A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 77
Novos Horizontes - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

A nova equipe contendo Gorgar, Kayan e Thays recebem a difícil tarefa de derrotar um taurino rei deposto. E a maior dificuldade é que ele é ainda mais forte do que eles supunham no início da missão.



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Capítulo 076

Novos Horizontes (Parte 2)

Sentindo muita dor, Kayan recuou alguns metros de seu inimigo. Usando um visgoon, fez com que raízes surgissem da terra e imobilizassem seu braço direito.

— Esse maldito é muito forte, tomem cuidado – avisou apenas por força de habito.

Thays foi a primeira a agir contra o recém chegado oponente. Uniu ambas as mãos na frente do corpo e conjurou um poderoso crisis katris. As chamas se precipitaram contra o taurino e causaram uma grande explosão. Antes disso acontecer, porém, ele já havia saltado uns dez metros de altura e escapado de qualquer dano.

A partir daquele momento os magos puderam sentir o grande poder da aura do oponente. Aquilo significava que a força que ele havia utilizado contra Kayan era apenas sua força física e deveria ter se tornado ainda maior com a amplificação fornecida por sua aura.

O taurino havia saltado para escapar da ofensiva, mas não era apenas isso, ele havia saltado para frente em direção à Thays. Caiu logo em frente à maga de fogo e a onda de choque fez com que os cabelos longos e azulados da garota se agitassem. Ele desferiu um poderoso golpe com o punho fechado, mas a jovem maga já estava preparada para isso e se esquivou eficientemente.

O próximo ataque foi um golpe de cima para baixo, mas a Cyren conseguiu evitar esta investida da mesma maneira e, desta vez, saltou sobre o braço do oponente e depois para cima, girando no ar e ficando de cabeça para baixo. Sua intenção era atacar, mas mudou de ideia quando ouviu um grito de Kayan.

— Thays!

A garota nem precisou olhar para o lado, pois a aura de seu amado indicava que um poderoso feitiço estava a caminho. Ele sabia que ele apenas desejava que ela se afastasse e utilizou um jinn para isso. O taurino nem se mexeu com a rajada de vento, mas a Cyren conseguiu se lançar uns seis metros na diagonal para o alto.

O brilho enegrecido de um durhan tangrea preencheu a noite quando o raio de energia negra cortou o solo em busca de seu inimigo. Kayan utilizava apenas seu braço esquerdo, mas havia tido tempo para juntar uma boa quantidade de aura a ponto do feitiço causar um enorme estrondo quando se chocou contra o escudo de energia que seu inimigo havia criado.

Um embate de poder teve seu inicio. Kayan forçava a defesa do oponente, que estava sendo empurrado para trás lentamente. Apesar do esforço, o mago negro sabia que não tinha força o suficiente para penetrar as defesas do taurino, mas aquilo não seria necessário.

Nesse meio tempo, Gorgar conjurou um durhan crisis apontando ambas as mãos para o inimigo. Uma massiva quantidade de chamas negra surgiu em formato de uma labareda e se dirigiu contra o franco do bárbaro. O taurino, por sua vez, abriu os braços e fez com que seu escudo de energia se expandisse para defender ambos os ataques ao mesmo tempo.

— Incrível! – foi tudo o que Thays conseguiu dizer enquanto cogitava a hipótese de atacar também.

Para unir-se a ofensiva, ela correu em perpendicular ao raio que Kayan lançava e saltou sobre ele. Sua ideia era atacar o outro franco e desta maneira seu oponente não teria como se defender.

O taurino antecipou o problema que teria e decidiu evitar aquilo em meio a uma manobra arriscada. Reuniu toda a força e aura que podia dispor em suas pernas e saltou para trás. Ao realizar aquela manobra, parte das chamas negras lhe castigaram. Além disso, o raio de energia destrutiva o atingiu em meio a uma descarga que afetou todo o seu corpo.

Aquilo era uma vantagem para os mestres de Drugstrein, mas os dois magos negros haviam se desgastado consideravelmente em suas últimas investidas e precisavam de um momento para descansar. Thays poderia atacar, mas ficou um tanto quanto perdida diante de um inimigo tão poderoso.

O taurino estendeu uma de suas mãos para frente e as chamas envolveram seu braço para, então, convergirem em uma pequena esfera de chama que flutuava sobre a palma de sua mão aberta.

Sem pensar duas vezes, Kayan avançou contra o taurino, que já havia saltado o mais alto que pode para poder lançar seu feitiço.

— Thays, comigo!

A garota não conhecia o feitiço do inimigo, mas pela expressão preocupada que via na face do namorado e a quantidade de aura que sentia vindo daquela esfera sabia que seria algo muito forte. Correu em direção de Kayan no exato momento em que o taurino gritou Taz Rashon e lançou a esfera de fogo contra ele. Ela expandiu-se no ar e caiu como se fosse um meteoro.

Kayan e Thays uniram-se para conjurar uma barreira de energia. Tiveram que utilizar toda sua força para conter a queda daquele pequeno meteoro. Eles estavam perdendo, então o Atreius forçou-se a levantar seu braço direito para mandar mais aura para sua defesa. Abafou um gemido de dor enquanto Thays olhava para ele preocupada.

Sem poder fazer nada para ajudar os amigos, Gorgar concentrou-se em eliminar o inimigo que os ameaçava. Uma labareda de fogo negro tão forte quanto a anterior foi lançada contra o taurino, que caia no chão naquele momento e conjurava um aurus pinn para se defender.

Assim que seu feitiço atingiu o inimigo ele percebeu que a defesa não estava tão forte quanto a anterior. O Magnum chegou a conclusão de que ele havia gasto muito de sua energia naquele feitiço anterior.

Nesse meio tempo o meteoro já havia explodido em volta da barreira criada por Kayan e Thays. As chamas envolviam o casal, mas o pior já havia passado.

— Pode deixar comigo agora – disse Kayan com certa dificuldade.

Relutante, a Cyren decidiu confiar no Atreius como sempre fazia. Ele manteve a barreira sozinho enquanto ela respirava. As chamas começaram a se extinguir e só assim ele pode desfazer as defesas.

Quando puderam ver a batalha novamente, perceberam que Gorgar forçava seu feitiço para penetrar as barreiras do adversário. Aquele era a técnica que Arthuro havia ensinado para ambos e que fazia com que as chamas negras penetrassem em objetos sólidos ou barreiras de energia.

Ao perceber que não conseguiria repelir o feitiço do adversário e que poderia ser atacado pelos dois que haviam sobrevivido ao seu Taz Rashon, o taurino manteve sua barreira apenas com o braço esquerdo enquanto erguia o direito em direção à Gorgar.

— Raz Rashon!

Assim que o taurino gritou o nome de seu feitiço, uma poderosa rajada de fogo se precipitou contra o mestre da esfera da destruição. Gorgar viu-se obrigado a saltar para trás para evitar ser atingido pelas poderosas chamas.

O rei deposto havia obrigado seu oponente a cessar sua ofensiva, mas aquilo lhe custara severas queimaduras em seu braço esquerdo. Ele urrou com a dor enquanto suprimia as chamas negras antes que chegassem a seu tórax.

— Agora Thays – disse Kayan, ofegante devido ao esforço em conter as chamas do Taz Rashon – acabe com ele!

Apenas naquele momento ela entendeu porque ele queria terminar de defender os dois sozinhos. A garota avançou enquanto conjurava uma centena de labaredas de fogo. As chamas surgiam como pequenas esferas atrás dela e ao seu lado e logo se alongavam tornando poderosas labaredas que subiam para o alto para depois cair sobre seu oponente.

Com o braço direito o taurino criou um escudo de energia sobre si para conter a chuva de fogo que se precipitava. A Cyren, então, apontou para ele com a palma da mão direita aberta e conjurou um crisis katris. Na intenção de conter a nova ofensiva, o taurino expandiu sua barreira de energia para cobrir a parte de cima e da frente. A explosão foi tão forte que rompeu sua defesa mágica e o atingiu diretamente. Ele apenas não se feriu seriamente por ter uma aura muito forte protegendo seu corpo.

Thays continuou com sua ofensiva. Para tal, movimentou seu braço em um movimento circular na diagonal e enquanto conjurava uma lâmina de fogo. Já desestabilizado devido aos feitiços anteriores, o taurino foi atingido em cheio. A mestre do fogo continuou conjurando seus feitiço enquanto se aproximava do inimigo.

Naquele momento Gorgar começou a avançar para ajudá-la, mas Kayan fez um sinal para que ele parasse. Queria ver a namorada lutar sozinha, pois fazia muito tempo que não conseguia vê-la num combate de verdade.

Apesar de muito ferido, o rei deposto encontrou espaço para contra-atacar.

— Raz Rashon!

Uma poderosa rajada de fogo foi dirigida contra Thays, mas a garota esquivou-se da ofensiva. Mais um feitiço foi conjurado pelo oponente e mais uma vez ela o evitou com certa facilidade.

O taurino, então, avançou contra a Cyren. Todos perceberam como os ferimentos estavam lhe custando caro e ele estava mais lento do que no inicio do combate. Apesar do golpe ainda ser poderoso, Thays conseguiu se esquivar com certa facilidade e, após isso, conjurou um crisis katris.

A explosão atingiu o peito do taurino em cheio. Aquele poderia ter sido o fim do combate, mas a garota utilizou pouca aura porque não queria ser atingida na explosão do próprio feitiço. Aquela desestabilização, entretanto, foi suficiente para que ela conjurasse outra lâmina de fogo. Daquela vez ela o fez na horizontal e aquele foi o feitiço final que decapitou o taurino.

Thays suspirou aliviada quando viu que seu inimigo pendeu para o lado direito enquanto sua cabeça caia para a esquerda. Aquele era um oponente muito mais forte que ela e a vitória só foi possível graças aos ferimentos que ele já havia sofrido e o desgaste da luta até aquele ponto. Apesar disso, ela estava lutando com o máximo que podia fazer.

— Isso foi incrível, Thays. Sabia o quanto você era talentosa e esforçada, mas não sabia que lutava assim tão bem.

— Obrigada, Gorgar, mas só consegui vencer porque me ajudaram.

— Ele era um oponente formidável. Fico imaginando como o shaman que se tornou rei ao derrotá-lo deve ser forte. Talvez seja quase tão forte quanto o general Turenhead.

— Pelo que me lembro você e Spaak o enfrentaram durante a guerra – Gorgar acrescentou uma informação ao comentário de Kayan.

— Nós apanhamos dele, você quer dizer. Se o granmestre Radamanthys não tivesse aparecido naquele momento não estaríamos tendo esta conversa agora.

— Kayan, seu braço está quebrado? – indagou Thays, mudando o assunto.

— Acho que sim.

— Deixe-me ver.

Enquanto ela se aproximava dele, Kayan desfazia as raízes e retirava o sobretudo cuidadosamente para não se ferir ainda mais. Segurou o braço enquanto ela o verificava. A dor começou a diminuir conforme ela conjurou um ressin.

— Você consegue curar isso?

— Acho que sim. Venho praticando magia branca com a Katherine nessa última lua. Nenhum mago consegue nada além de um ressin se não for um mago branco, mas agora sou capaz de curar quase tudo. Mas para curar ossos quebrados eu levo mais de meia hora.

— Isso é incrível. Mesmo magos brancos levam vários minutos para curar ferimentos desse tipo com um ressin e como o ressinjar só é conjurado pelos melhores, podemos dizer que você consegue o máximo que um mago de outra esfera consegue com magia branca – elogiou-a Gorgar.

— Essa é minha garota! – disse Kayan, orgulhoso.

— Sim, sim, e sua garota precisa que você fique quieto pra que eu possa terminar isso aqui.

Apesar do pedido da Cyren, Kayan não resistiu à vontade de beijar a testa da garota.

Após atestado a segurança do local, os magos montaram acampamento para passarem a noite. Na manhã seguinte, rumaram diretamente para a cidade mais próxima para reportar ao nobre local sobre a missão cumprida e retornar à Drugstrein.

— Vocês podem ir na frente, tenho alguns assuntos à resolver aqui no norte.

A afirmação de Kayan provocou uma expressão confusa nos outros dois mestres, principalmente em Thays.

— Assuntos a resolver? Então ficarei com você e voltaremos juntos para Drugstrein mais tarde.

Diante da sugestão da namorada, Kayan ficou um pouco sem jeito de explicar seus motivos para querer resolver seu assunto sozinho.

— Não sei se você irá querer ir comigo. Aqui no norte fica a fazenda onde os pais da Sarah vivem.

Kayan observou atentamente o rosto da Cyren na tentativa de deduzir um pouco do que ela sentia após receber aquela informação. Apesar disso, seu rosto não mostrou nenhum sinal de ter se perturbado com aquilo.

— Entendo. Você não se despediu dela depois daquilo e ela foi enviada para sua família. Irei com você assim mesmo – respondeu ela, determinada.

— Se não se importam, irei voltar para Drugstrein com o balão – disse-lhes Gorgar.

— Não se preocupe. Iremos comprar dois cavalos e pode ser que demoremos uns dez ou onze dias para voltarmos.

E assim o fizeram. O casal procurou por dois bons cavalos nos ranchos locais e Kayan comprou-os, mais tarde poderia revendê-los em Bereth, ou então simplesmente entregá-los aos Beren.

* * *

Kayan não se lembrava exatamente onde ficava a fazenda, por isso durante o primeiro dia apenas cavalgaram até o reino de Derammin para passar a noite e começar a procurar pelas redondezas na manhã seguinte.

O mago negro temia que aquela estranha viagem pudesse causar algum estranhamento entre ele e Thays, mas a garota continuou agindo normalmente como se aquela fosse uma viagem de passeio comum.

Quando encontraram a fazendo na metade do dia, Kayan a reconheceu devido ao relevo e as construções.

— É aqui – afirmou.

— Tem certeza? Parece bem parecido com as outras fazendas pela qual passamos.

— Elas são bem parecidas mesmo, mas tem alguns detalhes que eu reconheço. Vamos lá.

Eles cavalgaram até as cocheiras dos cavalos, mas não havia ninguém ali para recebê-los, então Kayan mesmo amarrou os dois cavalos junto com os demais e deixou-os para descansar e se alimentar ali.

Quando se aproximaram da casa avistaram um rapaz magro e de cabelos castanhos cortados em forma de franja que quase lhe tampava os olhos.

— Armim, ah, ola – cumprimentou o mago negro meio sem jeito.

O rapaz correu até eles rapidamente.

— Kayan... eu não esperava te ver de novo.

Apesar das palavras serem dirigidas ao mago negro, a atenção do rapaz estava voltada para Thays, ao seu lado. Incomodada, ela fechou seu sobretudo e o abotoou.

— Quem é essa moça?

— Essa é a Thays Cyren. Ela é uma mestre em Drugstrein, assim como eu.

— Olá Armim – disse ela.

— Oi. Vou chamar minha avó, esperem aqui.

O casal observou o rapaz se afastar antes de voltarem a conversar.

— Kayn, acho melhor não falarmos para eles que estamos juntos – sugeriu a garota. – Podem pensar que você não se importava muito com a Sarah na verdade.

— Tem certeza disso, Thays? Você não ficará chateada?

A garota fez sinal negativo com a cabeça enquanto falava.

— Está tudo bem. Só não quero decepcionar essas pessoas. Esse garoto meio tarado parecia gostar muito de você.

Kayan não pode evitar rir perante o adjetivo que a namora utilizou para descrever o outro rapaz.

O primeiro que saiu da casa, entretanto, foi Artou. O rapaz caminhava rapidamente em direção à Kayan e a primeira coisa que ele fez foi acertar um soco no rosto do Atreius, que caiu sentado no chão.

— Como se atreve!

Ao dizer aquelas palavras, Thays segurou o braço do rapaz com força usando sua aura. Tudo o que ele pode fazer foi olhar assustado para garota.

— Tudo bem, Thays, acho que eu mereci isso.

— Mereceu mesmo seu cretino! Como se atreve a aparecer aqui depois de quatro luas que você deixou minha prima morrer?

Kayan levantou-se lentamente enquanto limpava o pouco de sangue que escorria do canto da boca.

— Já chega Artou. Já descontou sua raiva e Kayan até mesmo deixou que você o atingisse sem que ele utilizasse a aura para anular o impacto do golpe.

Quando a senhora de cabelos longos e acinzentados falou, Artou pareceu se acalmar e Thays soltou-o. Lia, então, se aproximou do pequeno grupo em silêncio.

— Como você está, Kayan? Imagino que deve ter sofrido muito quando ela partiu.

— Estou bem, senhora Lia. Eu fiquei muito mal quando ela se foi. Tanto que só agora tive coragem para vir até aqui me despedir da maneira certa. Eu... eu não queria ter que vê-la sem vida. Preferi guardar a memória dela viva e feliz.

— Eu te entendo. Meu neto pode não entender, mas eu entendo. Entendo, também, os perigos que envolvem a vida de um mago. Não leve a sério as palavras de Artou. Nós não lhe culpamos pelo que aconteceu.

— Muito obrigado, senhora Lia. Ah! Ia me esquecendo. Esta é a Thays, ela é da minha equipe em Drugstrein.

— Uma Cyren, posso dizer pela cor de seus cabelos.

— Sim, senhora Lia, uma Cyren. Meu primo é o granmestre Sakuro.

— Um sobrinho e uma prima de granmestres. Parece que esta fazenda esta ficando importante com essas visitas. Venham, entrem, vamos comer alguma coisa.

O casal entrou na humilde casa pra o almoço. Com exceção de Artou, ninguém ali culpava Kayan pela morte de Sarah. Mesmo seu pai e sua mãe reconheceram o quanto a filha era feliz na ordem e com rapaz e julgavam aquilo como nada mais do que uma fatalidade.

Após a refeição, Kayan e Thays caminharam até um pequeno cemitério que havia na propriedade, um pouco afastado da casa. Ali ficavam enterrados os ancestrais da família de Sarah. Era um local bonito, constituído de um campo gramado e repleto de flores silvestres. Pequenas lápides de pedra permeavam o ambiente.

Eles ficaram alguns minutos ali em frente.

— Sabe, Kayan, eu também fiquei muito triste quando a Sarah se foi.

— Eu sei disso, Thays. Por mais que vocês duas tivessem suas diferenças, sei que uma se preocupava com a outra.

— Sabia que você iria me entender.

Após aquele breve momento, Kayan abaixou-se e retirou de seu bolso o anel de mithril que usava. Usou um clayn para abrir um pequeno buraco na terra e jogou o anel lá dentro antes de fechá-lo novamente.

— Sinto muito Sarah, mas não poderei cumprir nossa promessa. Você se foi e eu ainda estou vivo. Apesar disso, deixarei algo meu para que você se lembre de mim onde quer que você esteja.

Após isso, levantou-se e deu uma última olhada na lápide onde havia o nome da maga branca. Virou-se para ir embora.

— Vamos, Thays?

E a garota seguiu ao seu lado em silêncio.

Apesar de receber o convite para passar a noite, o casal despediu-se de todos antes do final da tarde e decidiu partir para Drugstrein. Lia foi a única que acompanhou-os até os cavalos.

— Espero que venham nos visitar mais vezes. E que vocês dois sejam muito felizes juntos.

O casal trocou olhares em meio à surpresa.

— A senhora percebeu? – indagou Thays.

— E acharam que conseguiriam me enganar? Kayan olha para você com o mesmo olhar apaixonado que olhava para minha neta.

— Eu...

O Atreius pretendia se justificar, mas foi interrompido por Lia.

— Não se preocupe com isso, meu jovem. Você ainda tem a vida toda pela frente. Era natural que encontrasse uma nova companheira. E devo dizer que você tem muita sorte com mulheres.

Ela, então, voltou-se para Thays.

— E você, minha jovem, cuide bem de Kayan, pois ele é um bom rapaz.

— Pode deixar, cuidarei.

— Obrigado por tudo senhora Lia. Até outro dia.

Eles, então, montaram seus cavalos e seguiram sua viagem de volta para Drugstrein.

* * *

Embora algumas palavras fossem trocadas eventualmente, durante todo o percurso o casal cavalgou de maneira silenciosa. Quando o sol começou a se por, começaram a procurar um local para acampar, uma vez que não quiseram perder tempo desviando o caminho para outra cidade.

Encontraram um local próximo a um pequeno lago e, enquanto Kayan montava o acampamento e conjurava um encantamento para evitar animais indesejados, Thays foi até o lago para tomar um banho.

Terminado seu trabalho, Kayan caminhou até o local e a observou um pouco de longe. A água encobria a garota quase completamente, deixando apenas seus ombros a mostra. Seus cabelos se espalhavam pela água, formando um leque azulado.

Lentamente Kayan despiu-se enquanto ela estava de costas e entrou no lago. Para ele a água chegava na altura do peito. Caminhou até a garota e procurou por sua cintura embaixo d’água. Envolvendo a cintura da garota gentilmente com ambas as mãos ele virou-a para si. Quando foi beijá-la, porém, Thays virou o rosto e apenas encarou a serenidade do lago.

— O que foi, Thays? Está tudo bem?

Antes de qualquer palavra, Thays levantou seu olhar e encarou o mago negro a sua frente.

— Kayan... o que eu sou para você? Sou apenas uma substituta?

Fez a pergunta que a incomodava desde o inicio da tarde.

— Como assim? Você é a minha namorada. A mulher que eu amo. Não é uma substituta.

— Você não se esqueceu dela. Não poderia. Sei que o que vocês sentiam um pelo outro era tão verdadeiro como o que eu sinto por você.

— Você tem razão. Eu não a esqueci. Mas ela não esta aqui agora. Eu segui em frente, Thays, e percebi o quanto eu gosto de você.

Percebendo que a garota ainda não estava convencida, Kayan fez um carinho no rosto dela antes de prosseguir com suas palavras.

— Acho que eu sempre senti alguma coisa a mais por você, Thays. Lembra-se quando estamos sozinhos no exame para mestres. Naquele momento eu percebi que tinha algo a mais entre nós. Se nós estivéssemos na mesma equipe desde o começo, talvez tivéssemos nos envolvido muito mais cedo.

— Não entendo o que quer dizer com isso.

— Acho que o motivo pelo qual eu escolhi a Sarah primeiro foi porque passávamos mais tempo juntos. Ela e eu passamos por muitas coisas juntos. Mas lá no fundo eu sabia que você sempre foi mais que uma amiga para mim. Por isso... por isso sempre te quis por perto, mesmo sabendo o quão egoísta eu estava sendo e talvez até mesmo te fazendo sofrer em me ver junto com ela.

— Eu ficava um pouco triste em ver ela ao seu lado ao invés de mim. Mas também não queria te afastar. Eu queria esquecer os sentimentos que eu tinha por você. Eu estava quase conseguindo, mas quando ela se foi e você ficou mal, se isolando naquele castelo em ruínas, quando eu te vi fragilizado daquela maneira eu sabia que não poderia te deixar.

— Eu te amo, Thays. Amo você de verdade, por tudo o que você já fez por mim e por você ser quem você é. Vou repetir. Você não é uma substituta. Você é a pessoa que está comigo agora, no presente, e é a mulher que eu amo.

— Obrigada, Kayan. Fico feliz que você seja sincero comigo.

O casal, então, se abraçou feliz em ter aquele momento apenas para os dois e a sua relação evoluindo cada vez mais.

— Ei, o que é isso me cutucando aqui embaixo?

Kayan afastou-se uns dez centímetros dela.

— Foi involuntário, mas não tinha muito que fazer. Nós estamos sem roupas e sentir seu corpo junto do meu...

Ele não terminou de falar, pois Thays avançou até ele e o beijou intensamente. Um beijo cheio de carinho, amor e desejo.


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Notas finais do capítulo

E aqui está o capítulo extra prometido. Gostaram do combate? Espero que tenha conseguido passar a dimensão das forças envolvidas nessa batalha envolvendo magia.

Mas o foco mesmo do capítulo acredito que tenha sido a concretização da relação entre Kayan e Thays. Espero que tenha sido possível transmitir bem os sentimentos dos dois.

E o próximo capítulo finalmente fechará o que considero como primeira parte da história, então não esqueçam de comentar o que tem achado de tudo até o momento.



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