Isabella

Foram nada mais nada menos do que oito horas de vôo, e aquilo pra mim durou como uma eternidade. O ar puro da Virginia me fez pensar o porque de não ter vindo antes, ainda no avião eu podia notar enquanto ele fazia seu pouso, o quão pequena e aconchegante era Mystic Falls, de certa forma, aquele ambiente me transmitia o sentimento de estar em casa, e de fato eu estava.

O avião concluiu sua descida de forma suave, e aos poucos eu fui começando a alimentar pensamentos do tipo: O que de fato estou fazendo aqui? A quem devo procurar? E porque? Suspirei. Desci do avião e peguei minha pequena e única mala, segui a passos lentos para a saída do aeroporto quando alguém um tanto sumido resolveu dar as caras.

—Lar doce lar. – Damon deu seu sorriso torto e eu pulei.

—Não pode sumir e aparecer assim do nada. – Falei alto atraindo a atenção de algumas pessoas que me olharam como se eu fosse louca ou algo do tipo.

—Deixe para extravasar sua raivinha quando estivermos sozinhos. – Ele me lançou uma piscadela.

Bufei.

Peguei um taxi e pedi para que ele me levasse à algum hotel da cidade, precisava organizar algumas coisas e ter uma conversinha com um certo fantasma.

—Okay, pode ir falando, porque sumiu durante esses 4 meses? – Eu perguntei assim que tranquei a porta do quarto.

—Não queria atrapalhar seu conto de fadas, Isabella. – Damon tinha um semblante venenoso no olhar.

—Você se afastou de mim por causa do Winchester? – Perguntei já sabendo a resposta.

—Ele estava me caçando, queria o que?! Que eu ficasse do seu lado enquanto vocês se pegavam?! Era questão de tempo até você dar com a língua nos dentes. – Damon cuspiu.

—Está realmente insinuando que eu trairia você? – Perguntei me arrependendo logo em seguida, pois aquilo não soou tão bem.

—Não é como se você já não tivesse o feito. – O demônio deu de ombros.

Aquilo doeu, Damon sabia sobre meu envolvimento com o Winchester, e como ele insiste em dizer que temos um passado ele acredita que aquilo soou como uma puta traição de minha parte.

—Olha, não vamos discutir certo?! Preciso me organizar, não sei por onde começar. – Falei bagunçando meus cabelos.

—Porque não tenta pelo começo? – Damon riu e eu o fuzilei com o olhar – Certo, não sei se cheguei a te contar mas eu sou um Salvatore...

—E o que isso importa no momento? – Arqueei as sobrancelhas.

—E...que minha família é fundadora de Mystic Falls, porque não tenta procurar pelo meu irmão?! Talvez ele esteja por aqui, se ele estiver vivo. – Damon falou ironicamente.

—E o que eu falo quando eu encontrar com ele? “Oi, tudo bem?! Sou Isabella, Bella Mikaelson, namorei seu irmão na primeira guerra mundial e ele foi morto e virou um fantasma, podemos conversar sobre isso?” – Falei irônica.

—Dios Isabella, o que há com você?! Hormônios?! – Ele revirou os olhos – Procure pelo Stefan quando chegarmos lá eu direi tudo o que você deve falar.

—Vou ser uma bonequinha? – Revirei os olhos.

—Para de ser infantil, agora se arrume, temos uma visita a fazer. – Damon disse sumindo logo em seguida.

Respirei fundo e desfiz as malas, consegui encaixar minhas roupas perfeitamente na pequena cômoda que existia ali e me senti feliz por isso.

Tomei um banho quente e sai do mesmo enrolada na toalha, sequei meus cabelos e encarei minha face no espelho, suspirei. Coloquei um jeans, uma regata e uma jaqueta, calcei meu tênis e penteei meus cabelos, estava pronta.

Sentei-me na cama e chamei por Damon, o mesmo apareceu ao meu terceiro chamado.

—Ora, ora, que bela donzela nós temos aqui?! – Ele sorriu.

Revirei os olhos e fiz uma careta.

—Ok, vamos. – Ele saiu e eu o segui.

(...)

—Damon, me lembre de pegar um táxi na próxima vez que você cismar de me levar em algum lugar. – Eu disse visivelmente cansada.

—Ah não seja mole, Isabella, estamos quase chegando. – Ele disse com um sorriso no rosto.

—Você disse isso a meia hora atrás. – Bufei.

—Chegamos resmungona. – Damon revirou os olhos apontando para uma mansão no estilo castelo no meio do nada.

—Uau, essa é a sua casa? – Falei chocada.

Damon assentiu e me levou até a porta.

—Certo, bata na porta e assim que ela abrir eu vou te passando suas falas em seu ouvido. – Damon combinou e eu assenti.

Bati na porta e esperei o equivalente a dois segundos para a mesma se aberta por um rapaz de alta estatura, cabelos loiros e olhos verdes e penetrantes.

—No que posso ajudar? – Ele perguntou desconfiado.

Encarei Damon mas ele só tinha olhos para o cara em nossa frente.

—Olá, irmão! – Ele deixou escapar com um sorriso triste nos lábios.

Tentei chamar sua atenção e ele voltou ao mundo sussurrando palavras logo em seguida.

—Bem, meu nome é Isabella, você deve ser o Stefan?! – Esperei até que ele assentisse. – Bem, eu sou amiga do seu irmão, Damon... – Aquilo bastou para Stefan me puxar para dentro da casa com a mesma rapidez que abriu a porta...vampiros.

Não me assustei, sou um imã para perigos.

—O que você sabe sobre ele? – Stefan me perguntou interessado.

Damon cochichou novamente.

—Bem, o que eu me lembro de Damon é algo muito vago, mas eu tive uma relação muito forte com ele na época em que ele desapareceu, na verdade, acho que em parte, eu tenho culpa nisso. – Repeti as palavras e em engoli seco, serio que eu disse isso?!

—Espera, você é A Isabella. – Stefan pareceu entender o contexto daquilo tudo.

—Como? – Perguntei confusa.

—Eu sei sobre você, você e meu irmão se relacionaram na primeira guerra mundial, e parece que algo o fez desaparecer e fez você perder a memória ou algo do tipo. – Stefan disse se sentando e eu segui seu exemplo.

—E como sabe que eu perdi a memória? – Perguntei interessada.

—Desde o desaparecimento do meu irmão eu passei a te procurar igual um louco, precisava saber o que tinha acontecido, o motivo do meu irmão ter sido morto, ainda mais pelas condições, ele era um vampiro e você também. – Stefan começou – Mas minha busca logo cessou quando eu recebi a notícia que você havia sido morta pouco tempo depois, aquilo me intrigou e eu acabei continuando a procura, não obtive sucesso e a partir da década de 80 eu decidi não procurar mais. – Stefan soltou uma respiração pesada.

Damon estava do meu lado, mas parecia ter deixado a conversa sob meu controle e assim eu fiz.

—Eu não me lembro de nada disso, na verdade eu não lembro do meu passado, lembro somente de uma maldição que me foi lançada aparentemente pela minha avó por volta do ano de 1400 e de ser um tipo de hibrida, vampira com bruxa, mas ao que tudo indica eu não tenho nenhuma dessas partes ativadas. – Eu contei o pouco que sabia. – É tão frustrante não saber quem eu sou.

Stefan se posicionou ao meu lado e me encarou.

—Se você é parte bruxa, talvez se desenvolvermos seu lado bruxa você possa descobrir o paradeiro do meu irmão. – Stefan pareceu esperançoso.

—Stefan, eu consigo ver seu irmão, ele aparece para mim em forma de fantasma. – Eu disse rapidamente.

—Mas o que...? – Stefan demonstrou confusão.

—Desde que eu passei por um processo de término de namoro com um vampiro de outra raça, eu venho tendo dores de cabeça, dores fortes, e no mais tardar dos dias eu comecei a ter visões do seu irmão, ele fala comigo diariamente, ele me falou de você, e ele está aqui no momento. – Eu falei com cautela.

Damon me olhava compreensivo.

—Espera, ele está aqui, agora? – Stefan parecia chocado.

—Sim, ele está aqui, mas parece que somente eu consigo vê-lo. – Eu constatei. – Stefan, eu preciso de ajuda, preciso saber quem eu sou, talvez eu possa ajudar Damon. – Eu disse um tanto desesperada.

Stefan pensou um pouco, parecia estar procurando na memória algo, ou alguém a quem recorrer, e logo um nome escapou em seus lábios.

—Vamos encontrar, Bonnie Bennet.