afastando, quando ouviu as vozes de Cascão e Samara:

– Cosmoguerreiro em ação!!! – Depois, os dois começaram a gargalhar.

Do Contra sentiu alguma coisa ao ouvir aquelas risadas. Ele não sabia o que era, mas sentiu.

"Eles parecem estar se divertindo muito..." O menino pensava consigo mesmo. "Será que ela se divertiu assim quando foi lá pra casa e nós escutamos os CDs...? Afe, para de baboseira, Do Contra! Isso que dá escutar o que o Nimbus fala, agora fica pensando besteira aí! Pensar na Mônica, você não pensa, né? Ainda tenho que arrumar um jeito de... peraí, será que eu tô falando sozinho?" DC se deu conta de que estava tagarelando no meio da rua. Quando olhou pro lado, Maria Cebolinha estava no portão da casa dos Cebolas olhando pra ele de boca aberta.

– Seu maluco!!! – Maria Cebolinha gritou, entrando em casa correndo.

Depois de caminhar mais um pouco, Do Contra voltou para casa ainda cheio de pensamentos. Subiu para o seu quarto e não encontrou o Chatonildo: "Aleluia senhor, ele não está!" DC pensou, rindo. Decidiu ligar o PC e dar uma conferida em seu Facebook (ele não gostava muito de Facebook, mas também não gostava muito de deixar as redes sociais abandonadas).

Viu uma foto da Marina com os pais, achou legal e deixou um "curtir". Viu uma foto da Denise e da Carmem de biquíni com "trocentas" curtidas e passou direto! Viu uma foto que sua mãe postou com ele e com o Nimbus na padaria do seu Quinzão com a legenda: "Meus pequerruchos!!!" Do Contra quase morreu e só deu um "curtir" discreto.

Quando já estava quase se desconectando, o garoto viu uma publicação do Titi que dizia: "Samara, você é Mara! Obrigada pelas dicas, precisamos trocar mais ideias hahaha!" ao que Samara respondeu: "Jaé Titi, tu é fechamento! Se precisar, tamo aí :D"

"Você é Mara? Fechamento? Virou a festa da Uva?" Do Contra se perguntava. Aquilo que ele estava sentindo quando viu Cascão e Mara rindo juntos estava mais forte agora e não saía de sua cabeça. Estava tudo começando a ficar estranho... muito estranho!!