A garota dos olhos violeta escrita por Lua Love


Capítulo 4
Você é podre, Pan


Notas iniciais do capítulo

Segundo hoje!



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Corria há horas, estava cans... Opa! Aquilo são jabuticabas?

Subi na árvore, sem me perguntar por que raios havia uma jabuticabeira na Terra do Nunca.

Aquela era a árvore mais alta que eu já tinha escalado. Se caísse dali me machucaria feio.

Lá em cima, comecei a comer as jabuticabas. Então percebi que estava com uma bolsa a tiracolo.

Mas é claro! Eu estava com ela do meu lado quando dormi na janela! Tinha meu livro, um elástico de cabelo, um cd player antigo, fones de ouvido, um cd com minhas catorze músicas favoritas, meu livro, uma caneta e meu diár... Espera! Cadê meu diário?!

– Procurando isso? – Pan falou ao meu lado, segurando meu diário. Levei um susto e quase caí, me segurando com uma única mão em um galho da árvore.

– Me ajude!

– Que mal-educada! Que tal tentarmos assim: “Lindo Peter, por favor, me ajude.” – ele disse com um sorriso de canto.

– Nem morta!

– Então está bem. – Pan virou-se e começou a folhear meu diário.

Ouvi o galho começando a quebrar.

“Situações desesperadoras pedem atitudes desesperadas” me lembrei. De orgulho ferido, exclamei, rapidamente:

– Lindo Peter, por favor, me ajude!

– Agora sim! – Pan pegou minha mão e me puxou se esforço, ao mesmo tempo em que o galho quebrava.

Quando já estava segura, tentei dar um soco nele, porém ele conseguiu agarrar meu punho.

– Um simples “obrigada” já era o suficiente.

– Você que me assustou e me fez quase cair!

– Calma, pra que tanta raiva? Sente-se, quero apenas conversar.

Olhei para ele, incrédula, mas acabei sentando, ainda um pouco afastada dele.

– Aí não. Aqui. – ele deu um tapinha na própria perna para me indicar.

Bufei, indignada.

– Nunca.

– Nunca diga nunca na Terra do Nunca. – em seguida ele e puxou e me fez cair por cima dele.

– Estou morrendo de rir por dentro. – disse, enquanto ele se matava de rir.

– Se não fosse tão teimosa... - ele falou, parando de rir e me encarando com um sorrisinho de canto. Ele me ajeitou sobre seu colo. Tentei sair, porém ele me pegou pela cintura.

– Calma! Como já disse, só quero conversar!

– Podemos começar com: como me achou aqui, por que está com o meu diário e quanto você leu.

– Quando você saiu correndo, o diário caiu da sua bolsa, li o suficiente para saber o que julgo necessário e sabia que sua fruta preferida era jabuticaba, te rastreei até aqui e com magia fiz está árvore crescer antes que você chegasse. – Peter me respondeu, com muita naturalidade.

– Como sabia minha fruta favorita? – aquilo era estranho, não é tipo de coisa que coloco no meu diário.

– Que bom que tocou nesse assunto! – ele tinha um sorriso que parecia tentar ser sincero, entretanto tinha algo... Mau. – Foi seu irmão que me falou. Aliás, ele me falou muito de você, e ficou muito preocupado, beirando ao desespero eu diria, quando disse que você havia fugido. Imagino que você sinta o mesmo tipo de amor e preocupação que ele.

– E sinto, mas aonde você quer chegar com essa conversa? – o interrompi, me virando para ele. Havia algo a mais em tudo aquilo.

– Seria realmente uma pena se... Algo acontecesse com ele, não é mesmo? – ele tinha um leve sorriso nos lábios, e um olhar de pura maldade.

– Você não faria... – sussurrei, horrorizada.

– Duvida?

O pior de tudo é que ele não parecia ter nem um pingo de constrangimento em me ameaçar, enquanto eu transbordava de raiva.

– O que quer? – disse, entre dentes, praticamente rugindo palavra por palavra.

– Eu quero que volte ao acampamento comigo, fale para seu irmão que se acalmou e que acha que a Terra do Nunca é o melhor lugar para ficarem e fique comigo na casa da árvore. É um pedido bem simples. Pense bem – ele inclinou sua cabeça um pouco mais para frente e falou em meu ouvido – Daniel vale o esforço?

– É claro! – falei, sem pensar duas vezes.

– Então venha. – ele me segurou pela cintura e pulou. Em vez de nos esborracharmos no chão, pairamos no ar e pousamos suavemente.

Começamos a caminhar. Pan me lançava alguns olhares de vez em quando. Não me controlei:

– Quer parar? Não fiz isso por você. Fiz por que você está tão desesperado a ponto de descer e ter que ameaçar meu irmão para que eu fique no mesmo lugar que você. Pode me explicar por que quer tanto que eu fique nesta maldita ilha?!

Em vez de parecer irritado, ofendido ou pelo menos levemente incomodado com meu comentário, Peter caiu na gargalhada.

– Oh, minha querida! Por que se finge de brava? – ele se aproximou ainda mais de mim – Eu sei que este foi o convite perfeito para você ficar comigo. Não precisa me agradecer!

Tentei dar um tapa no rosto dele, porém ele segurou meu pulso, com um enorme sorriso irônico no rosto.

Grunhi.

– Você é podre, Pan.

Ele alargou ainda mais o sorriso.

– Por favor, me chame de Peter.


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