Ando lentamente pelos corredores, uma boneca loira vendada com uma fita branca está em minha mão, seu presente, lembra?

Por que eu deixei elas lá? Você estava fraca e as bonecas são ocas, então porque eu deixei elas lá? Para lhe fazer companhia? Para você não se sentir só? Talvez. Mas elas acabaram por sugar sua vida tentando, em vão, preencher seus vazios.

O elevador parece saído de um filme de terror barato e isso seria o suficiente para me assustar e desmoronar se eu já não estivesse assim. Você se foi e agora tudo acabou. Não há nada e tudo que eu queria e era mais um dia, ou dois ou três ou um mês ou um ano ou mais com você.

Nesse momento entra no elevador um garoto, vestido em roupa hospitalar e casaco azul e eu penso em você no necrotério. Será que está frio? Será que você vai chorar por mim também?

Ele esbarra em mim e pede perdão mas logo se desliga do mundo novamente olhando fixamente para o celular em sua mão enquanto disca alguma coisa.

Subsolo 1, subsolo 2 e o garoto pergunta se tenho algo para fazer lá e eu respondo, sem olhar para o Garoto de cabelos castanho, que sim, que tenho que entregar uma coisa e que ela está esperando por mim, minha pobre outra metade está esperando por mim.

A porta se abre e eu começo a andar enquanto o garoto continua a me olhar e emite um pequeno som se surpresa quando vê a boneca.

Eu ando, e ando e ando e tudo parece estar em câmera lenta, tudo está desmoronando ao meu redor porque ela se foi e eu estou incompleta agora. O corredor está escuro. Você está com medo? Será que você vai tremer sozinha no escuro?

O Garoto de cabelos castanho continua a me olhar, até mesmo quando faço a curva para o outro corredor e pergunta qual é meu nome.

Eu paro e 1, 2, 3, 4 segundos se passam até que eu respondo:

--Mei. Misaki Mei.