Soluço acordou com a luz do Sol em seus olhos. Suspirando abriu os olhos devagar.

Ele havia dormido na cabana de Gothi, na cadeira ao lado da cama onde Astrid havia sido colocada. Enquanto Banguela e Tempestade guardavam a porta.

Lembrando de sua esposa Soluço levantou a cabeça rapidamente e olhou para onde Astrid estava deitada.

Pelo menos, aonde deveria estar...

Olhando ao redor ele a viu em pé na janela olhando para o horizonte. Soluço a encarou triste. No dia anterior Gothi já havia contado para ele sobre a perda do bebê, mas Astrid ainda não tinha ouvido.

Lentamente, Soluço se levantou e caminhou até sua esposa e a abraçou levemente por trás, fazendo-a dar um pequeno pulo.

–Você deveria estar na cama, m’lady. – Disse o mais suave possível. Astrid relaxou em seu abraço.

–Você sabe como não consigo ficar muito tempo sem fazer nada. – Respondeu colocando suas mãos em cima das de Soluço.

–Mesmo assim, você está ferida. – Ele a levou de volta para cama e a acomodou nela, em seguida se sentou ao seu lado. – Se sente bem?

–Sim.

–Alguma dor?

–Não.

Soluço suspirou e pegou uma de suas mãos na dele, sem saber como dizer a notícia.

Ele nunca pensou que seria pai de dois filhos, ele amava Irena desde o momento que a viu pela primeira vez. Foi uma sensação incrível para ele, e ter outra chance de sentir o mesmo o fez animado. Mas ele perdeu essa chance, por causa de Drago.

–Você está bem? – Perguntou Astrid tirando-o de seus pensamentos.

–Mais ou menos. – Suspirou ele. – Astrid...

–Sim...? – Ela olhou para ele. Apenas esse olhar o fez lembrar de tudo que os dois já haviam passado juntos, o apoio e o carinho que ela já tinha dado a ele, e um de seus maiores pressentes, Irena.

–Eu... – Gaguejou ele. – Tenho que dizer algo realmente importante.

–O que? – Astrid lhe enviou um olhar calmo que o fez se esquecer o que estava prestes a dizer por poucos segundos.

–Olha... Eu sei que você jamais desejaria isso, infelizmente... a vida nem sempre é o que nós desejamos. – Começou ele. – Eu também não queria que acontece-se, nós esperamos tanto para acontecer... mas isso não muda o quanto eu te amo e me importo com você. Pode ser mais difícil para você do que para mim, mas eu estarei sempre ao seu lado para te ajudar e te apoiar...

–Soluço...

–Por favor me deixe terminar. – Pediu ele. – Já é muito difícil eu dizer...

–Soluço...

–Olha Astrid. – Soluço suspirou. – Deuses, por que tem que ser tão difícil?

–Soluço. – Desta vez Soluço a olhou, esperando para ela continuar. – Eu perdi o bebê não é?

O olhar de seu marido caiu e se entristeceu, como ele apertou sua mão.

–Sim... – Confirmou. – Mas... como você sabe?

–Eu meio que sinto isso. – Astrid deu um sorrisinho triste. – Não sei... deve... deve ser coisa de mãe...

Os olhos de Soluço marejaram como ele abraçou sua mulher apertado.

–Desculpe. – Sussurrou. – Eu não consegui evitar que ele te machuca-se.

–Não foi culpa sua... – Astrid sentiu seus olhos se enxerem de água.

–Se eu tivesse te salvado isso não teria acontecido. – Ele enterrou o rosto em seu ombro. – E era eu que devia estar te consolando, não ao contrário.

Astrid acariciou o cabelo dele enquanto sentiu suas próprias lágrimas caírem sem permissão.

–Não se culpe. Eu sei que tanto dói pra você quanto pra mim. – Disse ela. – E mais... é culpa minha de não ter lhe dito que estava grávida antes.

Soluço se afastou do abraço.

–Astrid...

–Não. – Insistiu ela. – Eu tinha descoberto naquela manhã. Eu ia te contar de noite, junto com Irena... – Ela fungou.

–Não. – Soluço a abraçou de modo que ela enterrou a cabeça em seu peito. – Não vamos nos lamentar... Pensaremos da melhor maneira, nós ainda temos Irena.

–Sim... – Astrid sorriu ainda no abraço. – Eu a trancaria em casa se pudesse, mas ela é uma cabeça de javali teimosa, igual ao pai dela.

Soluço riu.

–Não me venha com essa. Foi você que a treinou, ela fugir assim é apenas o reflexo de seu treinamento. – Foi a vez de Astrid rir. Os dois se separaram do abraço.

–Mas ela é perfeita de qualquer maneira. – Disse Astrid.

–Com certeza. – Soluço sorriu docemente. – Obrigado...

–O que? – Astrid o olhou confusa.

–Obrigado. – Repetiu. – Obrigado por me dar Irena e por ter me aguentado todos esses anos. – Ele segurou o roto dela. – Eu te amo.

–Eu também te amo. – Astrid sorriu.

Assim, os dois compartilharam um beijo calmo, cheio de carinho mas principalmente cheio de amor.