Julieta gritou durante todo o processo, Lúcifer não mentira, aquilo doera, muito. Mas ela aguentou, sabia que ela estava sofrendo aquilo por ser burra demais e acreditar em alguém que lhe falaram mais de mil vezes que não era confiável, que iria machuca-la. Tudo verdade.

Depois que Lúcifer terminou com ela, a jogou em um quarto sem nada, apenas com quatro paredes. O chão tinha ranhuras que Julieta suspeitou terem sido feitas com unhas. Um arrepio a passou quando imaginou as coisas que esse lugar já presenciara.

O lugar onde suas asas ficavam doía muito, ela não podia se mexer sem se encolher de dor. O sangue escorria em cascata pelas costas dela, mas não foi nem metade do que ela havia sangrado durante o procedimento.

Para falar a verdade, Julieta estava surpresa por estar viva.

Ela ficou no chão, jogada, sem se mexer durante horas, cochilou e acordou e ninguém fora visitar. Até que ouviu a porta se abrir lentamente, com um cuidado extra. Porém ela não queria olhar para seu visitante, preferia estar sozinha e abandonada do que sentir aquela dor novamente.

–Meu anjo, o que fizeram com você? – Julieta ficou rígida. Ele era a ultima pessoa que ela queria ver.

–Pergunta errada Demônio, o que você fez comigo? – Ela falou ácida, sem se virar.

–Eu não queria. O Dijnn...

Julieta se virou para ele, ignorando ao máximo suas costas, ela tinha que ser forte na frente dele. Ela não ia demonstrar a dor que ele havia causado a ela.

–Você não tinha que trazer um anjo para o seu precioso mestre? – Ela cuspiu – Você não saiu da sala e me deixou indefesa? – Os olhos já começavam a ficar marejados lembrando-se da hora que ele a abandonou – Você não se aproveitou de mim para conseguir o que queria? – Ela jogava tudo nele. Quando terminou, lagrimas escorriam pelo seu rosto, fazendo trilhas pela a pele suja. – Demônio, você é tudo, menos inocente. – Ela se virou tentando esquecer que Demônio estava ali na sala com ela. Julieta abraçou as pernas em posição fetal.

–Sei que sou culpado Julieta, mas ouça minha história. – Ele praticamente implorou, mas Julieta estava irredutível.

–Eu já ouvi muito de você Demônio, e infelizmente, você provou que os anjos estão certos e eu errada. Obrigada Demônio.

–Julieta...

–Vai embora Demônio! – Ela se apertou ainda mais. – E me esquece, você já conseguiu tudo o que queria de mim.

Ela ouviu a porta se fechando atrás dela. Então chorou, chorou por toda a dor que sentira, por todo o arrependimento, por toda a culpa.

Quando alguns demônios vieram busca-la, ela já não tinha mais lágrimas. Eles podiam mata-la e ela não se importaria.

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Quando seu senhor chamou Demônio, ele tinha acabado de matar o Dijnn. Ninguém fazia mal a sua anjinha e saia impune. E afinal, o Dijnn não faria falta no mundo. Infelizmente Demônio não entendia como aquela criatura infeliz tinha descoberto sobre Julieta, muito menos sobre sua missão e ele não falou enquanto gritava pedindo por misericórdia.

Demônio foi pisando duro para a sala de seu mestre, seu humor era dos piores. E piorou ainda mais quando entrou na sala de Lúcifer.

–Senhor, me chamou?

–Demônio! – Lúcifer praticamente o abraçou. – Quero saber de todos os detalhes da sua incrível façanha. Conte-me como conseguiu isso?

–Eu... Eu não tenho certeza.

–O que você quer dizer?

–Eu apenas ganhei a confiança dela. – Demônio deu de ombros. Não ia contar que se apaixonou por ela e ela por ele. Infelizmente agora essa não era mais a verdade.

–E ela entrou com você?

–Não, eu não sabia que ela tinha entrado, acho... acho que veio me salvar.

–Te salvar? – Agora havia claramente um sorriso no rosto de Lúcifer. – Por que um anjo salvaria você?

–Como eu disse senhor, conquistei a confiança dela.

–Bem, acho que isso explica o porquê ela entrou atacando todos os monstros que estavam no caminho dela. Alguns até pensaram que os anjos estavam fazendo uma invasão, mas como só viram um anjo, atacaram.

–Ela matou muitos?

–Infelizmente sim. – Demônio quase sorriu, essa era sua garota. Se entregar sem lutar não fazia parte dela. – Mas conseguiram prendê-la. Mandei trazê-la aqui.

–O quê? – Demônio praticamente engasgou, não estava pronto para encarar Julieta outra vez, muito menos depois daquela conversa. Mas o pior é que Demônio sabia o que seu mestre tinha planejado para ela. – Não acha que ela já sofreu muito? Não acha melhor soltá-la em algum lugar e deixa-la para os lobos?

–Demônio, onde está seu adorável senso de maldade? Não me diga que a anjinha te conquistou?

–Não senhor.

–Embora, ela tenha um corpo bem sensual, talvez eu a de aos lobos quando acabar com ela aqui. Ai veremos se um anjo pode ser corrompido.

Demônio fechou as mãos em punhos, ele não ia deixar ninguém tocar em um fio de cabelo de Julieta. NINGUEM! Ele iria enfrentar seu mestre se fosse necessário.

–Deixe-a comigo – Demônio bolou um plano maligno o suficiente para seu mestre, mas não tanto quanto o que Lúcifer tinha para Julieta.

–Como?

–Quero ela para mim – Demônio falou – Quero possuí-la. – Seus olhos estavam frios, uma perfeita atuação – Eu a trouxe para o inferno, deixe que eu a faça gritar.

Lúcifer sorriu. Bingo.

–Demônio, você nunca me decepciona. Mas antes quero ouvi-la gritar pelo fogo. – Merda, Julieta ia culpa-lo por mais essa.