Leandro estava indo em direção da saída, fui correndo na direção dele, até que :
–Julieta um!- Eloiza estava correndo na minha direção com um monte de papeis na mão, derrubando vários deles.
–Oi Eloiza, não era para te ver daqui a meia hora?
–Já passou trinta e quatro minutos. Achei melhor te procurar.
–Oque você queria falar comigo?
–Seu vestido está pronto.
Como ela terminou tão rápido? Segui ela até chegar na sala de novo. Chegando lá, ''Romeu dois'' estava rodeado de meninas, babando por ele, mesmo sem ele perceber, ele tava jogando, como sempre.
–Agora você tem fãs, é? Nossa, nem vai dar atenção para as coitadas?- Perguntou Eloiza
–Quem? Elas? Nem sei o que elas estão fazendo ai paradas- Ele disse isso colocando a mão do lado da boca, como se fosse desviar as palavras dos ouvidos das meninas.
–Meninas, atenção!- Ela disse em um tom autoritário.- Preciso que vocês saiam agora, como eu sou a costureira eu tenho esse direito. Meu local de trabalho minhas regras!
Elas saíram suspirando, vidradas no ''gamer'', que ali estava. Uma até bateu a cara na porta. Segui a Eloiza até o canto da sala, que estava cheio de desenhos, linhas, agulhas, tecidos, etc. Tinha uma porta que eu não tinha percebido.
–Que porta é essa?
–É ai que ficam os figurinos. Tem muitas coisas que precisam ser melhoradas ai dentro, as outras costureiras não eram tão boas quanto eu, elas tinham um péssimo gosto.
–Está trancada, você tem a chave?
–Claro que não! Se eu tiver a chave Madalena disse que eu iria estragar as ''lembranças'' que temos dos anos passados.
–Desculpe, mas quem é Madalena?- Eloiza congelou e foi fazendo uma cara de espanto.
–Madalena é a professora de artes, minha tia. Ela ta te dando aula a um tempão, deis do ano passado.
–Como você sabe que ela me deu aula ano passado?
–Ela só fala de você e suas notas, seu desempenho, sua força de vontade e não sei oque.
Nossa... a professora fala tanto de mim e eu nem sei sabia o nome dela.
–Pela sua influencia ele veio para essa escola.- Eloiza falou enquanto olhava no seu monte de papel.
–Tenho que te agradecer por isso, não saberia ficar bem morando com minha avó...
–Por que você não mora com seus pais?
Ele bloqueou o celular, colocou a touca da blusa na cabeça, pós o fone de ouvido e se encolheu no sofá, ignorando totalmente minha pergunta e como se não bastasse Eloiza deixou cair todos os desenhos que estavam com ela e logo ficou com uma aparência um pouco sombria. Tentei mudar de assunto o mais rápido possível.
–Eloiza deixa eu te ajudar.- Comecei a pegar os desenhos, tinha cada vestido de época maravilhoso, bem desenhado,ricos em detalhes, amostra de tecidos cores que ficaram lindas juntas.-Nossa você desenha muito bem, ficaram tão maravilhosos.
–Você achou esses bonitos? Quero ver sua reação quando ver o desenho do seu vestido.-Agora ela voltou com o seu sorriso e o brilho nos olhos. Foi até uma estante cheia de livros, pegou um punhado de chaves do bolso e abriu uma gaveta que tinha um cadeado e uma fechadura, abriu a gaveta pegou um cofre que estava no fundo da gaveta com outro cadeado, abriu e tinha um caderno dentro do mini-cofre. Abriu em uma pagina que tinha um vestido roxo (ou era vinho?), LINDO, melhor que qualquer um que eu já tinha visto, com varias paginas detalhando cada centímetro do vestido. Tinha algumas pedrinhas, muitas rendas com desenhos complexos nelas, como rosas, estrelas e constelações mas de um jeito que eu nunca vira. Tinha até acessórios e joias escupidas de uma forma que nunca seria possível detalhar, joias pequenas e maravilhosas.
–C-como você fez isso? C-como você pensa que vai fazer isso? Gente isso é impossível!
–Você está perguntando mesmo isso para mim? Desculpa, esqueci que você é novata. Eu sei fazer muito mais do que só isso.
''Julieta dois'' entrou na sala batendo o pé no chão pegou o desenho do vestido, ficou boquiaberta.
–Uau! Esse é o meu vestido? É um vestido perfeito para uma menina perfeita, vocês não acham? Você é menina que chegou atrasada, meu nome é Sabrina. Qual é o seu mesmo? Jenifer, é isso né?
–Sim Sabrina, o nome dela é esse mesmo mas você se enganou em uma coisinha... esse não é seu vestido.- Eloiza foi direto em pilha que estava no chão, pegou um papel e esticou o desenho para a Sabrina ver.- Esse é seu vestido.
–Oque? Esse chinfrim? Não quero esse, quero outro.
–Pena que não é você que escolhe os desenhos, quem os escolhe sou eu, e eu gostei desse.
–Eu achei ele lindo.- Me atrevi a dizer.
–Lindo?- Retrucou Sabrina.- Fica você com ele então, porque o meu é esse roxo perfeito. Eu sou a principal tenho o direito de ficar com ele.
–Já disse que EU desenho o vestido e EU escolho quem o usa e não é você que vai usar o ''perfeito'', é a Jeni que vai usar e pronto! Entendeu Sabrina? -Eloiza pegou o desenho ''perfeito'' de volta e o levou para o cofre de novo, ui foi mal, levou para os cofres de novo. O outro desenho que era o vestido da Sabrina estava na minha mão, a Eloiza pegou e jogou no chão de novo.
–Cadê o capricho com o meu vestido?
–Você nem gostou do vestido e esta reclamando do jeito que eu trato do MEU desenho? Por favor, saia daqui.
–Está bem, mas eu vim aqui para avisar que a professora está te chamando ''Jeni''.- Ela falou meu nome em um tom de voz muito falso, sou ruim para entender sarcasmo mas se até eu entendi então é porque está ruim a situação.- E também preciso falar com ele!- Ela apontou para o ''Romeu dois'' (cara... preciso descobrir o nome dele, não dá para ficar chamando ele de ''Romeu dois''), com um sorriso no rosto.
A Sabrina foi andando na direção dele, tirou seu sobretudo e estava com um vestido rosa um pouco acima do joelho, eu achei muito curto mas o pior era o decote. Virou-se para nós e disse:
–Desculpe minhas roupas é que as outras eram da peça e o short que eu vim era muito curto.-Se eu achei esse vestido curto imagina o short que ela estava usando.
Sabrina se abaixou, inclinou e foi tirando a touca dele aos poucos, ele abriu os olhos e deu para perceber que ele vidrou direto no decote dela, ela foi passando a mão no rosto dele até chegar no ouvido, tirou um dos fones e escorregou a mão até o celular dele. Se tem uma coisa que ele é vidrado além do vídeo-game são decotes pelo jeito. Ela pegou o celular da mão dele e o ''transe'' acabou, ele fez um movimento um pouco brusco mas muito rápido. Pegou o celular com a mão esquerda, puxou e jogou na mão direita que logo pós no bolso enquanto levantava, passou do meu lado e pegou meu braço e o da Eloiza.
–Ei, quero falar com você menino!- Ele nem olhou para trás.- Seu ridículo, volta aqui.- Eloiza puxou o braço, estava com a cabeça baixa, ele se virou confuso, ela levantou a cabeça deu um sorriso e fez um sinal com a mão para a gente continuar indo para frente. Ele abaixou a cabeça e continuou me puxando para o palco, fomos direto falar com a professora.
–Jenifer, você disse que não ia poder fazer a cena do beijo, me explica isso melhor.
–Professora... podemos falar sobre isso a sós?
–Sim, venha até aqui.- Fomos até a sala de aula que estava vazia.- Pode falar agora.
–Professora, aquele beijo foi sem querer, não era para ter acontecido.
–Mas aconteceu, deu certo, você ganhou o papel, só ganhou pelo beijo. Foi lindo, romântico, fofo. Tente, não estou pedindo para você ama-los, só estou pedindo para encenar.
–E-eu posso tentar... eu acho.- Fui andando, para a saída mas ela me chamou de novo.
–Mais uma coisa Jenifer... você vai ter que fazer uma cena de beijo com os dois Romeu's.
–O-oque?- Ela não acha que está pedindo demais?