You are all I need escrita por MoonEyes


Capítulo 23
Capítulo 23




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Oliver despertou por causa do calor em seu quarto. A janela tinha ficado aberta e a luz do sol batia diretamente em sua cama. Olhou no relógio no criado mudo e viu que já passava de meio dia, mas devido à festa na noite anterior não devia ser o único a ter acordado tarde.

Em qualquer dia normal, principalmente em um domingo como aquele, ele rolaria na cama, fecharia os olhos e tentaria dormir novamente, e foi o que fez a princípio. Mas então lembrou-se que aquele não era um domingo normal, que a casa não tinha apenas seus moradores habituais, e que ele estava morrendo de vontade de ter ela por perto. Levantou-se imediatamente e foi tomar um banho, depois colocou uma calça cáqui simples e uma camisa social branca.

Saiu do quarto animado, mas ao deparar-se com a porta fechada do outro lado do corredor ficou na dúvida se batia ou não. Ela poderia já ter acordada e talvez estivesse se sentindo deslocada naquela casa imensa e quase vazia. Ou podia ainda estar dormindo, e ele não fazia ideia de como acordá-la sem aquilo ser constrangedor. Decidiu-se por dar uma olhada pela casa e ver se alguém já estava de pé.

Na biblioteca não havia ninguém, nem nas muitas salas distribuídas pelo segundo andar da mansão. Checou o quarto de Thea e constatou que ela já havia levantado pois a cama estava vazia e desarrumada. Seguiu para a cozinha e encontrou apenas Beth, a cozinheira, que estava preparando o almoço e tinha visto apenas Moira pela manhã. Foi até a sala de estar e encontrou a mãe e a irmã conversando.

— Bom dia! — Disse ao entrar.

— Bom dia! — Responderam em uníssono.

— Acordaram há muito tempo?

— Você sabe que acordo cedo Oliver. Mas sua irmã levantou um pouco antes de você.

— Hm... E Felicity ainda está dormindo? — Ele sabia que soava interessado de mais, mas não tinha porquê esconder.

— Sim. — Falou Moira, e Oliver notou alguma coisa estranha em sua expressão, como se não tivesse gostado da pergunta. — Estava contando a Thea sobre ela quando você chegou. Como estou com muitos problemas na empresa neste momento, não vou poder ficar em casa e lhe dar atenção. Então achei que as duas poderiam ser boas amigas.

— Podemos ser três bons amigos. — Oliver disse com um sorriso, sendo repreendido pelo olhar da mãe. — O que foi?

— Oliver, Felicity precisa de uma amiga mulher!

— Por quê? Qual o problema de nós dois sermos amigos?

— Nenhum. Mas ela precisa comprar roupas, se distrair um pouco da vida com assuntos de mulher, ou quem sabe até mesmo se abrir com alguém, e isso será melhor e mais fácil de fazer com Thea do que com você. — Fitou o filho que imediatamente fechou a cara. — Além do mais, você agora tem que trabalhar.

— Não hoje. — Ele retrucou.

— Não hoje, mas de segunda a sexta sim. Então deixe de ser teimoso e escute o que estou lhe falando. — Ela deu o assunto como encerrado, fazendo Oliver olhar para a parede e afundar ainda mais no sofá. Thea, que estava absurdamente quieta durante toda a discussão, finalmente se manifestou.

— Bom, acho que já está na hora de acordar nossa mais nova hóspede, antes que ela perca a segunda refeição do dia.

— Não! Eu vou. Ela nem ao menos sabe quem você é. — Oliver falou, levantando-se de imediato.

— O que indica que já está na hora de me conhecer. Não se preocupe maninho, seremos melhores amigas.

— Já estou indo! — Ele fingiu que não a escutou e seguiu para a porta.

— Oliver, parece que o que lhe falei há dois minutos entrou em um ouvido e saiu pelo outro! — Moira resmungou indignada.

— Não consigo ouvir, já estou na metade do caminho! — Ele gritou do corredor com uma voz brincalhona.

— Oliver Jonas... — Moira já ia protestar quando foi interrompida por Thea.

— Deixe-o ir. Nunca vi Oliver assim desde que voltou para casa. Essa mulher, seja lá quem for, reacendeu uma parte dele que estava há muito tempo apagada. — Ela olhou para a mãe que estava ainda mais séria que o normal. — Isso não é ruim mamãe.

— Tudo que quero é proteger seu irmão Thea, e temo que Felicity seja um terreno muito incerto para ele neste momento.

. . .

Oliver parou em frente à porta de madeira maciça e respirou fundo. Bateu duas vezes mas não obteve resposta. Em seguida mais duas, e a mesma coisa. Decidiu por abrir assim mesmo, afinal, por mais que fosse falta de respeito entrar no quarto alheio dessa maneira, tinha ao menos que ver se ela estava viva.

Entrou no quarto devagar e viu um amontoado de cobertas que mais parecia uma bola de cobertores gigante. Felicity estava deitada no meio daquilo e apesar de tudo mal estava coberta. Sua camisola estava embolada até o alto das coxas e ao ver aquilo a garganta de Oliver secou imediatamente. Suas coxas bem definidas atraiam seu olhar por mais que ele quisesse desviar, e ele se obrigou a tampá-las torcendo para que aquilo não a acordasse. Ela estava de bruços, com os cabelos loiros se espalhando pelo travesseiro e pelo próprio rosto, e mesmo dormindo era a coisa mais linda que ele já vira. Ficou tentado a não acordá-la e ficar ali apenas a observando dormir como tanto tinha desejado na noite anterior, mas fez um esforço para rejeitar esse desejo.

Estendeu uma mão até seu ombro e acariciou levemente,

— Felicity, acorde. — Ele balançou um pouco, e nada. — Hey, Felicity, sou eu, Oliver. Me mandaram vir acordá-la. — Ela virou na cama, ficando de barriga para cima, o rosto perigosamente perto do dele. Oliver engoliu em seco. — Acorde, tenho certeza que não quer perder o almoço, e muito menos a sobremesa.

— Sobremesa... — Ela murmurou ainda com os olhos fechados. — Oliver... Sobremesa. — Aquilo o fez rir.

— Sim, sou eu. Acorde, vamos. — Ele balançou o ombro dela mais uma vez. — O que você quer de sobremesa Felicity?

— Oli...ver. — Ela continuava murmurando, mas dessa vez seus olhos tremeram e abriram, arregalados. —OLIVER!!! — Gritou, puxando as cobertas até o pescoço.

— É isso que você quer de sobremesa? — Ele se afastou, um sorriso brincando em seus lábios.

— Eu... O quê?? Do que você está falando? — Falou sobressaltada.

— Nada importante. Vim apenas te acordar, já é mais de meio dia e imaginei que não iria querer perder o almoço.

— Nem a sobremesa. — Ela completou antes que pudesse impedir sua boca de soltar aquelas palavras. O sorriso dele se alargou e seu olhar tinha um toque de malícia.

— Então você lembra?

— Não sei do que está falando. — Suas palavras negavam, mas o rosto adquiriu um tom de vermelho tomate que não deixava dúvidas, fazendo-a olhar para além da janela para disfarçar. — Obrigada por me acordar, acho que teria hibernado se não fosse por você.

— E mais uma vez eu te salvo. — Ele brincou. — Sabe, acho que posso começar a cobrar.

— Está querendo me extorquir Queen?

— Não. Só acho justo cobrar por meus serviços.

— Você não nega seu sangue.

— Fazer o quê, venho de uma família de empreendedores! — Aquilo a fez rir, um som rápido e um pouco rouco, ainda que de um jeito feminino, que ele sabia ser capaz de iluminar o mais sombrio de seus dias.

— Acho melhor eu me arrumar. — Ela disse por fim, e ele concordou com a cabeça, sem sair do lugar. Ele mal ouvia o que ela falava, apenas se ocupava em absorver cada detalhe da sua imagem. O jeito como seus cílios faziam sombra nas bochechas quando ela olhava para baixo, a maneira como a pele ao redor de seus olhos enrugava levemente quando sorria, ou até mesmo como sua boca abria e fechava para pronunciar cada palavra. — Ér... Eu preciso trocar de roupa Oliver.

— Ah, certo! Claro. Quando estiver pronta pode me chamar em meu quarto. Não deve se lembrar do caminho até a sala de jantar.

— Está bem. — Dirigiu a ele um pequeno sorriso.

Oliver saiu do quarto deixando Felicity sozinha. Ela encarava a cama com uma expressão boba em seu rosto, pensando em como aquele homem era atencioso com ela. Balançou a cabeça, lembrando que precisava ficar longe dele, e foi se arrumar.


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