Família Dixon escrita por Andhromeda


Capítulo 10
Agridoce


Notas iniciais do capítulo

Oie
Essa é em tempo record, pq estou muito, muito feliz com todos os comentários...
Sei que alguns vão surtar com esse cap. - eu surtei qndo escrevi!
Espero que gostem



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Daryl fez uma pausa no pátio do prédio administrativo quando saiu pro lado de fora. O Sol ainda estava alto no céu e foi preciso alguns segundos para que sua visão se acostumasse com a repentina claridade.

Não muito longe de onde estava parado, havia dois veículos – um grande caminhão Chevy e uma minivan – estacionados, Tommy remexia-se sob o capô do caminhão e soltava sons irritados de tempos em tempos.

Uma grande extensão de grama alta tomava conta do terreno entre o prédio que estavam e uma cabana – que exibia claros sinais de que tinha sido invadida e destruída há tempos atrás.

Maurice e Liza trabalhavam em uma horta no lado esquerdo do casebre, a coisa era minúscula – e Daryl duvidava que desse para aproveitar muita coisa – mas estava ladeada por uma cerca baixa e parecia ser bem cuidada.

A sua direita ficava um conjunto de grandes portões de ferro – alguns errantes pressionavam-se contra as grades. Porém, antes que pudesse se preocupar – ou ate mesmo tirar a correia da besta que trazia no ombro – Miranda e Sean já andavam em direção aos caminhantes, ambos segurando seus facões.

Ao lado do portão uma plataforma de vigia foi construída a partir de grades e cordas – o acesso a ela era através do telhado de um carro sem rodas estacionado perto da parede. O muro em si, tinha uns 5 metros, cercado com tubos de arame farpado no topo, seguindo por ele, se via uma pequena vila de cabanas de madeira. O caçador também podia ver o telhado de zinco de um galpão brilhando a luz do Sol – escondido atrás do ângulo das casas.

Ele cobriu os olhos de Judith contra a luz e seguiu Beth, que o esperava pacientemente.

– Bem, as coisas aqui são muito pequenas se comparadas à prisão – a voz dela era gentil, mas ainda estava meio rouca pelo sono e o recente ataque de choro – não tem muito mais pra se vê, o Ranger me disse que alem do prédio administrativo, os conjugados no fundo e o refeitório, a única coisa que usam é a lavanderia que fica depois da vila, eles ainda tem bastante água... – ela parou a explicação para segurar a alça da mochila mais firmemente em seu ombro – é que alem dos reservatórios estarem cheios, eles também são abastecidos por poços artesanais.

– Pelo visto, você e o vaqueiro conversaram muito – disse com mais acides do que pretendia – ele te disse o que tem no galpão?

– Uh, bem... aqui era um centro de reabilitação, por isso tem coisas de artesanato manual, você sabe... – ela parecia confusa com a forma carrancuda como ele a encarava – coisas pra construir mesas, pintar quadros e fazer potes de barro, como no filme Ghost...

Daryl não fazia a menor idéia do que a garota estava falando e provavelmente sua expressão deve ter demonstrado isso, porque Beth parou de falar e coroou.

– É um bom filme – disse envergonhada.

O caçador não disse nada, apenas voltou a encarar o telhado de zinco e fez uma nota mental para verificá-lo, não gostaria de ter outra surpresa como teve na fazenda – quando aquele maldito celeiro veio abaixo.

Judy arrulhou em seu colo e o trouxe de volta a realidade, a menina tentava colocar o botão da sua camisa – que não era sua realmente – na boca, só que a coisa era tão justa que não deixava muito espaço para manobra, porém, longe de ser desestimulada pela dificuldade, a bebê inclinara o pequeno corpo em sua direção, e agora estava babando não só a sua camisa como o seu colete – o que considerava uma ofensa irreparável.

– Ah não, não vai me dá a porra de um banho de baba – tentou afastar a cabeça de Judith do seu peito, mas ele não estava totalmente recuperado e a menina apenas esticou o corpo e segurou a sua camisa mais firmemente com seus dedinhos – não pode comer isso.

Ele a trocou de posição e o resultado foi uma Grimes gritando e esperneando.

Daryl levantou a cabeça – atônito – e encarou Beth que estava a poucos passos dele. A garota estava com os lábios firmemente fechado enquanto encarava toda a cena, mas ela não o enganava.

O caçador estreitou os olhos.

Maldita Greene. Beth não viria em seu socorro, seus olhos azuis brilhavam com diversão e petulância.

Judy soltou mais um gemido sofrido, seu rostinho redondo estava vermelho e seus pequenos lábios, trêmulos – o fato de não ter nenhuma lagrima verdadeira a vista não diminuiu o desespero de Daryl.

A menina parecia tão desamparada.

– Foda-se – grunhiu, com um suspiro a mudou novamente de posição e deixou que a criança comesse o maldito botão.

Ele ouviu uma risada e encarou Beth a tempo de ver seu sorriso brilhante, mas foi muito rápido, logo a adolescente virou-se e começou a andar em direção aos casebres de madeira.

Com um grunhido – meio frustrado – ele a seguiu.

O chão da pequena vila era feito de asfalto, no entanto, estava rachado e tomado por ervas daninhas. Um total de 4 casas estavam enfileiradas de cada lado.

Merda. Daryl pensou, quando deu de cara com o muro de concreto com arames farpados e percebeu que a rua não tinha saída.

– Não vamos ficar aqui – sentenciou.

Observou as costas de Beth tencionar, ela virou-se lentamente – seus olhos de corça que ate pouco tempo brilhavam com diversão, agora queimavam com... irritação?

– Sim, vamos – disse calmamente – o Ranger e a Jessie tiveram maior trabalhão pra preparar a cabana e nós não vamos ser ingratos.

– Foda-se – serrou os dentes para não gritar – eles podem colocar uma droga de tapete vermelho de boas-vindas, ainda não vou ficar na porra de um beco sem saída.

– Porque você tem que arrumar caso por tudo? – ela largou a bolsa e a sacola que segurava e olhou para o céu, como se em busca de paciência – eles também dormem aqui, não fariam isso se não fosse seguro.

– Não é – se perguntou como ela poderia ser tão estúpida depois de tudo que tinham passado – se uma horda passar por aqueles malditos portões e nós estivermos aqui, não teremos pra onde correr.

– Isso não vai acontecer... – Beth foi obrigada a levantar o tom de voz quando Daryl fez menção de interrompe-la – eles têm turnos de vigilância, se algo acontecer não será de forma pacífica e silenciosa, saberemos se uma horda estiver preste a cair sobre nós.

Ela tinha um ponto, mesmo assim, era tão malditamente difícil ceder. E se desse tudo errado novamente?

– Só confie no meu julgamento, Daryl – não era um pedido, mas uma suplica.

Imagens da recente crise de choro dela e o quanto ele tinha sido um babaca, povoaram a sua mente. Essa garota, tão jovem e suave, havia salvado a sua vida mais de uma vez; e o que ele tinha dado em troca?

A porra do seu gênio ruim.

– Tudo bem.

– Tudo bem?! – Beth repetiu com descrença, logo depois arregalou os olhos em surpresa, quando percebeu que tinha “ganhado” a discussão – ok.

Ela voltou-se para pegar suas coisas do chão e foi em direção a ultima cabana da rua. Daryl ajeitou Judy em seu quadril – que tinha desistido de seus botões e agora testava a elasticidade de seus cabelos – segurou a correia da besta com mais firmeza e foi mancando atrás dela.

Quando o caçador entrou na casa e fechou a porta de tela atrás de si, Beth já tinha posto as suas coisas em cima do sofá de dois lugares e aberto a porta de correr que dava para o quarto.

O lugar cheirava a pó e um pouco de mofo, mas também a roupa de cama limpa e fumaça de lenha. A sala se resumia a um sofá feio e velho, uma pequena mesa com três cadeiras encostado a parede, uma cômoda com uma TV de 24 polegadas – que agora não servia para merda nenhuma – e uma estante com livros e bugigangas. A cozinha americana era minúscula, equipada apenas com um fogão, uma pia e alguns armários presos a parede, uma cafeteira estava em cima da bancada que separava os dois cômodos – e era um objeto tão casual que fez um arrepio subir pela espinha dele. Uma porta no outro extremo estava fechada, mas ele julgou que se tratava do banheiro.

Foi andando ate o quarto e colocou a bebê em cima da cama de casal e a besta na mesa de cabeceira.

– É pequeno, mas céus... – disse Beth a suas costas, ela estava parada na entrada do quarto, apoiada no umbral da porta – nem sei mais qual é a sensação de dormir em um colchão de verdade.

Daryl olhou em volta. O quarto era realmente pequeno – com espaço suficiente apenas para uma cama e uma mesa de cabeceira. Havia uma única janela – de frente para o oeste, de modo que o sol que entrava iluminava todo o quarto.

O caipira voltou sua atenção para Beth e sentiu uma onda de excitação.

Droga. A garota era bonita.

Parada na entrada, com os braços cruzados, o sorriso e aquele brilho de satisfação nos seus olhos imensos.

Daryl doía por saber se aqueles lábios eram tão doces quanto parecia, se a pele pálida era tão macia ao toque quanto imaginava em seus sonhos suados, se aqueles olhos se escureciam com luxuria, ou brilhavam como jóias azuis...

Ele sentiu o calor e formigamento tomar contado do seu corpo e amaldiçoou.

Não sou um maldito adolescente que não consegue controlar as próprias calças. E uma pequena voz perversa na sua cabeça o lembrou, que nem nos seus tempos da puberdade alguma mulher havia conseguido acender o seu desejo com um simples olhar.

Cacete.

Felizmente, foi salvo de seus pensamentos libidinosos por uma batida na porta. A Greene olhou para trás e depois voltou-se para ele.

– A Jessie esta aqui – e antes que o caçador pudesse falar qualquer coisa, ela já tinha desaparecido no outro cômodo.

Judith rolou em suas costas – parecia um pouco surpresa por ter conseguido a proeza – mas logo se colocou de quatro – sobre as mãos e joelhos – valentemente tentando engatinhar. Daryl ficou lá, estático por alguns segundo, enquanto a menina tentava avançar por si mesma.

– Vamos lá – incentivou, sem perceber o sorriso bobo que tomava conta do seu rosto.

A bebê o encarou e arrulhou, seu rostinho brilhava com encantamento por sua nova descoberta, no entanto, segundos se passaram e não houve mais nenhuma evolução.

Talvez um colchão não seja o melhor terreno. Pensou o caipira.

Ele pegou um cobertor que estava dobrado na guarda da cama e forrou no chão – entre a entrada e a cama – pegou a menina e estremeceu quando se abaixou para sentar no chão.

– Foi bom pra primeira tentativa – olhos azuis o encararam com uma adoração risonha, e ele não pode se impedir de retribuir o sorriso.

Colocou a bebê no chão – de barriga para baixo – e esperou, mas ao invés de levantar e engatinhar, Judy se contorceu, virou em suas costas e olhou para ele, dando-lhe um sorriso desdentado e gritinhos excitados. O caçador franziu o cenho e chegou à conclusão de que jamais entenderia do sexo feminino – independente da sua idade.

Sem ter outra opção, ele deu de ombros e começou a fazer cócegas na barriga da menina – meio sem jeito no inicio, logo depois, com mais confiança e descontração. Em poucos instantes, a risada doce e infantil tomou conta do ambiente.

Como ele amava aquela menina.

Curiosamente, Daryl encontrou-se pensando em Rick – o ultimo que tinha visto.

O xerife estava escorado atrás de um carro enquanto atirava. Tinha sido naquele momento que Daryl havia percebido que a prisão – e tudo que tinham conquistado – estava perdido. Seus olhos haviam se encontrado com os do amigo e o caçador viu o medo, fúria e dor. Dor de saber que o mundo seguro que tinham construído tão arduamente a sua volta, estava caindo e que a sua família estava perdida...

Ele fechou os olhos com força e serrou os dentes. Mesmo depois de tantos dias, ainda poderia sentir o cheiro de pólvora e sangue no ar – onde quer que fosse – e isso o estava matando.

Foi assim que Beth o encontrou alguns minutos depois.

Daryl ainda estava de olhos fechados, porém, sentiu quando ela se abaixou a sua frente e inclinou o corpo em sua direção.

– Daryl – sua voz não passava de um murmúrio – tudo bem?

Judy já não sorria mais, porém, ele ainda sentia seus pequenos dedinhos segurando a sua mão – tentando persuadi-lo a deixar que o enfiasse em sua boca – só que nada alem dos suspiros frustrados vinham da menina.

O caipira sentiu as mãos quentes e suaves da Greene em seu cabelo. Era tão tentador apenas deixar-se ser confortado – ela seria gentil, tinha certeza – poderia simplesmente dar vazão aquela dor miserável que parecia sufocá-lo a cada instante.

Mas não podia.

Porra Dixon...

Não era merecedor.

– Porque não estaria? – seu tom foi rude ate mesmo para seus próprios ouvidos – o que a garota queria?

– Ela trouxe alguns remédios e curativos – Beth vacilou com o toque por um instante, mas logo depois continuou acariciando seu cabelo, ignorando totalmente a sua grosseria – também sinto falta deles.

Daryl abriu os olhos – e uma parte de si desejou que não tivesse feito – havia tanta preocupação, dor e compreensão naqueles olhos de corça, que ele quase se entregou ao sofrimento que o estava rasgando desde que perdeu a sua família.

Sim, família – as pessoas que o acolheram e aceitaram, independente das suas merdas – tinha rido com eles, chorado suas perdas, comemorado as vitorias e aprendido o verdadeiro conceito da palavra; amizade.

Você sempre foi à porra de uma bicha chorona, Darlyna. A voz debochada de Merle em sua cabeça devolveu a força que precisava.

Desde criança as lagrimas nunca tinham lhe ajudado – em alguns casos ate pioraram as coisas – e a regra não iria mudar depois que se tornara um marmanjo.

– Tanto faz – sua voz estava grossa, sentia um bolo na garganta e foi necessário um esforço monumental para conseguir fazer as palavras saírem – preciso mijar.

E ficar longe de você e seus malditos toques suaves...

A garota abriu a boca para falar alguma coisa, mas suspirou e recuou. Sua mão deixou a sua cabeça e ela afastou-se para que ele pudesse levantar-se. Daryl não precisou de mais incentivo, se colocou de pé e saiu do quarto.

Ele estava certo; a porta misteriosa era realmente a do banheiro. E o caipira trancou-se lá – como um covarde – ate que pudesse respirar novamente e a culpa não pesasse tanto em seu peito.

Respirou fundo, inclinou-se sobre a pia, abriu a torneira – e depois que a água ferrosa foi esclarecendo – lavou o rosto.

Não iria pensar no que tinha acabado de acontecer, estava cansado, ferido e Deus – tinha que admitir – desejando uma menina que tinha a metade da sua idade.

To ferrado e mal pago.

Encarou-se no espelho. Quando tinha se transformado em uma mulherzinha sentimental que corria para a porra do banheiro com medo dos seus próprios pensamentos.

Porra Dixon, você é mais homem que isso.

Mais uma respiração profunda e o caçador abriu a porta.

Beth estava mexendo em uma sacola sobre a mesa – ele não a reconheceu e considerou que talvez tenha sido trazida pela ruivinha intrometida – tirando alguns vidros de remédio e ataduras de dentro dela. Judith estava no chão, sentada no cobertor – que ate pouco estava no quarto – e no outro estremo estava o cachorro de pelúcia.

A menina foi engatinhando – meio se arrastando – ate o brinquedo.

O caçador estreitou os olhos e inclinou a cabeça um pouco para o lado, enquanto encarava os avanços da bebê.

Bem, dar um propósito a ela tinha sido um incentivo do inferno para fazê-la ter o seu progresso.

– Foi uma boa idéia – só percebeu que tinha dito as palavras em voz alta quando a Greene desviou sua atenção do material que estava pondo na mesa e sorriu para ele.

– Obrigado, acho que não teremos muita paz depois que ela começar a engatinha, vamos ter que ficar correndo atrás dela – por mais que sua postura fosse descontraída e seu sorriso estivesse presente, a preocupação ainda marcava seus olhos azuis – mas não vejo a hora de ver isso acontecer.

Ele não sabia o que responder, sabia tanto de criança quanto de construção de foguetes. Adorava a bebê, no entanto, aquele cenário era tão incomum para ele que na maioria das vezes o caipira não sabia o que fazer – ou dizer.

Por isso deu a sua usual resposta para quase tudo; um dar de ombros.

Daryl começou a se encaminhar para o quarto – na intenção de pegar sua besta – mas quando passou ao lado da adolescente, ela segurou o seu braço.

O toque era gentil, porém, o contato queimou a sua pele e fez um arrepio passar por seu corpo.

– Daryl...

– Não esquenta – os dedos delicados que o seguravam eram leves, ele poderia se soltar facilmente e que interromper toda aquela merda, mas seus olhos azuis o prendiam.

– Eu entendo o que esta sentindo, não tem que ter medo...

Não foram as palavras certas.

– Eu não tenho medo de nada – e com um solavanco, quebrou o contato.

*

– Então... sabe quando eu disse que eles fariam perguntas sobre o nosso casamento? – perguntou Beth, e apesar de não ter ninguém alem deles na casa, sua voz era tão baixa que o caçador teve que esforçar-se para ouvir suas palavras.

O Sol estava quase se pondo naquela hora. Judy dormia no sofá e Beth estava sentada ao lado da menina – de vez em quanto fazia um cafuné no seu cabelo ralo. Daryl estava a mesa, limpando o mecanismo da sua besta com um pano esfarrapado.

Aquelas haviam sido as primeiras palavras que trocavam em algumas horas e considerando a pergunta, o caipira realmente não estava muito ansioso para descobrir o que estava por vir.

– O que eles perguntaram? – ele ficou tenso, seus dedos apertaram o pano e olhou para a garota através de sua franja.

– Nada importante – ela pegou o ursinho de pelúcia de Judy e começou a passar o brinquedo de uma mão para outra de forma inquieta – Jessie perguntou com que idade eu me casei.

Daryl bufou. Ele já tinha admitido para si mesmo que a idéia do casamento tinha sido um bom artifício; iria manter-los juntos e fora do caminho dos outro. Mas aquela merda toda já estava enchendo o seu saco.

Principalmente depois da sua – recém descoberta – atração por loiras...

– E o que você disse? – grunhiu.

– Que nos casamos quando eu fiz 18 anos – respondeu ela com um suspiro pesado – disse que você e seu irmão usavam a terra do meu pai pra caçar.

– E eles acreditaram nessa merda?

– Sim, porque não acreditariam? – Beth devolveu a pergunta, seu pequeno corpo se empertigou.

Daryl sorriu – um sorriso baixo e amargurado, quase cruel.

– É só olhar para você e pra mim, princesa – cuspiu o caçador – pelo que me lembro, o velho Hershel não ficou muito feliz quando ficou sabendo que a Maggie estava trepando com o chinês

– Cale a boca – gritou à adolescente, levantou do sofa, seus punhos estavam serrados e seu rosto vermelho de fúria – você não sabe o que esta dizendo.

– Claro que sei, menina sarcasmo pingava em cada silaba – eu tenho o dobro da sua idade e não passo da merda de um caipira – também se levantou, sua altura e raiva pairando acima dela – espera, nos casamos antes ou depois da Bravinha?

– VAI SE FUDER, DARYL! – Beth gritou.

As palavras dela o pararam, ele nunca tinha visto a garota xingar nada mais pesado que um ocasional “merda”.

– Estou de saco cheio de você ela continuou, Judy havia acordado por causa dos gritos e agora chorava no sofá, mas a Greene parecia não perceber, perdida demais em sua fúria – pode não ter sido o melhor dos planos, mas ele salvou a sua vida – colocou as mãos no peito dele e o empurrou – e a única coisa que você fez é ficar agindo como um cretino idiota, deveria estar agradecendo por termos encontrado essas pessoas, mas não... – lagrimas de raivas desceram por seu rosto delicado – é muito mais fácil ficar grunhindo, gritando e ofendendo.

– Voc... – ele tentou, porém, foi bruscamente interrompido.

– Cale a boca – a garota atacou – nos últimos dias você tem agido como um babaca e eu aceitei, porque entendo que cada um reage da sua forma a dor, mas escute bem, Daryl Dixon – apontou o dedo indicador para o peito dele, em um gesto acusatório – você não é o único que esta sofrendo, não é o único que perdeu as pessoas que amava – sua voz assumiu um tom ameaçador – não vou mais aguentar as suas merdas, se esta procurando por um saco de pancada arrume outra pessoa.

E com essas palavras, Beth virou-se e saiu pela porta.

Demorou apenas um segundo para ele se recuperar e ir atrás dela.

– Aonde infernos você vai? – gritou da porta, não podia simplesmente deixar Judith sozinha.

– PRA LONGE DE VOCÊ – a loira devolveu, atraindo a atenção de Liza, Tommy e Maurice, que estavam conversando próximo a “horta”.

– Cacete – o caçador xingou sob sua respiração.

Não podia ir atrás dela – não quando todos ali o olhavam como se fosse um maldito espancador de mulheres.

Deixe a garota ter seu tempo. A voz da sensatez sussurrou em seu ouvido.


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Notas finais do capítulo

Provavelmente algumas pessoas estão odiando Daryl no momento e o achando um babaca cretino, porém – em defesa do rapaz – devo explicar qual foi a minha intenção com essa ultima briga:
O nosso caipira esta agindo feito um idiota rude – e talvez cruel – porque esta se sentindo culpado por não ter protegido as suas meninas, impotente por estar dependendo da “bondade” de estranhos – um tanto desconfiado, depois do Governador – e o principal; sentindo uma baita atração mal reprimida pela Beth – que tem a metade da sua idade, é a filha de um dos caras que mais respeitou em sua vida e a imagem da inocência! Acho que você também não agiria de boa em uma situação dessas...
Sem falar que ele tem a maturidade emociona de um cão espancado – que ao meu ponto de vista – reage muito melhor à raiva que a qualquer outro sentimento.
No entanto, muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte e para aqueles que estão à espera de romance e beijos quentes, não terão que esperar muito mais.

Filme citado: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ghost

P.s: O próximo cap. realmente se chamara “ eu nunca” - esse foi só a preparação do terreno!
Ate!