Life After Love escrita por Hikari Ouji


Capítulo 2
Janela de Cicatrizes


Notas iniciais do capítulo

Nesse segundo capítulo, Sam continua recebendo Aaron todos as noites no hospital e lembram como se conheceram. Mas agora estão se preparando para voltar a realidade enquanto questionam como será a vida dos dois dali pra frente.



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Um mês havia se passado desde o acidente naquela manhã quando Aaron e Sam decidiram ir à praia, e agora sem o gesso na perna e com a maioria dos machucados sarados, Sam esperava ansiosamente pela visita diária daquele que tanto amava. Passavam da meia noite quando a porta se abriu e Aaron entrou exibindo aquele sorriso feliz que só ele sabia dar. Na testa um curativo chamava atenção, mas segundo ele já estava sarando. Na cabeça uma grande cicatriz quase curada ia de orelha a orelha. Os pontos dados pelos médicos também já tinham caído. Ambos passavam a noite acordados conversando sobre o futuro, o recomeço e como as pessoas reagiriam quando voltassem;

– Eu também já pensei nisso – disse Sam – Mas como você disse, deixa que falem, pois eles não poderão fazer nada.

– Até que enfim você entendeu! – riu Aaron olhando a paisagem pela janela – Será que sentem falta da gente?

– Acho que sim. Afinal sempre gostam de me humilhar e de vangloriar o poderoso capitão do time de futebol.

– Hahaha, você é de mais. Mesmo com o corpo todo ferrado ainda tem tempo para brincadeiras – sorriu tocando-lhe o rosto - Eu senti sua falta Sam. Fiquei muito preocupado.

– Eu também...

– Ué, mas você estava em coma – sorriu – Nem se lembrava de mim.

– Ah cala a boca Aaron – riu Sam – No fundo eu sabia que algo estava faltando.

Aaron exibiu um semblante triste, mas logo exibiu um sorriso e em seguida lhe abraçou forte.

– Ah! Isso dói! - reclamou Sam – Mas eu posso aguentar.

– Desculpa. Mas é que eu fiquei tão preocupado!

E deveria ter ficado mesmo. Quando Aaron se aproximou e beijo-lhe os lábios Sam pode sentir uma vibração diferente. Era um misto de sensações diferentes onde a alegria e tristeza unia-se em um beijo. Mas Sam queria mais. Queria uma noite igual àquelas quando iam para o quarto e podiam fazer de tudo entre quatro paredes, mas aquele lugar não ajudava a dar o clima necessário. Então a única coisa que puderam fazer foi dormirem juntos espremidos naquela cama de hospital.

E assim os dias foram se passando entre exames, fisioterapias e visitas de Aaron que por sinal era um dos poucos conhecidos além dos pais que o visitava com frequência. Alguns professores apareceram e disseram lamentar pelo ocorrido e diziam que tudo daria certo. Sam nunca chamava a atenção das pessoas que pareciam ignorar sua existência. Fato que nunca entendera direito, mas também não ligava muito. Conversava com poucas pessoas, dentre todas somente uma era confiável o bastante; Philipe. Ele era o melhor amigo de Aaron e o segundo melhor no time de futebol da faculdade, além disso, ele sempre ajudava quando os outros alunos implicavam com Sam.

O motivo da implicância? Inveja.

Tudo começou quando Sam entrou na faculdade. No primeiro dia todos gostam de fazer trotes que vão dos mais engraçados aos mais humilhantes. E naquele dia Sam não escapou como alvo. As pessoas não deveriam julgar pelas aparências, mas eles sempre querem humilhar aqueles que parecem se mais fracos, não importando se é menino ou menina. Sam surgiu com seu jeito simples enquanto descia as escadas. Usava uma bolsa de lado e na outra mão carregava dois livros pesados sobre psicologia que havia acabado de ganhar do diretor.

No pátio, Aaron viu toda a cena logo depois de ter levado um banho de tinta vermelha. Sam tentou evitar a aglomeração, mas assim que chegou ao pátio uma bexiga de tinta rosa atingiu sua camisa. Sam se assustou com o ataque repentino e se preocupou mais com os livros caros que tinha ganhado. A faculdade era particular e tinha conseguido entrar graças a uma bolsa de estudos que tinha ganhado como muito esforço e dedicação. Se sujasse ou perdesse os livros, tinha medo de ter de comprar os livros que eram muito caros e o dinheiro que recebia como atendente em um restaurante não daria para comprar nem metade de um livro. A primeira coisa que fez foi abraçar os livros contra o peito e proteger o máximo possível e em seguida começou a correr, mas Sam acaba escorregando e cai feio no chão. Seus livros rolaram pelas suas mãos e arrastaram pelo chão sujo de tinta. Em seguida os outros alunos começaram a fazer os livros de bola, chutando-os de um lado para outro. Quando os viu desfigurados pensou em dar o troco nem que fosse numa briga, mas nem teve tempo de discutir. Nos minutos seguintes, Sam passou pelo dia mais humilhante da sua vida; seu cabelo fora cortado, sua blusa rasgada, todos os pertences de sua bolsa foram jogados e pisoteados no chão. Derrubaram tinta em todo o seu corpo e estavam quase o jogando no meio da rua quando Aaron apareceu e impediu que aquilo acontecesse. Se não fosse por ele, Sam não saberia como voltaria para casa, pois estava num estado deplorável e ainda por cima seu dinheiro fora rasgado na sua frente.

– Ei! O que pensam que estão fazendo? - berrou Aaron – Vocês passaram do limite!

– Ih relaxa aí Capitão! Só estávamos brincando – riu um dos que fizeram o trote.

– Ok, mas isso passou do limite. Como vocês iriam embora se estivessem desse jeito. Ahn? Respondam. Peçam desculpas!

– Você perdeu o juízo Aaron! - Continuou o outro rapaz.

– Cala a boca Jefferson! Olha a merda que vocês fizeram. Isso já não é mais brincadeira. Vocês estão aproveitando para fazer bullying! Isso pode dar cadeia!

No mesmo momento a polícia apareceu e perguntou se estava tudo bem com eles. E logo depois tudo acabou e todos seguiram para casa.

– Desculpa por você ter passado por isso...

– É tudo culpa minha... - lamentou Sam – Isso é um sinal que eu não pertenço a esse lugar.

– Mas é muito cedo para pensar nisso. Vamos lá. Eu te ajudo. Meu nome é Aaron. Estou no terceiro amo do curso de educação física. Seja bem vindo a nossa Faculdade.

– Agradeço muito... Me chamo Sam. Prazer em conhecê-lo.

E assim começou a amizade entre Aaron e Sam. Naquele fim de tarde, Aaron conseguiu permissão para que Sam pudesse usar o banheiro da faculdade e se lavar. Quanto à roupa, Aaron lhe emprestou um roupão do time de futebol e uma sacola plástica para colocar os pertences que sobraram do chão. Sam pegava o metro e um ônibus para chegar em casa e Aaron deu carona no seu carro até a porta de sua casa. No dia seguinte, Aaron contou o que aconteceu ao diretor da Faculdade e ele lamentou pelo ocorrido. Quanto ao material, o diretor deu novos livros e puniu os veteranos que participaram do evento. Porem isso não foi necessário para diminuir as agressões. Ninguém aceitava o fato do ídolo da faculdade, lindo, inteligente, veterano, estudante do terceiro ano de educação física e capitão do time de futebol, estar ajudando Sam; uma pessoa sem graça, bolsista e caloura.

Sam agradeceu muito o fato de Aaron ter ajudado naquele dia, mas não queria chamar atenção. Só queria estudar, passar nas provas e trabalhar num lugar onde todo o dia não precisasse rezar para que acabasse logo o horário. Tentava evitar o contato com Aaron de qualquer jeito, mas algo aconteceu entre os dois. Com o tempo, começaram a passar mais tempos juntos conversando, jantando, estudando e dando carona até que um dia, Aaron e Sam se beijaram pela primeira vez. Isso fora á nove meses atrás no meio de uma tempestade enquanto dividiam um guarda-chuva. E desde então estão juntos.

De volta ao presente, Já ia fazer três meses desde que o acidente tinha acontecido. E um mês que tinha recebido alta do hospital. Desde então, praticou fisioterapia em casa e ia ao médico regularmente. Seus pais não podiam gastar muito com as viagens que faziam para onde Sam morava e só faziam uma viagem por mês e para tomar conta das coisas de Sam pagaram uma empregada para ir de dois em dois dias e limpar a casa. Aaron também o visitava quando podia e sempre ia noite, quando entrava na casa de Sam pulando a janela do quarto. Lá eles conversavam, faziam planos sobre o futuro e tentavam se esquecer de todo mal que aconteceu.

– Aaron, vamos fazer amor? – disse Sam se olhavam na cama.

– Desculpa Sam. Mas vamos deixar outro dia. Afinal amanhã recomeçam as aulas e você não pode perder mais um período.

– Eu não quero. Eles vão acabar comigo...

– Não se preocupe. É só não ligar.

– Pra você é fácil.

– Eu estarei com você amor. Mas agora vamos descansar.

O sono logo os pegou enquanto Sam sente Aaron se aproximar e abraçar seu corpo. Ele estava um pouco frio, mas logo se enrolaram no cobertor e caíram em sono profundo que durou a noite toda, até Sam acordar no dia seguinte e perceber que Aaron tinha ido embora novamente enquanto dormia.

– Por que você sempre faz isso? – questionou olhando para a janela aberta.

...continua

(^_^)v

by Hikari-Ouji


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado desse capítulo... Toda vez que a leio tenho que editar alguma coisa, pois sempre surgem outras idéias. Por favor, continuem lendo :)



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