Dez Desejos escrita por Gii


Capítulo 68
Por que eu não esqueci?


Notas iniciais do capítulo

Bom dia Leitores! Como vocês estão? Eu estou realmente triste, pois finalmente chegamos ao fim da aventura com o WolfPack. Eu não acredito que tudo passou tão rapido, finalmente eles estão de volta para La Push e Jon lembrou de algo que realmente pode tornar o emocionante e feliz final em algo nem tão feliz assim.
Não é o fim da fanfic! Acalmem seus puás, apenas que realmente estamos na despedida. Já me sinto tão triste :'(

Boa leitura!



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Capitulo 69 Por que eu não esqueci?

Jonathan

Acariciei novamente os cabelos de Anna, mas dessa vez foi diferente.

Eu finalmente estava deixando de pensar como Ron pensava em Hermione. Estava assumindo que meu papel naquele trio era de Harry... E como o verdadeiro Harry que eu era, Hermione (Ou Anna, tanto faz) era nada mais do que uma grande, grande amiga.

Eu estava acariciando o cabelo de minha melhor amiga, preocupado com sua saúde e sua vida, como um amigo se deve preocupar. Eu estava sendo, pela primeira vez em anos, apenas o seu melhor amigo.

Na verdade, agora que eu reparava bem, era isso que eu sempre fui e aparentei ser por todos esses anos. Nada mais do que isso. E todo o resto, tudo que eu achei que fizera porque a amava como mulher, como um Ron que ama Hermione, era apenas tudo coisa da minha cabeça, porque tudo o que fiz foi porque a amava como irmã... Como Harry ama Mione.

E eu, pensando por todos esses anos que a cega naquela amizade era Giovanna, por não enxergar o que eu pensava que realmente sentia por ela, quando na verdade, a única pessoa cega aqui sou eu, por confundir algo tão profundo como o que nós temos, com algo além de amizade.

E agora que eu descobrira que eu era realmente o Harry, percebi que deveria haver uma Gina. E talvez eu só deva procurar melhor... Ou apenas olhar para o lado... Afinal, em HP, Gina é a irmã do melhor amigo de Harry. No momento, o meu melhor amigo era Seth, mas não era como se... Leah fosse trocar Jacob por mim.

Devia ser outra coisa... Algo que estava me escapando. Uma coisa tão obvia que passava despercebida aos olhos de todos.

Mas como a vida não é um mar de rosas, eu fui jogado para fora de meus pensamentos e Jacob foi quem me tirou dos devaneios quando quebrou a minha porta ao entrar em casa, com um chute.

— Por que diabos você fez isso? Eu tenho a chave! E, aliás, a porta estava aberta! Não precisava ter trucidado a coitadinha! — Eu o olhei exasperado.

Ele deu de ombros, encolhendo-os levemente, com aquela cara de quem não se arrepende de fazer alguma cagada.

— Eu sempre quis fazer isso...

— Mas tinha que ser com a minha porta?!

— Por favor, vocês dois! Isso não é hora, pelo amor de Deus! — Disse Seth enquanto passava por nós rapidamente, correndo para colocar Anna deitada no meu sofá da sala.

Eu entrei resmungando em como Merlin devia me odiar, me perguntando se eu tinha feito algum mal á ele e que se eu fosse um bruxo poderia concertar aquela porta em um aceno de varinha, enquanto Jacob me seguia até onde Anna estava.

— Tudo bem. Jon, você vai vendo o segundo andar, vou procurar por aqui e lá no porão. — Disse Jacob, e eu assenti com rapidez, mas parei no meio do movimento, ficando confuso.

— Porão? Que porão? — Eu não me lembrava de ter um porão.

—Leah me contou que Anna ficou presa em uma espécie de porão escondido em uma parede antes de ser levada para a ilha... Quero verificar lá.

Eu apenas balancei a cabeça lentamente, com a testa franzida, ainda meio surpreso por ter uma casa á quase um mês e nem ao menos saber que havia um “Porão Secreto”.

Senti um arrepio na espinha só de pensar como foi os dias de Anna naquele porão e só de olhar o estado do corpo dela já se era visível que não fora nada bonito.

Leah havia feito um bom trabalho enfaixando os piores lugares e limpando os outros machucados menores em Anna, mas a garota ainda parecia um caco.

Os cabelos estavam desgrenhados, sem vida e presos em um rabo de cavalo que já se desmanchara quase inteiro. No rosto, uma grande mancha roxa na bochecha, e o lábio inferior cortado era o que mais se destacava. Ainda havia leves arranhões ali, mas quase imperceptíveis se comparado com o resto. O nariz também não parecia que havia levado a melhor. Havia um pouco de sangue seco que aparentemente Leah esquecera de limpar.

O corpo? A pele branca cheia de manchas roxas e verdes, como uma arvore de natal. A calça que ela usava, tinha um rasgo do tamanho de uma cabeça, feito pela própria Leah para que o tecido não se encostasse à parte da coxa perfurada pela bala... E era lá meus amigos, que estava o pior de todos os machucados.

Um pouco menor que uma bolinha de ping-pong, o centro de um vermelho que continuava a manchar a cada hora mais o pedaço de gaze que o tampava para não ficar exposto. O torniquete improvisado ainda ali, contendo boa parte do sangue, o suficiente para ela não morrer por perda de sangue. O problema era que o único lado bom do torniquete também era o lado ruim, pois ao não circular sangue o suficiente na perna, ela começava a ficar roxa. Se não tirássemos logo, e não fizemos o sangue circular, logo a perna inteira dela teria que ser amputada.

Mas apesar de tudo, o que mais recebia a atenção de Seth — E sim, eu havia percebido que ele o acariciava com muita frequência — era quatro traços roxo esverdeados horizontais ao redor do antebraço de Anna, já começando desaparecer e não mais tão escuro. E eu sabia que ele tinha mais atenção sobre aquele por conta de que fora ele quem fizera. A marca dos quatro dedos dele gravado na pele em um esverdeado nauseante.

Eu não conseguia imaginar o tamanho do remorso e culpa que ele sentia.

Eu já estava com o pé no primeiro degrau quando a voz de Seth me interrompeu.

— Hey, espera! E eu?

— Você?

— É! O que eu vou fazer? — perguntou ele olhando com expectativa o rosto de Jacob. Nós dois trocamos um longo olhar antes de Jacob responder á Seth.

— Você... Você fica aqui.— Disse Jacob, mas completou rapidamente quando viu a cara exasperada dele — Para caso a Anna acordar! Não podemos deixa-la sozinha! E quem mais poderia ser a pessoa perfeita para cuidar dela?

E ele pareceu ficar um pouco mais conformado enquanto eu subia as escadas e Jacob entrava pelo corredor que levava a cozinha.

Uma coisa que eu ainda não havia comentado sobre a minha casa: Ela é enorme.

Para você ter uma noção melhor, só no andar inferior temos cinco cômodos: Sala de estar, de Jantar, cozinha, escritório e uma pequena biblioteca que eu nunca usei. Ah, e agora, pelo que entendi, um porão secreto. Então, somando, são seis cômodos.

No andar de cima temos duas suítes comuns de casal, uma máster com hidro, um mini salão e uma varanda gigante coberta, com três espreguiçadeiras de madeira importada... É meu filho, quando se tem dinheiro, não é mole não... Entendeu? O não repetindo duas vezes... Significa que na verdade é tudo mole sim... Lembram? O Segundo não negando o primeiro, fazendo a frase virar uma afirmação... Ah, esquece.

Na minha dimensão, e na de Anna, minha família é sim um tanto rica, mas não é como se eu pudesse gastar todo o dinheiro como faço por aqui.

Por algum motivo, quando entrei no corredor, eu não fui entrando de porta em porta a procura de Pamela ou da flor, eu apenas fui diretamente, sem me desviar e nem olhar para os lados, para a porta que dava de frente no corredor, no final. A porta do meu quarto.

Eu já estava com a mão na maçaneta, prestes a gira-la quando eu ouvi as vozes conhecidas, ecoando em uma conversa alta através da porta do meu quarto. Eu soltei com delicadeza a maçaneta, com medo de que me ouvisse, e grudei meu ouvido na porta.

— Temos que fazer isso! Eu não estou mentindo, acredite em mim! — a voz de Anna ecoou através da porta e eu fiquei estático. Minha respiração se suspendeu e meu coração se acelerou de medo ou de susto... Não tenho certeza qual.

Anna não estava desmaiada lá em baixo? O que...

— Não, Caroline, eu não acredito em você! — Respondeu a inconfundível voz de Pamela, bufando em seguida — Não vou deixar você tocar um dedo nessa flor! Você está mentindo!

Eu voltei a respirar normalmente quando percebi que era Caroline. Aquilo fazia mais sentido, ao menos. Ela tem a mesma voz que a Anna... Mas o que ela fazia ali?

Por que quando é a Giovanna falando você acredita e eu, sua amiga de longa data, não?

— Porque ela parece com você antes de tingir seu cabelo com essa cor ridícula! — respondeu Pamela

Você sabe que foi por causa de uma porra de aposta! E é por essa aposta que eu estou noiva!

— Isso não prova nada! Você está mentindo sobre Anna. Você odeia ela, porque iria querer ajuda-la?

— ARGH! Por que droga eu mentiria para você sobre isso?! — Berrou Caroline exasperada.

— Eu não sei, me diga você! Aliás... Tudo que você faz é querer o roubar Jon, mesmo. E quer saber, tudo isso que está acontecendo é culpa sua! — gritou Pamela

Jon? O que Jon tem a ver? E a culpa é minha? Por que caralho a maldita culpa é m... Quer saber? Tanto faz! Se a culpa for minha você fica feliz? Sim? Então pronto! A culpa é minha! Agora me deixa fazer a droga do desejo de uma vez!

Eu ouvi passos apressados dentro do quarto.

— Eu já disse que não! Você está mentindo! Você não quer salvar a Anna! É algum truque seu! Você está armando alguma.

Caroline queria salvar Anna? Então ela sabia sobre a perna dela?

Eu não fiquei muito mais tempo ouvindo atrás da porta, coloquei a mão na maçaneta novamente e girei com agilidade, entrando no cômodo no mesmo segundo que Caroline, ainda não percebida da minha presença, continuou a falar.

A boca de Pamela caiu assim que me viu, ficando parada como uma estatua na frente de Caroline, que não parou de falar.

— Eu não estou armando nada! Eu nunca sequer “roubaria” Jon de você e você sabe muito bem disso! — Ela fez as aspas no ar com dois dedos — Não é porque ele é minha alma gêmea que eu tenha que ficar com ele, mas que droga! Eu estou N-O-I-V-A, cara de ovo! Você sabe o que isso significa? Que eu amo o Embry, que eu vou me casar com o Embry e vou ter uma linda e maravilhosa família com ele! Não me importa se ele pode ter imprinting e nunca mais olhar na minha cara e se a porra do Jon é minha alma gêmea e...

— Opa, a porra do Jon está escutando. Seja mais delicada. — Eu falei com um ar de graça.

Caroline se virou com tudo em minha direção, virando tão estatua quanto Pamela.

— Jon? — perguntaram ao mesmo tempo.

— Conhecem algum outro mais gostoso? — Tentei fazer graça de novo

— O que aconteceu?

— O que faz aqui?

— Onde está Anna?

— Anna está aqui?

— Hey, calma! Vocês são muito apressadinhas, viu? Depois nós explicamos tudo.Primeiro, eu preciso da flor.

— A flor? — perguntou Pamela — Por que a flor? O que aconteceu?

— Anna está seriamente ferida.— Eu disse enquanto chegava mais perto delas.

— Eu te disse! — exclama Carol vitoriosa e ganha de graça um olhar mortal de Pamela. — Se você tivesse acreditado em mim a hora em que eu disse, Anna estaria curada á muito tempo.

— Mesmo se você dissesse que era para salvar o mundo que não acreditaria. — responde Pamela trincando os dentes e parecendo apertar o vaso de flor com mais força. Ela estava no canto do quarto, encostada na parede, como se estivesse encurralada por mim e por Caroline, com o vaso e o que restou da flor nas costas, escondendo de nós.

— Então você não se arrepende de deixar Anna lá... Sofrendo... Agoniando de dor, assim como eu própria... E por sua causa...

— PARE! Eu sei que você está fazendo! Você sabe que eu sou pacifista! — Ela disse choramingando e encolhendo os ombros enquanto abaixava a cabeça.

Eu respirei fundo.

— Tem como discutirmos isso DEPOIS, por favor? — eu exclamei passando a mão pelos cabelos, sentindo um arrepio na barriga só de pensar que á alguns centímetros longe de mim estava o que estivemos procurando todo aquele tempo: A salvação de Anna.

— Isso. Pamela dê logo a flor para ele. — disse ela chegando mais perto de nós.

Eu reparei que ela mancava com a mesma perna que Anna levou o tiro... Mas então por que eu também não estava sentindo a dor? Quero dizer, eu estava sentindo aquela hora, mas depois passou...

Como eu não tinha percebido antes? Anna tinha levado um tiro na perna, porque eu não estava sentindo aquilo exatamente como Caroline estava sentindo?

A garota de cabelos roxos pareceu entender o meu olhar especulativo sobre ela, porque logo tratou de arrancar a flor das mãos tremulas de Pamela — Que parecia com remorso depois das palavras de Caroline dizendo o quanto cruel ela era — e me entregou.

— Faça de uma vez! — foi tudo o que disse antes de empurrar meu ombro em direção á porta — Eu não vou aguentar por muito mais tempo.

E mesmo não entendendo bulhufas do que ela se referia quando dizia que “Não iria aguentar por muito mais tempo” eu corri porta á fora, com o vaso nas mãos.

Mas na metade do caminho, quando eu já estava na escada, algo me chamou atenção. Algo que para todos os outros não afetariam em nada se vissem, mas que eu sabia que aferia Anna quando ela visse aquilo. Que afetava á mim,

Porque promessas são levadas muito á sério entre nós dois.

E mesmo que eu quisesse voltar à trás agora com aquela promessa, eu não podia.

Continuei a andar agora, mas muito mais cuidadoso. Sabia que as garotas vinham agora atrás de mim, com Pamela ajudando Caroline a descer as escadas, escorada nela, e eu vi quando Jacob apareceu na sala, se postando ao lado de Seth, com um sorriso estampado no rosto. Mas mesmo assim, com todos aqueles rostos refletindo uma felicidade plena; uma vitória surreal; um “finalmente terminou”, aquilo não me animou. Não quando eu sabia o que viria á seguir daquilo.

E a cena deveria ser linda do ponto de vista de qualquer um que não sabia o que vinha depois. Deveria ser o Final Perfeito para aquela aventura e que tudo que fizemos valeu a pena. Eu queria não ter lembrado daquela promessa. Não agora enquanto eu descia as escadas, ouvindo os “graças á Deus terminou” ou “Vamos acabar com isso!”, e os “Anna está salva!”.

E assim que Seth se levantou do sofá que ele estava sentado junto com Anna — que parecia mais pálida do que a ultima vez que a vi —, me olhando decidido nos olhos com aquela expectativa e brilho incomum de vitória, a única coisa que consegui refletir foi pena.

Pena; enquanto ele esticava a mão e arrancava a penúltima pétala da flor mágica e todos nós assistíamos Anna brilhar como um raio de sol e se curar.

Eu escondi a flor em minhas costas e me afastei o suficiente para ela não me ver e muito menos, ver a flor. Porque se ela visse a flor, aquele reencontro não seria o mesmo que está sendo agora.

Perfeito.


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Notas finais do capítulo

Perfeito :')



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