A Ordem de Drugstrein escrita por Kamui Black


Capítulo 22
Primeiros Passos - Parte 4


Notas iniciais do capítulo

Uma difícil missão aguarda a equipe Atreius. Serão eles capazes de lidar com este desafio?



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Capítulo 021

Primeiros Passos (Parte 4)

A carruagem seguia seu ritmo constante sob o sol da bela manhã. Os três magos da equipe Atreius revisavam os últimos detalhes da missão antes de chegarem a Daren:

– Lembrem-se, nosso principal alvo é o Dougan Kirrell, líder da equipe e aluno exemplar em Drugstrein. Sua esfera é o fogo e certamente o mais perigoso dos três. Depois temos Dinor Magnel, esfera da água e Afonso Dier da esfera terra. Esses dois nunca foram muito além da média, mas não devemos subestimá-los – Kayan mantinha um ar sério, o que fazia com que os amigos prestassem mais atenção nele.

– E nós vamos para o local do último crime, que é uma joalheria em Daren, certo? E a partir daí tentaremos segui-los, certo? – Sarah tinha certeza do que dizia, mas achou melhor esperar uma afirmação do líder da equipe, que acenou positivamente com a cabeça.

– Então nós iremos encontrá-los e cair na porrada.

Em uma cena teatral, Mathen fez com que o punho direito fechado se chocasse com sua palma esquerda, fazendo um barulho. O ato provocou breves sorrisos nos três, que, apesar de não demonstrarem, estavam um tanto quanto tensos devido a dificuldade da missão.

Passaram-se mais alguns minutos até que a carruagem parou e a porta se abriu, dando espaço para que eles vissem um homem baixo e de fartos cabelos acinzentados. O vasto bigode dava-lhe um ar cômico, que contrastava com a seriedade de suas roupas e gestos.

– Senhores, já chegamos – disse o condutor. – Os quartos de uma estalagem já estão reservados e os senhores são esperados amanhã para começarem as investigações. Estarei esperando aqui para caso precisem de mim ou queiram voltar ao castelo de Drugstrein.

Eles desceram e Kayan deu uma moeda de prata em agradecimento ao homem; o pagamento pelo transporte seria feito apenas quando a missão estivesse concluída.

A noite passou rápido para os três magos, pois a estalagem oferecia tanto conforto quanto os quartos que eles tinham no castelo da ordem. Na manhã seguinte, logo cedo, eles seguiram para o joalheria antes mesmo que ela abrisse as portas para o público.

O ambiente da loja era muito aconchegante. Os três magos observaram tudo atentamente enquanto o dono da loja apenas aguardava na porta de entrada. O acabamento das paredes era fosco, o que destacava ainda mais o brilho das joias e pedras preciosas. Havia joias de todos os tipos, até mesmo algumas confeccionadas por anões e raras feitas por centauros.

Sarah adiantou-se na frente dos outros amigos e ficou maravilhada com todas aquelas peças maravilhosas, entretanto, ao ver o preço que deveria pagar para obtê-las, desistiu. Em seguida, ela observou que ao centro da loja deveriam estar as joias mais bonitas e valiosas, mas nada havia lá, pois elas haviam sido roubadas.

Os dois rapazes não deram atenção a nenhum dos artigos que estava à venda e foram direto em direção a um enorme buraco que havia na parede do fundo. Ela estava todo chamuscado, o que indicava que uma explosão de chamas havia feito o estrago.

– Crisis katris – constatou Kayan.

– Por que um feitiço tão poderoso se existiam maneiras mais sutis de se arrombar a joalheria?

Mathen perguntou, sem realmente esperar uma resposta concreta. Entretanto, o Atreius o respondeu.

– Parece que o ego desses caras está lá nas alturas. Eles querem causar impressão ao efetuarem seus atos criminosos.

Em seguida, o rapaz fechou os olhos e concentrou-se. Mathen e Sarah entreolharam-se e o Muscort resolveu matar sua curiosidade.

– O que...

Kayan estendeu a mão para ele em um gesto de pare. Não foi rude, porém, manteve sua autoridade, o que fez com o amigo se silenciasse.

– Leste. Eles seguiram para o leste.

– Como você sabe? – perguntou-lhe Sarah.

– Simples. Quando uma magia é utilizada em um local, sua aura fica impressa nele durante algumas horas, ou dias, dependendo do nível de poder do usuário. O feitiço que meu pai usou para derrotar Zeffirs, por exemplo, ainda está no local da última batalha que eles travaram.

– Aprendeu isso com o mestre Arthuro Magnum? – indagou Mathen.

– Na verdade, aprendi em um livro de magia. Vocês também deveriam fazer isso se quiserem evoluir. Temos um bom tempo livre entre as missões.

– Isso foi uma bronca? – perguntou Sarah, um pouco indignada.

– Encarem como um conselho de amigo – a voz soou séria, mas Kayan sorria. – Agora vamos seguir este rastro antes que ele desapareça.

* * *

As horas se passaram de maneira muito veloz enquanto os três continuaram a seguir o rastro de aura que Kayan havia captado. No final da trilha, entretanto, eles pararam em um vale cercado por dois desfiladeiros. Kayan foi o primeiro a desmontar o cavalo e a amarrá-lo em um arbusto ali próximo, deixando um bom comprimento de corda para que ele pastasse um pouco. Os outros dois acompanharam seu movimento.

– É aqui? – perguntou Mathen, ansioso.

– Não, mas o rastro termina nesse local. Eles devem estar usando algum método para ocultá-lo.

– Então por que não usaram isso desde a loja? – indagou Sarah.

– Simples, porque isso é uma armadilha. E iremos direto para ela.

Liderados pelo Atreius, a equipe avançou com cautela. Assim que penetraram o desfiladeiro fechado, uma explosão foi ouvida e os três olharam para cima a tempo de ver as labaredas estilhaçarem as rochas, fazendo com que elas começassem a cair sobre suas cabeças. Embora pegos de surpresa, nenhum deles entrou em pânico e a reação foi rápida.

Os três conjuraram um feitiço visgoon quase ao mesmo tempo e tocaram as paredes rochosas, Mathen do lado esquerdo e Kayan e Sarah do direito. Com a aura penetrando a terra, galhos e raízes de árvores começaram a brotar dos dois lados do desfiladeiros, uns dois metros acima de onde estavam. Eles se entrecruzaram e bloquearam praticamente todas as pedras que iriam esmagar os jovens magos.

Assim que a defesa foi concluída com sucesso, um rapaz alto e vestido com vários mantos largos e desbotados saltou de um dos lados das montanhas, caindo a frente dos enviados de Drugstrein enquanto amparava sua queda com um bolsão de ar.

– Bela ação em conjunto, pena que agora vocês terão que enfrentar à mim.

– E quem é você? – perguntou Mathen, imediatamente.

– Afonso Dier. Um dos magos que vocês estão perseguindo.

– Imaginei isso, só não esperava que você tivesse a audácia e prepotência de vir até nós.

Enquanto falava, Mathen abaixava-se e tocava o solo com ambas as mãos. Dois golens de terra e pedra surgiram do chão e avançaram imediatamente contra o mago a frente deles. Entretanto, Afonso não se assustou, apenas movimentou as mãos em direção aos seus atacantes enquanto conjurava feitiço que pretendia utilizar.

As chamas surgiram, acompanhando seus braços e se direcionaram para os golens, atingindo-os. Foi uma explosão muito potente e apenas pó e rochas trituradas restaram do que antes fora um ótimo feitiço ofensivo.

– Ele não deveria ser da esfera terra, Kayan? Como lançou um feitiço de fogo tão poderoso como este? – perguntou Sarah, assustada.

– Não sei, mas fiquem na defensiva – respondeu Kayan antes que o inimigo voltasse a agir.

– Que tal vocês sumirem?

Para a surpresa dos três magos, o feitiço que o Dier lançou não foi da esfera fogo ou terra, mas um ainda mais inesperado. Uma massiva rajada de chamas negras foi lançada contra o trio. De alguma maneira ele fora capaz de conjurar um durhan crisis, e com uma potência invejável. E os magos de Drugstrein não faziam sequer ideia de como aquilo podia ser possível.

Para salvar os amigos das chamas negras que avançavam contra o trio, Kayan foi obrigado a agir rápido. Enquanto praguejava, avançava e direcionava ambos os braços para os amigos. Rajadas de vento arremessaram Sarah e Mathen para trás. Os dois surpreenderam-se com o ato inesperado do amigo, mas reagiram rápido, direcionado aura para seus pés e fixando-se ao solo.

Logo após tirar os amigos da frente de batalha, o Atreius movimentou o braço direito rapidamente para frente, ainda lançando o feitiço de ar. Movimentando-o, ele fez com que uma lâmina de vento espalhasse o fogo negro para ambos os lados, saindo ileso.

– Muito bem, escapou muito bem de meu durhan crisis, mas não vai escapar desta!

O feitiço que o mago desertor utilizou foi um crisis katris, no entanto, Kayan não teve necessidade de se defender, pois Sarah conjurou uma barreira de gelo com o ryado. Não era uma barreira muito bem feita nem tão pouco resistente, mas a explosão encontrou-a como obstáculo e foi neutralizada antes de chegar ao seu alvo.

– Esta batalha está indo longe demais. A energia de Kirrel está se esgotando. Venham me pegar se puderem!

Daquela vez Afonso utilizou um feitiço da esfera natureza e executou um visgoon para fechar o caminho da equipe de Kayan e quando os magos conseguiram destruir as raízes com um crisis ele já havia fugido.

– Todos estão bem? – uma pontada de preocupação podia ser ouvida na voz de Kayan.

– Acho que sim – respondeu-lhe Sarah.

Mathen, porém, dirigiu-se ao líder da equipe em um tom agressivo.

– Por que você fez isso? Utilizar um jinn para nos tirar do combate!

– Não ficou óbvio, super gênio? – Sarah encarou o amigo. Se aquele durhan crisis tivesse nos atingido seria o fim pra gente.

Mathen calou-se quando percebeu a verdade nas palavras da garota, que virou-se para Kayan tão logo quanto terminou de falar com o amigo.

– Você recebeu algumas queimaduras das chamas negras. Está tudo bem, Kayan? – O tom de voz transformou-se magicamente de irritação para preocupação.

– Utilizei o vento para dissipar as chamas negras, mas algumas fagulhas me atingiram. Os ferimentos foram leves, um ressin será suficiente para me curar em apenas alguns minutos.

– Pode deixar comigo – prontificou-se a garota. – Mas o que significa isso, Kayan, ele não deveria ser capaz de usar a esfera trevas, deveria?

Um tênue brilho emanava das mãos da garota enquanto ela tocava os ferimentos do Atreius. Apesar de ser uma magia simples de cura, ela acelerava o metabolismo do alvo, fazendo com que ele se regenerasse por sua própria conta.

– Realmente tem algo muito estranho aqui. Esse tal Afonso deixou um rastro de aura, o que quer dizer que ele deseja ser seguido. Isso significa que eles estão confiantes de que podem nos vencer e querem um combate.

– E eles terão o que querem, não é, Kayan? – Mathen parecia não temer a batalha

– Não sei, não. Esse sujeito estava quase no mesmo nível que eu. Se os outros tiverem o mesmo poder que ele, as coisas poderão ficar complicadas para o nosso lado.

– Você está nos subestimando, não é? – esbravejou o Muscort. – Acha que não damos conta, por isso quis nos proteger naquela hora.

Kayan não se deu ao trabalho de responder às acusações. Sarah, entretanto, não gostou da maneira como o amigo estava falando.

– Cala a boca, Mathen. Não era você que se achava inferior a nós e não queria fazer parte da equipe durante o teste da ordem?

– Mas isso foi há três luas. Agora faço parte da equipe e estou no mesmo nível que vocês!

– Talvez no mesmo que eu, mas o Kayan não. Ele está muito mais a frente que a gente, por isso é o líder.

– Você idolatra ele, não é? – ambos discutiam em alto e bom tom, como se Kayan sequer estivesse ali. – Você acha mesmo ele tão melhor que a gente? Você...

– Parem com isso vocês dois! Calem a boca e me escutem!

Kayan elevou sua voz acima dos companheiros de equipe, demonstrando autoridade.

– Não me lembro de você ser assim tão confiante, Mathen. De certa maneira isso é bom, mas você também tem que saber seus limites. Em nenhum momento eu quis me impor como melhor que vocês, mas não tenho outra opção. – Fez uma pequena pausa, depois continuou a falar. – Encaremos os fatos: vocês não sobreviveriam a um durhan crisis, assim como eu não teria chance sozinho contra três magos poderosos. Se quisermos completar esta missão teremos que fazer isso juntos. Eu acho que podemos fazer isso, se concordarem com minha opinião seguiremos em frente, mas eu sou o líder e vocês terão que obedecer meus comandos. E o mais importante: eu servirei de escudo para vocês.

– Nós somos capazes, mas por que você tem que ser nosso escudo? Será perigoso! – a preocupação de Sarah era evidente.

– Simplesmente porque sou o mais apto. Tenho um controle melhor de minha aura, então meu corpo possui uma resistência maior aos feitiços.

– Me desculpe se falei algo sem pensar, Kayan – disse Mathen, engolindo seu orgulho. – Faremos como diz, então. Afinal de contas você é o líder da equipe.

Tendo os amigos de acordo com sua decisão, o Atreius tentou ensinar seus amigos a ler os traços de aura no ambiente. Sarah desenvolveu a habilidade com muita facilidade, enquanto Mathen sequer percebeu o menor vestígio de magia. Após isso, eles seguiram o caminho pela planície semiárida.

* * *

Não levou muito tempo até que os magos chegassem ao seu destino. O local era uma antiga construção em ruínas. Antes aquilo poderia ser algum tipo de templo, mas no momento apenas grandes colunas de pedra se erguiam pelo local, elas estavam todas lascadas e cheias de bolor. Em algumas partes o telhado havia desabado e impedia a passagem, mas ao passar entre as colunas os três jovens depararam-se com pequenos salões e corredores.

Percorreram o ambiente com receio de serem atacados, mas isto não aconteceu. Por fim, chegaram a um salão muito mais amplo que todos os outros, havia uma fraca iluminação no ambiente proveniente de tochas e ao centro havia uma espécie de trono improvisado onde um rapaz baixo e de cabelos negros e longos estava sentado.

– Levaram um bom tempo – disse com arrogância. – Esperava por vocês, magos de Drugstrein.

– Dougan Kirrell, eu, Kayan Atreius, em nome da Ordem de Drugstrein, levarei você e os seus em custodia devido ao uso ilegal da magia – disse o Atreius em um tom severo. – Mas acho que não se entregará sem uma boa luta, não é?

– Certamente não me entregarei, mas também não serei eu a lutar.

O Kirrell tinha arrogância e ironia em seu tom de voz. Quando ele estalou os dedos, Afonso Dier e Dinor Magnel saíram detrás de duas colunas e se aproximaram de Dougan. O rapaz executou um feitiço que fez com que suas mãos começassem a brilhar, em seguida, passou este brilho intenso para os dois magos ao seu lado.

– Aposto que todos pensam que sou um mago de fogo, mas na verdade eu sou um mago da esfera da destruição. Cheguei até a desenvolver um feitiço chamado espectrum morallis. Ele aumenta as capacidades de meus fantoches aqui, confere-lhes minha esfera, e faz uma pequena lavagem cerebral, tornando-os mais suscetíveis à minha vontade. Ironicamente não posso usá-lo em mim mesmo, mas estes dois irão matá-los.

– Assim as coisas fazem mais sentido – Kayan afirmou. – Kirrell, você é um mago brilhante, mas usa está habilidade de forma errada.

Antes que qualquer um dos dois adversários atacassem, as mãos do Atreius encheram-se de aura e em uma fração de segundos pequenas chamas negras se uniram em uma só. O jovem mago, então, apontou a mão espalmada para seus oponentes e um jorro da chama cor de ébano avançou contra eles. A investida, porém, não surtiu efeito algum, pois os rapazes saltaram para o lado impulsionados pela aura e o feitiço atingiu inutilmente o chão.

A próxima estratégia de Kayan foi avançar contra o próprio Kirrel, mas foi interceptado por Dinor, que utilizou um crisis katris para incinerar o ar em uma enorme explosão. O mago negro conjurou uma barreira com sua aura para se proteger, mas a explosão arremessou-o para trás da mesma maneira.

Quando ele se levantou, seus amigos estavam conjurando uma barreira para protegê-los das rajadas de fogo dos adversários. As chamas espalhavam-se pelo ambiente, mas os magos permaneceram ilesos, exceto pelo calor intenso.

– Prestem atenção: Kirrell parece estar vulnerável enquanto usa este feitiço. O plano será o seguinte: atacarei os dois, distraindo-os. Enquanto isso, vocês devem atacar Dougan e derrubá-lo. Entendido?

Recebendo um aceno de cabeça afirmativo, Kayan saltou para o lado da barreira enquanto acelerava o ar ao seu redor de maneira a formar lâminas de vento. Os adversários, então, levantam barreiras de rocha e terra para se defenderem e, após isso, lançaram dezenas de rajadas de fogo, que Kayan evitava habilmente esquivando-se em grande velocidade. Quando via que era inevitável ser atingido, neutralizava o ataque conjurando água no centro das chamas.

Nesse meio tempo, Sarah e Mathen avançaram contra o aparentemente vulnerável Kirrell. O mago de terra utilizava sua própria esfera e fez com que a terra do ambiente se levantasse em uma grande onda destrutiva. No entanto, Dougan levantou-se de súbito e espalmou sua mão na direção do ataque à ele dirigido. A explosão foi tão potente, que fragmentos de rochas espalharam-se para todos os lados e o próprio Muscort foi lançado contra uma das maiores colunas do local, chocando-se contra ela e caindo ao chão.

Sarah foi a que teve o pior destino. A garota sequer chegou a atacar e foi atingida por um durhan crisis diretamente na barriga. A Harppon praticamente não teve reação, pois o golpe foi tão poderoso que ela caiu no chão e perdeu a consciência rapidamente em meio a uma careta de dor. As chamas negras, entretanto, continuariam a queimar até consumir toda a vida da maga branca.

Kayan desesperou-se com o terrível erro que havia cometido e com o que aquilo poderia custar-lhe. Em um esforço gigantesco, concentrou a maior quantidade de aura que podia e conjurou um ryado. Ele sabia que o gelo não pararia seus adversários, mas iria atrasá-los tempo suficiente para que ele salvasse sua amiga.

O gelo permeou o ambiente, congelando as colunas e o solo. Por fim, diversas estalactites de gelo avançaram contra Afonso e Dinor, que apressaram-se em recuar. O obstáculo chegou ao teto e obstruiu a passagem dos dois. Em sequência, o Atreius correu para Sarah e tocou-lhe na barriga. As chamas negras subiram imediatamente pelo seu braço esquerdo e ele utilizou sua aura para trazê-lo todo para si, livrando, assim, a garota de sua ofensiva. Em meio a um intenso grito de dor, Kayan suprimiu o durhan crisis com sua aura.

Ele ficou um pequeno tempo ajoelhado ao lado da amiga. Constatou que ela tinha graves ferimentos no abdômen e que seu próprio braço estava queimado e extremamente dolorido, embora não incapacitado.

Aproveitando o estado vulnerável de Kayan, Dougan acelerou o ar e lançou o mago de Drugstrein contra uma das colunas mais largas do ambiente, por fim, lançou um aurus paggine e conjurou grilhões de aura para prender o jovem.

– Você se feriu propositalmente para poder salvar sua amiga. Que comovente. Mas cometeu um grave erro ao pensar que eu estaria vulnerável. Apenas precisei retirar o feitiço de meus dois lacaios. Eles perderam as forças e estão completamente congelados pelo seu ryado. No entanto, eu retomei meu poder e pude derrubar seus dois amigos e te prender aqui. Parece que esse é o seu fim. O que acha de um durhan crisis? Um feitiço de magia negra para acabar com um mago de magia negra.

O amplo salão estava fracamente iluminado. Muitas das tochas haviam caído ao chão e suas chamas tinham se extinguido. A maior parte da iluminação provinha das chamas negras que envolviam as mãos do Kirrell. Ele aproximava o feitiço de Kayan, que encontrava-se com a defesa completamente aberta.

– Está com medo? – um sorriso sádico permeava o rosto de Dougan. – Quero vê-lo aterrorizado, implorando pela vida.

O olhar do Atreius, entretanto, manteve-se impassível.

– Não me verá fazendo isso – respondeu, simplesmente.

– Será mesmo? Veremos isso quando minha mão começar a atravessar seu peito.

Inesperadamente, um golem de pedra com mais de dois metros segurou o braço de Dougan e o arremessou para o outro lado do salão. O constructo perseguiu seu alvo enquanto Mathen, cheio de escoriações pelo corpo, juntou-se à Kayan.

– Estou acabado... como eu quebro este feitiço? – perguntou ao chegar perto do Atreius.

– Esqueça isso, destrua a coluna.

Com um clayn, Mathen fez com que o pilar de pedra se rachasse e fragmentasse até que Kayan se visse livre de sua prisão. A sua vontade era ir ver como Sarah estava, mas sabia que tinha algo a fazer antes disso.

Dougan havia destruído o golem que o enfrentava e se aproximava da dupla visivelmente irritado.

– Kirrell, quero ver me enfrentar agora que estou apto a reagir.

– É hora de morrer!

Ele ergueu ambos os braços em direção ao Atreius e o ar começou a se incinerar em uma explosão. O mago, entretanto, reagiu rápido e conjurou uma barreira de pedra à sua frente, que foi destruída quase imediatamente.

Quando a poeira abaixou, Kayan não estava mais ali, embora Mathen permanecesse no local para conjurar um crisis. As chamas saíram um tanto quanto sem controle, mas forçaram o mago negro a se proteger com uma barreira. Kayan, então, ressurgiu para franquear o mago e, com um crisis katris, criou uma explosão forte o suficiente para quebrar as barreiras mágicas e nocautear o outro mago.

O retorno para Drugstrein não foi dos mais confortáveis. A carruagem estava ainda mais apertada devido aos três prisioneiros que eles levavam para a ordem consigo. Sarah não tinha energia suficiente para um ressinjar, que usaria sua própria energia para curar os amigos, portanto, eles tiveram que se contentar com um ressin, que acelerou sua regeneração. No caso de Mathen, foi suficiente. Para ela e Kayan, porém, os ferimentos causados pelas chamas negras persistiam e apenas seriam curadas pelos magos brancos mais graduados na ordem. Apesar disso, eles conseguiram ser curados sem qualquer tipo de cicatriz.

* * *

Sete dias se passaram desde a missão de capturar Dougan Kirrell. A equipe de Kayan encontrava-se na taberna de Drugstrein para descontrair-se na noite anterior de pegarem uma nova missão.

Kayan foi o primeiro a entrar no ambiente seguido de perto por Sarah e Mathen. Ele avistou a equipe de Thays em uma mesa e, contrariando a Harppon, ele se dirigiu para lá.

– Por que você quer ir sentar com eles? Vamos pegar uma mesa para nós três.

––Já passamos muito tempo juntos nestes dias. Temos que conviver com os outros magos um pouco – disse enquanto se esgueirava entre dois magos bem corpulentos. – Além disso, também quero saber como foi a primeira missão deles.

– Sarah, não seja tão chata – completou Mathen. – Se não se identifica com a Thays, converse com a Ellien, ou com o Bren.

Sarah fez um muxoxo, mas seguiu os amigos. Kayan aproximou-se da mesa onde a outra equipe sentava-se.

– Será que podemos nos sentar com vocês?

– Mas é lógico. Sintam-se a vontade. – Bren Markken respondeu antes de todos os demais.

Assim que se acomodaram, uma taberneira aproximou-se para anotar seus pedidos. Cada qual pediu o que mais lhe agradava para beber e carne assada para acompanhar.

– Como foi a primeira missão de vocês? – Kayan perguntava mais para Thays que para o resto do grupo.

– Na verdade, ontem completamos nossa segunda. Mas as duas foram de grau D. Soube que vocês completaram uma grau C.

– Sim, é verdade – Mathen falava com grande orgulho de si mesmo. – Por isso só poderemos pegar outra amanhã. Deve haver sete dias de repouso após uma missão grau C. Acho isso extremamente desnecessário.

– Só fala isso porque não foi você quem foi atingido por um durhan crisis.

– Doi muito, Sarah? – Ellien perguntou em uma voz meiga e preocupada.

– Você nem imagina. Estive bem perto da morte. Se não fosse o Kayan... – disse com naturalidade enquanto enchia seu copo com suco de laranja trazida do sul do continente.

– E como você impediu o feitiço, Kayan? – perguntou Bren, cheio de curiosidade.

– Segredo de clã, não posso revelar.

– Você chega a ser mais misterioso que a Thays – observou Bren. – Não sei de onde tiraram tanta habilidade. Só pode ser coisa de família mesmo: Atreius, Cyren, Fixue, Zeneth... todos super dotados na magia.

– Um mago negro... isso foi incrível! – comentou Thays. – E o que aconteceu com os desertores?

– Até onde sei, Dougan Kirrell foi levado para Kallamite, como apenas roubou e não cometeu assassinatos, não será condenado à morte. Já Dinor Magnel e Afonso Dier receberão tratamento e serão reintegrado ao quadro de Drugstrein. Espero que o feitiço de Kirrell não tenha afetado demais a mente deles.

A conversa ainda durou algum tempo pois a curiosidade dos magos era insaciável. Entretanto, a equipe de Kayan se retirou primeiro, pois queriam estar descansados para a missão do dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

O que acharam deste capítulo super longo? Espero que não tenha ficado comprido demais.

Agora vocês viram como é uma missão de verdade e como foi o Kayan lutando pra valer.

Enfim, elogios? Criticas? Um favorito ou indicação talvez?

Nos vemos no próximo o/



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