Isabella

Acordei sentindo o sol das seis invadindo meu quarto bem de leve, levantei-me da cama e me dirigi ao banheiro onde encarei minha face no grande e espaçoso espelho que eu tinha no mesmo.

Era visível meu cansaço e minha irritação, afinal, passei boa parte da noite pensando nas palavras ditas pelos irmãos Winchester e pelo fantasma que novamente voltou a ativa.

Suspirei e fiz minha higiene matinal, eu estava decidida a encarar os meus problemas, e o maior deles no momento era as dores de cabeça e a minha suposta visão apurada demais. Sei que não seria fácil encontrar os Winchester novamente, mas se eles estavam realmente dispostos a me ajudarem, sem sombra de dúvidas deixariam ser achados com facilidade.

Troquei minhas roupas após uma boa ducha e desci as escadas rumo a cozinha, tomei meu café com calma e curti o meu breve momento de paz, Charlie voltaria somente no fim do dia, o que me dava 12 horas para encontrar os irmãos e resolver minhas pendências.

Peguei a chave da caminhonete e sai de casa, liguei minha companheira mas desligando-a logo em seguida. O que eu estava pensando em fazer?! Sair sem rumo?! Procurar por dois caras que eu conheci ontem e mal, mal sei o nome, apenas?!

Como se para responder essas perguntas, o valentão, Dean, apareceu no meu lado, me forçando a abrir a janela do carro.

—Estava indo a nossa procura? – Ele ofereceu seu melhor sorriso.

—Tem algo sobre minha vida e sobre meus pensamentos que você e seu irmão não sabem?! – Ironizei soltando um sorriso.

—Vejo que hoje você está melhor, pensou no que te falamos ontem? – Dean pareceu animado.

Decidi não contar sobre o fantasma, de alguma forma eu sentia que estaria fazendo mal ao soldado se eu relatasse nosso último encontro para os dois irmãos.

—Sim, pensei, e acho que preciso de respostas, então acho que precisamos conversar. – Falei enquanto saía do carro.

Sam apareceu pela primeira vez, trazendo consigo um notbook e uma sacola cheia de porcarias. Parecia que teríamos um dia longo.

Abri a porta de casa e gesticulei para que os dois entrassem, os direcionei para a sala de estar e começamos o que seria o diálogo mais decisivo e importante de todos.

—Tudo bem, aqui estamos, estou com a mente aberta para as explicações de vocês, afinal, eu tive mente aberta para compreender a existência dos vampiros porque não agora?! – Eu comecei. – Fiquem a vontade sou toda ouvidas.

—Vamos por partes e com muita calma, antes de falarmos qualquer coisa, precisamos que você deixe de acreditar em todas as histórias que diziam sobre você e sua vida. – Sam começou.

Aquilo seria fácil, eu já tinha certeza que minha vida era uma mentira, e as palavras de Sam só me fizeram crer ainda mais nisso.

Assenti sem pestanejar o que pode ter intrigado um pouco os dois.

—Então lá vamos nós – Sam soltou um pigarro – Tudo teve início em meados de 1400, existia um homem pertencente a uma família nobre e grande na época, ele e seus irmãos através de sua mãe que era uma bruxa, sim Bella, bruxas também existem, se transformaram na primeira linhagem de vampiros do mundo, o chamamos de Originais, contudo, as coisas começaram a sair do controle e o pai deles viu que estava criando monstros dentro de casa e teve a ideia de caçá-los, um por um, antes que as coisas ficassem ainda mais complicadas. – Sam de uma pausa.

—Com isso, os irmãos se separaram e seguiram cada um para seu canto com o intuito de fugirem do pai que não media esforços para caçá-los. Mas não é sobre esse conjunto familiar que você tem que focar, e sim, em um único homem, o seu pai, Bella. – Dean tomou a palavra continuando assim que notou a mega exclamação estampada em meu rosto. – Seu pai biológico é um vampiro original, sua mãe foi transformada por ele assim que você nasceu, todavia, você também possui sangue de bruxa nas veias por conta da sua avó. – Ele parou novamente.

Eu estava atônita, eu sabia que existia uma parte do meu passado que eu não conhecia, mas eu já comecei a me questionar se minha ideia de procurar respostas era boa de fato.

—Deixa eu ver se entendi – Respirei fundo. – Meu pai é um Original, e minha avó é uma bruxa, eu nasci por volta do ano de 1400 e tenho sangue de vampiro e bruxa nas veia, é isso mesmo?

—Sim! – Eles responderam em coro.

—E como explicam eu estar aqui agora, e mais, eu não me lembrar de nada disso? – Questionei.

—Esse é o ponto crucial da história, de alguma forma você está envolta a uma maldição, Bella, uma maldição que não sabemos ao certo no que consiste, mas de alguma forma, você está viva até hoje devido a sua parte vampira, que mesmo inativa te permite viver por toda eternidade, e a sua parte bruxa também inativa, te ajuda a parecer uma garota normal, eu sei, é confuso demais, mas com o tempo você vai entender e vai conseguir  suas respostas, vamos te ajudar com isso. – Sam falou com cuidado.

—Uau, isso é...loucura. – Eu arfei. – E como explicam meu coma, Renné, Charlie..?! – Eu precisava saber, eu precisava entender minha história.

—Bella, você foi encontrada na rodovia no início de 2015, você tinha sofrido um acidente e desde então você estava em coma no hospital, a única coisa que você trazia consigo era seu cordão de estrela. – Sam apontou pro meu cordão.

Me vi segurando-o automaticamente.

Aquilo era uma baita de uma loucura, mas no fundo, uma parte de mim sabia que aquilo que eu acabara de ouvir fazia total sentido.

—Olha, acho que vocês sabem que isso é difícil de engolir, mas acho que preciso saber se isso que estão dizendo é verdade, preciso ficar sozinha. – Eu disse depois de dois longos minutos.

—Nós entendemos, voltaremos quando quiser, vamos deixar nosso número com você, estaremos na cidade. – Dean se levantou juntamente com Sam.

—É...então é isso...obrigada, eu acho. – Abri a porta para os dois.

Assim que me vi sozinha os pensamentos vieram igual uma grande e intensa cachoeira em minha mente.

Não é todo dia que descobrimos que sua vida toda é uma mentira, que você não é quem você achava que fosse, que sua mãe na verdade não é a sua mãe, que seu pai, bem, ele não é o homem que você sempre pensou que fosse.

São tantas perguntas, tantos buracos a serem preenchidos, porque isso tudo está acontecendo agora?! Porque eu não fui transformada por James?! Porque ele me disse que agradeceria por aquilo um dia?! Porque, porque, porque?!

Meu cordão começou a pulsar e a marca da mordida de algumas semanas começou a arder, me fazendo soltar um gemido de dor.

—Você está condenada a viver na dor, sem amor, sem família e sem seus preciosos dotes...

Algo em minha mente ecoou e eu apaguei sem motivos.