Dez Desejos escrita por Gii


Capítulo 63
Liberdade de sua prisão


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! :)



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Capitulo 64 — Liberdade de sua prisão

Leah

A garota estava pálida e ardendo em febre. Parecia perdida em pensamentos, olhando para o céu fixamente.

Eu já havia limpado o machucado com um kit de Primeiros Socorros que encontrara no armarinho de um dos banheiros. Pensei que talvez fosse uma boa ideia tirar a bala de dentro de sua perna, mas o fato de não termos meio de conseguir ajuda se acontecer algo errado me impediu.

Tirar a bala de sua perna teria que ter sido a primeira coisa a se ter feito... Agora, depois de horas, com o pus começando a juntar nas bordas de seu machucado, seria uma tortura para ela.

Anna suava as bicas enquanto eu trocava com frequência os panos que deixava sobre sua testa para tentar abaixar sua febre. Tinha apenas um analgésico que tirava aquela quentura dela dentro da caixinha de Primeiros Socorros, mas ele já havia sido consumido fazia horas... Eu estava ficando sem opções quando resolvi enfia-la dentro do rio por alguns momentos.

A água “gelada” do rio de noite não chega aos pés da temperatura de Firt Beach no dia mais quente. A água é morna e com um toque leve de frio... Como uma banheira gigante... Não parece melhorar muito o estado dela.

Anna continua a ficar mais pálida e apesar de já ter melhorado um bom tanto sua febre, seus olhos denunciavam que ainda estava muito quente.

Tentei distrai-la por algumas horas, falando que a flor estava em segurança com Pamela e que assim que conseguíssemos sair dali iriamos direto para a casa de Jonathan atrás daquela bendita flor e curar sua perna, mas ela pareceu não acreditar naquilo realmente.

A fogueira havia se extinguido. Anna lutava com o peso dos seus olhos. Eu olhava preocupada com sua perna. A umidade no ar denunciava que logo amanheceria. O sol já despontava no horizonte.

Anna gemeu de alivio, mas parecendo extremamente frustrada. Eu olhei para ela preocupada. Quando abri a boca para perguntar qual era o problema ela começou murmurar sozinha, como se conversasse com alguém.

— Não consigo mais... segurar. É muito forte..Carol... Me desculpe.

Eu não sabia mais o que fazer. Não sabia mais como agir.

Simplesmente não podíamos mais ficar sentadas esperando o que sequer tínhamos certeza se iria acontecer.

Anna não estava bem. Precisava de no mínimo um... farmacêutico para ajuda-la de alguma forma. Ela estava sofrendo com aquela dor... Estava... Estava... Definhando.

Eu encarei o mar calmo ao nosso lado, procurando respostas nas ondas lentas que se desdobravam pela areia fina. O leve sussuro de uma lágrima de Anna pingando em sua roupa me fez olhar mais determinada aquele mar.

Quando vi Anna desmaiada naquela lancha eu estava determinada a salva-la custasse o que custasse, sabendo que uma falha minha seria o fim do meu irmão... Ele não sobreviveria sem ela. Mas mesmo assim, mesmo sabendo minhas poucas chances de vitória, eu continuei até aqui. Encarando o inimigo de frente.

Agora não era diferente. Meu inimigo estava ali, forte e imponente — Bem maior e melhor que uma simples meia-vampira, é claro, mas mesmo assim, ali — apenas esperando eu escolher.

Ficar sentada e assistir Anna morrer na minha frente, á espera da volta de Renesmee.

Ou enfrenta-lo sabendo que uma mínima falha faria ambas morrerem.

Por favor... Eu sou Leah Clearwater... O que você esperava que eu escolhesse?

— URGH! LEAH! NÃO! EU... JÁ DISSE! — eu não sabia como ela arranjara forças para gritar, mas ela estava gritando bem alto, tentando se soltar de mim enquanto eu a carregava no colo. Pela cara dela, aqueles movimentos que ela fazia só pioravam a situação de sua perna.

— Isso é totalmente... Insano, sem noção... estupido... idiota e a pior ideia... que já ouvi em toda... a minha vida... E olha... que eu convivo com Jonathan... Aquilo é um poço... de... de... ideias imbecis — ela protestou em um tom tão mole que me fez ficar mais preocupada. — Nadar comigo até a baía... Isso é maluquice... Você é um lobo... não um peixe!

Eu não respondi suas tentativas de me persuadir ou de se soltar de mim, apenas segurei com mais firmeza e imobilizei seu corpo, de modo que toda a aquela remexeção dela não causasse mais estragos. Continuei andando em direção ao mar. Ela começou a bater em meus ombros com seus punhos fracos, que eu mal sentia por ela bater com tão pouca força.

— Pare... De ser estupida... Vo... cê não vai conseguir... me levar... até lá... Não quero... que morra... eu já sei que é o fim — Ela disse em um fio de voz, parecendo com falta de ar, ainda tentando bater em mim.

Eu bufei exasperada.

— E VOCÊ QUER QUE EU FAÇA O QUE? FIQUE SENTADA ASSISTINDO VOCÊ DEFINHAR ATÉ MORRER? PREFIRO MORRER TENTANDO TE SALVAR DO QUE FICAR PARADA SEM PODER TE AJUDAR! — Eu gritei a plenos pulmões já irritada com a atitude da garota. Meu Deus! Eu estava tentando ajuda-la!

Respirei fundo antes de continuar.

— Olhe bem aqui, eu não nadei até aqui para morrer na praia, e não vai ser esse mar que vai me impedir de te salvar!

— Você... Você... Não pode... Você tem... tem que prometer Leah... — Anna me encarou, parecendo cada vez mais pálida a cada centímetro que o Sol subia

— Eu não vou prometer que não vou te carregar nadando até o Brasil. — Eu digo estressada, interrompendo sua frase. — Porque eu vou de qualquer jeito, você querendo ou não.

— Agora eu... entendo o que... Seth dizia... sobre você ser... Tão super protetora... — Ela sorri minimamente para mim, já parecendo aceitar sua derrota e eu revirei os olhos para ela.

— Aposto que o que ele disse foi que eu sou uma chata, prepotente, isso sim. — Digo e ela apenas solta um riso pelo nariz, que pareceu ter deixado ela mais pálida ainda.

Ela pareceu perceber meu olhar de preocupação e apenas fechou os olhos, soltando um suspiro pesado.

— Só... Estou tão... cansada... Não é nada... — Ela sussurra de um modo que achei fantasmagórico — Não podemos... ir daqui a pouco? Gosto desse lugar...

Meus pés já estavam na agua quando eu parei.

Eu olhei para o horizonte e a imensidão sem fim azul á minha frente. Meu inimigo à ser derrotado. Como pode ser tão perigoso e tão lindo ao mesmo tempo? O sol já se ergueira por completo e achei que Anna merecia uma... Uma pequena folga antes de encarar toda aquela agua.

Quando sugeri deixa-la sentada alguns minutos no píer (que por acaso tinha uma visão perfeita de toda a ilha) enquanto eu procurava algumas coisas para nós irmos, ela apenas acenou com a cabeça.

Fui atrás de água potável e garrafas para estoca-las. Eu tinha que mantê-la hidratada o caminho todo, porque eu sabia que ela beberia muita água salgada. Ela iria semiconsciente e eu já havia decidido aquilo. Achara um remédio mais cedo contra insônia em um armarinho que não tinha revistado... Ela seria de mais ajuda dormindo do que acordada.

Eu estava dando uma ultima olhada pelos banheiros, procurando mais coisas para ser levadas e já com as quatro garrafas cheias de água penduradas em meus ombros pelas cordas que Renesmee usara para nos prender quando eu ouvi um som ao longe.

No começo achei que talvez fosse um zumbido de mosquito bem baixinho, mas depois de alguns minutos foi que eu percebi que um mosquito não fazia aquele barulho.

Era mais rude... Era mais barulhento... Era mais mecânico do que algo feito pela natureza...

Era o barulho de um motor.

Anna estava sozinha no píer e tinha um barco vindo.

Eu joguei as garrafas e as coisas que tinha na mão antes de sair correndo á toda velocidade até onde Anna estava.

Renesmee estava vindo e eu tinha que acabar com ela com rapidez... E eu conseguiria salvar Anna a tempo com aquele barco. Eu sorri com aquele pensamento.

E quando eu estava chegando no píer, a figura da lancha já bem nítida para os meus olhos, foi que meus joelhos fraquejaram... Mas foi de felicidade. Havia três figuras em pé, eu podia ver apesar da água que voava para todos os lados enquanto eles chegavam.

Eu conheceria aquelas silhuetas de qualquer lugar.

— Anna! Anna! Olhe! É jacob e Seth! Você está salva! Ninguém precisa morrer a final... Tudo bem, você ganhou sobre ir nadando, satisfeita? Você tinha razão! — Eu gritei enquanto corria até ela — O que é? Você quer um pedido formal de desculpas? Qual é garota, Seth está lá, você devia estar animad...

Meu sangue gelou quando parei ao seu lado.

Apesar de não precisar apoiei debilmente minha orelha em seu peito, tentando ouvir seu coração. Eu tinha a audição extra, não precisava daquilo, mas me inclinar em sua direção e ouvir seu coração ainda batendo parecia ser a maneira correta.

Rapido demais... Leve demais... Morrendo...

— Não... Não, você não está fazendo isso... — Eu disse verificando novamente se ela estava acordada — Droga, Anna!

Era ela que estava nadando para morrer na praia? Agora que a ajuda está chegando ela resolve desistir? Eu respiro forte, totalmente frustrada enquanto pegava ela no colo.

— Aguente firme, Anna. Por favor... — eu imploro trocando o olhar entre a distancia da lancha e para o rosto pálido de Anna no sol quente.

Vejo o que buscávamos todo aquele tempo que passamos na ilha em forma de três garotos, com as expressões petrificadas pela cena de mim em pé na ponta do píer, com Anna desmaiada em meus braços, parecendo sem vida.

E a droga era que tudo parecia em câmera lenta enquanto eles começavam a encostar.


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