Era um lindo lugar. Parecia ser feito de ouro e luz. Realmente brilhava – como nunca tinha visto antes. Pareciam colinas, mas minhas percepções estavam diferentes. Meus pés tocavam algo, mas eu não os sentia. Parecia flutuar. Estava me sentindo diferente por inteiro.

Semicerrei os olhos para enxergar algo. Não distingui nada. Eram muito claro, como uma tarde quente de verão. Haviam campinas ao fundo, algumas árvores. Pareciam muito verde e branco. Olho para baixo, e me vejo vestindo trajes de mesma intensidade. Sentia-me leve também. Como se pudesse voar.

Também não era eu – de alguma forma. O modo que o espelho me mostrava. As rugas de minhas mãos haviam desaparecido. Eu me sentia revigorado, como 50 anos mais jovem.

Assemelhava-se com um sonho, afinal. Todos meus devaneios. Sinto uma brisa sobre meu cabelo, e o tiro dos olhos, sorrindo sozinho, ao ver que é da mesma cor que costumava ser.

“Naruto”.

A ouço. Viro-me para trás. Não me sinto assustado. É como se esperasse por isso – a vida toda. Mesmo com a forte luz sobre mim, é como se meus olhos já estivessem programados para aquilo. Eu a vejo, afinal.

Algo dentro de mim se agita. Não me sinto estranho – não mais. Não me sinto incompleto. Não sinto a dor, a angústia ou a saudade. Tudo dentro de mim se esvai, dando lugar somente a ansiedade e aquele sentimento caloroso que se apossa.

Lá estava ela, finalmente. Uma vida toda a espera. Seus fios voam com o vento que o cerca. Ela se parece exatamente como me lembro da última vez. O tempo não passava. Tal como eu, rejuvenescida na eternidade. Seu rosto, incólume, sorria largo, e seus olhos perolados eram da cor mais bela. As maçãs em seu rosto não pareciam ter mudado, jamais. Baixa, como me lembrava. A postura relaxada, como se me esperasse. Os braços abertos. O lugar ao qual eu pertencia.

“Hinata”, minha voz soou, e eu sorri.

Lá estava ela, finalmente. Como deveria ser.

Minhas pernas obedeceram meu comando, e então, eu escorreguei pelo ar, em sua direção. Me aproximei com a ansiedade mordendo dentro de mim. Gostaria de correr na velocidade da luz, mas tudo acontecia como tinha de ser. Senti, então, seu calor. Seu cheiro, seu toque, sua maciez. Seus lábios contra meu ombro. Minha cintura apertada contra seus braços, meu rosto apoiado contra o alto de sua cabeça. Meu sorriso era largo em meus lábios, mas não doía. Talvez meu peito – meu amor floresceu novamente.

Eu deveria saber – o melhor estava depois da vida. No meu pequeno para sempre, Hinata era parte da eternidade brilhante que nos aguardava. Juntos.