Oliver viu quando os olhos de Felicity brilharam, e ele sabia exatamente o porquê. Mesmo já tendo viajado por todo o planeta, aquele ainda era seu lugar favorito no mundo, e também o mais lindo, principalmente nesta noite, na qual uma certa loira se encontrava olhando para cima, maravilhada.

Havia um espaço não muito grande bem no meio do labirinto, que tinha a exata forma de um quadrado. Era todo cercado por hera, e perto de uma das paredes havia uma cerejeira inteiramente florida. Era uma árvore antiga que estava ali desde que ele se entendia por gente, com galhos que se esticavam por todo o perímetro, chegando até mesmo a cobrir a visão do céu em alguns pontos. Sua flores rosadas se derramavam em uma cascata pelos galhos, pelo chão, até mesmo no ar, onde o vento acalentava as pétalas que caiam lentamente aos seus pés.

Felicity tinha perdido as palavras, e estendia as mãos para cima, tocando em tudo como se fosse criança de novo. Em alguns lugares os galhos iam e vinham, formando um emaranhado de flores que caía por seus ombros e braços, fazendo cócegas em sua pele. Cada pequeno galho estava envolto em luzes de natal, que refletiam como as estrelas, mas que acompanhadas do rosa que estava por todo o lugar formavam uma visão ainda mais bela.

No meio de tudo aquilo, bem no centro do jardim, havia um balanço pequeno, apenas para duas pessoas, amarrado por cordas feitas de flores e luzes aos galhos acima de suas cabeças. E em um dos cantos havia uma fonte grande, feita de pedras claras, de onde a água se derramava e provocava um barulho gostoso, como uma chuva calma e refrescante no verão. Peixes de cores vivas nadavam no pequeno lago que se formava com a queda da água, e como se toda aquela beleza não fosse o bastante ainda havia uns poucos vagalumes voando calmamente pelo lugar, como se nunca, jamais, um humano já tivesse colocado os pés ali. Era perfeito. O verde, o rosa... O azul de dois pares de olhos que se encontravam timidamente em intervalos cada vez menores.

Oliver observava encostado em uma das paredes enquanto Felicity andava sem rumo pelo lugar. Ela fechou os olhos e abriu os braços, como se pudesse sentir algo maior e mais profundo que alegria, como se toda aquela beleza estivesse se fundindo ao seu corpo. Girava e sorria, ainda de olhos fechados, rindo sozinha com uma inocência infantil que ele nunca havia visto em outra pessoa.

Ela abriu os olhos novamente, e correu para o balanço. Não sentou, como qualquer adulto faria. Ficou de pé, sem se importar com seus saltos altos e finos, e começou a se balançar. Ela parecia um anjo, com aquele vestido esvoaçando levemente ao seu redor e os cachos loiros caindo por seu rosto.

– Obrigada!!! - Ela falou alto para que ele pudesse ouvir àquela distância.

– Pelo quê exatamente? - Apesar de nunca ter visto nada mais bonito, só aquilo não bastava, ele queria tocá-la, estar perto dela, por isso andou calmamente até onde estava.

– Por esta noite perfeita. Por me dar a melhor lembrança que já tive. - O balanço já estava parado, e ela o olhava de um jeito que o fazia sentir o único homem na face da Terra.

– Eu que agradeço, por ter me proporcionado a visão mais linda que presenciei até hoje. - Ele estendeu os braços para ajudá-la a descer. As mãos dela se apoiaram em seus ombros ao mesmo tempo que as dele envolviam sua cintura. Foi uma descida lenta, e mesmo depois de seus pés já estarem no chão ele não a soltou. Estavam com os corpos perigosamente próximos, os olhos de um presos no olhar do outro. Oliver a assistiu morder levemente o lábio inferior, e uma onda de desejo percorreu seu corpo. Ele queria beijá-la, mas tudo naquele momento era errado e extremamente tentador. Conseguiu libertar suas mãos com dificuldade, como se tirá-las da cintura dela fosse algo quase doloroso, e a convidou para sentar ao seu lado no balanço.

– Nunca quero me esquecer desse momento. Queria poder guardá-lo em um lugar especial da minha mente, protegido de qualquer mal que um dia possa me tirar essa lembrança. - As palavras que Felicity acabara de pronunciar não podiam ser mais sinceras. Uma lágrima se derramou por sua bochecha, e ele não conseguiu evitar sua mão de ir de encontro até ela e limpá-la delicadamente, lhe fazendo um carinho no rosto.

– Se um dia esquecer, posso te trazer aqui de novo. - Oliver a viu sorrir. Era impossível tirar os olhos dela. Percorriam seu cabelo arrumado, em seguida seus olhos azuis como o céu em um dia de verão, para depois pousar na boca vermelha e reiniciar todo o percurso.

Ali eles ficaram por um tempo que pareceu infinito, e ao mesmo tempo curto demais. A conversa fluiu como se fossem melhores amigos antes mesmo de nascer. Ela o fazia rir de um jeito que não conseguia há muito tempo, e ele a fazia sentir especial de uma maneira que nunca antes se sentira. Era como se tivessem sido feitos um para o outro.