Fuxicando os emails do Natsu. Ok. Aquilo era constrangedor. Nunca tinha dividido uma caixa de emails com alguém em toda a minha vida. Nem mesmo com Sting. Ele havia visto cada parte do meu corpo, mas eu nunca o deixei tocar em meu celular.

E agora, eu estava alí.
Lendo emails de um desconhecido. Tudo o que eu sabia er que ele se chamava Natsu Dragneel e que sua empresa se chamava Fairy Tails, certo? Errado. Graças ao emails eu sabia de tudo dele. A marca de roupas que ele usava (Men & Rider), A marca de sapatos( Craft Shoes Factory), que tipos de festas ele ia, até mesmo o nome do encanador particular dele (Tommy).

Era estranhos. Meu dedos trabalhavam sozinhos. Eram duas mensagens minhas, seis do Natsu e de novo, uma minha.

A primeira mensagem, li por impulso, quando vi, já tinha clicado. Era de uma tal de Flare.

D-Desculpe, Chelia. Me sinto constrangida agora.
Desculpe.

Do que ela estava com vergonha? Pra saber, voltei umas duas mensagens atrás e vi que ela trabalhava numa empresa parceira da empresa do Natsu. Ela o viu numa festa e ficou louca por ele. Ela ficou constrangida por causa da mensagem de desculpa que a Chelia enviou.

Desculpe senhorita. Mas, sabe, o senhor Natsu já tem uma noiva.

Ao ler aquilo arqueei uma sobrancelha. Ele tinha um noiva? Ok. Eu nem sabia o porquê de eu ficar tão... Surpresa.

"Todo mundo está ficando noivo hoje em dia. " – Pensei.

Procurei mais emails sobre aquilo e não achei. Fiquei irritada. Porquê ele não podia enviar uma mensagem pra ela? Não ia custar nada enviar um "Não. Obrigado"! Vendo mais mensagens, descobri que ele era um completo homem das cavernas no sentido de ler ou enviar mensagens. Parecia que ele estava determinado a enviar o menor possível. Fala sério, todas as mensagens que ele respondia eram " Ok. N", "Sim. Natsu", "Verei. Natsu".

E parece que ele não lia os emais que mandavam porque todos mandavam mensagens pra Chelia começando com "Oi Chelia, poderia pedir pro Natsu ligar de volta?", "Poderia verificar se o Natsu já leu o email que mandei? Vou dizer os pontos principais aqui...", ao ler aquilo, não pude segurar um grito.

– Você não sabe digitar ou o quê? – Gritei com o celular na esperança de que Natsu não ouvisse. Não queria mais problemas.

Tomei um gole de café e afundei minha cabeça na mesa da cozinha. Desliguei o celular e começei a lembrar da noite passada.

Era a noite em que eu iria rever Miruki e Vicelogia. Os Eucliffe.

Eles, como eu já disse, eram os melhores. Sério. Eram super inteligentes e legais. Ok. Não tão legais. Eles eram intimidadores.

Não me metiam medo nem nada. Afinal, eu já tinha conhecido pais de diversos namorados meus, mas os Eucliffe, foram os piores.

Miruki escrevia livros, Vicelogia escrevia livros, Sting escrevia livros, o irmão mais velho do Sting escrevia livors e até a esposa dele, Jane, escrevia livros. Eu, apenas os lia.

A noite em que conheci os pais do Sting foi estranha. Após ficarmos noivos, Sting me levou pra conhecer seus pais. Eu estava me exibindo a Miruki sobre o meu diploma na faculdade de letras, e, parece que o Vicelogia também escutou.

– Letras? Que divertido! – Disse.
me senti humilhada. Passei o resto da noite amuada, e isso nem foi o pior!

Estávamos assistindo Super Challenge quando as perguntas eram de literatura. Na primeira pergunta, Vicelogia foi mais rápido. Na segunda e na última também.

– Não ensinaram isso na faculdade, Lucy?
Mas acho que o fato de eu ter dito bad münstereifel errado piorou. Tudo. Tive que encarar olhares tortos de todos.
Enfim, após sair do hotel Saint Gacye, e falado com o Natsu, fui caminhando pra casa dos Eucliffe. Pensei em mil desculpas até que tive a "solução". Luvas! Era disso o que eu precisava! Luvas! Mas o problemas, é que era 19 de janeiro. Em pleno verão. Onde mais eu arranjaria luvas? Terminei comprando um par em uma lojinha de uma senhora. Eram as únicas que tinham. Eram grandes com renas bordadas , super quente e... Ah, tinha laços. Se me perguntasse o porquê delas, eu diria que me queimei esquentando uma lasanha.
Quando cheguei em frente à casa, suspirei.

A casa dos Eucliffe era bem a cara deles.

Era grande, bonita, a maior e a mais velha da rua.

Com piso perfeito. O problema é que os Eucliffe tinham um problema sério de desorganizaçãp. O chão e os tapetes holandeses quase não eram vistos pois em cima deles tinham vários manuscritos, livros e papéis sem importância que ninguém se dava o trabalho de retira. Uma vez, vi um pedaço de taco em cima da cama de hóspedes(nem sei se aquilo era mesmo um taco pois estava verde e gosmento), que já devia ter feito aniversário de um ano.

Tomei coragem e bati na porta.

– Oi, Lucy.

– Oi, Rogue! – Deixei escapar um suspiro trêmulo quando vi que era ele. Me acalmei. Rogue era o irmão mais novo do Sting, pra falar a verdade, ele era adotado. Rogue tinha 17 anos e ainda estava na faculdade. Uma vez tentei bater um papo legal com ele sobre drogas, mas ele me corrigiu e disse que reparou que eu tomava energéticos e café do Starbucks demais e me perguntou se eu não estava viciada. Foi a última vez que tentei dar uma de irmã mais velha.

Quando entrei na casa, Rogue voltou pra onde estava. Vi na mesa da cozinha o Sting. Sentado, sem camisa e lendo um jornal. Não é porquê ele ia se casar comigo. Mas ele era muito sexy. Apesar de ser escritor, Sting não era um nerd. Ele esquiava muito bem. E ia até me ensinar. Por falar nisso, foi assim que nos conhecemos, ele torceu o pulso enquanto esquiava e eu fiz uma massagem nele. Foi por puro acaso já que na última hora Yukino resolveu trocar de turno.
Ela achava que se não tivesse feito aquela "besteira", ela iria estar se casando com ele e não eu.
Meus pensamentos se foram quando Sting levantou o rosto do jornal e me viu.

– Minha linda, vem cá. – Me chamou pra um beijo e colocou suas mãos em volta do meu rosto. – Tudo bem?

– Sim! Onde estão seus pais? – Tentei parecer entusiasmada.

– Eles não virão.

– Hã?

– Ficaram presos em Crocus. Só virão depois.

– Oh. – Tentei parecer decepcionada, mas na real, eu estava feliz! Crocus? Eu queria cantar o coral do aleluia! Cro-o-cus! Cro-o-cus!

Eu tinha ganhado tempo. Suspirei ao correr meu olhar na cozinha. Tinha pilhas de livros em cima do fogão, caixas de sapatos com pizzas dentro e ovos partidos no chão.

Ninguém havia reparado nas minhas luvas.

– Vou indo. – Disse eu.

– Fica! – Pediu Sting.

– Vou pra casa. Nos vemos amanhã.

Me virei quando Rogue chamou minha atenção.

– Nunca pensei que diria isso, Lucy-san. Achei que nunca chegaria a hora. Mas você é realmente uma boa pessoa!

Olhei pra ele sem entender.

– Rogue! – Sting o olhou irritado. Rogue o olhou de volta, surpreso.

– Oh meu Deus! Você não contou pra ela?

– Contar oquê, amor? – Perguntei.

– Nada é que... Meus pais... Eles... Não aprovam nosso casamento.

– Oquê? – Meu Deus. Tudo parecia mais claro agora. Sim, eles me odiaram o tempo todo. Que droga. Me senti como no meio da briga dos Montecchios contra os Capuletos. Eu era Julieta e Sting o Romeu. Os Montecchios não aprovaram a relação dele com umaCapuleto. Pobre Julieta. Provavelmente ela também não sabia pronunciar bad münstereifelcorretamente. – Como assim? Porquê nunca me contou? Eles me odiaram esse tempo todo? Porquê fingiram? Meu Deus! Isso muda tudo!

– Calma.

– Não! Não posso ficar calma!

– Nosso relacionamento é nosso, querida. Não importa o que eles digam. Vão acabar descobrindo a adorável, legal, gentil e fofa Lucy Heartphillia que eu amo. – As palavras foram tão lindas que não contive um sorriso. Nos beijamos. – Amor, porquê está de luvas?

"Maldito Rogue!" – Pensei – "Eu estaria em casa se ele não me chamasse!"

Estava no meio da desculpa da queimadura quando Sting voltou a ler o jornal e Rogue voltou pro quarto. Aproveite e me mandei de lá.

O celular de repente saltou do bolso. Balancei a cabeça afastando os pensamentos da noite passada e me concentrei nos emails. Voltei a me irritar com os emails do Natsu. Será que os dedos dele iriam cair se ele mandasse uma carinha feliz ou um "abçs"?
Vi mais emails. Cara era um absurdo o quanto "cavalo" o Natsu era. Ele dispensou um envento super legal de uma corrida por um abrigo de idosos, que era demais! Além de se exercitar, você ainda salvava velhinhos! E a corrida era em nenhum lugar senão Paris. P-A-R-I-S!

Coitada da Chelia que cuidava de tudo! Ela marcou um dentista pra ele e sabe o que ele fez? Desmarcou quatro vezes. Quatro! E quando Chelia mandou um email lembrando de uma consulta ele escreveu "Só pode estar brincando"! Por acaso ele queria que seus dentes ficassem podres e caíssem?

Já eram 20:30 da noite quando eu parei em frente a uma faixa de pedestres. Eu tinha acabado de sair do trabalho e comprado um café com espuma numa loja de conveniência.

Três emails haviam chegados. O primeiro de "Pai", eu não sabia de quem ele era pai, pra descobrir, tive que ler.

Natsu.
Filho, Faz tempo que não nos vemos né? Estou morando em Harugeon agora. Há alguns quilômetro de você. Está tudo bem?
Estou com saudades, não sei se está lendo. Seu pai está ficando velho.
Até.

Seu Pai.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Aquele Natsu era um monstro. Como poderia deixar aquele velhinho maneiro só?
Eu imaginava um idoso morando em uma casa na frente de um lago bom pra se pescar com o filho, acariciando um filhote de labrador, tomando um café sentadinho na mesa do computador esperando uma resposta.

A segunda era de um tal de Gajeel.

Vi o Laxus numa convenção perto da empresa. Não o deixe perto do Makarov. Gajeel.

Quem seria esse Laxus?

"Não importa".
Enviei os emails.

Só faltava um. Era pra Chelia. Era de uma tal de Lisanna. Quando abri, senti meus olhos se afetaran a tanta caixa alta.

Ok, Chelia. Vamos ser justas.
Você ouviu minha briga com o Natsu antes não foi?
Pois bem, queria pedir pra você IMPRIMIR A PORRA DO ANEXO QUE EU MANDEI PRA AQUELE TEIMOSO DO CARALHO E COLOCAR NA PORRA da mesa DELE.
Obrigada.
Lisanna.

Ela devia ser a noiva dele. Rá. O email dela era: www.lisannastrauss@consultoriafairytails.com, eles deviam trabalhar juntos, mas se ela mandou um email eles devem trabalhar em andares separados. Acontece, uma vez, mandei um email do andar de cima pra pedir pra Sting levar um café pra mim. Mas que anexo era aquele que ela estava falando? Eu estava curiosa então cliquei nele.

Ok seu filho da puta.
Nós temos que ficar juntos. Mas o que você fez?
EU TIVE QUE VOLTAR PORQUÊ ESQUECI A PORRA DO RÍMEL EM CASA!
Nós somos um casa, merda!
Temos que nos dar bem.
MAS PARECE QUE O QUE VOCÊ QUER É ME FODER TODA!
Temos que segurar uma corda juntos. Temos que segurar uma corda.
Mas o que você faz? Estraga a porra TODA.
As vezes nem sei se você sabe da corda.
Tem dias que tenho certeza que você não SEGURA PORRA DE CORDA NENHUMA!
Aliás, a única corda que você deve segurar é a PORRA DA CORDA QUE TÁ no meu pescoço! Filho da PUTA!
Ok. Pense nisso.
Lisanna.

Fiquei chocada. Meio segundo depois me vi dando risadinhas. Era engraçado rir dos problemas dos outros. Por um momentos, eu era a monstra.

Já estava gargalhando quando Psy gritou. Olhei por celular e vi o nome "Natsu celular" piscando na tela. Me assustei. Tive o leve pensamento de que ele espirrou e adivinhou que eu estava rindo dele. Tentei me controlar. Contei até três e atendi.

– Oi, oi, oi! – Tentei parecer alegre e tentei apagar da minha mente a imagem do Natsu fodendo a Lisanna na cozinha em cima das louças quebradas e lambendo os dedos gordurosos. Balancei a cabeça;

– Chegou algum email do Bob?

– Não. Eu teria enviado. Oi pra você também.

– Achei que tivesse deixado passar. – Ignorou meu comentário sarcástico. – Encontrou o anel?

– Não. – Respondi relutante. – Mas vou achar logo!

– Já tentou ir pra seguradora?

Era uma boa ideia. Que eu nem sequer havia pensado. Eu poderia verificar o seguro dos Eucliffe e depois o do Sting! Eu nem sei como não tinha pensado antes! É claro, ao invés disso, eu estava numa faixa de pedestres esperando o sinal abrir pela quarta vez, rindo dos problemas dos outros sem pensar no meu.

"Prioridades, Lucy. Prioridades." – Pensei.

– Claro! – Menti. – Eles estão... Ér... Resolvendo!
Natsu desligou.

"Droga". Além de tudo, eu tinha que contar pros Eucliffe que eu perdi o anel. Mas, e se eu achasse uma hora depois? Só iria ter confusão, certo?

"Eles podem esperar". – Pensei eu. – "Depois eu conto".