"Sou o primeiro a admitir que sou imprudente

Me perco em sua beleza, e não enxergo além de um passo

E eu sei, em meu coração, que você é só mais uma página..."

Fool's Gold — One Direction.

Enzo Collins

Depois de passar dois anos no Brasil, eu tinha finalmente voltado para New York. Não que isso me deixasse animado, eu sei que vou sentir uma falta imensa dos brasileiros, já que eles eram um sonho; calorosos, festeiros, alegres e também haviam as garotas. Ah, as garotas eram diversas, tinha para todos os gostos e isso era incrível para um garoto como eu que vivia em um lugar que as aparências eram praticamente padrões. Adorava as peles bronzeadas que se destacavam com a minha cor de leite, os cabelos longos eram um sucesso e bem bonitos, haviam mais olhos castanhos e eu achava extremamente charmoso, além de que elas — pelo menos as que conheci — são quentes, intensas e gostosas. Havia também uma garota especial, é claro.

Fernanda era linda com sua pele morena, seus cabelos castanhos com mechas loiras e os olhos castanhos-esverdeados que se destacavam no meio de muito outros, a gente ficava junto o tempo inteiro, eramos melhores amigos e algo mais, não sei definir já que nunca havia a pedido em namoro. Vivíamos no nosso mundinho, ela era a minha garota e eu o garoto dela, eu só ficava com ela e ela só ficava comigo, tínhamos encontros e admito, ela frequentava bastante o meu quarto; Adorava o jeito dela de se mexer, adora quando ela gargalhava alto e também gostava quando ela me beijava na frente de todos... Melhor eu voltar para mim porque se for para falar dela posso ficar o dia todo.

Eu não voltaria para a escola que estava antes de me mudar, já que eu morava com meus pais em Los Angeles e quase eles se separaram eu fui para o Brasil com minha mãe — uma mulher linda e forte, que eu amo, nascida no Brasil e agora eu teria que viver com meu pai. Era um acordo maluco que eles tinham feito, tipo uma guarda compartilhada, eu odiei de primeira, parecia que eu era um objeto comprado para se dividir. "Você passou dois anos com ela, o que custa passar um comigo?" Me lembro do meu pai tentando negociar comigo dizendo essas mesmas palavras. O meu velho era um idiota mesmo, além de ser ausente tanto perto quanto longe, ele também ligava só para dinheiro e famílias importantes, o trabalho era tudo para ele. O cara vive apenas de aparência e status.

Estava realmente apavorado quando entrei na escola, os olhares pareciam me seguir, mas estava confiante. Admito que a escola é incrível e haviam pessoas bem diversificadas. Eu teria que ficar dois anos ali, tinha que encontrar alguém legal, não que eu gostasse de fazer amigos.

Entrei sem pressa na minha primeira aula, Geografia. Odeio. Me sentei na última carteira na fileira do lado oposto da janela, eu gostava de me separar dos outros, nunca tinha sido bom em me enturmar e na verdade eu gostava de ser anti-social. Assim não aturava falsidade, conversas inúteis, entre outras coisas. Mas as garotas bonitas eu não conseguia ignorar, elas me atraíam! Eu tenho uma lábia boa e sei como fazer uma garota sorrir, assim como sei não me apaixonar pelas meninas erradas, sempre tive muito controle sobre meus sentimentos.

Encaixei os fones e dei play na música. Observei o professor fazer uma careta e praticamente gritar com uma garota loira que mais parecia uma boneca e um menino que sorria sacana, vi também todos encararem eles que ignoravam como se fosse a coisa mais comum do mundo. Os populares, tinham que ser. Eu tinha esquecido que isso ainda acontece, no Brasil não tem isso de panelinhas, você anda com seus amigos e ninguém te olha feio por falar com alguém diferente. Adora isso também, não vejo a hora de voltar para lá, para minha baixinha, minha Fernanda...

A porta se abriu e todos encaram o local. Sinceramente, eu não ouvia nada, mas eu observei tudo acontecer. Observei a menina revirar os lindos olhos azuis, os longos cabelos castanhos balançavam com o vento mesmo ele não sendo tão forte, ela apenas murmurou alguma coisa e fitou a sala, seu olhar parou em mim e senti meu rosto esquentar. Ela sorriu de lado e caminhou na minha direção. Por um momento esqueci do Brasil, esqueci da saudade, esqueci de Fernanda, esqueci que teria que aturar meu pai, esqueci que estava na escola. Esqueci de tudo e só me lembrei daquele sorriso. Definitivamente era um lindo sorriso, o mais lindo que já tinha visto em toda a minha vida.

Como eu disse, as garotas bonitas me atraem, não consigo ficar sem falar algo para elas. Se você for menino provavelmente deve saber como é quando uma menina bonita te olha, você fica encantado e ao mesmo tempo apavorado, porém, tenta agir da maneira mais simples e descontraída possível.

— Hey! — Murmurei para a menina que agora estava sentada na minha frente. Ela me fitou, os olhos azuis estavam confusos e eu senti medo dela me ignorar, engoli em seco enquanto abaixava o volume da música.

— Hey!

Ela sorriu me fazendo dar um sorriso de lado. Eu fiquei apavorado quando percebi que não fazia a mínima ideia do que falar. Droga.

— Outro casal? Esses jovens de hoje em dia... Será que eu posso continuar? — ouvi uma voz ao longe, deveria ser do professor. Então era isso que ele tinha falado para os outros dois? Quem será agora? Percebi a garota ficar vermelha como um pimentão e todos nós encararem. Merda. Ele estava falando de nós dois.

Sorri amarelo e dei um aceno com a cabeça, concordando. O velho chato se virou falando baboseiras sobre os conteúdos que viríamos naquele ano. E que ano!

Acho que ele tem cheiro de flores...