A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 74
Sraths - Parte 7


Notas iniciais do capítulo

Kayan tem o filho de Kil-el-mih em suas mãos. Será isso suficiente para encerrar aquela batalha?



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Capítulo 073

Sraths (Parte 7)

O olhar que Kil-el-mih dirigia à Kayan era o do mais puro ódio. O Atreius esperava que a chance de salvar a vida do próprio filho fosse o suficiente para que o sumo sacerdote parasse aquela batalha, mas o que ele fez foi justamente o contrário.

Kil-el-mih reuniu uma grande quantidade de aura e conjurou um poderoso crisis. As chamas eram incrivelmente poderosas, elevando-se a mais de dois metros de altura e incinerando até mesmo o solo sem a necessidade de tocá-lo. Seu alvo: Thays.

Naquele momento Kayan percebeu que seu inimigo havia abandonado o próprio filho em troca de matar alguém que era muito querido por ele. O mago negro não hesitou diante daquilo e Kil-li-vih ficou uma cabeça mais baixo. Ao mesmo tempo, Thays reuniu toda a sua força em um escudo de energia que resistiu ao ataque do inimigo.

A Cyren podia sentir o calor intenso das chamas mesmo atrás de sua barreira de energia. Suor começou a descer pela sua testa e a umedecer a túnica que ela usava sob o sobretudo. Ela sabia que não resistiria muito tempo contra aquele feitiço poderoso, mas também sabia que apenas precisava resistir àquele impacto inicial.

Kayan agiu rápido para salvar a amiga e avançou contra Kil-el-mih para atingi-lo com seu giudecca. O sumo sacerdote percebeu sua aproximação e, em meio a um silvo alto e agudo, encerrou seu feitiço e saltou por cima do mago negro e para junto do corpo de seu filho.

Preocupado, o Atreius se aproximou de Thays para verificar como ela estava.

— Tudo bem, Thays?

Ela tentou falar, mas sua voz saiu tão rouca que era praticamente impossível entender. Ela, então, colocou ambas as mãos em volta da garganta e conjurou um ressin. Sua habilidade com cura não era igual a de um mago branco, então sua voz ainda saiu um pouco rouca, mas ao menos o ardor na garganta havia sumido.

— Um pouco cansada e tostada, mas bem. Vou ajudar a Nathie e o Karzus.

— Agora eu enfrento Kil-el-mih. Tome cuidado.

— Você também.

O sumo sacerdote observou a garota se afastando com certa raiva no olhar. Kayan ficou preparado para intervir caso ele tentasse alguma coisa, mas não foi necessário.

— Deveria ter aceitado minha proposta, Kil-el-mih. Você ainda sofre com os efeitos do durhan tangrea de nossa última luta e aposto que Thays lhe deu muito mais trabalho do que seu filho deu para mim. Vocês já perderam.

— Mesmo assim levaremos alguns de vocês. Um já morreu, o outro esta a beira da morte.

— Acho que vocês não são assim tão bons em ler a aura, principalmente de humanos. Nathie esta apenas inconsciente. Posso sentir algum resquício de sua aura. E Thays vai chegar a tempo de salvar Karzus. O restante de meus amigos também esta em uma disputa bem equilibrada.

Mais um silvo de raiva veio do srath. Kayan sabia que deveria tomar muito cuidado naquele duelo, pois seu adversário já não se importava com a própria vida.

* * *

A maneira como Gorgar lutava era quase desesperada e havia lhe rendido algumas queimaduras. Apesar disso, ele já havia conseguido derrubar um de seus oponentes.

Ele sabia que um de seus inimigos havia escapado para enfrentar Kayan, mas não havia nada que ele pudesse fazer quanto àquilo. Além disso, tinha confiança de que seria mais fácil para o Atreius enfrentá-lo do que estava sendo para ele.

Foi um grande alívio para ele quando viu que Thays corria em direção às muralhas onde Nathie estava. Aquilo não tirava a dúvida que martelava em sua cabeça, mas ele forçava-se a acreditar que a Durgan estava apenas inconsciente.

Seus oponentes, porém, não deram trégua para ele e continuaram a lançar suas chamas. Gorgar esforçava-se para se esquivar das investidas de seus oponentes e decidiu desfazer sua giudecca para ter as duas mãos livres para conjurar seu durhan crisis. A partir daquele momento ele lutaria mais defensivo até perceber uma boa oportunidade de eliminar um de seus oponentes.

* * *

Thays saltou sobre a muralha com facilidade. Viu Nathie caída bem atrás do centro da ação e sentiu uma aura muito fraca vindo dela, o que a deixou um pouco mais calma. Karzus tentava lutar contra os três ao mesmo tempo, mas seu braço esquerdo estava muito queimado e inutilizado no combate. Além disso, ele estava muito ferido.

Um dos altos-sacerdotes percebeu a presença da mestre assim que ela chegou para o combate. Antes que ele fizesse qualquer coisa, porém, foi surpreendido por uma rajada de fogo extremamente agressiva. Para aquele feitiço ela concentrou suas chamas em uma faixa bem estreita com um diâmetro de menos de cinquenta centímetros. Daquela maneira seu feitiço alcançava uma velocidade e temperatura muito maior. O srath nem teve tempo de se defender, uma vez que antes mesmo que criasse uma barreira já estava sendo atingido. A força do feitiço foi tão grande que o alto-sacerdote teve o peito trespassado pelas chamas.

— Sabe, eu estava cansada de apanhar daquele maldito sumo sacerdote. Acho que agora é a minha vez de bater um pouco.

Um dos sraths ainda tentou lançar mais um ataque contra Karzus na esperança de derrubá-lo antes que ele se unisse à Thays no combate. O garoto, já bastante debilitado, esforçou-se ao máximo para se afastar das chamas. Foi um alivio quando ele viu Thays saltando na sua frente e parando a agressão de seu oponente com um escudo de energia.

— Sei que você também não deve ser muito bom com magia branca, mas tente se curar o que puder e ajudar a Nathie.

Assim que as chamas que se chocavam contra sua barreira sumiram, Thays avançou contra seus oponentes. Um dos altos-sacerdotes tentou atingi-la com suas chamas, mas ela esquivou-se facilmente daquela agressão. Assim que o fez, contra atacou com uma forte rajada de vento que obrigou aquele oponente a se afastar.

O outro srath tentou derrubá-la com um crisis katris, mas Thays foi rápida em erguer uma barreira de pedras com um clayn. Alguns pedregulhos atingiram seu rosto quando sua barreira foi destruída, mas sua aura a protegeu de qualquer ferimento.

A Cyren, então, criou dezenas de rajadas de fogo que subiram em direção ao céu para caírem na forma de pequenos meteoros em seus inimigos. O primeiro que criou uma barreira sobre si para defender-se foi surpreendido com um ciris katris, que explodiu logo à sua frente, retirando-o definitivamente do combate.

O outro srath foi um pouco mais esperto e tentou esquivar-se daquele ataque ao invés de se defender. Apesar de sua manobra ter lhe dado alguma vantagem, viu-se obrigado a parar para bloquear, com um escudo de energia, uma rajada de fogo que Thays lançou contra ele de frente. Ele obteve sucesso naquela defesa, mas uma das chamas que caiam atingiu-o no ombro.

Já um pouco desesperado, ele tentou afastar-se da garota para ganhar um pouco mais de espaço para reagir. Ela não permitiu e perseguiu-o com sua grande velocidade. As chamas que ele lançava passavam bem perto de Thays, mas ela conseguia evitá-las ou se defender quando necessário.

Assim que chegou perto o suficiente, a Cyren conjurou um crisis e atingiu o inimigo. Como a distância era de menos de um metro, o srath não conseguiu se defender e acabou incinerado.

— Não gosto muito de matar desta maneira, mas entre essas serpentes e meus amigos...

Terminado o combate, ela aproximou-se de Karzus.

— Ela esta respirando, mas bem ferida. Precisamos de um mago branco.

— Para o seu braço também. Vamos levá-la para Ellien. Consegue lutar com apenas um braço?

Diante do aceno afirmativo que o rapaz lhe deu, Thays abaixou-se e colocou um dos braços sob as costas de Nathie e o outro sob suas pernas. Com o auxilio de sua aura levantou-a e levou-a sobre a muralha.

Quando voltaram para dentro do castelo, viram que Ellien e Lair haviam derrubado dois de seus oponentes e o rapaz duelava com o último deles, aparentando grande vantagem no combate.

— Ellien, rápido, a Nathie precisa de ajuda – disse Thays, com urgência.

— Gastei bastante da minha aura, mas ainda tenho o suficiente para curá-la. Karzus, seu braço...

— A dor é pior do que a aparência de um goblin, mas curar a Nathie é mais importante.

— Tudo bem – respondeu ela enquanto conjurava um ressin para tratar os ferimentos da Durgan. – Depois eu curo você também.

A próxima atitude de Thays foi ir para onde Cristallia e Mathen lutavam, ainda havia quatro inimigos e ela pretendia acabar com eles rapidamente e pedir para que Cristallia curasse seus próprios ferimentos.

Nesse meio tempo, percebeu que Gorgar já havia vencido seus adversários e corria para onde ela havia deixado Nathie sendo curada por Ellien.

* * *

Assim que Thays se afastou o suficiente, Kayan sentiu-se livre para atacar seu oponente. Avançou rapidamente enquanto conjurava seu giudecca. Apesar da grande vontade que o srath tinha de matar seu adversário, ainda mantinha-se cuidadoso e utilizava sua agilidade para esquivar-se dos ataques do Atreius.

Após várias tentativas por parte de Kayan atingir seu adversário, Kil-el-mih percebeu a boa oportunidade que tinha para contra-atacar o mago negro e reuniu sua aura em sua mão direita e conjurou um crisis katris diretamente na direção do peito do mago negro.

O Atreius foi lançado para trás até o meio do pátio do castelo, mas, diferentemente do que o srath esperava, ele caiu em pé. Só então ele percebeu um sorriso no rosto de Kayan e o escudo de energia que o mesmo mantinha com sua mão esquerda bem na frente de seu corpo.

— Não achou que eu cairia na mesma armadilha duas vezes, não é mesmo?

O srath silvou ainda mais alto do que antes. Ele parecia estar furioso e, de certa forma, Kayan entendia a dor que o outro deveria estar sentindo. Apesar de entender, isso não queria dizer que ele facilitaria a luta para seu oponente, afinal de contas, ele havia fornecido uma escolha para o sumo sacerdote.

Agora que eles estavam afastados, o srath tinha alguma vantagem e a utilizava conjurando diversos feitiços crisis contra o mago negro. Apesar de acuado, Kayan utilizava sua agilidade para se esquivar ou se defender dos ataques do oponente. Hora ou outra, porém, uma rajada passava muito perto ou ele não conseguia defender-se de maneira muito eficiente e sofria as consequências disso em sua própria pele.

Aquilo não fazia com que Kayan perdesse sua calma, pois para conjurar rapidamente como fazia o srath não podia utilizar muita aura e as queimaduras que Kayan sofria não eram graves, já que sua aura o protegia da maior parte do dano que elas poderiam causar.

O Atreius apenas esperava uma oportunidade para o contra-ataque e até mesmo havia desfeito seu feitiço giudecca. Ele já estava tão habituado a conjurá-lo que já o fazia quase que instantaneamente, possibilitando surpreender o adversário. Além disso, manter o feitiço ativo gastava mais de sua aura do que ficar desfazendo-o e conjurando novamente.

Percebendo que o inimigo não deixava aberturas, Kayan decidiu que deveria se arriscar um pouco mais e criar sua própria oportunidade de atacar. Para isso, começou a se afastar em direção a uma das torres do castelo para usá-la em seus objetivos.

Kil-el-mih tinha a oportunidade de alternar sua estratégia, mas isso poderia significar um combate corpo a corpo que não seria nem um pouco vantajoso para ele, principalmente por estar um pouco debilitado devido os danos que o durhan tangrea havia causado em seus músculos no último duelo. Com isso em mente ele tentou intensificar suas ofensivas, mas isso de nada lhe adiantou.

Assim que alcançou a torre, Kayan saltou para trás em direção à sua parede, assim que a atingiu, utilizou-a como base para criar uma ponte de gelo em direção ao inimigo. Ele estava a aproximadamente uns seis metros de altura.

— Uau! Quero aprender a fazer isso.

Karzus era o que estava mais empolgado em assistir o duelo e não desviava sua atenção mesmo com Cristallia curando seu braço. Todos estavam reunidos sobre as muralhas e deixaram o castelo todo para que Kayan e Kil-el-mih duelassem sem interferência.

— Mas você já sabe fazer isso – disse-lhe Mathen.

— Não rápido assim.

— É só uma questão de prática. Kayan nem é muito bom na esfera ryad – comentou Thays.

— Tem certeza que não devemos ajudá-lo?

Ellien questionou-os ao mesmo tempo em que curava os ferimentos de Thays, a última que faltava.

— Melhor não. Se fizermos isso Kil-el-mih pode fugir. Se algo der errado, Thays pode chegar até lá para ajudá-lo rapidamente.

Gorgar também já havia sido curado de seus ferimentos e segurava Nathie em seus braços. A garota havia acordado, mas ainda sentia-se fraca e dolorida.

— Pode me colocar no chão agora. Acho que consigo ficar em pé, mas só se você ficar abraçado em mim.

Seguindo o pedido de Nathie, que também queria assistir o duelo, Gorgar desceu a namorada carinhosamente e envolveu-a em seus braços para mantê-la em pé.

Enquanto os magos de Drugstrein observavam o combate, Kil-el-mih utilizou um crisis katris para destruir a torre onde Kayan havia apoiado seu feitiço de gelo. A estrutura começou a ruir, mas não antes do mago negro saltar para cima.

O Atreius conjurou um durhan tangrea de cima para baixo e um relâmpago negro surgiu para castigar o srath. O momento escolhido pelo mago negro foi o mesmo em que o sumo sacerdote conjurou seu crisis para que as labaredas de fogo subissem contra ele, que deveria estar vulnerável no ar. Para a infelicidade do reptiliano, feitiços de raio são mais rápidos que o de fogo e ele foi atingido antes que Kayan o fosse.

O feitiço durhan tangrea castigou o ombro esquerdo srath sem que ele tivesse qualquer defesa além de sua aura e causou um grande dano além de impedir que ele conjurasse qualquer feitiço contra Kayan, que já conjurava um giudecca para encerrar aquele duelo. Foi então que Kil-el-mih fez a única coisa que poderia fazer: explodir o solo logo a sua frente com um crisis katris.

A explosão fez com que o srath fosse arremessado para trás, mas também atingiu Kayan, que só pode contar com a sua aura para se defender. Ele desfez a lâmina negra enquanto rolava pelo chão na tentativa de absorver um pouco do impacto da queda.

— Esse maldito usou o mesmo que eu usei contra ele, safado!

Thays observava apreensiva enquanto Kayan levantava-se tossindo um pouco por causa do impacto. Ela percebeu que sua preocupação não era tão necessária, uma vez que o srath estava bem mais debilitado e quando levantou-se era perceptível que não podia utilizar seu braço esquerdo direito.

O Atreius aproveitou-se da situação e reiniciou a ofensiva com seu durhan crisis. As chamas negras avançaram velozes e obrigaram o srath ficar na defensiva. Kayan, então, começou a pressioná-lo feitiço após feitiço.

Kil-el-mih começou a se afastar em direção à muralha lateral do castelo para poder utilizá-la como cobertura. Assim que se aproximou, saltou com o auxilio da calda na intenção de pular por cima da fortificação.

Kayan já previa que ele fosse fazer algo assim e ao mesmo tempo em que o inimigo saltou, abaixou-se e tocou o chão para conjurar um clayn. Através daquele feitiço, ele manipulou as pedras da muralha que estava a pouco mais de cinco metros de distância para que se erguessem além do que o inimigo poderia pular. Quando se levantou, conjurou um giudecca em seu braço direito e avançou contra seu oponente.

Kil-el-mih, percebendo que seu caminho estava fechado, decidiu que utilizaria suas últimas forças em um ataque decisivo de tudo ou nada. Envolveu sua calda em chamas, impulsionou-se na ampliação da muralha que seu adversário havia feito e avançou contra o mesmo.

Kayan poderia ter se esquivado e golpeado seu oponente com sua lâmina negra, mas pensou em uma abordagem melhor. Passou o braço esquerdo sob o direito e conjurou um segundo giudecca. Utilizou esta lâmina para cortar a calda de seu oponente enquanto estocava a que estava em seu braço direito diretamente sob o queixo de Kil-el-mih.

— Giudecca dupla! – exclamou Gorgar enquanto ria. – Justamente quando eu achei que nada mais poderia me surpreender hoje.

O Atreius simplesmente desfez seus dois feitiços giudecca e se afastou do corpo de Kil-el-mih, cujo da cabeça restava apenas o crânio e o efeito da magia já se espalhava para o resto do corpo.

Os demais magos se aproximaram dele assim que o combate terminou. Ele passou o olhar para todos eles, para verificar se estavam bem, mas sua atenção maior foi para Nathie, que estava sendo carregada e se aninhava no peito de Gorgar.

— Como você está, Nathie?

— Bem, na medida do possível. Meu corpo todo dói e eu me sinto uma molenga, mas a Ellien curou todos os meus ferimentos.

— Ela estará bem assim que descansar – explicou a maga branca.

Cristallia, então, aproximou-se de Kayan e conjurou um ressin sobre ele. Como a garota também estava bastante cansada após curar tanta gente, aquilo poderia levar vários minutos. Antes mesmo de terminar, virou-se para os demais com uma expressão preocupada no rosto.

— P-pessoal estou sentindo uma aura muito poderosa se aproximando – disse ela, nervosa.

— Você tem razão – disse Kayan. – Vai chegar aqui em alguns minutos.

— Não estou sentindo nada – disse Thays. – Mais alguém?

Recebeu uma negativa dos demais ali presentes.

— É muito mais forte que a sua, Kayan.

— Naturalmente, ainda falta muito para eu chegar ao nível de um granmestre.

— Sim, agora que ele está mais próximo, também estou sentindo. Conheço bem a aura do meu primo.

— É o granmestre Sakuro, que alívio – disse Cristallia. – Tem mais uma atrás dele, muito poderosa também.

— Esta ainda não estou sentindo, mas deve ser a mestre Katherine.

Enquanto Cristallia terminava de curar Kayan, todos aguardaram até que Sakuro saltasse sobre a muralha para verificar todos ali. Assim que ele entrou no castelo, Thays correu até ele para abraçá-lo. O granmestre retribuiu o carinho e levantou-a no ar.

— Estava com saudades, primo.

Kayan uniu-se a eles para cumprimentar Sakuro. Surpreendeu-se quando o amigo puxou-o e abraçou-o com força.

— Sinto muito pela sua perda, e por não estar por perto.

— Não se preocupe com isso, conversaremos mais tarde.

Assim que cumprimentou os amigos mais próximos, Sakuro dirigiu-se a todos os presentes.

— Quero parabenizá-los por esta vitória e missão bem sucedida. Sabemos do poder de Kil-el-mih e seus seguidores e como deve ter sido uma dura batalha. Peço-lhes desculpas por deixarmos que eles escapassem de nós, mas eram mais de duas centenas de sraths e apenas uma equipe de vinte e um magos para suprimi-los. Foram seis luas de perseguições e batalhas e Kil-el-mih passou por nós nesse meio tempo.

— Não precisa se preocupar com isso, granmestre Sakuro, todos sabemos as dificuldades de uma guerra dessas proporções – disse Gorgar em nome dos magos ali presentes.

Naquele momento Katherine chegou e saltou sobre a muralha. Thays também a abraçou e Kayan a cumprimentou, embora com menor intimidade.

— Fiquei muito preocupada quando senti a aura de vocês em batalha quando estávamos a uns trinta quilômetros daqui. Sakuro resolveu vir na frente, mas parece que vocês venceram antes de chegarmos.

— Trinta quilômetros? Eu consigo sentir a aura a cinco e apenas se for muito forte – comentou Cristallia, impressionada.

— A mestre Katherine é incrível. Sei que a Sarah conseguia uma distância de uns dez quilômetros e ela era uma das melhores que eu conhecia. A maioria dos magos só consegue de uns oitocentos a mil e quinhentos metros – explicou-lhe Mathen.

— Quem sabe um dia chego perto dela.

Conforme os outros magos foram chegando ao castelo, eles começaram a limpá-lo e prepará-lo para passa a noite. Na manhã seguinte passariam em Girval para reportar o sucesso da missão e depois para Drugstrein.

* * *

À noite, Kayan estava sobre as ameias das muralhas do castelo quando Sakuro sentou-se ao seu lado. Os dois observaram as estrelas durante um longo tempo antes que o granmestre quebrasse o silêncio.

— Fiquei sabendo de tudo o que passou através das cartas que minha prima me mandou.

— Foram momentos difíceis, mas já passaram.

— Você devia amar muito a Sarah para ter escolhido ela ao invés da Thays. Vou lhe confessar que não a conhecia muito bem, mas Katherine ficou muito triste quando soube disso. Ela me disse que a Sarah tinha um grande potencial para o futuro.

— Ela era uma garota muito especial tanto quanto maga quanto como pessoa.

— Eu entendo o que você sente por ela, mas só posso imaginar o que você está sentindo agora. Acredito que o tempo seja a única solução neste momento.

— Logo depois que a Sarah morreu, eu procurei maneiras de trazê-la de volta através da magia.

— Kayan não existe...

— Eu encontrei indícios de uma teoria escrita por um Atreius. Um mago negro, não me lembro o nome dele, mas foi granmestre em Drugstrein. O livro que ele escreveu chamava-se Vitta no Pare.

— Tem certeza disso, Kayan? O que dizia neste livro?

— Não sei, não o encontrei, deve ter sido retirado de Drugstrein. Mas encontrei algumas referências. Todas elas diziam ser uma pesquisa maldita e eu descobri porquê. Teoricamente, para trazer uma pessoa de volta precisaríamos de um corpo vivo.

— Você quer dizer um sacrifício humano?

— Um mago, mais precisamente. Além disso, precisaríamos de mais sacrifícios para trazer a essência da pessoa de volta. Algo que foi chamado de alma.

— Realmente, Kayan, essa parece ser uma pesquisa maldita. Sacrificar tantas vidas por apenas uma, por mais que seja alguém muito importante para nós... Isso não deve ser feito por ninguém.

— Sei disso, mas naquele momento eu estava tão amargurado por tê-la perdido que até mesmo pensei em procurar por esse livro e tentar o que ele propunha.

A expressão assustada no rosto de Sakuro fez com que Kayan se apressasse em acalmá-lo.

— Está tudo bem, Sakuro. Tirei essas ideias da cabeça logo em seguida. Eu não seria capaz de sacrificar tantas vidas. Além disso, mesmo que desse certo, a Sarah nunca me perdoaria por isso. Eu ainda sinto a falta dela, mas não estou mais triste com isso. Pode-se dizer que eu segui em frente. Estou apenas um pouco confuso.

— Confuso?

— Deixa pra lá. Basta dizer que eu me sinto bem, principalmente depois de ver que todos sobreviveram em minha missão.

Kayan não se sentia a vontade para falar sobre o que houve entre Thays e ele com Sakuro. Talvez conversasse sobre isso com Spaak quando voltasse para a ordem.

Um breve momento de silêncio se seguiu após aquelas palavras, mas Sakuro tratou de quebrar aquele clima mais tenso.

— Mudando de assunto. A família Cyren irá aumentar em breve.

Aquelas palavras surpreenderam Kayan a tal ponto de passar as pernas sobre as ameias da muralha e levantar-se.

— Como assim, Sakuro? A Thays me disse que tomava a poção da lua!

— Do que você está falando, Kayan? É a Katherine que está grávida, faz cinco luas já.

— Ah! É isso? Parabéns Sakuro! Você vai ser pai. Quem sabe seu filho ou filha não venha para minha equipe quando tiver idade. Ia ser muito legal.

— Sim, mas... o que você andou fazendo com a minha prima, Kayan?

A expressão séria e a aura começando a se agitar em Sakuro não eram bons sinais.

— Esqueça isso. Acho que é hora de dormirmos. Amanhã teremos um longo dia pela frente.

Após aquelas palavras, Kayan saltou da muralha para o pátio do castelo. Sakuro ficou mais um tempo sobre a muralha, fitando as estrelas. Em seu rosto, um sorriso.


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Notas finais do capítulo

E terminamos mais um arco de A Ordem de Drugstrein. Este levou uns seis meses e espero que tenha valido a pena ler todo ele. No próximo capítulo teremos algo muito esperado por muitos dos (poucos) leitores que comentam.

Alias, digam o que acharam desse final, espero que tenha ficado bom e atendido as expectativas.

E Katherine gravida, parece que o Sakuro ficou ocupado entre uma batalha e outra, não é mesmo? Então nos lemos no próximo capítulo.



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