TRIII

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TRI–

Acordei e desliguei o despertador, por quanto tempo ele está tocando? Cara, eu não devia ter ficado conversando com o Hiro até tarde ontem, devo ter ido pra cama meia noite. Olhei pro relógio na mesa e... Ah não...

–OITO E MEIA?!

Droga! Vou chegar atrasada! Corri para me vestir. Coloquei um shorts de academia, uma blusa regata vermelha e meus tênis de sempre, peguei meu capacete e as chaves da minha moto. Estava para sair de casa quando me lembrei de algo: "Hiro também deve ter acordado tarde". Entrei e peguei meu outro capacete, sai, fechei meu apartamento e desci as escadas em disparada.

Essa é a desvantagem de se morar no 4º andar em um prédio sem elevador, escadas. Eu estava quase no térreo quando...

–Leiko Tanaka*! - Ugh, achei que hoje ia escapar dela.

Sra. Martha, a síndica do prédio. Ela faz o tipo "tia chata que só sabe reclamar", e o marido dela é o típico "tio da piada do pavê ou pacumê" - tem um desses em toda família, dois na minha se quer saber, tio Minki e tia Micha. Ela é uma "anciã" do prédio, tem descendência alemã, já está em seus 68 anos, cabelos castanhos esbranquiçados pela idade, sempre está usando um roupão como se fosse uma daquelas mulheres ricas de séries de TV dos anos 90, usa unhas postiças, batom vermelho e cílios postiços, é alguns centímetros mais alta do que eu, é um pouco magrela e vive de cara amarrada.

Já seu marido, o Sr. Manuel, está sempre rindo á toa, é de origem portuguesa, é meio careca, tem um bigode, é três anos mais jovem que Martha, usa sempre suéteres de manga comprida, shorts compridos e chinelos com meias de tricô, é um pouco rechonchudo e uns centímetros mais baixo que a esposa.

Por vezes, acho até que minha omma* contratou Martha pra ficar de olho em mim. Sério, no prédio tem um monte de "Manolos V1D4 L0K4" e ela acha que eu sou o problema? Pra falar a verdade, ela parece se sentir "intimidada" pelo meu poder de fazer com que todos no prédio me obedeçam - não é minha culpa se eles tem medo de mim!

–...Bom dia, Sra. Martha! - eu disse com uma falsa felicidade encoberta por um falso entusiasmo.

–Onde a senhorita pensa que vai? - ela perguntou com um sotaque pouco aparente.

–Uh, para a escola...? - respondi como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, e era.

–Ora pois, Martha! Pare de aborrecer a menina! - ouvi Sr. Manuel gritar de dentro do apartamento deles - O jornal já está a começar, entre logo!

–Estou de olho em você. - Martha disse indo para o apartamento.

Esperei ela entrar com um sorriso de orelha à orelha e quando ela finalmente saiu de vista, meu sorriso se desfez, revirei os olhos e continuei descendo as escadas.

Finalmente cheguei a minha vaga no estacionamento do prédio, subi em minha moto, dei a partida e fui a caminho do Lucky Cat Café.

Já estava próxima do Café e vi Hiro sair em disparada em direção à SFIT. O segui e parei em frente dele quando ele atravessava a rua.

–GoGo? - ele perguntou.

–Não, a princesa Anna de Arendelle. Você quer brincar na neve ou prefere uma carona? - respondi ironicamente jogando o capacete pra ele - Sobe aí nerd.

Ele subiu e segurou minha cintura. Acelerei e fomos pro campus. Chegamos lá às 08:40 o que nos dava tempo de ir pegar nossos cadernos nos armários - e, curiosamente, o armário do Hiro fica ao lado do meu.

–Então, qual sua primeira aula? - ele me perguntou depois de guardar sua mochila no armário e pegar um caderno e um estojo.

Olhei na porta do meu armário e vi a folha de horários; "História".

–História, e você? - questionei.

–História também, - Hiro respondeu - vamos juntos?

–Okay. - eu disse, fechando meu armário.

Seguimos para a sala de história, depois tivemos aula de química e física juntos, às 10 horas o intervalo, e então ciências e matemática juntos também. Quando nos liberaram para trabalhar nos nossos projetos particulares - ao meio dia e meia -, resolvemos ir para a biblioteca.