Outra História Sobre Nós escrita por Frozen Heart


Capítulo 7
Cap. 6 - Deslizes


Notas iniciais do capítulo

Musiquinha bonitinha pra quem quiser:[https://www.youtube.com/watch?v=uK0k_ef_Sis]



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A volta das batidas na porta me fez querer levantar do chão e bater em quem estivesse lá, mas que saco. Nem podia cair mais nessa casa. Corri até a porta e abri com cara de poucos amigos.

Você?! - eu disse com desdém.

– Achei que alguém estivesse morrendo aí dentro – ele abriu um sorrisinho.

Eu fechei a cara, demonstrando meu desprazer em recebê-lo na minha casa.

– Eu vi que tinha gente aqui, mas que não queria me atender... - fiz uma careta. - Foi o que imaginei.

– O que você quer? - eu quis pular no pescoço dele e empurrar pra fora.

Ele abriu um sorriso convencido e tirou um pacote que até a pouco desconhecido pra mim. Observei o pacote e nas minhas teorias ali tinha bobas, explosivos ou granadas. Se não fosse isso eu estava sem ideias, ele riu parecendo ter acabado de ler meus pensamentos, por fim me entregou a embalagem.

– Ficou na caminhonete ontem. - ele explicou o pacote. - As coisas estavam complicadas e um pouco corridas.

– Imagino... Afinal tinha garotas mimadas na rua. - não deixei de provocar.

– É isso também, você era a maluca! - ele provocou de volta. - Estava quando morrer ou coisa assim?

– Já disse que não é da sua conta! - reclamei irritada.

Abri o pacote de papelão e tinha três livros lá dentro, pareciam da mesma série, só então me toquei que nem tinha visto se todos os livros que estavam na caixa estão na lista, droga o Joseph ia me matar.

– Você só preci... - ouvi um barulho e ele se virou para olhar o carro que parou em frente da minha casa.

Eu sabia exatamente de quem era naquele carro e quem sairia dele, sem pensar duas vezes puxei o idiota pra dentro. Minha mãe provavelmente não sabia que eu tinha ficado em casa, por isso a liberdade em trazer seu amante Tyler para dentro de casa como fazia todas as noites.

– O que você pensa que esta fazendo?! - ele tentou se soltar do meu puxado.

– Me ajude a pegar esses cacos e limpar o que eu derrubei. - ordenei autoritária. - Ela não pode saber que estou aqui.

Ele pegou os cacos e jogou dentro do balde de lixo que eu trouxe quase que correndo. Pegou os cereais com as mãos e também jogou no lixo, ficou apenas o leite, que rapidamente joguei o pano e limpei tudo. O barulho das chaves abrindo a porta me fez desesperar. Peguei o balde de lixo e agarrei o braço dele e puxei pra cima, minha mãe não podia saber que eu estava em casa, isso seria problemas na certa.

Ao colocar tudo pra dentro do quarto, tranquei a porta, ficando encostada nela. Sabia que minha mãe viria ver se eu estava, porque ela nunca confiou em mim. Fechei os olhos esperando pelo pior, ouvi os passos deles subindo as escadas, meu coração gelou quando ela bateu na porta do meu quarto.

– Emily você está aí? - ela chamou e o idiota me olhou com um sorrisinho sarcástico. Se ela girasse a maçaneta e visse que eu tranquei aquilo não acabaria bem.

Fiquei em silêncio, coloquei o dedo na boca informando pra o idiota de que se ele fizesse algum ruído eu o mataria com minhas próprias mãos.

– Vem amor, ela não está aí - essa foi a primeira vez que tinha ouvido a voz dele. - Não seja paranoica...

– Mas...

Eu presumo que ele a empurrou na minha porta porque eu senti o baque nas minhas costas, arregalei os olhos, eles estavam se agarrando na porta do meu quarto, isso realmente era no mínimo nojento.

As vozes deles ofegantes iam se afastando, e eu me afastei da porta atordoada, me apoiei na cama ainda sem reação, olhando para o nada em especial senti os olhos de alguém sobre mim.

– O que foi idiota. - falei baixo e o encarando. - Perdeu alguma coisa aqui?

– Achei que tivesse sido atacada por zumbis e que estivesse em transe. - ele fez piada.

Me calei, não estava em condições de falar, nem de raciocinar, apenas ficar quieta sem encarar aquela situação de frente, eu era covarde o suficiente. Fechei meus olhos, tentando buscar uma resposta mental para esse tipo se coisa.

Como tirar aquele idiota que eu nem sabia o nome dali seria quase uma missão impossível. Mas eu não tinha escolha, certo? Mesmo que eu achasse estranho o fato de que minha mãe traía o marido dela, e o seu marido fazia o mesmo. E nenhum deles saberem ou fingirem não saber sobre o caso um do outro, espera isso já está dando nó na minha cabeça. Sabia o que me tiraria daquele transtorno.

Levantei e fui ate a prateleira, coloquei a mão na estante de livros e comecei a contá-los, quando cheguei aos nove o puxei. Ele era um livro bem peculiar, as dez primeiras páginas era um livro comum, mas depois dessas páginas era um buraco e lá estava a carteira de cigarros. Esse foi o único jeito de esconder as minhas coisas sem ninguém saber.

– Abra a janela! - ordenei impassível.

Acendi o cigarro e fumei rápido, quando eu ia soltar a fumaça, vi que ele não se moveu um músculo, ficava apenas me encarando, e com a cara nada boa. Porque mesmo eu tinha o colocado ali dentro mesmo? Essas horas isso não me importava mais. Eu mesma abri a janela e joguei a fumaça pra fora. Me deixando mais leve. Assim que terminei o cigarro pequei a outra caixa e joguei o que sobrou do cigarro lá dentro já apagado.

– Alguém quer mesmo acabar com a própria vida aqui... - os olhos dele eram reprovadores.

Apenas dei os ombros e me joguei na cama, peguei o notebook e fui ver algum episódio de "Finding Carter". Ele se aproximou apenas pra curiar o que eu estava vendo.

– Esse show é horrível e também todos esses outros que está na sua lista. - ele apontou para a lista de séries assistidas na tela do meu computador.

Com essa crítica ele me deixou furiosa, como assim ele simplesmente chama o que eu uso pra me alimentar, depois da bagunça familiar, de horríveis? Olhei diretamente para o rosto dele.

– Como é que é?! - indaguei irritada.

– Qual é! "Hart Of Dixie"? "The Vampire Diaries"? Não me admira que sempre esteja querendo morrer. - ele acusou.

– Por favor, cale a boca! - coloquei as mãos no ouvido, me obrigando a não escutar nada.

Coloquei o fone e abri o YouTube, escolhi algumas das últimas músicas que eu ouvi, e coloquei pra reproduzir. Não estava me concentrando, desliguei a música e encarei o idiota, ele olhava pra parede chocado.

– O que foi? - perguntei.

– Eles estão fazendo sexo aqui do lado? - ele franziu a testa incrédulo, encarando secretamente a parede e o barulho de gemidos.

– Por isso o fone né! - gesticulei óbvia. - Ela e o amante nunca foram discretos.

– Como você aguenta isso? - ele estava mais indignado do que eu.

– Ignorando! - ofereci o fone pra ele.

Mesmo me olhando desconfiado, ele sentou na minha cama na beiradinha quase caindo. Coloquei algum episódio de "The Vampire Diaries" e ele fez careta, tomando o notebook das minhas mãos, não deixando espaço pra pegá-lo de volta.

– Vou te mostrar uma. - ele digitou algumas poucas palavras e esperou. – Digno de ser assistida.

Sai da cama e fui novamente até a caixa de cigarros e alcancei um, fui pra perto da janela e permaneci lá até terminar o cigarro. Pelas minhas contas minha mãe e o amante ainda iam fazer algumas coisas até que às quatro horas juntos terminassem, provavelmente eles iriam sair juntos, aí eu ia poder tirar o idiota daqui.

– Vem ver! - ele chamou.

Eu voltei a deitar na cama e colocar o fone no ouvido, ele se sentou colocando o notebook para frente dando jeito para que ambos de nós víssemos o que passava na tela.

– Estou na quarta temporada, mas tem sete. - ele colocou o outro fone. - Mas vamos ver do início pra você aproveitar.

Tentei ver o nome da série, mas ele me impediu, dizendo que era pra aproveitar sem pressão. Comecei a prestar atenção bem na hora que o sangue começa a escorrer do pescoço do personagem. Não mostrava o rosto. Começou una narração bastante misteriosa, então foi pra uma festa. Na verdade um lançamento de um livro, o escritor dando autógrafos nos peitos das mulheres. Olhei ironicamente para o idiota.

– Veja! - ele apontou para a série que agora mostrava a cena de um crime.

A detetive fazia algumas perguntas sobre a hora da morte, e o que matou a jovem. A legista dizia que foram tiros de pequeno calibre. Então a detetive encarou o corpo longamente, parecendo recorda de algo em sua mente, por fim ela perguntou sobre leitura dos outros detetives, na sua mente ela concluiu algo.

O episódio em si me prendeu tanto que eu mal conseguia respirar, o assassinato da garota, a investigação, a aquele escritor que se juntou aos detetives para investigar os assassinatos relacionados aos seus livros. Era fascinante.

Quando o episódio chegou ou fim, mostrando o verdadeiro assassino, que até apontou para um paciente da garota morta, e depois apareceu mais dois mortos, ninguém iria desconfiar do irmão bonzinho que amava sua irmã, mas também estava louco atrás da herança do pai quase morto, culpando a irmã do seu próprio fracasso.

Por uma boa parte do episódio eu parei de me concentrar na bagunça familiar da minha casa e senti excitação fluindo das minhas veias ao procurar pelo assassinato da garota da série, era eletrizante, frustrante e bem entusiasmante. Tirei o fone do ouvido e comecei a prestar atenção nos ruídos do quarto ao lado, que pareciam surpreendentemente silenciosos. Fui até a janela e olhei a rua, o carro preto tinha sumido deixando apenas a caminhonete verde estacionada no outro lado da rua.

Só então me dei conta da presença do idiota, ele estava cochilando sentado. Eu ri alto daquilo porque era muito engraçado.

– Ei?! - franzi a testa. - Já acabou.

Ele abriu os olhos e só agora vi a quão verdes eram, pareciam duas bolinhas se gude novas. Balancei a cabeça e depois a pendi para o lado, procurando palavras pra chamá-lo. Porque eu ainda não sabia o nome dele? Porque você o odeia, minha mente zombou de mim.

– Eles já foram está na hora de você ir! - reclamei.

O garoto se levantou meio grogue, não parecia que ele estava apenas tirando um cochilo, o sorrisinho zombeteiro que ele me lançou me fez contorcer de raiva.

– Pelo visto você gostou da série. - ele disse convencido.

– Não é ruim. - fiquei impassível. – Mas já vi melhores!

Não deixei de provocar. Destranquei a porta para ele passar, e ele o fez, descendo as escadas tranquilamente. Quando ele chegou à porta se virou pra mim que o acompanhava ainda mais atrás.

– Preciso que assine aqui! - ele arrancou um papel do bolso e me encarou, ele viu o meu olhar desconfiado. - É apenas é o controle das coisas que entrego.

Dei os ombros sem me importar peguei a caneta velha que ele ofereceu e eu assinei.

– Emily Lilith?! - porque o meu nome falado assim fez com que eu sentisse algo estranho se revirar em algum lugar?

Concordei com a cabeça ainda meio incrédula pela situação.

– Prazer Kyle L. Graham. - ele apenas disse isso e se foi.

Impressão minha ou a casa começou a ficar vazia e cruel? Fiquei observando ele entrar na caminhonete e sair tranquilamente, fechei a porta e dei de cara com a minha mãe, ela estava vestida com um robe azul de seda. Ela passou por mim, sem nem ao menos olhar para minha cara. Não dei importância também indo para de volta o meu quarto. Será que ela estava imaginando que eu tinha chego àquela hora? Bem não importa. Ninguém veio até o meu quarto me chamar para o jantar, eu desci até a cozinha já era duas da manhã para fazer pão com leite comer e voltar para cama.

Os dias passaram rápidos, a terça se tornou sexta e depois segunda. O tempo estava passando e se minhas irmãs e minha mãe me evitavam antes, agora era pior porque elas nem queriam que eu respirasse o mesmo ar. Foi na quinta feira a noite que esbarrei em Eleonor umas duas horas da manhã quando ela estava saindo de casa com o namorado.

– Olá! - ele me cumprimentou.

– Oi. - sorri, mas o olhar ameaçador da Eleonor me fez desmanchar o sorriso do meu rosto.

Fiz meu o leite com o pão e subi sem dar chance do cara perguntar o que estava acontecendo, porque essas perguntas sempre surgiam quando a família de Paulo vinha nos visitar, alguns deles até sugeriu que me internasse em uma clínica para me habilitar em conviver com as pessoas. Mas eu me afastava para não criar um clima pesado enquanto eles estivessem vivendo o conto de fadas familiar cheio de disfarces e mentiras.

Outra semana se passou, e quanto mais eles me deixavam sozinha, mas insignificante eu me sentia. Porque toda essa indiferença?

Joseph me visitava várias vezes e eu acho que era isso que me deixava respirando por hora. Entrei no meu quarto depois que cheguei da sexta feira de trabalho e reparei que os livros ainda estavam naquela caixa, joguei a mochila para o lado e sentei no chão para tirá-los da caixa. Depois de conferir todos e os que o Kyle tinha deixado naquele dia que ficamos presos, comecei a distribuí-los pelas prateleiras bem lentamente.

O final de semana foi torturante, eu já odiava as paredes do meu quarto, às séries que eu mergulhei vendo, os livros espalhados pelo quarto. Eu não voltei a assistir a série que eu e ele tínhamos assistido naquele dia, mesmo eu tendo gostado bastante ele tinha apagado o histórico com o nome dela e eu não me preocupei em procurar.

A segunda chegou rápido, fui para o curso, naquele dia tinha algumas pessoas diferentes, eu me sentei perto da janela quando o Michel novo aluno se sentou do meu lado me cumprimentando, conversamos sobre séries e animes o assunto com ele era fácil e fluía como nunca antes. O mesmo gosto musical, as séries, os anime.

– A sua namorada deveria te prender sabia? - eu disse pra ele na hora do intervalo.

Ele fez cara de inocente, mostrando a língua. Ele era como o Danillo e o Guto, amigos que se entendiam. Um dia talvez eu os apresentasse pelo simples fato de deixarem as coisas fluírem

– Não sei por quê?! - reclamou comendo o seu lanche. - Ela me ama!

Aquilo bastou para eu não parar de rir, eu ria sem conseguir parar, era natural, antes eu odiava vir para o curso, mas agora era agradável. Tão agradável que eu queria permanecer ali mais tempo que o normal.

O mais estranho era que meu coração palpitava em excitação pelas pessoas daquele lugar, me aceitar exatamente com eu sou, também tinha a garota Amy que trabalhava lá no palácio, no encontrávamos todos os dias no ponto, ela pegava o ônibus para ir escola. E eu vinha pra casa. Ela acabou se acostumando com o meu jeito e não era só no fim do serviço que eu ia falar com ela, eu descia no andar dela para ficar conversando sobre tudo. Não tinha assunto estranho que nós não falávamos. Lembro-me do dia em que disse sobre o J.P pra ela.

– Eu cheguei atrasada hoje porque J.P queria ficar comigo! - ela sorriu em malícia, mal ela sabia o que ficar com o J.P provocava em sua sanidade, ele era tudo que uma garota odiava.

– Vai repetir a dose? - ela sorriu de novo.

– Não, Deus me livre! - mas acho que tanto ela quanto eu sabíamos, que eu iria repetir tantas vezes até que eu sentisse algo diferente. O que era impossível. Já que estávamos falando do J.P

Naquele dia ficamos quase duas horas conversando, ela era uma ótima pessoa, só era recatada enquanto não te conhecia, porque depois nos conhecemos parecíamos que nem amigas de infância.

Na mesma segunda eu cheguei em casa e estranhei o excesso de pessoas paradas na porta, tampando o caminho até minha casa. Não fazia ideia do que estava acontecendo ali, tinha tantas pessoas e carros de polícia, foi tentando entrar em casa que eu vi o saco preto passar perto de mim preso na maca. Eu congelei o que foi que aconteceu enquanto eu estava fora? E porque tinha tanta gente. O que tinha naquele saco preto era o que eu estava pensando. Por Deus que não fosse nenhuma das loucuras da minha mãe, ou alguma das meninas, porque aquilo estava acontecendo com a gente?

Tratei de afastar esses pensamentos, pensando mais claro fui à procura de um policial, que pudesse explicar o que estava acontecendo na minha casa.

– O que houve? - minha voz saiu embargada.

– Um assassinato! - ele confirmou com a cabeça e desapareceu entre outras pessoas indo em direção a minha casa, não querendo dar detalhes para mim, a quem ele julgou ser uma curiosa.


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