The Marriage Proposal escrita por Rin Rin


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Sinto muito pela demora ç.ç
eu falei q ia postar ontem, mas realmente não deu :C
mas a partir de agora todo domingo estarei postando um novo capítulo
Boa Leitura !! ^^



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* As falas em Itálico são quando eles estão no cel/Tel

Pov Sakura

O sábado amanheceu tão claro e ensolarado que Sakura precisou colocar os óculos de sol, antes de olhar pela janela. A luz refletia em todos os lugares, realçando as rochas cobertas de neve, as árvores, as cam­pinas... O mundo, literalmente,brilhava.

Após tomar um banho, ela vestiu a calça comprida de lã e a túnica rosa. Depois, colocou duas toalhinhas dentro do sutiã, a fim de conter o leite que teimava em molhar sua roupa nos momentos mais inconvenientes. Cada vez que o bebê chorava era como se seus seios reconhecessem o sinal para a produção de leite.

— Talvez fosse melhor eu trabalhar numa indústria de laticínios — disse ao filho, ao amamentá-lo, mais tarde.

Sentada na cadeira de balanço, observou, através da ja­nela, um passarinho à procura de alimento entre os galhos de um pinheiro.

De repente, ouviu o barulho de uma porta se fechando. Itachi devia estar de volta.

Sem razão aparente, seu coração começou a bater mais forte, como se estivesse assustada. O que era ridículo. Não tinha medo do chefe, e já havia superado o embaraço por ele tê-la ajudado no parto.

Poucos minutos depois, escutou passos abafados na es­cada. Ele, provavelmente, estava só de meia, pois notara que Itachi normalmente deixava as botas na cozinha. Seja lá quem houvesse educado aquele homem merecia os parabéns.

Sakura não podia se imaginar sugerindo que ele retirasse os calçados enlameados, antes de entrar no resto da casa. Seu falecido marido não gostava de ser lembrado desses pequenos detalhes...

Percebeu, então, que estava comparando Sasori com Itachi e que Sasori estava perdendo a disputa. Tentou fixar a me­mória nas coisas que amara no jovem marido, quando se conheceram, como, por exemplo, o sorriso franco e a risada fácil, mas tudo parecia ter acontecido havia muito tempo.

Itachi surgiu na porta e analisou Sakura e o bebê por um longo minuto, antes de falar:

— As estradas ficarão livres daqui a uma hora. O veículo que remove a neve já está trabalhando e o telefone, fun­cionando. Se quiser, pode ligar para seu médico.

— Ah, que ótima notícia! — exclamou, acomodando Seiji no colo.

— Se acha que está bem para viajar, posso levá-la para casa esta tarde. O tempo melhorou, mas deve cair mais neve na segunda-feira.

— Estou ótima. Nós dois estamos bem, e, realmente, eu gostaria de ir para casa. — Ter apenas uma muda de roupa e nenhum objeto de higiene pessoal era um bocado inconveniente.

Itachi não conseguira chegar ao mercado no dia anterior, e estava sendo bastante difícil para ela ficar sem alguns itens essenciais.

Ele concordou com um movimento de cabeça e saiu.

Quando seiji já estava devidamente alimentado e voltara a adormecer, Sakura colocou-o no berço e dirigiu-se até o telefone. Discou o número de sua médica, dra.Tsunade, mas apenas a secretária eletrônica atendeu. Então, após uma breve explicação sobre o que acontecera, deixou seu nome e o número do telefone da casa de campo de Itachi.

A médica retornou a ligação dez minutos mais tarde.

— Que história é essa de ir para ás montanhas e ter o bebê sem que eu soubesse de nada? Está tentando se livrar de meus honorários? — A dra. Tsunade riu.

— Não foi nada planejado, posso lhe assegurar isso. — Sakura contou à médica tudo o que havia acontecido, deta­lhando com orgulho a participação de Itachi.

— Diga-lhe que vou reclamar na Associação dos Médicos Japoneses. Praticar medicina sem licença é um crime sério. — Ela, com certeza, considerava o episódio hilariante.

Pelo jeito, não foi um parto difícil.

De acordo com o que Sakura lhe contou, a dra. Tsunade ga­rantiu que ela e o recém-nascido poderiam empreender a viagem de volta e recomendou que a procurasse no consul­tório na terça-feira pela manhã.

Após desligar, Sakura hesitou um instante, depois resolveu ligar para Konan. A secretária eletrônica atendeu, e ela, mais uma vez, teve de deixar uma mensagem.

Vá jantar em minha casa amanhã à noite e conhecer meu filho — convidou-a.

Konan iria ficar mais do que surpresa com o recado.

Em seguida, desceu ao piso térreo e comunicou a Itachi que estava em condições de viajar. Ele se encontrava sentado à mesa da cozinha e segurava uma caneca de café fumegante enquanto olhava pela janela.

— Quando quiser partir, é só dizer. Já estou pronta — informou, dirigindo-lhe um sorriso sincero. — Será que eu poderia pegar o berço emprestado para levar Seiji para casa? Eu o devolvo na semana que vem.

— Pode ficar com ele — respondeu Itachi. Sua voz ad­quirira novamente aquele tom profundo que soava perigoso e fascinante ao mesmo tempo. — Para sempre — acrescentou.

— Oh, não! Ele é tão lindo! Você poderá usá-lo quando se casar e tiver filhos.

Itachi sorriu e a surpreendeu com a ironia de sua resposta.

— Acha mesmo que isso é possível?

Casamento ou filhos? Sakura não sabia a qual dos dois ele se referia. Entretanto, de uma coisa tinha certeza: se ele nunca se casasse, seria por vontade própria, e não pela falta de mulheres interessadas.

O olhar de Sakura correu para o par de botas emparelhadas ao lado da porta da cozinha. Alguma mulher teria, um dia, muita sorte em tê-lo como marido. Era um homem sensual demais para viver sozinho. O pensamento deixou-a chocada.

Mas era verdade. O chefe sério, não muito dado a sorrisos e demonstrações de afeto, possuía talentos inesperados. Ela o admirava. Aprendera a gostar dele e respeitá-lo durante o ano em que trabalharam juntos. Agora, surpreendia-se avaliando-o por algo mais que os aspectos profissionais. Via-o como homem, um homem repleto de paixão e carinho para oferecer...

Ao levantar o rosto, encontrou o olhar firme de Itachi, Ele a observava com uma expressão séria e intensa. Mais uma vez, viu-se presa pelo feitiço dos olhos penetrantes.

— Quer um pouco de café? — Itachi perguntou, que­brando a magia.

— Sim, obrigada.

Então, ele se levantou e foi até a pia buscar a cafeteira.

— Pensei em levá-la de volta em sua picape e depois passar a noite em meu apartamento. Pedirei a algum amigo para me trazer de volta amanhã de manhã.

Pobre homem! Mal podia esperar para ficar sozinho!

— Eu mesma posso dirigir. A dra.Tsunade falou que não haveria problema algum, desde que não me sentisse tonta ou fraca. Para falar a verdade, nunca me senti melhor.

— Você parece... — ele se interrompeu, como se, subitamente, tomasse consciência do que estava para dizer.

Sakura desejou que ele houvesse completado a frase.

— Horrorosa, não é? — Ela deu uma risada nervosa. — Não tenho nenhuma maquiagem aqui, apenas batom.

— Não precisa de maquiagem — respondeu, oferecendo-lhe uma caneca com café. — Farei o almoço antes de partirmos.

Pelo jeito, ele estava determinado a vê-la bem longe dali. Sakura nem replicou. Embora se sentisse bem, inquietava-se com a perspectiva de ficar sozinha com o recém-nascido. Estava cansada, e a viagem seria longa.

Imaginou a noite que teria de enfrentar. E se dormisse e não ouvisse o filho chorar? E se o bebê se sufocasse durante o sono?

— O que houve? — ele indagou, franzindo o cenho.

— Parecia-lhe bobagem revelar seus medos. — Síndrome de mãe inexperiente, eu acho.

Ele concordou com um movimento de cabeça.

— Está preocupada em não saber cuidar dele, de não ter capacidade?

Ela o encarou, surpresa.

— Como adivinhou?

— Certa vez, conheci uma pessoa que tinha os mesmos temores. — Por alguns instantes, os olhos negros fo­ram tomados por emoções que Sakura não soube definir, mas sabia que vinham do fundo de sua alma.

Quem ele teria conhecido tão intimamente?

— Minha irmã também passou por isso — ele disse, caminhando até a geladeira. — Mas, assim que o bebê completou algumas semanas, já achava que ninguém, exceto ela e o marido, sabia cuidar da filha.

Itachi estava mentindo. Sakura sabia que procurava dis­traí-la. Houvera, sim, uma mulher. Alguém que ele amara. Talvez ela tivesse se casado com outro. Um amigo, quem sabe?

Tudo isso era pura fantasia. Não sabia nada sobre ele. E, além do mais, já tinha problemas suficientes para ocu­pá-la. Não precisava se preocupar com o trágico passado do chefe, se é que havia algo de trágico ali. Tinhas algumas dúvidas.

— Bem, garanto-lhe que ficarei muito feliz quando estiver perita em bebês. Talvez quando Seiji tiver vinte e um anos...

Itachi deu uma risadinha.

— Sim, se você conseguir afastá-lo das drogas e das be­bidas alcoólicas na adolescência, poderá se sentir orgulhosa.

— Amém — ela concordou.

O almoço consistiu em sopa enlatada e sanduíches. Sakura limpou a cozinha, enquanto Itachi trazia o bebê para baixo, com o berço e tudo. O rosto másculo permanecia impassível, ao fitar o recém-nascido.

Ele dirigiu a picape, enquanto ela aproveitou para ad­mirar a paisagem, mantendo sempre um braço protetor sobre o berço, firmemente preso no banco entre eles. Mal podia acreditar que haviam se passado apenas dois dias desde que dirigira por aquela estrada, pensando apenas em aproveitar o passeio, antes de voltar para o aparta­mento vazio.

Isso parecia ter acontecido havia séculos. Agora, ela era uma pessoa diferente.

Olhou para o filho e, em seguida, para o homem que, apesar de dirigir o veículo com destreza, aparentava estar com o pensamento a quilômetros de distância. As mãos sobre o volante pareciam relaxadas, porém alertas. Sakura colocaria de bom grado sua vida naquelas mãos.

Com um suspiro, voltou a observar a paisagem e, pro­curando afastar as emoções confusas, começou a planejar o restante do feriado. Teria de sair para comprar comida, utensílios para o bebê...

Ao chegarem ao edifício onde ela morava, Itachi entrou na garagem subterrânea e estacionou a picape. Depois, pe­gou o berço e carregou-o até o elevador.

Assim que desceram no andar certo, depararam com os novos vizinhos de Sakura, um casal que acabara de se mudar para o prédio. Ela os cumprimentou, mas entrou rapida­mente em casa. Sentia-se exausta, e as lágrimas amea­çavam rolar a qualquer instante. Suas emoções estavam tumultuadas.

São os hormônios, pensou, tentando manter a pose. Havia tanta coisa para fazer, e só podia contar com ela mesma.

Após entrar, Sakura colocou-se de lado para que Itachi pudesse passar com o berço.

Ele a questionou com o olhar...

— Pode colocá-lo ao lado do sofá, por favor. — Ela forçou um sorriso. — Muito obrigada por sua ajuda. Não sei como agradecer... — interrompeu-se, incapaz de expressar-se. As palavras não eram suficientes para demonstrar a gratidão que sentia pela paciência e a bondade de Itachi para com ela e o filho.

Ele acomodou o berço cuidadosamente no local indicado e caminhou até a porta.

Num impulso, Sakura se pôs na ponta dos pés e beijou Itachi no rosto. Na verdade, conseguiu acertar a parte in­ferior do queixo dele. Foi o mais alto que conseguiu alcançar. Depois, ela deu um passo para trás.

— Obrigada — sussurrou.

Ele levantou a mão e passou os dedos de leve sobre o local do beijo. Seus olhos se escureceram e fixaram-se em Sakura, como se ela fosse uma estranha.

— Quer que eu chame um táxi? — ela indagou.

— Não, vou caminhando. Meu apartamento não fica mui­to longe daqui.

Itachi saiu e fechou a porta atrás de si. Sakura deu um suspiro profundo. Não saberia explicar por quê, mas sen­tia-se extremamente só.

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— Ele é lindo! — Konan exclamou, sentando-se no sofá, ao lado do berço. — Quero levá-lo para casa comigo.

— Ah, então espere até ele a acordar pela terceira vez durante a noite e depois me conte o que acha disso! — Sakura deu um bocejo e se espreguiçou.

A noite anterior fora muito cansativa. Seiji parecia não compreender que aquela era a casa deles e que a estada na casa de Itachi fora apenas temporária. Está certo que ele era apenas um recém-nascido, mas ficara agitado a noite inteira e só pegara no sono quando já era bem tarde. Sakura continuava cansada.

— Madrinha é igual avó. Quando o bebê fica chato, a gente devolve para a mãe. — Konan consultou o relógio de pulso. — Tenho de ir. Meu novo namorado ficou de te­lefonar quando chegasse.

— Pensei que houvesse desistido de homens que estão sempre viajando... — Sakura lembrou a amiga, com um sor­riso. — Um piloto de avião não é do tipo que fica em casa todas as noites.

— É que foi paixão à primeira vista. — Konan ficou em pé e pegou a bolsa e a jaqueta. — Mal posso acreditar que Itachi Uchiha fez o parto! — exclamou, meneando a cabeça.

— E o que mais ele poderia fazer? Deixar-me lá fora na neve? — indagou, arrumando a blusa sobre o abdômen já bem desinchado. — Por que será que um homem solteiro como ele teria um berço?

— Talvez já estivesse lá quando ele comprou a casa. — Konan estudou a expressão no rosto da amiga. — Ei, não fique imaginando bobagens só por causa disso, está bem?

— Claro que não. — Sakura fingiu-se indignada com a idéia. — No entanto, Itachi foi maravilhoso comigo e com Seiji. Tão gentil! — O rubor cobriu suas faces, e ela notou o olhar incrédulo de Konan.

— Sakura, conheço um caso perdido quando vejo um. Nenhuma mulher conseguirá conquistar o coração daquele homem. Tenho-o observado em ação nos últimos três anos. Ele nunca se envolve com apenas uma mulher. Nunca! E, se alguma delas demonstra querer algo mais, ele a afasta de sua vida definitivamente, sem compaixão. — Konan deu de ombros. — Coração de pedra deveria ser seu sobrenome.

Sakura sorriu.

— Na verdade é Uchiha. Vou colocar esse nome em Seiji também. Seiji Haruno Uchiha. O que acha?

A amiga apoiou ambas as mãos na cintura e estudou o rosto de Sakura.

— Garota, está numa enrascada.

Sakura balançou a cabeça, negando qualquer envolvimento com o chefe.

— Ele não é como você pensa... Só porque Itachi é sério e reservado no escritório, não quer dizer que não possua senso de humor ou que não saiba ser gentil.

— Você pode se decepcionar. — Konan vestiu a jaqueta de couro e fechou o zíper.

Sakura sorriu e deu de ombros. Quando Konan punha uma idéia na cabeça, era melhor mudar de assunto do que tentar dissuadi-la.

— Tenho de ir. Eu a verei... quando mesmo? Vai voltar a trabalhar na semana que vem? — Konan indagou, pa­rando junto à porta.

— Não sei. Primeiro preciso encontrar uma creche para Seiji.

— Está bem. Telefone-me se não for voltar.

Após a saída da amiga, Sakura foi até a escrivaninha e examinou a lista de creches que preparará algumas horas antes. Estava contando com o dinheiro de mais um mês de trabalho, antes de tirar uma breve licença maternidade. Gostaria de ficar em casa com o filho, especialmente en­quanto estivesse amamentando. Como isso seria impossível, teria de fazer outros planos. Na terça-feira, antes de ir ao consultório da dra.Tsunade, telefonaria para algumas creches e perguntaria a partir de que idade eles aceitavam crianças.

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O ambiente está terrível aqui — Konan disse, em voz baixa, ao telefone. — E o caos absoluto. Naomi começou a chorar, quando Itachi a repreendeu. E claro que ela já havia errado três vezes, antes que ele lhe falasse no tom

frio e assustador que usa conosco, pobres mortais, ao dizer que sua sobrinha de nove anos faria melhor. Naomi jogou os papéis sobre a mesa e foi embora.

Sakura gemeu, imaginando a cena. Como assistente exe­cutiva, supervisionava as quatro digitadoras do escritório de advocacia, agindo como espécie de escudo entre o chefe e as moças. No último mês, estivera tão concentrada em adaptar-se à maternidade e às obrigações com o filho re­cém-nascido que quase se esquecera de que o escritório con­tinuava funcionando.

Ontem à noite, depois que todos já haviam ido embora, menos eu, Kisame e Itachi tiveram uma briga. Gritaram como loucos e quase chegaram às vias de fato — konan acrescentou, também em voz baixa.

Sakura concluiu que Itachi se encontrava por perto.

— Eu já não sabia mais o que fazer. Então, Itachi saiu a passos largos, batendo a porta. Nunca o vi daquele jeito. Corri para ver como Kisame estava, e ele me contou que está muito preocupado, porque Itachi vem agindo de maneira estranha nos últimos dias. Kisame nunca o vira explodir desse jeito. E olha que eles se conhecem desde a faculdade.

— Sobre o que discutiram? — Sakura estava curiosa.

Itachi, embora fosse sério, agia sempre como um cavalheiro. Nunca o ouvira alterar a voz.

— Não tenho a menor idéia. — Fez-se, então, uma longa pausa. — E você, quando voltará a trabalhar? Espero que seja antes que alguém acabe ferido

— Ainda não sei. Telefonei para algumas creches e disseram-me que só aceitam bebês com, no mínimo, cinco quilos. Como Seiji nasceu prematuro, ele tem pouco mais de três.

Konan suspirou.

— Na semana que vem, Itachi estará no tribunal, quem sabe a situação fique mais tranquila por aqui.

— Sim, quem sabe?

Sakura lembrava como ele ficava quando levava um caso ao tribunal. Com seu tom de voz frio como aço, podia pro­vocar medo na mais destemida das pessoas.

Sakura e a amiga conversaram por mais algum tempo, depois combinaram de jantar juntas qualquer dia, já que o novo namorado da secretária estaria fora da cidade, pilo­tando um vôo para o México.

Após desligar o telefone, Sakura terminou de dobrar e guar­dar as pequeninas roupas de Seiji, que lavara naquela ma­nhã. A máquina de lavar roupas que ela e o marido haviam comprado de segunda mão quebrara de vez.

Após várias idas à lavanderia, carregando em um braço Seiji e todos os acessórios que acompanhava o bebê, e em outro as roupas sujas, ela decidira, relutante, comprar uma nova máquina de lavar roupas. Além do mais, as máquinas que utilizavam moedas, acabavam saindo mais caras. Após alguns cálculos, concluiu que poderia comprar uma máquina nova a prazo e pagar em menos de um ano.

Entretanto, tivera de utilizar seu fundo de emergência, e isso a deixava nervosa.

A pediatra dissera que levaria, pelo menos, mais um mês até que Seiji alcançasse o peso mínimo exigido pelas creches. Sakura não podia se dar ao luxo de passar mais um mês de folga. A licença maternidade que a firma proporcionava era bastante generosa, mas, uma vez que a funcionária tivesse utilizado os respectivos dias em caso de doença, a licença maternidade passava a ser não remunerada. Ela, que tra­balhava lá havia apenas um ano, tirara todas as folgas logo nas primeiras semanas de trabalho.

E se levasse o bebê junto com ela?

A idéia a deixou animada. Alguns escritórios permitiam que as mulheres levassem seus bebês enquanto eram pe­quenos, e Seiji era bonzinho, calmo e estava sempre bem-humorado.

O que estava pensando? Itachi serviria sua cabeça numa bandeja se ousasse sequer tocar no assunto. Era uma idéia insensata, mas, com certeza, resolveria todos os seus pro­blemas. Se as coisas estavam tão tensas e complicadas no escritório quanto Konan dizia, sua presença era necessária. E, já que ele ficaria no tribunal...

Aquele seria um caso demorado. Era um problema de patente, envolvendo uma companhia rival contra o cliente de Itachi. Poderia levar semanas ou meses. Com certeza, tempo suficiente para que Seiji engordasse dois quilos.

Era uma idéia louca, entretanto permitiria que amamentasse o bebê por mais algumas semanas...

Tentou tirar uma soneca, porém seu cérebro continuava revendo todas as possibilidades. Ora, o bebê não incomo­daria ninguém. Sakura pôs-se a pensar quem ela estaria ten­tando enganar, a seu chefe ou a si mesma.

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— Bom dia, Uchiha e Hoshigaki* — disse Sakura, ao te­lefone, ao mesmo tempo que abria um envelope, checava o conteúdo e o depositava em uma pasta a sua frente intitu­lada: "arquivo".

— Sakura? — uma voz grave indagou.

O coração dela disparou dentro do peito, enquanto as mãos apertavam com força o aparelho.

— Sim, olá, Itachi.

— O que está fazendo aí? — A surpresa no tom de voz fora substituída pela cautela, quem sabe até, hostilidade.

Ela decidiu contar a verdade.

Konan me telefonou na sexta-feira e disse que Naomi pedira demissão e que as coisas por aqui estavam caóticas. Então, achei melhor vir ajudar.

Fez-se uma longa pausa, antes que ele falasse:

— Sua médica concordou?

— Foi um parto tão fácil que eu já poderia ter voltado ao trabalho há bastante tempo. Infelizmente, as cre­ches não aceitam bebês com menos de cinco quilos.

Nesse momento, ela percebeu que quase mencionara o fato de que Seiji estava ali com ela, dormindo em seu bercinho, debaixo da escrivaninha. Como sempre acontecia quando estava nervosa, sentiu uma pontada no estômago e levou a mão ao ventre.

Bem, estou precisando de um relatório e de alguns documentos — Itachi prosseguiu, ignorando o assunto.

Sakura anotou as informações necessárias e prometeu en­viar tudo imediatamente por um portador.

Ou você pode trazer os papéis pessoalmente — ele falou, em tom engraçado.

Sakura levou alguns segundos para compreender que o chefe estava fazendo uma brincadeira.

— Só entrego documentos durante tempestades de neve.

— Também só faço partos nas mesmas condições. — O riso cálido pareceu penetrar nas entranhas de Sakura, dis­solvendo o nó que se formara em seu estômago.

Aquele fim de semana nas montanhas fora muito es­tranho, repleto de emoções intensas e pensamentos não confessados.

Ao compartilharem o nascimento de seu filho, haviam dividido também algo mais primordial e instintivo, reservado geralmente a parentes próximos. Além do mais, pudera des­cobrir que o chefe sério era dono de um grande senso de humor. E de uma gentileza e uma doçura que enchiam seus olhos de lágrimas cada vez que se lembrava.

— Virá ao escritório hoje à tarde? — ela perguntou.

— Só à noite. Tenho um jantar marcado com um cliente e, mais tarde, passarei para checar a correspondência. Se precisar de algo, deixe-me um bilhete.

Sakura ficou aliviada. Ela e Seiji já estariam bem longe, quando ele chegasse.

— Estava abrindo a correspondência, quando ligou.

— Está tudo atrasado.

— Eu notei. — Ela nem ousou comentar que o problema não existiria se ele não tivesse sido tão duro com Naomi.

— Acha que a culpa é minha por Naomi ter pedido demissão?

— Se a carapuça lhe serviu...

Veja se consegue convencê-la a voltar, está bem?


Ao desligarem, Sakura refletiu sobre a conversa. Mal podia acreditar que tivera coragem de provocá-lo e que Itachi respondera à brincadeira.

Ao ouvir um gemido, ela afastou a cadeira, abaixou-se e puxou o berço. Depois, trancou a porta, desabotoou a blusa e pegou o filho faminto no colo. Se seu chefe pudesse vê-la agora...

Mais uma semana havia se passado. Sakura suspirou, ali­viada, enquanto arrumava a escrivaninha na noite de sex­ta-feira. Itachi e ela se corresponderam por meio de me­morandos e telefonemas durante o dia. Ele passava no es­critório, porém seguia para o tribunal, antes que ela che­gasse, e só voltava bem tarde.

Até agora tudo ia bem.

A sorte parecia estar de seu lado. Ligara para uma creche, e a diretora, enfim, concordara em aceitar Seiji, quando ele tivesse seis semanas de idade, não importando seu peso.

— Como você está, meu anjo? — Conversando com o filho, ela se acomodou na cadeira e preparou-se para amamentá-lo, antes de sair e enfrentar a fila do supermercado.

A amamentação não lhe causava mais dor. Ainda assim, era algo estranho. Toda vez que entrava no chuveiro, o leite fluía durante alguns segundos.

— É bom para seu filho e para você — informara a dra.Tsunade, ao saber que ela continuava amamentando. — Ajuda a retomar a antiga forma mais rapidamente.

Sakura voltara a fazer ginástica havia duas semanas, sem dificuldade alguma. Na verdade, nunca se sentira melhor. Após mamar à meia-noite, Seiji dormia direto até as seis horas da manhã, portanto ela conseguia descansar durante a noite toda.

Entretanto, cada vez que pensava em ter de deixar o bebê na creche, experimentava uma sensação de angústia. Como Itachi mesmo predissera, sentia-se como a única pessoa qualificada para tomar conta do filho.

Sakura ofereceu-lhe o outro seio e cantarolava, enquanto aguardava que ele terminasse.

Um barulho na recepção fez a pele de seu braço se ar­repiar. Sabia que Konan havia trancado as portas ao sair.

A luz foi acesa na sala de Itachi. Sakura ficou imóvel, observando o feixe de luz que entrava pela porta de comu­nicação. Mal notara que ela ficara entreaberta.

Abaixou os olhos para o filho que mamava. A boquinha rosada trabalhava com avidez, então pareceu diminuir o ritmo. Se retirasse o seio antes que estivesse satisfeito, Seiji começaria a chorar, e Itachi, com certeza, ouviria o barulho.

Sua mente trabalhava à procura de uma solução. Poderia dizer que pegara o filho na creche e que voltara para o escritório para apanhar alguns papéis que esquecera. Ou que Billy estava resfriado, e não tivera coragem de deixá-lo.

Os passos na sala ao lado pareciam mais próximos. Oh, não, ele estava vindo para sua sala!

Apertou com mais força o bebê, que soltara o peito e agora dormia profundamente. Pensou em escondê-lo de­baixo da mesa, mas e se Itachi ficasse até tarde, termi­nando algum serviço ou checando a correspondência? Tal­vez pudesse...

— O que... — Os olhos acinzentados escureceram, ao vê-la com o bebê no colo.

Sakura enfrentou o olhar frio e vislumbrou por alguns se­gundos paixão e dor. Os olhos dele correram pelo rosto ainda surpreso da assistente e tornaram-se cheios de desejo.

Ela seguiu a direção daquele olhar. Um de seus seios estava completamente visível, uma gota de leite ainda pen­dendo do mamilo rosado.

Uma onda de calor e vergonha apossou-se dela, en­quanto lutava para ajeitar o sutiã e abaixar a blusa com os dedos trêmulos.

— Posso explicar — disse, em voz baixa, como uma crian­ça pega fazendo alguma travessura.

— Então explique — ele replicou, com a emoção e o desejo esvanecidos.

Enquanto fazia uma explanação concisa da situação, rezava interiormente por algum sinal de compreensão da parte dele.

— Por que não ficou de licença até que a creche o acei­tasse? — Itachi questionou, como se estivessem no tribunal, e ela fosse uma testemunha hostil. — Mandei que ficasse em casa pelo tempo necessário. É claro que sabia que o trabalho ficaria atrasado.

— A situação estava caótica aqui — defendeu-se.

— Eu deveria despedir Konan por tê-la chamado. — Ele parecia grande e ameaçador, e Sakura temeu que ele cum­prisse a ameaça.

— A decisão foi minha. Eu precisava do dinheiro — acres­centou, odiando ter de admitir uma fraqueza humana a alguém que, obviamente, não as possuía.

Aquelas palavras o chocaram. Uma emoção peculiar sur­giu no rosto carrancudo.

— Por que não falou antes? Vou mandar o contador fazer um cheque...

— Não! Recebo meu salário pelo trabalho que realizo.

— Você vai ficar em casa mais um mês e aceitar o dinheiro sem argumentar — ordenou. — Isto aqui não é um berçário. Volte a trabalhar quando seu filho tiver condições de ficar na creche.

— Não posso aceitar um salário sem trabalhar. — O orgulho falava mais alto, e, além do mais, não aceitaria caridade da parte dele nem que morresse de fome. — Não sei por que não podemos continuar como estamos. Deu certo esta semana. Seiji não criou nenhum problema, dormiu a maior parte do tempo...

Itachi deu dois passos à frente e inclinou-se sobre ela e o bebê.

— Vá para casa. Não quero mais ver você ou seu filho por aqui. Fui claro?

Sakura empalideceu.

— Perfeitamente claro.

Ele a despedira! Não podia acreditar. Nunca fora man­dada embora de um emprego.

Itachi a encarou por mais alguns instantes, então saiu, batendo a porta de comunicação.

Fora despedida! O medo ameaçou invadi-la.

Após pegar a bolsa e os objetos pessoais, deu uma última olhada pela sala para ver se não esquecera nada. Os vasos de plantas que trouxera podiam ficar. Pediria para Konan regá-las até que Itachi contratasse outra pessoa.

Despedida. A palavra em si era uma vergonha, embora continuasse achando que não fizera nada tão grave. Virou-se para sair e bateu o pé no berço de madeira. Parou e ficou olhando-o por um bom tempo.

O berço era a chave dos sentimentos conflitantes de Itachi, porém ela não sabia quais segredos ele escondia. O berço e o fato de ele ficar irado ao vê-la com o bebê apon­tavam para algum acontecimento dramático em seu passa­do. Será que ele, ou alguém a quem amava, havia tido um filho? Se a resposta fosse sim, onde estaria a criança?

Era um mistério que jamais desvendaria.

Depois de pegar os lençóis e o cobertor, e guardá-los na bolsa, colocou o berço no chão, bem em frente à porta da sala de Itachi. Ele o encontraria e o levaria de volta às montanhas.

Ainda tonta com os últimos acontecimentos, dirigiu até seu prédio e estacionou a picape na garagem. Então, segurou a direção com ambas as mãos, apoiou a cabeça sobre ela e deixou os pensamentos vagarem.

Já se sentira assim anteriormente, ao ter de enfrentar a morte do pai e, depois, do marido. A solidão acenava a sua frente.

Como se sentisse o sofrimento da mãe, o pequeno Seiji acordou e se pôs a chorar.

— Não será o fim do mundo — disse, pondo de lado os próprios temores. — Ficaremos muito bem.

A frase soou como uma terrível mentira.


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Notas finais do capítulo

** Uchiha e Hoshigaki -- > é a empresa de advocacia do Itachi e do Kisame , eles são sócios por isso o nome da empresa é o sobrenome dos dois ^^

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Bem é isso, e antes q eu me esqueça, o próximo capitulo é um Pov do Itachi (*O*)
bem é isso, espero que tenha gostado ^^

~~ até mais