*Isabella*

      Passaram-se não mais do que dois meses depois do meu último e até então definitivo encontro com o fantasma. Contudo, aquilo ainda não me trazia a paz de espírito que eu achava que teria com sua partida, as dores de cabeça aumentaram e meu cordão de estrela parecia pulsar todas as vezes que eu sentia as pontadas em meu crânio.

De certa forma, uma parte de mim parecia aceitar de bom grado as baboseiras contadas pelo demônio salvador, mas a parte racional parecia fazer um cabo de guerra com esse pensamento me fazendo acreditar que eu estaria louca em dar ouvidos a uma coisa que aparentemente não era real.

Edward também não havia voltado, mas sua ausência já não me incomodava tanto como incomodava nos primeiros dias, de certa forma algo em mim tinha mudado, isso eu não podia negar, mas o que eu ainda não sei é se isso se deve ao fato do meu desapego ao meus sentimentos em relação a Edward ou se é em relação ao meu breve momento de loucura em relação à um fantasma.

Como se para me tirar de um transe, a campainha tocou e eu me vi praguejando automaticamente.
Era exatamente 7 horas da manhã, que tipo de pessoa aparece na casa da outra em um sábado as 7 da manhã?! 
Charlie havia saído para caçar com Billy, voltaria somente amanhã no fim da tarde, logo, eu ficaria sozinha maratonando alguma série aleatória na Netflix.

Obriguei meu corpo a se levantar da cama, coloquei um blusão e desci as escadas, peguei  as chaves da porta e abri a mesma. Dois rapazes, um incrivelmente mais alto que o outro, e o outro aparentemente valentão se encontravam em minha porta.

—Posso ajudar? - Me vi perguntando.

Eles se entreolharam e eu comecei a duvidar se tinha sido uma boa ideia abrir aquela porta.

—É...meu nome é Sam, e esse é meu irmão Dean Winchester. - O mais alto se apresentou apontando logo em seguida para o irmão.

Permaneci em silêncio esperando o que viria logo em seguida.

—Estamos procurando uma pessoa, Isabella Swan, conhece essa pessoa? - Sam continuou.

—Está olhando para ela. - Cruzei os braços.

Dean trocou olhares com Sam e falou pela primeira vez.

—Ah que ótimo, podemos conversar?! - O encarei fazendo-o me olhar de cima para baixo. - Talvez podemos combinar um horário e um lugar para discutirmos alguns assuntos. - Ele continuou sem graça.

—Sobre quais assuntos?! Não conheço vocês...porque teríamos assuntos para tratar?!  - Os questionei com uma leve irritação.

—Isabella, sabemos sobre suas dores de cabeça e podemos te ajudar. - O Winchester mais alto falou.

Congelei.

Como eles podem saber sobre as dores?! 

—Olha, não sei do que estão falando, mas eu não estou interessada. - Eu disse fechando a porta mas o bonitão, Dean, me impediu.

—Estaremos em um restaurante aqui perto se mudar de ideia. - Ele disse antes que eu batesse com força a porta que nos separava.

Respirei fundo e me vi sentando automaticamente no sofá da sala. Aquilo foi sem sombra de dúvidas a coisa mais estranha que já me aconteceu depois dos vampiros e do fantasma do soldado de guerra.

Com que pretensão dois caras, assustadores e estranhos, aparecem de forma ainda mais esquisita e inconveniente na porta da casa de uma adolescente beirando seus 18 anos falando sobre coisas que nem seu próprio pai sabe?!

Aquilo era loucura, das grandes.

O dia, contudo, voltou a sua normalidade, mas os pensamentos intrigados com os dois rapazes continuaram a me assolar e a me levarem a duas pergunta com somente uma resposta: “Como eles sabem sobre minhas dores de cabeça, e de que forma poderiam me ajudar?! Ora Isabella, você só vai descobrir se for atrás das respostas, e você sabe onde achá-las.”

Não era nada mais, e nada menos do que 18 horas da tarde, o sol fraco se punha entre as montanhas gélidas de Forks, e eu, Isabella, me encontrava na frente do espelho escolhendo uma blusa que combinasse com meu jeans claro. Decidi que o preto me caía bem e optei pela camiseta dessa cor, calcei meu vans de cor roxa, passei um gloss e coloquei meu cordão de estrela.

Desci as escadas da minha casa, peguei minha bolsa e meu celular e sai para fora, o vento frio e a rua deserta contribuíam para o cenário de algum filme de terror qualquer, mas aquilo que estava acontecendo não era um filme e sim algo real, algo que assustava de verdade.

Entrei no restaurante e varri o lugar com os olhos, de fato os irmãos esquisitos estavam ali, o mais alto percebeu a minha presença e veio a meu encontro.

—Fico feliz por ter vindo. – Ele sorriu sincero.

—Não me faça com que eu me arrependa disso, por favor. – Falei séria.

Ele apenas assentiu e puxou uma cadeira para mim, me sentei à frente de Dean e Sam estava entre nós. Ficamos em silêncio por alguns minutos até que eu fui direto ao ponto.

—Queriam falar comigo e aqui estou. – Cruzei os braços.

—Bella... – Dean começou e eu o encarei. – Posso te chamar de Bella?

Assenti.

—Tudo bem, vamos lá, Bella, viemos aqui com um propósito, sabemos sobre seu envolvimento com os vampiros. – Aquilo me fez gelar. – Sabemos onde eles estão e sabemos também que você não tem contato com eles.

Enquanto Dean falava, mil coisas se passam em minha cabeça, uma delas é que Alice e Edward realmente não se importavam comigo, e que o tempo que eu fiquei sofrendo sozinha não valeu de nada.

—Bella?! – Sam chamou minha atenção.

Dei um salto da cadeira e recuperei o meu foco inicial.

—Desculpe, pode continuar. – Eu disse.

—Enfim, sabemos que você andou vendo coisas, demos um jeito nisso, capturamos o fantasma que estava te assolando, e por fim sabemos sobre suas dores de cabeça, e acredite, podemos te ajudar. – Dean falou sombriamente.

—Que jeito vocês deram no fantasma? – Perguntei com um pontada no peito.

—Atiramos com sal nele. – Dean deu de ombros. – Não vai exterminá-lo mas vai te deixar em paz até acharmos os ossos dele e queimarmos.

—Espera, que merda é essa?! O que vocês são? – Eu disse com uma mega interrogação estampada em minha face.

—Somos caçadores, Bella, caçamos serem sobrenaturais que se aproveitam das pessoas para fazerem o mal. – Sam explicou.

—Exato, caçar coisas, salvar pessoas, o negócio da família. – Dean sorriu de lado.

—Tudo bem, vocês são caçadores que tentam proteger as pessoas do mal sobrenatural, e acham que eu estou precisando de ajuda com meu ex namorado vampiro e um fantasma que não me fez mal algum, é isso?! – Conclui

—Isso!! – Ambos exclamaram. – Mas também há a questão das dores de cabeça, isso ficou mais freqüente depois que você se separou do Edward, certo? – Dean continuou.

Assenti.

—Pois então, achamos que você não seja quem você acha que é, mas você não sabe disso, porque de alguma forma você não se lembra do seu passado. – Sam tomou a palavra.

—Até vocês?! Primeiro foi o fantasma, agora vocês?! O que está acontecendo com as pessoas dessa cidade?! O que está acontecendo comigo?! Isso é ridículo. – Eu disse me levantando irritada.

—Bella, espere! – Sam me abordou, e eu o encarei. – Sabemos quem você é, mas precisamos que você acredite em nós e ajude a si mesma.

—Olha, eu sei quem eu sou, e eu sinceramente não estou afim de falar com vocês, me deixem em paz. – Saí em disparada pela porta voltando o mais rápido que podia para casa.

Joguei as chaves no sofá e subi para meu quarto pulando em minha cama fofa e macia. Tirei os sapatos e fitei o teto.

Senti um frio na espinha e uma leve sensação de que eu não estava sozinha, mas aquilo não me assustou, meu cordão por outro lado pulsava mais do que tudo, parecia querer me fazer notar algo, ou alguém, foi então que eu o vi de novo.

—Isabella, tente se lembrar, aceite a ajuda, você precisa saber quem você é.

Dito aquilo, Damon, o fantasma de guerra desapareceu, ele estava claramente fraco e havia algo de diferente em seu tom de voz, havia desespero, e uma certa aclamação por ajuda.