Palácio Murat escrita por Bella Black


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Ficou bem compridinho este, mas vale a pena!
Boa Leitura!



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Após o término de todas as minhas tarefas estava eu exausta e pronta para um descanso, mas o dia (que ia ser longo) não tinha nem chegado a sua metade.
Enquanto as cozinheiras preparavam o almoço, eu Erce e Issa, lavávamos a louça do café. Quando terminamos já preparamos tudo para o almoço. Durante o almoço eu tinha o encargo de repor tudo que se acabava sobre a mesa, e nessas indas e vindas notei que o príncipe Galahad parecia distante, não tocou na comida e não participou da conversa à mesa.
Após o fim do almoço o salão foi limpo e só então era a hora de os empregados almoçarem.
O almoço era simples, não muito saboroso e nem muito farto, mas ninguém passava fome. Enquanto almoçávamos Nora, a governanta, levantou-se a passou o seguinte recado a todos:
–Após o almoço haverá as distribuições das tarefas para essa noite, que para os desavisados ou os esquecidos, é o jantar em homenagem o noivado do príncipe Galahad com a princesa Severn.
–Espero que nós três tenhamos as mesmas tarefas para que possamos aproveitar juntas as celebrações, mesmo trabalhando. Comentou Issa para mim e Erce.
–E espero que possamos servir no salão para podermos aproveitar um pouco da festa, que será uma das maiores que todo o reino na viu! Disse Erce.
–E também poderemos comer os quitutes da festa! Brincou animada Issa.
–Vocês repararam como o príncipe parecia estar distante, quase como se estivesse triste? Disse sem me importar por mudar bruscamente de assunto.
–Que tu tens de reparar no príncipe Guinevere?! Ele deve estar somente ansioso já que pelo o que me consta é somente hoje que ele há de conhecer a noiva. Disse Erce.
–Eu ouvi alguns boatos que já se falaram quando crianças. Falou Issa.
–Mas então por que está tão deprimido?
–E somos nós que temos de saber Guinevere? A vida da família real não é da nossa conta! Aconselhou Erce.
–É, verdade... Ah agora que me lembrei: hoje quando fui arrumar os aposentos do príncipe ele ainda estava lá (...). E então contei, detalhe por detalhe, tudo o que se passou por lá naqueles poucos minutos.
–Pois bem, o príncipe Galahad sempre foi dos mais cavalheiros. Disse Issa ao final de minha narração.
–Puxou para a mãe dele, mulher delicada e gentil e graças a Deus não para o brutamonte que é o Rei. Disse Erce falando a ultima parte em menos volume para que ninguém mais a ouvisse blasfemando contra o Rei.
–Ver o Rei me dá um frio na espinha, de terror, pelo o que ele fez a minha mãe.
–E não é para menos, disse amavelmente Issa.
–Mas não te faça de louca metendo caraminholas em tua cabeça sobre o príncipe Galahad...
–Erce não sou burra!
–Mas todos sabem que é meio bobinha...
–Pare de petulância Erce. Defendeu-me Issa.
E então, interrompendo a nossa leviana discussão, Nora começou a ler a distribuição das tarefas. Pra resumir nós três fomos postas em serviços diferentes. Eu fiquei com a decoração do salão e a arrumação do jardim antes, durante e após a festa. O jardim seria uma extensão da festa, uma opção a mais para os convidados caso ele viessem a querer respirar ares livres.
A princesa Severn e a cavalaria real do seu reino chegaram enquanto eu estava trabalhando no salão e não pude ver o rosto ou as maneiras da princesa de forma que fiquei curiosa, mas como eu poderia dar uma boa olhada nela durante a festa pude conter-me.
O jantar da festa teria inicio em breve e ainda faltava-me decorar o jardim, tarefa feita por mim e outras quatro mulheres. Já que eu não estava encarregada da comida ou de servir a mesa após o inicio do jantar pude terminar de dar os últimos toques no jardim.
Quando os convidado estavam fartos se retirando da mesa e se espalhando pelo salão (uma leve garoa começou a cair impedindo a saída dos convidados de dentro do castelo e fazendo com que todo o meu trabalho fosse vão) a banda contratada pelo Rei começou a tocar musicas animadas e eu fui ajudar a tirar a mesa.
Pelo o que pude notar da princesa Severn ela era bela com a pele bem clara, olhos verdes, cabelos loiros escorridos em um penteado alto muito elegante, vestido rosa claro com muitas pedras e rendas arrastando no chão. Mas apesar de sorrir e participar das conversas (diferente do príncipe, que nem a isso se dava o trabalho) podia observar-se certa melancolia em seus olhos claros. Os noivos não trocaram palavras durante toda a festa deixando assim claro que Erce tinha razão, tudo não passava de negócios.
Os homens já estavam começando a demonstrar os efeitos do álcool das bebidas que foram abundantemente servidas e as mulheres com as crianças começaram a se retirar e ir a uma sala a parte onde podiam ter mais sossego. Enquanto eu servia petiscos e champanhe naquela sala, Nora, a governanta, veio ter comigo:
–Guinevere aqui já tem gente servindo o bastante, se quiseres ir ao jardim começar a remover a decoração para adiantar o teu serviço de amanhã, a garoa permanece, mas não há de te atrapalhar.
–Tudo bem, já estou indo. Respondi eu já pensando nas horas que teria livre para descanso no dia seguinte.
Peguei tudo o que eu iria precisar para remover e armazenar a decoração e fui-me para o jardim. Meus pés ficaram encharcados, meu uniforme para ocasiões especiais ficou com a barra úmida e enlameada.
Tirei tudo que estava à meu alcance sem a escada e guardei nos sacos de couro que eu já havia pego após essa parte pronta escorrei uma escada que eu havia pegado anteriormente na primeira das 3 arvores que haviam sido decoradas com panos e tecidos diversos. Eu ia cortando os laços e nós e jogando os panos ao chão, para fazer mais rápido, demorei uns 15 minutos na primeira a arvore e passei para a segunda, que era maior.
Quando puxei um dos panos que estava preso a um terceiro galho não percebido me desequilibrei e fui em direção ao chão. Já eu sentia minha cabeça e costas batendo contra o chão, mas ao invés antes de chegar ao chão me choquei com algo que foi ao chão também, por baixo de mim. Demorei alguns segundos para perceber que era uma pessoa e mais outros segundo para notar que a pessoa em questão era o príncipe Galahad.
–Muito obrigada príncipe... Foi só o que eu consegui murmurar.
–De nada, mas digamos que não foi intencional, sabe?! Brincou ele.
–Me desculpe senhor príncipe, foi sem querer.
–Sim, sim, tudo bem querida. O teu nome és Guinevere, não és?
–Sinto me honrada pelo príncipe saber o meu nome. E então fiz uma reverencia segurando os lados do vestido e me agachando levemente.
–Ah, pare com isso, sou uma pessoa como qualquer outra, só me lembrei de que falaste o teu nome hoje pela manhã em meu quarto.
–Ah, sim, claro.
–Mas continue com o teu serviço que eu de te ajudar.
–Como? Mas príncipe não deves se encarregar destas coisas, não se preocupe me viro sozinha.
–Ah que. A festa já acabou, todos já estão dormindo ou bêbados demais para festejar e eu não estou com sono algum, sem falar que trabalhar um pouco não mate ninguém, não é?!
–Sim, mas tu és um príncipe, para ti isto é deselegante.
–Oras! Já falei, sou uma pessoa como todas as outras! Falou ele se exaltando um pouco e em seguida voltando ao tom de voz normal. Não vou mais discutir, vou te ajudar e pronto e isto é uma ordem, então.
–Está bem...
–Como sou o mais forte fico segurando a escada enquanto sobes, e te seguro se cair. Brincou ele.
–Tudo bem, disse eu subindo na escada enquanto ele a segurava.
Enquanto eu trabalhava me perguntava se realmente o casamento entre Severn e Galahad seria totalmente sem amor, não entendia por que Severn parecia tão desolada durante o jantar. Como poderia ela não ser feliz ao lado de tal homem?
–Eu sei que está curiosa. O que queres saber? Pode perguntar.
–Não príncipe, engano seu. Disse eu tentando soar natural, e me perguntando se, por Deus, ele tinha lido a minha mente.
–Não me chames de príncipe, pode me chamar pelo nome, tudo bem? Está na tua cara e em como tu me encara que algo te intriga, já disse, pode perguntar.
–Não é nada não, a vida da família rela não é da minha conta. Disse eu quase involuntariamente repetindo as palavras de Erce.
Enquanto conversávamos, passamos a escada para a terceira e ultima árvore.
–A vida da família real não é segredo para ninguém do reino, aposto que queres saber sobre o casamento, não é?
–Eu queria saber se há mesmo amor entre ti e a princesa Severn. Disse eu antes que pudesse me conter.
–Obviamente não. Esta é a resposta para a tua pergunta. Está firme assim a escada? – Fiz que sim e ele continuou – casar com Severn, não amo outra, e não odeio Severn, mas simplesmente não a amo. Até gosto dela, quando éramos crianças éramos bastante amigos, mas não a amo, não a desejo como amante. Sem contar que sei que ela ama a outro príncipe o que não chega a me incomodar, mas faz-me questionar, que tipo de casamento será este, onde não há amor? Entendes-me?
–É claro que te compreendo, uma vida sem amor deve de ser tão horrenda! Mas tu e a princesa Severn hão de se entender e se não forem amantes felizes pelo menos serão bons amigos, que já é melhor que nada...
–Bem, de qualquer forma não tenho escolha.
E neste ponto já tínhamos terminado com a última árvore e quanto me terminei de descer da escada, Galahad se sentou sob a árvore e fez sinal para que eu me sentasse ao seu lado, ao ver minha relutância, insistiu novamente até que cedi. Porém sentei a uma “distância segura” escorada também na arvore, mas sem encostar-me em Galahad.
–Te animes Galahad, talvez um amor por Severn poderá nascer em um instante e então tu há de ser feliz pelo resto dos teus dias!
O dai já estava para nascer e só percebi o quão cansada estava quando sentei-me meus olhos já estavam fechando-se, de forma que não pude diferenciar se era real ou um sonho, quando pude ouvir Galahad falando com uma voz intensa:
–Sinto que alguém já está a me roubar o coração.


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Notas finais do capítulo

Então amores, o que acharam? Espero que tenham gostado!
Comentem, favoritem e etc...
Bjs amores