Silent Hill X: dear Henry escrita por S Nostromo


Capítulo 2
A mulher pirâmide




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/589214/chapter/2

            Jowie simplesmente paralisou ao ver algo que não acreditava ver. Era uma mulher. Usava uma longa saia de tecido marrom e grosso, velha, suja e rasgada. Seu corpo parecia coberto por uma camada de couro morto, abatido e cheio de cicatrizes. A mulher parecia remendada com pele de diversas pessoas. Não trajava blusa, seus seios estavam a mostra. Sua cabeça... Na verdade não havia cabeça, apenas um enorme capacete em forma de pirâmide. Em uma das mãos a mulher arrastava uma longa corrente enferrujada. Na outra, uma foice que parecia ser feita com lata. Que tipo que criatura era aquilo? Pensou Jowie.

            O rapaz escondeu-se atrás de um pequeno sofá do salão. A mulher com cabeça de pirâmide andou calmamente pela sala, arrastando sua corrente. Olhou com todo cuidado. A estranha mulher estava adornada com algumas pulseiras nos braços, mas eram feias e as pedras sem brilho. De alguma forma aquilo só a deixava mais grotesca do que nunca. Subiu um jogo de escadas no canto do salão, sumindo totalmente.

            Vagando as pressas pelos corredores abafados e escuros, Jowie concluiu que o lugar se tratava de um pequeno motel. Ouvia grunhidos assustadores, e sempre tinha a sensação de estar sendo seguido. O único quarto em que se atreveu a entrar, notou uma cama redonda, teto espelhado, luzes neon acesas, e uma mulher sentada na cama, olhando fixamente e espantosamente em seus olhos. Aquilo lhe gelou a espinha. Ao piscar algumas vezes, pode focar melhor e entender que se tratava de uma mulher morta. Por mais estranho que fosse, havia morrido olhando diretamente para a porta.

            Onde estaria Henry? Pensava Jowie. Qual seria o motivo de ter voltado a uma cidade tão aterradora? E porque Eileen estava junto? Por que ela tinha que estar metida nisso tudo? Ela se achava no direito de ser tão íntima de Henry, apenas porque viveram tudo aquilo em SIlent Hill juntos, pensava. Jowie apenas queria sair da cidade com seu irmão, enquanto Eileen poderia ser enforcada com as correntes da mulher pirâmide.

            Uma placa indicava uma saída de emergência, mas no meio do estreito corredor havia uma mulher semelhante a uma enfermeira. Trajada em uma calça e blusa brancas coladas no corpo, a moça estava ensanguentada ta cabeça aos pés. Seu rosto enfaixado não revelava olhos ou boca. Permanecia parada feito uma estatua. Sua mão com um bisturi apontava para frente, em direção ao corredor em sua frente, em direção a Jowie. O rapaz se aproximou com certo receio. Parecia estar apontando o bisturi para ele, parecia viva, e parecia morta. Ouviu a porta lá atrás de si, bem lá no fundo, se abrindo. A corrente arrastando denunciou quem era.

            - Droga...

            Entrou em uma porta próxima para se esconder. Mais um quarto típico de motel. A porta tinha trincas enferrujadas e maçaneta frouxa, então além do rangido, ela ficava aberta. Jowie a fechava, mas o mau funcionamento empurrava a porta para trás, deixando-a aberta. A corrente tilintando acelerou, os passos da mulher pirâmide... Ela estava correndo. Jowie tentou se esconder embaixo da cama, mas não havia espaço. A poltrona com brinquedos masoquistas. Não, muito pequena.

            - O banheiro! – disse para si mesmo.

            A porta do banheiro era idêntica a da entrada do quarto: não fechava. Uma gota de suor escorreu pelo rosto de Jowie, seu coração batia com força. Deitou-se dentro da banheira suja de sangue seco e um braço com unhas pintadas de roxo ao seu lado. A mulher entrou no quarto, e Jowie rapidamente bateu o dedo na lanterna, apagando a luz. Olhos fechados ou não, era impossível enxergar algo. Havia a escuridão, o cheio de carne morta, e aquela mulher asquerosa e remendada, com sua corrente, agora adentrando no banheiro. Sentiu a cabeça triangular se aproximar de seu rosto. Ela sabia que ele estava ali, tinha certeza disso. Provavelmente morreria aos berros, pendurado no lustre do salão com a corrente e tendo a carne dilacerada com a foice cega. Ou seria apenas o medo, se aproveitando do breu total e lhe pregando uma peça?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hora de terminar o que comecei.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Silent Hill X: dear Henry" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.