After escrita por Ero Hime


Capítulo 7
After all




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A vida é engraçada. Como uma piada sem fim. Você espera ansiosamente pelo final. Ninguém sabe, e ninguém volta para te contar. Então só lhe resta aguardar o grande desfecho. Você não sabe como será – se gostará ou não. É inquietante pensar desta forma.

Coisas acontecem, e você não sabe o porquê. Coisas boas e coisas ruins. Se for religioso, talvez pense em providência divina. Se acreditar na ciência, átomos e moléculas lhe farão sentido. Se for agnóstico, tudo acontece porque nós o fazemos acontecer. Nos resta apenas isso. Acreditar – ter fé em algo ou alguém. Tentar justificar nossos erros e escolhas através de outrem. Não digo que sempre conseguiremos, mas é uma boa proposta de vida. Viver para o nada não me parece muito convidativo – viver com a expectativa que estamos sozinhos para sempre. Isso é cruel. Por isso, sobrevivemos nesta grande nuvem cósmica, que arrebate o universo. Galáxias, estrelas. Explosões inter-nucleares redundantes e seus pequenos planetas de energia. Qual a funcionalidade de tudo isso, se, ao acabar, estaremos todos adormecidos sob a terra?

É deprimente.

Meu nome é Naruto. Uzumaki Naruto. Tenho todos os anos – talvez também tenha nenhum. Não sei ao certo. Estou divagando sobre minha história. Pensando sobre o que aconteceu, o que aconteceria e o que acontecerá. O início, o fim e o meio. Sei que era muito jovem quando perdi o amor da minha vida.

Talvez você pense: “Como sabe que era o amor da sua vida, se era jovem?”. É uma ótima pergunta.

Mas existe aquela pessoa. A pessoa. A pessoa que, quando você olha, sente que encontrou o que passou a vida toda buscando. Sente-se atraído por um eixo magnético ligado ao núcleo da Terra, lhe puxando para ela. Sente que todas as linhas espaço-temporais finalmente entram em harmonia, e tudo passa a fazer sentido. Aquela pessoa, você tem certeza que é. Você apenas sente. A cada toque, você sabe que está derretendo. Seu coração se enche de alegria, e seu rosto se abre em sorrisos largos que você apenas não consegue explicar. Sua feição se torna abismada e sonhadora, porque tudo que você mais quer é estar com aquela pessoa para sempre. Fazer dela, sua.

Eu senti isso. Ela era uma garota adorável, com seus fios negros e seus olhos claros, tais quais pérolas. Eram preciosos – ela era preciosa. Uma fatalidade, eu diria. Algo que você não espera, que não está pronto para enfrentar. Algo que lhe arrebate. Que te mata – em todos os sentidos.

Hinata sempre fora bela – magnífica em toda sua proporção. Do dia em que a conheci até o dia de sua morte. Estava esplêndida, até a última vez que meus olhos acompanharam-na, enquanto seu caixão era lacrado. O rosto, embora pálido, ainda imaculado. Os lábios permaneceram róseos por algum tempo, e seu gosto era singular e puro. Hinata era uma pessoa rara – uma em um milhão, quem sabe.

Passei anos da minha vida dedicado somente a ela. Quando Hinata morreu, foi como meu próprio coração parando de bater. Tudo dentro de mim se quebrou, e os pedaços, esfarelados ao pó, nunca mais uniriam-se novamente. Hinata era meu tudo. Parte de mim, enquanto me formava por inteiro.

Eu estava perdido. Arrisco a dizer que nunca mais me achei. Hinata me guiava pela escuridão, dando mais luz e alegria à essa vida esdrúxula e solitária que vivemos. Talvez seja esse o grande segredo – o grande mistério que todos queremos desvendar. Encontrar um alguém. Aquele alguém, que melhorará você. Melhorará seus dias, transformando-os em algo suportavelmente bom. Fazendo com que, no fim, você tenha memórias, lembranças para levar. Porque nada terreno vai. Apenas o sentimento.

Cresci muito com Hinata – tanto durante quanto depois de nossa convivência. Queria ter aprendido muito mais, sim. Mas meu amor não tem barreiras. Meu amor não tem limites, não tem obstáculos. Meu amor não finda, apenas aumenta. Meu amor não termina, apenas recomeça, mais forte e inquebrável que antes. É um laço infinito, que me liga a ela. E essa ligação ninguém explica. Nem a morte, nem a vida. Nem o ciclo, nem o fim. Porque eu amei Hinata. Eu a amei com cada centímetro de existência que eu possuía. Eu a amei como nunca amei outro alguém, como nunca cheguei a amar.

Eu amo Hinata. Essa é uma das verdades que levo comigo, agora. Assim como o sol é uma estrela findável. Assim como o universo é dimensional em constelações inexplicáveis. Assim como verde é verde, e rosa é rosa. Assim como tudo que vê, que sente, que ouve. Que existe. Assim é meu amor por Hinata. Assim foi, assim é, e assim será.

Então, chegamos ao ponto inevitável e unilateral, esperado e conclusivo.

Depois de tudo, eu sei que tenho certeza de apenas uma coisa – meu amor. E depois de tudo, eu a amo. E depois de tudo, eu ainda estou aqui, e ela ainda está aqui. Porque nós nos vivemos.

E depois de tudo, o fim é apenas um novo começo.


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