Já fazia quase uma hora que ela estava desacordada. Rony tinha plena consciência de que ela só estava dormindo, mas Helena achava que a filha só poderia ter entrado em estado de coma. Logo que Hermione desmaiou Rony a trouxe para seu quarto, ele disse para a mãe da morena que ficaria com ela até que ela acordasse pois Helena alegava que não poderia pausar o serviço, só que a cada dez minutos ela entrava no quarto para medir a pressão da filha.

Rony, apesar de achar tudo aquilo desnecessário gostava de ver a preocupação da mãe com a filha. Helena tinha acabado de checar a pressão de Hermione outra vez e o ruivo agradeceu silenciosamente quando ela disse que a pressão da garota já tinha se estabilizado. Quando ela saiu do quarto Rony voltou a segurar as mãos da namorada e percebeu que já não estavam tão geladas quanto antes, respirou fundo e sentiu-se um pouco culpado. Não devia ter contado tudo de uma vez para ela, era óbvio que ficaria assustada. Percebeu ela se mexendo e logo a garota acordou.

— Ron... — ela disse manhosa e ele não pode deixar de sorrir com aquilo.

— Fique quietinha. — disse quando ela tentou levantar-se bruscamente.

— Estou com dor de cabeça. — ela disse deitando-se novamente fechando os olhos com força devido à dor.

— Sua mãe disse pra tomar este remédio aqui quando acordasse, acho que ela sabia que iria ter dor de cabeça. — ele ajudou-a a sentar-se e entregou o remédio a ela.

Assim que Hermione terminou de tomar o remédio ela devolveu o copo com água nas mãos de Rony e fechou os olhos novamente, ela parecia cansada. Rony segurou uma das mãos dela novamente e com a outra passou a acariciar seu rosto tentando lhe passar conforto.

— Eu desmaiei, não foi? — perguntou ainda de olhos fechados.

— Sim. Sua pressão caiu. Você ficou pálida, gelada e começou a tremer. Sorte sua que eu estava te segurando antes de você cair.

— E a minha mãe?

— Ela acabou de sair daqui. A cada dez minutos ela aparece pra checar sua pressão.

— Já faz muito tempo que estou desacordada?

— Quase uma hora.

Ela suspirou e abriu os olhos novamente e passou a olhar para todos os cantos do quarto, e percebeu que estava no quarto de Rony. Ele achou que ela iria reclamar, pois preferia sempre que ele fosse para o quarto dela e não ao contrário, mas assim que ela voltou seu olhar para ele; ele percebeu que ela não faria aquilo, pois seus olhos estavam carregados de mágoa. E o pior de tudo, estavam com mágoa dele.

— Por que escondeu tudo de mim? — perguntou com os olhos marejados e antes de responder ele respirou fundo buscando paciência para não discutir com ela.

— Hermione...

— Você não confia em mim?

— É claro que confio!

— E por que escondeu tudo?

— Era necessário.

— Era mesmo? Esconder meu próprio pai de mim era necessário?

— Eu não sabia se era seu pai ou não.

— Não sabia e resolveu manter contato com ele.

— Eu não tinha certeza de que era ele.

— E não passou pela sua cabeça que eu poderia ter ajudado? — Rony já estava perdendo a pouquíssima paciência que buscou ter com ela.

— Fred já estava me ajudando.

— Ah claro, até porque o Fred podia saber de tudo antes de mim.

— Pelo menos ele me ajudou, e você ia me ajudar como?

— EU NÃO SEI RONALD, EU PODERIA TER AJUDADO, EU PODERIA SABER DE TUDO!

Logo após explodir com ele ela começou a chorar, Rony respirou fundo e abraçou-a sabia que não valia a pena discutir com Hermione naquele momento. Logo trocaram de posições, o ruivo onde a morena estava enquanto ela chorava em seu colo com o rosto escondido no seu pescoço. Vê-la chorar fazia ele querer transferir toda a dor que ela sentia para ele, mas isso não era possível. A única coisa que ele poderia fazer era tentar reconfortá-la e faria o possível para não falhar naquilo.

— Me desculpe. — ela disse enquanto soluçava.

— Está tudo bem, está tudo bem... — passou a acariciar os cabelos dela — Só quero que saiba que eu não queria levantar falsas esperanças em você ou na sua mãe, só isso.

— Eu sei... me desculpe.

— Não precisa se desculpar. Olhe pra mim... — ele disse segurando o rosto dela — Pare de chorar, você fica tão mais linda sorrindo. — ele secou as lágrimas dela, mas ela ainda soluçava um pouco.

Hermione baixou o rosto envergonhada consigo mesma. Ele estava a ajudando e ela o tratando mal, mas era tanta frustração que ela não conseguiu se segurar. Mas tinha que descontar justo nele? Talvez tenha feito aquilo porque queria que ele revidasse e discutisse com ela, ou porque sabia que ele deixaria-a desabar em seus braços.

Estava tentando controlar os soluços, mas era uma tarefa difícil. Porém sentia-se mais aliviada, estar nos braços de Rony lhe passava um conforto sem igual. Era lá que ela sentia-se protegida, confortável e amada. Era bom saber que tinha alguém para cuidar dela. Sentiu ele secando suas lágrimas e depois a puxou para mais perto do corpo dele, sentiu sua mão indo de encontro ao seu queixo e levantando seu olhar em direção ao dele.

— Dê um sorriso pra mim? — ele pediu num tom tão doce que desse vez foi ela que não pode evitar sorrir — Você é tão linda. — disse antes de tomar os lábios dela para si.

E mais uma vez Hermione perdeu a sensação das pernas, sentiu o calor percorrer a espinha mais uma vez, o estômago revirar, os pelos eriçarem, as mãos buscarem os cabelos ruivos de Rony e os lábios clamarem sempre por mais, mais e mais. Até quando ela se sentiria desse jeito quando estivesse com ele? Toda vez que ele tocava seus lábios com os dele era como se ele estivesse fazendo aquilo pela primeira vez...

Ela parou o beijo colando sua testa na dele, ele por sua vez passou a acariciar o rosto dela e roube-lhe mais um selinho antes que ela voltasse a falar.

— Eu quero vê-los, Ron... meu pai, meu irmão. Por favor...

— E você os verá. Fred e eu vamos cuidar disso!

— Você já os viu? — perguntou acuada.

— Eu estive com seu irmão uma vez. Eu fui pra Dublin enquanto você estava em uma dessas viagens de quinhentos dias para as sessões de fotos da Gina. — ele explicou.

— E o Fred? Já os viu também? — Hermione perguntou já que ultimamente Fred tinha ficado muito tempo fora viajando.

— Sim. Ele já viu e conversou com os dois, seu pai teve que ir para Dublin também para resolvermos tudo. Ele ainda estava em Nova Iorque.

— E como eles passaram todos esse anos? — estava curiosa.

— Isso é melhor você falar com eles próprios, não é mesmo?

— Ok, você tem razão. E o meu irmão? Como é fisicamente? Ja que você viu ele... — Rony riu, ele teria que sanar algumas dúvidas dela.

— Ele é uma espécie feia de você. — disse e ela riu, não poderia negar que os dois eram muito parecidos, mas não diria que ele era um homem bonito nem que o pagassem. — Vocês dois se parecem muito.

— Sério? — estava animada.

— Sério. Ele também é alto e forte, não tão forte quanto eu é claro, já que vou pra academia e tudo mais. — ela riu de novo — Mas é mais alto do que eu.

— Nossa. — Hermione disse um pouco assustada, afinal, Rony era a pessoa mais alta que conhecia já que até Victor era um pouco menor que ele — Ele deve estar gigante então.

— Está mesmo. Mas ele é um cara bacana.

— Ele sempre foi...

— Faremos o possível para trazê-los pra cá o quanto antes ok?

— Obrigada! — ela o abraçou forte.

— Poxa, essa é a sua forma de me agradecer? Só isso e nada mais? Que injustiça! Não sabia que eu estava valendo tão pouco assim! — se fez de ofendido e ela gargalhou.

— Bobão! — disse antes de tomar os lábios dele para si e voltar a sentir aquele turbilhão de sensações que só ele a passava. As melhores sensações de todo o mundo.