Enquanto arrumava as malas, as lágrimas de Jade caiam. Em seu celular, várias mensagens e ligações de Cobra. Seu coração estava partido, só de pensar que não veria mais o seu vagabundo.

Quando descobriu que Jade ainda se envolvia com Cobra, mesmo depois de ter - lós flagrados uma vez, Lucrécia não pensou duas vezes, estava decida em manda - la para os Estados Unidos.

Cobra estava preocupado, Jade não apareceu o dia inteiro e não atende suas ligações, quando decidiu tentar mais uma vez. Não era de desistir tão fácil. Ao ouvir o toque do celular, Jade aproveitou a ausência de Lucrécia para atender, precisava ouvir a voz do rapaz pela última vez, porém quando ia pegar no aparelho, sua mãe abre a porta.

- Nem pense em fazer isso. - Lucrécia foi até a filha pegando o celular e desligando o aparelho.

- Mãe. Por favor! Deixa eu me despedir dele. - Jade chorava compulsivamente, mais Lucrécia não se comovia

- Não! Você nunca mais vai falar com aquele marginal. E nem ouse tentar me desobedecer. - parou por um segundo. - Agora termina de arrumar suas coisa.

Jade deitou na cama, ainda chorava muito, e sem perceber acabou arrancando alguns fios de cabelo. Jade lembrava das vezes que Cobra a consolava quando ela não passava em algum teste ou levava uma bronca da mãe, quando ele a ajudava com as suas armações só para vê - la feliz. A bailarina jamais iria esquecer das suas aventuras com Cobra, de como era feliz ao seu lado. Mais agora tudo acabou.

Uma hora depois, Jade estava terminando de se arrumar, quando ouve a campainha, mais não estava interessada em saber quem era.

- Você tem certeza? - Edgard tentava convencer Lucrécia a desistir da decisão de mandar Jade para fora do Brasil.

- Está decidido Ed! Não vou voltar atrás.

- Mais obrigar a menina fazer o que não quer está errado!

- Ela não tem querer. Errado é ela se envolver com aquele bandido! Ela vai aprender a me obedecer. Você vai ver, ela vai estudar na melhor academia de dança do mundo, e quando ela for famosa, ela vai me agradecer.

Jade apareceu na sala segurando a mala e correu para abraçar Edgard.

- Eu não quero ir Ed. - sussurrou

- Desculpa querida. Eu não posso fazer nada. - respondeu o professor

- Vamos? - Lucrécia pegou sua bolsa no sofá e abriu a porta para Jade passar.

- Vamos. - Jade falou baixo

O caminho até o aeroporto foi percorrido em silêncio. Jade observava a cidade que nasceu e que tanto amava, pensando se um dia voltaria a andar naquelas ruas.

Edgard via a tristeza nos olhos da garota, e sentia um pouco de pena. A vontade dele era de pegar aquela linda menina que viu crescer no colo e levar para casa, mais infelizmente não tinha esse poder. Apesar de Jade o considerar como pai, ele não era. Edgard também não gostava de Cobra, mais via que Jade era feliz com ele, por isso nunca contara do relacionamento dos dois para a amiga.

Foi poucos os minutos de espera e Jade finalmente subiu no avião. Se despediu da mãe e do professor e seguiu para aquela viagem indesejada.

O sonho de Jade sempre fora ser uma bailarina de sucesso, porém não queria deixar sua mãe, Edgard, seus amigos e principalmente Cobra. Uma senhora que estava sentada ao seu lado, percebeu que Jade chorava.

- Está tudo bem moça? - perguntou

- Está. - Jade enxugava as lágrimas.

- Me desculpe, mais você não parece nada bem. Pode falar comigo. - A mulher sorria bondosa, e segurava a mão de Jade.

- Minha mãe... Não me deixa ser feliz. - As lágrimas de Jade voltavam a rolar. - Ela quer me obrigar a ser uma pessoa que eu não sou. Ela não quer saber o que eu sinto, o que realmente me faz feliz.

- Mãe é assim mesmo minha querida. Ela só quer ver você bem, feliz.

- Não. - Jade parou por alguns segundos. - Tudo o que ela quer é que eu seja uma bailarina de sucesso, ganhe dinheiro, mais ela nunca me perguntou o que eu queria de verdade! Ela me culpa por ela ter interrompido a carreira... E quer que eu seja, o que ela queria ter sido.

- A vida é complicada minha filha, você ainda tem muito para viver! Ninguém e nem sua mãe pode mudar o que tem aqui, dentro do seu coração. - A mulher levou a mão até o peito da menina. - Ninguém pode mudar o seu destino. Se for para acontecer, tudo o que você está deixando hoje pra trás, voltará! É só uma questão de tempo. Você só deu uma pausa na sua vida, mais de alguma forma as coisas vão se resolver, mesmo que para isso acontecer você tenha que passar por momentos difíceis.

Jade sorriu ao ouvir o que a mulher falava. Talvez aquilo tinha que acontecer, talvez com o tempo ela teria a felicidade de volta.

Depois de algumas horas de voo, Jade finalmente chegou aos Estados Unidos. Se despediu da mulher que tanto havia lhe aconselhado e que de alguma forma acalmou seu coração. Jade andava pelo o aeroporto, quando viu uma mulher pegou em seu braço.

- Jade. - A bailarina virou - se assustada

- Eu mesma.

- Meu nome é Sara! Amiga da Lucrécia. - Sara deu a mão para que a garota apertasse

- Oi Sara, prazer. - Jade retribuiu com um sorriso triste.

Enquanto isso longe dali, Cobra continuava agoniado sem notícias de Jade, quando foi surpreendida com Lucrécia entrando no QG.

- Dona Lucrécia? O que a senhora está fazendo aqui? - Cobra arregalou os olhos, imaginado que Lucrécia havia descoberto tudo.

- Eu vim falar sobre a minha filha. - Lucrécia estava com uma expressão não muito agradável. - Ela fez uma inscrição para uma academia de dança nos Estados Unidos, e passou.

- Como assim? Ela não me disse nada. - Cobra parecia assustado com a notícia.

- Enfim, ela viajou hoje, e acabou revelando que estava namorando com você, escondido. Eu só vim aqui para te avisar, com licença. - Lucrécia já estava saindo do local

- Mais quando ela volta? - Cobra perguntou aquilo com um pouco de medo.

- Ela não vai mais voltar. E você deveria ficar feliz por ela, até porque ela está muito feliz. Você precisava ver o quanto ela ficou animada quando recebeu a carta de aprovação. Bom, agora tenho que ir! - Lucrécia mentiu

Cobra parecia não acreditar, Jade havia ido embora sem ao menos se despedir. Cobra foi abandonado pelos pais, e se sentiu rejeitado mais uma vez. Não sabia ao certo o que estava sentindo, raiva ou tristeza. Depois de derrubar alguns suplementos da prateleira, resolveu voltar a ser o Cobra de antes.