The Marriage Proposal escrita por Rin Rin


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

bem sei que demorei um pouco para postar esse capítulo, mas está ai u-u
espero q gostem ^^



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Sakura Pov's

Sakura acordou várias vezes durante a noite, e o bebê também. Mantivera a luz do abajur acesa para que pudesse checar se tudo ia bem com seu filho durante as longas horas de escuridão. Tentou não pensar nas coisas ruins que poderiam ter acontecido. Além do mais, não adiantava nada ficar preocupada, precisava acostumar-se a enfrentar os acontecimentos conforme eles se apresentavam. Seiji parecia ter gostado do berço. Ao despertar nova­mente, a luz de um novo dia, embora nublado, iluminava o quarto. O recém-nascido se encontrava de olhos abertos, porém, em vez de choramingar como fizera durante a noite, ele olhava tudo, como se apreciasse o mundo a sua volta.

— Bom dia. Gosta do que está vendo? — perguntou Sakura, pegando-o no colo e iniciando uma nova sessão de amamentação.

Seus mamilos estavam doloridos, devido às inúmeras ten­tativas frustradas do dia anterior. Os bebês, apesar de nas­cerem com o instinto de sucção, precisavam aprender a ma­mar. Ela esperava que o filho aprendesse o mais rápido possível.

— Calma, calma — murmurou, assim que ele começou a sugar-lhe o peito com determinação. Seus seios estavam inchados e bastante sensíveis. — Você não pode ser mais delicado comigo?

— Ele aprenderá lá pelos vinte e um anos — uma voz masculina afirmou, em um tom gozador.

Itachi estava parado à porta, com as mãos nos bolsos, observando mãe e filho. A não ser pela barba feita recen­temente, parecia o mesmo da noite anterior. Usava botas, calça jeans e uma camiseta por baixo da velha camisa de veludo azul, puída nos cotovelos.

— Para mim já será um pouco tarde, não acha? — queixou-se, só então percebendo a malícia que havia por trás daquelas palavras.

De repente, uma onda de calor enrubesceu o rosto de Sakura.

— Deve ser bastante dolorido — ele disse, tentando ser solidário, enquanto colocava alguns panos de prato limpos sobre a mesinha-de-cabeceira.

O gesto de boa vontade do chefe ajudou-a a superar o constrangimento. Ela procurou mudar de assunto.

— O choro de Seiji atrapalhou seu sono? — indagou, consciente dos pequenos barulhos que o filho emitia ao su­gar-lhe o peito.

Isso para não mencionar o fato de que um dos seios ficava totalmente visível, já que ela precisava afastar aquele imen­so reservatório de leite das narinas do bebê, a fim de que ele não se sufocasse.

— Não, dormi bem.

— Onde você... Posso mudar de quarto se preferir, afinal, este é o seu.

Itachi deu de ombros.

— Há três quartos lá embaixo. Estou em um deles. Aqui em cima é mais silencioso para você e... Seiji.

Sakura pôs-se a imaginar o porquê da pausa antes do nome do bebê. Os olhos negros fitavam o recém-nascido e, logo em seguida, afastavam-se. Veio-lhe à mente que talvez ele não gostasse de crianças.

— O que gostaria de comer? — perguntou Itachi.

— Cereais ou torradas, se tiver — respondeu, procu­rando dar um tom alegre à voz. Ela fitou as mãos fortes e lembrou-se de quanto elas haviam sido gentis, enquanto ajudavam a ela e a seu filho durante o angustiante parto. — Ontem, você foi simplesmente maravilhoso — falou impulsivamente.

Para sua surpresa, o rosto sério de Itachi ficou corado. Seria possível que estivesse constrangido?

—Bem... só espero não transformar isso em um novo hobby — ele disse e deixou rapidamente o aposento.

O chefe estava de volta. Sakura abaixou o olhar, desapon­tada. Com certeza, o momento de ternura que pensava ter havido entre eles fora apenas fruto de sua imaginação.

Terminou de amamentar Seiji. Pelo jeito, estava bem alimentado, porque adormeceu no mesmo instante. Após acomodar o filho entre dois travesseiros, ela se levantou da cama.

No banheiro, Sakura umedeceu uma toalha pequena em água morna e voltou ao quarto, a fim de lavar o bebê e trocar-lhe a fralda. Depois, como ele ainda dormia, colocou-o de novo no berço.

Em seguida, decidiu que também precisava se lavar. Usando o sabonete e o xampu de Itachi, além do desodo­rante, do talco e da escova de cabelos, ela tomou o banho mais rápido de sua vida e, em poucos minutos, estava de volta ao quarto.

O pequeno Seiji dormia profundamente, e sua boca for­mava um biquinho enquanto continuava a sugar um seio imaginário.

Sakura vestiu um roupão azul aveludado, que encontrou pendurado atrás da porta do banheiro, e imaginou qual das amigas de Itachi o teria lhe dado de presente. Não parecia algo que ele mesmo tivesse comprado.

Então, calçando sapatos de salto baixo, desceu para o andar térreo. Itachi se encontrava na cozinha, fazendo ovos mexidos.

Ele a analisou de cima a baixo, em silêncio, depois retirou dois pratos de dentro do forno. Após colocar os ovos ao lado da linguiça e do bacon fritos, ele levou ambos os pratos até a mesa,

— O café da manhã está pronto — informou.

Sakura sentou-se à mesa, e Itachi juntou-se a ela com duas canecas de café fresco.

— Está delicioso! — ela exclamou, logo à primeira garfada. — Não pensei que estivesse com tanta fome!

— Você comeu pouco na noite passada. — Ele ficou imóvel por um instante, então se levantou, como se tivesse se lembrado de alguma coisa. Retirou um copo do armário e en­cheu-o de leite. Ao voltar para a mesa, Itachi colocou o copo ao lado do prato de Sakura. — Beba, mães que amamentam necessitam de leite — explicou, ao notar o olhar inquiridor que ela lhe lançava.

— Como sabe disso?

— Tenho um irmão, e ele e minha cunhada têm dois filhos. Sakura se surpreendeu. Durante todo o ano em que haviam

trabalhado juntos, ele não mencionara nem uma vez sequer a família, o que a levou a pensar, por algum tempo, que fosse tão órfão quanto ela.

Porém, certo dia, a mãe dele telefonara, e Sakura ficara sabendo que seus pais viviam em uma pequena cidade, a cento e sessenta quilômetros de Tokyo. Anotara também alguns recados dela, sobre comemorações e reuniões fami­liares, mas nenhuma outra pessoa da família ligara.

Tentara questioná-lo sobre o assunto, mas depois resolveu que, se ele não falava de livre e espontânea vontade, era melhor ficar calada e guardar a curiosidade para si própria. Itachi não era dado a jogar conversa fora, pelo menos, não com ela.

Konan, apesar de estar no escritório havia mais tempo, sabia ainda menos que Sakura.

Itachi Uchiha. Sakura pensou no filho ador­mecido. Seiji Uchiha*

Soava imponente, como o nome de alguém importante. Ela balançou a cabeça afirmativamente. Sim, estava resolvido.

— Preciso da chave de sua picape. Vou ver se consigo desatolá-la e trazê-la para cá agora de manhã.

— Poderíamos chamar um guincho... — ela começou a dizer, então se lembrou de que estavam sem telefone. Sus­pirou com raiva por ter provocado tanta confusão. Itachi com certeza, iria despedi-la na primeira oportunidade. — Está em minha bolsa. Vou buscá-la.

— Termine de comer primeiro. Não há pressa. — Ele olhou através da vidraça da janela. — Com essa neve toda, receio que não precisemos ter pressa para nada.

Estaria insinuando que estavam ilhados até que alguém aparecesse por lá e restabelecesse a conexão telefônica? Ela mesma já havia pensado nisso.

Ao terminar de comer, Sakura pediu licença, levantou-se e pôs o prato, a caneca e o copo na máquina de lavar louça. Depois, seguiu para o quarto. Seiji continuava dormindo.

Tentando não fazer barulho, ela pegou a chave na bolsa, voltou à cozinha e colocou-a sobre a mesa. O prato de Itachi não estava mais ali, e ele mesmo se encontrava fora de vista. As portas dos quartos no final do corredor estavam todas fechadas, portanto não saberia dizer em qual deles ele se encontrava.

Ela tornou a subir, sentindo-se como uma intrusa inva­dindo a privacidade alheia, embora achasse que nenhum lugar da casa seria mais privativo do que a suíte que ela e o filho estavam ocupando.

Passando pela porta que dava para a saleta contígua, Sakura parou diante dos painéis de vidro. Embora as paredes fossem formadas por camadas triplas de vidro, ela ainda podia sentir o frio entrando na casa. A temperatura devia estar abaixo de zero grau.

Frio demais para nevar. Era o que seu pai costumava dizer quando era pequena. Entretanto, ele estava enganado. Grandes e fofos flocos de neve caíam do céu, como se jogados por descuido de uma janela celestial.

O mundo todo parecia estar branco, um mundo encantado de glacê sobre árvores de chocolate mentolado. Desejou po­der permanecer ali para sempre.

O pensamento a deixou chocada. Tratou de voltar para a suíte e fechar as portas de comunicação, deixando de lado as fantasias sobre o calor da cama de seu chefe.

Sakura sorriu. konan iria desmaiar de inveja quando lhe contasse sobre esse inacreditável fim de semana.

Itachi Pov’s

Itachi trocou a camisa de veludo por uma malha de lã e a calça jeans por um macacão velho. Colocou um par de botas impermeáveis e um gorro de lã. Por cima de tudo, vestiu uma jaqueta à prova d'água, e então, finalmente, achou que estava preparado para enfrentar o mau tempo.

Pegando a chave sobre a mesa da cozinha, ele saiu pela porta que dava para a garagem. Ali, deu a partida no velho jipe que usava apenas nas montanhas. Ele fora adaptado com uma lâmina especial na frente, própria para recolher e afastar a neve do caminho. Normalmente, ele deixaria a tarefa cansativa para quando estivesse prestes a ir embora, no entanto, era necessário checar a picape de Sakura e o poste telefônico.

Logo deu início à tediosa tarefa de tirar a neve da alameda. Era um trabalho lento, e, na velocidade que a neve vinha caindo, com certeza teria de repeti-lo vinte e quatro horas depois.

A manhã passou antes que ele conseguisse chegar ao fim do caminho e, só mais tarde, deparou com o veículo atolado na valeta.

Subitamente, uma dor dominou seu coração, e Itachi estremeceu. Então, praguejou baixinho até que tudo vol­tasse ao normal. Sakuera e o menino estavam bem, portanto não havia motivo para divagar sobre o que poderia ter acontecido.

Após tirar a neve da frente da picape, ele prendeu uma corrente em seu pára-choque e enganchou a outra ponta no jipe. Levou trinta minutos cavando, pondo algumas pe­dras sob os pneus e puxando a picape com seu próprio veí­culo, até que ela ficasse livre.

A respiração ofegante de Itachi formava densas nuvens de fumaça a sua frente, e ele teve de se encostar na picape a fim de limpar o rosto com um lenço limpo. Logo lhe veio à mente a idéia de que estava envelhecendo. Deu um sorriso cínico. Tinha apenas vinte e sete anos de idade, mas fazia muito tempo desde que se sentira jovem.

Entrou na picape e ligou a ignição. O motor pegou ime­diatamente. Engatando a primeira marcha, fez a volta e dirigiu com cautela pela alameda, retornando a casa. Após estacionar dentro da garagem coberta, inspecionou os danos e ficou satisfeito ao constatar que eram mínimos.

Depois de pendurar a chave no porta-chaves ao lado da porta da cozinha, ele se encostou no batente. Algo estava diferente. Ele inclinou a cabeça para o lado e ouviu aten­tamente. A casa estava quieta, mas sempre havia silêncio quando ficava ali sozinho, a menos que a televisão estivesse ligada. Não, a falta de barulho não era o que tornava o ambiente diferente.

Era alguma coisa indefinível, porém encantadora, como uma melodia carregada pela brisa, fazendo um mortal ima­ginar se aquele som provinha do ruído do vento entre as árvores ou das notas fluídas de uma dança de fadas.

O barulho da água correndo no pavimento superior o fez perceber qual era a diferença. A casa não se encontrava mais vazia. Ele retirou as botas e atravessou a cozinha apenas de meia. Lá em cima, abriu a porta da suíte e espiou. Sakura estava no banheiro.

Levado por forças que não soube definir, caminhou até a cama e olhou para a criança que dormia. Seiji havia to­mado banho e parecia contente. Itachi reparou que os ca­belos do bebê eram vermelhos e espessos. Ficou imaginando se ele parecia com o pai. Os cabelos de Sakura eram rosas, mas de um tom claro, possuíam apenas um brilho natural, que tra­duzia a limpeza e a saúde de sua dona.

De repente, o bebê começou a fazer movimentos, como se estivesse sugando o ar. Seiji esticou os bracinhos para a frente e tentou colocar a mão na boca. Como não conseguiu, o rostinho se transformou em uma careta, pronto para cair no choro.

Sem pensar no que fazia, Itachi esticou o braço para ajudá-lo. O bebê agarrou seu dedo, levou-o à boca e sugou-o avidamente. Itachi não se moveu, as emoções conturbadas enchiam seu peito e tiravam-lhe a respiração. Por um mo­mento, ele ficou ali, incapaz até de pensar.

Então, a dor foi diminuindo. A terrível dor de amor e perda, diferente de qualquer outra que já experimentara. A dor que não sentia desde a morte de Ginny.

Procurando controlar as emoções, ele tirou o dedo da boca do recém-nascido e deixou o quarto abruptamente, cami­nhando na direção da cozinha. Ali, vestiu as botas e seguiu para a alameda quase correndo... Mas, naquele momento, não havia como fugir da dor da lembrança... da dor do amor...

Sakura pov’s

Sakura abriu a porta do banheiro devagar. Ela pensara ter ouvido passos. Olhou em volta e viu que o quarto estava vazio. Provavelmente, Itachi estava lá embaixo. Talvez es­tivesse preparando o almoço. Já passava da uma hora da tarde, e ela estava morrendo de fome.

Após olhar o filho, ela desceu até a cozinha. Não havia ninguém por ali. Ficou imaginando o que deveria fazer. Caminhou, então, até uma das portas no final do corredor e bateu. Ninguém respondeu.

— Itachi?

Novamente não obteve resposta. Tentou nas duas portas seguintes, e ninguém respondeu a seu chamado.

Incapaz de conter a curiosidade, abriu furtivamente um dos dormitórios e espiou. Para sua surpresa, não havia nada lá dentro. O cômodo se encontrava completamente vazio.

Sem compreender direito por que ficara tão surpresa, voltou ao corredor e parou em frente à porta do segundo quarto, abrindo-a de uma só vez. Este também estava vazio. O quarto tinha proporções muito boas. Era pintado em um tom de pêssego, adornado com trabalhos de madeira pintada de branco. A lareira era ladeada por lajotas de cerâmica pintadas à mão e tomava quase toda a extensão de uma parede. Estantes para livros e armários no mesmo trabalho de madeira formavam um canto bonito, interessante e útil.

O local daria uma perfeita sala de estar íntima, quente e confortável nas noites frias de inverno. Uma família po­deria ler, assistir à televisão ou, simplesmente, ficar obser­vando o fogo, enquanto a neve caía lá fora. Exatamente o que acontecia naquele momento.

Onde estaria Itachi? pensou.

Caminhando até a janela, pôde ver por entre as árvores a figura solitária, com a cabeça baixa, os braços caídos ao longo do corpo, enquanto caminhava rapidamente pela ala­meda. Provavelmente, estava resolvendo os estragos que ela fizera com a picape.

Em seguida, saiu daquele aposento e caminhou em di­reção ao último quarto. Dessa vez, ficou chocada com o que viu. Esse dormitório também não possuía mobília, apenas um saco de dormir encostado à parede, sobre o qual havia um travesseiro e um cobertor.

Ela pressionou os dedos contra os lábios, angustiada. A cama improvisada, os cômodos sem mobília... Demonstravam o vazio, a solidão.

As lágrimas inundaram seus olhos, distorcendo as ima­gens a sua frente. Sakura fechou a porta e encostou a cabeça contra o batente. O desespero que sentira após a morte de Sasori tornou a invadi-la, só que dessa vez a dor era por seu chefe.

Respirando profundamente, procurou afastar o desespero, sentindo-se tola por ser tão emotiva.

Caminhou ao longo do corredor e parou no meio da sala de estar. Ali, analisou a mobília.

A sala possuía peças caras e extremamente confortáveis. O sofá e a poltrona eram forrados com couro verde-escuro. Uma escrivaninha antiga estava atulhada de trabalho. Lus­tres brilhantes de bronze e castiçais refletiam a luz do dia.

Sakura retornou à cozinha, observou a mesa de refeições, as duas pias, o forno duplo e o micro-ondas. Aquela casa fora construída para uma família.

itachi, porém, não tinha família. Não possuía esposa ou filho para encher a casa de risadas e sons habituais do dia-a-dia.

As lágrimas surgiram novamente, então ela cobriu o rosto com as mãos e chorou por ele, pela dor de viver, de amar, pelos sonhos que não se tornariam realidade.

Ao ouvir o som de um veículo se aproximando, correu pela escada, grata por o dormitório de cima ser isolado do restante da casa. Assoou o nariz, lavou o rosto e tentou se recompor. Assim que se sentiu melhor, ela voltou à cozinha.

As mudanças hormonais numa mulher após o parto podiam levar a imprevisíveis instabilidades emocionais. Com certeza, essa fora a causa das lágrimas inexplicáveis. Itachi, evidentemente, não precisava que tivessem pena dele.

Sakura abriu a porta da geladeira e procurou algo que pudesse preparar para o almoço. Achou apenas rosbife fa­tiado e queijo, portanto resolveu fazer sanduíches quentes. Enquanto eles eram aquecidos no forno, vasculhou os ar­mários até encontrar um pacote de batatas fritas para servir como acompanhamento.

Ouvindo o motor da porta da garagem sendo acionado, percebeu que o chefe já chegara, então colocou rapidamente a comida nos pratos e levou-os até a mesa. A porta se abriu. Ela olhou para Itachi e sorriu.

—O almoço está pronto — informou. — Prefere cerveja ou refrigerante?

Ele a analisou dos pés à cabeça, reparando que Sakura ainda vestia seu roupão.

—Cerveja.

Ela se apressou em pegar a bebida, enquanto Itachi tirava as botas e o casaco. Sakura apanhou a cerveja e um copo de leite e sentou-se à mesa.

— Se você for muito Tímida, é melhor fechar os olhos — ele a avisou, já soltando as alças do macacão, que deslizou pelos quadris estreitos. Itachi usava uma calça de lã fina.

— Meu avô também costumava usar esse tipo de calça.
Itachi deu de ombros.

Olhando de soslaio, Sakura pôde ver parte das coxas firmes e musculosas cobertas pelo tecido azul-claro, antes que ele vestisse novamente a calça jeans e a abotoasse. Então, ca­minhou até a lavanderia, que ficava próxima, e lavou as mãos no tanque.

— Eu não esperava encontrar o almoço pronto — disse, sentando-se ao lado de Sakura.

— É só um sanduíche, e, além do mais, eu estava mor­rendo de fome — confessou, dando uma grande mordida.

Era estranho ter de novo um homem à mesa. Ultima­mente, sentia muita falta da companhia masculina.

— Sua picape já está na garagem — ele falou, após tomar um grande gole de cerveja.

— Conseguiu tirá-la da valeta?

— Sim, pensei em voltar lá esta tarde e ver se consigo ajeitar o poste telefônico. O poste em si está perfeito. Você não o arrancou, talvez seja apenas um problema de cabos soltos.

— Ah, que bom! Estou me sentindo terrivelmente culpada. Foi uma tolice de minha parte trazer os papéis pessoalmente.

— Não, o erro foi meu — ele disse, num tom de voz baixo e profundo. — Deveria ter me lembrado do feriado e imaginado que não haveria ninguém disponível para entregas.

— Eu também queria sair. E um passeio pelas montanhas me pareceu uma excelente idéia. Se não fosse pela neve... —Sakura estremeceu, relembrando que o que a detivera fora algo mais sério que a neve. — De qualquer maneira, sinto muito.

Itachi fez um gesto com a mão, dispensando os pedidos de desculpa.

— Eu... hum... — Ela fixou os olhos na batata que tinha na mão e pensou na melhor maneira de abordar o assunto.

— Vi o saco de dormir. Imaginei que estivesse dormindo em uma cama — falou, em tom de acusação.

Itachi mastigou e engoliu a comida, sem tirar os olhos de Sakura, fazendo-a sentir-se incomodada. Ela não tinha o direito de ficar espiando nos quartos vazios.

— Estou confortável — ele respondeu por fim. Então, olhou pela janela e mudou de assunto. — A neve está quase parando. Vou sair assim que terminar o almoço.

Evitando qualquer conversa, Itachi acabou a refeição.

Sakura comeu mais devagar. Quando ele se levantou, ela não fez nenhum comentário. Itachi pegou o macacão e o casaco e foi se trocar no quarto.

— Ficarei fora por algumas horas — ele a avisou, ao surgir na cozinha novamente. — Se o veículo que remove a neve já tiver passado pela estrada principal, descerei até a mercearia e trarei um pouco de leite. Precisa de mais alguma coisa?

Ela podia pensar em inúmeros itens.

— Fraldas, uma escova de dentes... Ah, como está seu estoque de camisetas?— Tenho várias, e ainda há a máquina de lavar roupas, portanto, pode usar tantas quantas forem necessárias. Estão na terceira gaveta da cômoda.

Sakura meneou a cabeça em agradecimento.

— Algo mais?

— Só mais uma coisa... — começou a dizer, mas logo em seguida desejou ter ficado de boca fechada.

Ele aguardou.

— E pessoal — ela acrescentou.

— Está bem — respondeu, começando a ficar impaciente.

— E um item de higiene feminina...

Itachi franziu o cenho, e então compreendeu do que se tratava.

— Já sei do que se trata. — Por mais estranho que fosse, ele parecia bastante à vontade para falar do assunto.

Um sentimento parecido com ciúme invadiu-a. Sakura meneou a cabeça, perplexa com as próprias emoções. Na­turalmente, o corpo feminino não era nenhum mistério para um homem cosmopolita, experiente e vivido como Itachi.

No momento seguinte, ouviu-o dar a partida no jipe. O som foi se afastando, enquanto ela terminava de comer e colocava os pratos para lavar.

De volta ao quarto principal, parou, olhando através da janela por alguns instantes. Depois, tentou ler, conversou com Seiji enquanto ele estava acordado e tirou uma longa soneca. Quando o filho a acordou, a tarde já estava quase no fim. Sakura sentou-se na cadeira de balanço e amamentou o bebê, que parecia faminto.

Depois ela o colocou sobre o ombro e bateu levemente em suas costas até que ele arrotasse, deixando-a surpresa com o barulho e fazendo-a rir.

Sakura levantou o apoio de pernas da cadeira, dobrou os joelhos e apoiou o bebê contra suas coxas. Ficou olhando para ele, encantada e orgulhosa por ter sido a responsável por seu nascimento.

— Eu te amo — disse, sentindo-se forte e terna ao mesmo tempo. Sorriu e pôs-se a imaginar se todas as mães sentiam o mesmo.

— É o bebê mais lindo e mais esperto do mundo. E eu te amo. — Quando inclinou-se para beijá-lo, Seiji agarrou seus cabelos com ambas as mãos e os puxou. — Ai! Você é forte, hein? — indagou, tentando soltar os cabelos.

Assim que endireitou o corpo, viu Itachi parado no batente da porta. A expressão no rosto másculo a fez ca­lar-se. Ele estava ali, olhando para ela e o bebê, mas seus pensamentos estavam muito longe, presos a alguma imagem que só ele podia ver. Ela não sabia quais memórias o incomodavam, porém podia reconhecer uma alma tor­turada quando a via.

Percebeu, então, que Itachi Uchiha era capaz de sentir emoções profundas e que ele, algum dia, amara alguém do fundo do coração, perdera esse amor e nunca conseguira superar a perda.

Num gesto abrupto, ele se virou e saiu, sem uma palavra.


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Notas finais do capítulo

Aqui a sakura pode escolher o sobrenome u-u e tipo um agradecimento pelo itachi te ajudado ela.)

bem, até o próximo capítulo :3
e Comentem plz ^^