Gina, Helena e Hermione estavam na cozinha. Estavam as três sentadas nos bancos altos de frente ao balcão olhando para o notebook da ruiva, as três estavam vendo algumas das poucas fotos do desfile que Gina já tinha recebido.

Gina e Helena estavam visivelmente mais animadas do que Hermione, já que a morena estava morrendo de vergonha de olhar as fotos em que ela estava na passarela. É claro que no momento em que tudo estava acontecendo achava tudo maravilhoso, mas agora com a quantidade de elogios que estava recebendo das duas só sabia ficar envergonhada.

— Olhe só que sorriso espontâneo o seu nesta foto, Mione. Tão linda! Minha roupa ajudou muito também! Estou tão orgulhosa! — Gina disse — Acredita que ela já recebeu vários e-mails da imprensa Helena? Vou pedir ao meu assessor pra cuidar disso tudo porque ela é só minha modelo por enquanto!

— Sério? Ainda bem que temos você pra cuidar da carreira dela, Gina. — disse Helena também animada.

— Eu ainda estou aqui viu? — disse Hermione rindo — Eu gostei dessa foto. — Hermione disse assim que mais uma foto dela apareceu na tela do notebook.

— Essa está realmente muito bonita! O que vocês acham que a imprensa vai dizer? Eu li pouca coisa sobre o desfile, quero saber logo de todas as críticas e tudo o mais... — Gina estava empolgada.

— Olhem só quem está aí. Três das cinco mulheres mais importantes da minha vida. — Rony disse chegando com Fred na cozinha.

— Ah Ronald, pare de ser falso. Todos sabemos que única mulher da sua vida é o Draco. — Gina disse, e Rony que acabava de depositar um beijo na bochecha de Helena foi bagunçar os cabelos da irmã mais nova. — PÁRA RONY!

— Isso é pra aprender a não fazer gracinhas comigo envolvendo o Draco! — ele disse abraçando Hermione por trás — O Harry pode ficar com ciúmes! — brincou e a irmã revirou os olhos.

— Como você é idiota! — Gina disse voltando a atenção para o notebook.

— Três das cinco? — Hermione disse e o ruivo riu.

— As outras duas são a Vic e a minha mãe, ciumenta. — disse beijando o pescoço da namorada que estremeceu.

Dificilmente Hermione demonstrava ciúmes de Rony, mas quando ela o fazia ele adorava. Saber que ela sentia que ele o pertencia o fascinava, e como na maioria das vezes quem dava crises de ciúme era o ruivo era legal vê-la irritadinha pelo menos uma única vez.

Já para Hermione era bom saber que as outras duas mulheres eram a sobrinha e a mãe dele. Ela não queria passar por “namorada ciumenta”, mas a curiosidade falou mais alto e ela teve que perguntar quem eram as outras duas. E odiou quando ele a beijou no pescoço, ela estremeceu automaticamente. Não que não tivesse gostado da carícia, pois ela adorava quando ele a fazia, mas precisava ser na frente de todos? Ele já sabia que ela não poderia controlar o calor que percorria por sua espinha, na verdade ela nunca conseguia controlar nada quando se tratava de Ronald Weasley. Ela sempre perdia a cabeça, sentia as pernas bambearem e a única coisa que deseja era tê-lo para si. Deus, o que este ruivo está fazendo comigo? Pensou.

— O que estão fazendo? — Rony perguntou repousando o queixo no ombro da namorada aumentando o aperto em sua cintura.

— Estamos vendo algumas das fotos que a Gina recebeu. — Hermione respondeu.

— Sinto muito por interromper seu momento de fama Ginevra, mas vamos pedir pra você se retirar com o seu computadorzinho cor-de-rosa. — disse Fred.

— E por que eu obedeceria? — perguntou teimosa.

— Porque eu e Rony temos um assunto sério para conversar com Helena e Hermione.

— Isso é verdade? — Hermione perguntou preocupada desvencilhando-se do namorado para encará-lo.

— Bem... é. — ele parecia um pouco incomodado — Gina, por favor, nos deixe a sós com elas?

— Tudo bem eu vou, mas só porque o Rony pediu. — Gina disse só para provocar Fred.

— E quando eu digo que não devíamos ter mimado-a tanto querem me contrariar. — Fred disse indignado.

— O que querem com a gente, queridos? — perguntou Helena.

Rony e Fred trocaram um olhar, o mais novo deu a volta no balcão ficando ao lado do irmão. Eles pareciam tensos.

— Estão me deixando assustada. — Hermione disse olhando para os dois que estavam parados na frente delas.

— Você ainda quer falar, ou quer que eu mesmo diga? — Fred perguntou a Rony.

— Pode deixar, eu falo...

— Ok. — Fred disse sentando-se e Rony sentou-se também.

— Falem logo. — disse Helena.

— Ok... — Rony pigarreou — Acho que devem se lembrar que esses dias eu conversei com as duas, sobre o passado de vocês.

— Sim. — Helena disse e Hermione ficou sem entender a situação toda, ele tinha falado com sua mãe também? O que estava acontecendo?

— O que está acontecendo, Ron? — Hermione perguntou e ele a encarou com o olhar assustado.

— Bem, eu precisava recolher informações de vocês.

— Por quê?

— Há alguns meses atrás um homem ligou aqui em casa, — começou Fred — e ele estava procurando por você, Hermione.

— Um homem? Que homem?

— Quando ele ligou foi Rony que atendeu, e bem, o nome que ele disse que tinha fez Rony fazer uma ligação automática com vocês duas. — Fred disse.

— Eu não tinha certeza de quem era, mas eu sabia que já tinha escutado a Helena falando algo relacionado aquele nome. Então nós resolvemos fazer contato as escondidas por um tempo. — Rony disse.

— Que homem? — Hermione voltou a perguntar.

— Calma garota. — Fred disse — Rony manteve contato com ele por pouco tempo, porque ele resolveu me contar tudo. Eu tenho amigos na polícia que podiam arrumar detetives para nos ajudar com isso, mas não queríamos dizer nada para vocês antes de ter certeza de tudo.

— Certeza de quê? — perguntou Helena, ela estava tão aflita quanto a filha.

— O cara que ligou me disse que se chama Adam. — Rony disse e pode ver as duas estremecerem com aquele nome.

— Céus! — Helena disse levando a mão ao peito.

— Ele estava a sua procura, Hermione.

— E ele ligou à mandato de um cara chamado Johnny. — disse Fred — Ele disse que tinha visto você em Dublin, Hermione.

— E o Adam ligou pouco tempo depois que você tinha voltado de lá, Hermione. Johnny é o seu irmão, não é? O seu filho não é mesmo, Helena? — Rony disse.

— Não tínhamos cem por cento de certeza de que eles realmente as conheciam, meus colegas pensaram em fazer um teste de DNA ou algo do tipo sem que soubessem, mas o Rony não deixou. — disse Fred — Então pedimos para que ele fizesse as mesmas perguntas que fizemos a eles a vocês, e bem... as histórias não são apenas parecidas, elas são iguais. Hermione e Johnny contaram a mesma coisa apenas com palavras diferentes. Com isso e a semelhança física que vocês têm um com outro é possível afirmar que são eles, as chances de não serem são de 1% ou talvez muito menos.

— Eu pedi para que eles me dessem alguma coisa que fizesse parte da lembrança de alguma de vocês duas para que vocês pudessem nos confirmar que eram eles mesmo sem vê-los, e o Johnny me deu isso. — Rony disse pegando algo das mãos do irmão que até então as duas não tinham reparado — Ele disse que era seu. — disse entregando um livro a Hermione.

Era seu antigo exemplar de “O Pequeno Príncipe”. Fora o primeiro livro que ela tinha lido em toda a sua vida, tinha ganho de seus pais como presente de aniversário quando completou seis anos. Foi ele que despertou todo o interesse pela leitura que ela tinha, quando pequena era extremamente apegada aquele livro, mas quando mudou-se para o abrigo não o levou consigo.

Hermione abriu o livro e leu a dedicatória que o livro possuía já na folha velha e gasta. “Para nossa menininha!” Era a letra de seu pai que havia escrito aquilo, ele era tão apaixonado pela leitura quanto ela. Logo após leu “Este livro pertence a Hermione Granger”, fora ela que escrevera aquilo com uma grafia extremamente caprichada para uma criança de seis anos, tinha escrito para que seu irmão não roubasse seu livro.

— Vamos deixar a escolha de vocês, se querem fazer o exame ou querem vê-los de uma vez. — Fred disse.

Hermione que até então só estava calada levantou seu olhar para fitar cada um ali presente. Primeiro sua mãe que estava ao seu lado, depois Fred e por último parou em Rony que a encarou também e notou seus olhos marejados.

— Eu quero vê-los. — disse Helena com as lágrimas já molhando suas bochechas. — E você filha?

Mas Hermione não parecia ter prestado muita atenção no que a mãe dissera. Ela estava pálida, os olhos vidrados, parecia perdida. Rony sabia que ela não estava bem, estava estranha. Aproximou dela e segurou sua mão, estava fria como gelo.

— Hermione... — Rony disse e ela pareceu empalidecer ainda mais, ele percebeu que ela havia ficado trêmula — Amor, está tudo bem com você?

Hermione tinha escutado o que Rony dissera, mas definitivamente não estava se sentindo bem. Sentia-se tonta, com frio, ela precisava de ar, sentia-se sufocada. O que estava acontecendo?

Ela reuniu forças para responder o namorado:

— Eu est... — ela tentou levantar-se para sair em busca de ar enquanto falava, mas aquele esforço havia sido o suficiente para que não sentisse mais as pernas. Tudo ao seu redor girou e ela mergulhou na escuridão da inconsciência.