Dez Desejos escrita por Gii


Capítulo 51
Irresistível tia Lesley


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos!
Bom, a boa noticia é que depois desse capitulo, as coisas esquentam. A má é que estamos no meio da fanfic!!! Ou seja, o fim está proximo!
Boa leitura!



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Capitulo 52 — Irresistível tia Lesley
Jacob

— Não Claire! Não podemos deixa-la para trás! — Eu repliquei novamente passando a mãos nervosamente nos cabelos.

— Se viemos nós cinco, vamos voltar nós cinco! — Adicionou Seth e eu assenti lhe apoiando.

— Ela não vai ficar! Eu não vou deixar. Eu mesmo a carregarei para todos os lugares. — Gritou Quil lá do batente da porta, parecendo irritado por não poder entrar, rosnando o todo tempo para Lesley que bloqueava o seu caminho.

— Não vai não! Você vai ajudar os seus amigos! — Gritou Claire de volta, bufando e balançando a cabeça amavelmente em direção da voz dele, já que não o via na porta. — Eu não quero ser um empecilho.

— Você não hic! É empecilho algum, Claire — Disse Jonathan que por algum motivo misterioso ele andava com um soluço descontrolado — Agora que não hic! Há mais tanta neve, podemos te hic! carregar facilmente.

— Me carregar? Eu só iria atrasar mais vocês! — Ela disse parecendo agitada — Olha, eu sei o que vocês estão pensando. Eu não sou mais uma garotinha! Eu sei me cuidar! Assim que estiver complemente bem eu pego um avião e volto para minha casa. Pronto, problema resolvido.

— Não podemos te deixar sozinha, Claire. — Falou Seth — E mesmo que estivermos um pouco atrasados, não seria certo...

A voz do garoto foi morrendo com o olhar que Claire lançava para ele. Ela olhava com intensidade para Seth, como se para lembra-lo de alguma coisa e eu fiquei confuso com aquela troca de olhares.

Claire sabia argumentar quando queria, aquilo era um fato. Ela foi direto para quem tinha algum direito sobre a situação e tinha certeza que usaria toda sua persuasão de garotinha inocente que tinha.

— Você não pode se dar ao luxo. — Ela murmurou para Seth e o garoto pareceu entrar em outro mundo com as suas palavras. — Ela precisa de sua ajuda. Me deixar será apenas um pequeno sacrifício.

O silencio dominou a sala.

— Sacrificio?! De jeito nenhum eu... — começou a dizer Quil, mas foi interrompido com um único olhar meu. Aquela decisão era algo que eu não poderia argumentar e muito menos ele. Se tinha alguém que podia decidir aquilo era Seth. Nem mesmo Jon poderia decidir.

E eu sabia que de alguma forma Seth arranjaria uma solução que beneficiaria a todos. Ele era daquele jeito.

Então, eu me limitei a colocar a mão no ombro dele e apertar um instante antes de ir até ao lado de Quil na porta.

— O que você decidir irmão. — Eu disse à Seth, no mesmo segundo que Jon desabou em uma das cadeiras roxas felpudas, desmaiado.

Seth hesitou me encarando surpreso, mas que logo foi substituído por compreensão ao me ver assentir com segurança.

O que se passou na cabeça de Seth nos minutos seguintes eu pagaria para poder saber, pois o garoto pareceu em uma guerra em seu próprio corpo. O instinto de proteção do imprinting lutando com o caráter e a ética do próprio garoto.

De um lado, salvar Anna a todo custo e a manter a salvo, custe o que custar. Do outro, salvar Anna sim, mas não passando por cima das pessoas.

Ele parecia sobrecarregado com os ombros curvados daquela maneira enquanto pensava encarando o vazio á frente. O rosto muito mais adulto e cansado, com aquela nova sombra negra lhe cobrindo.

Por algum motivo eu sentia a necessidade de lhe ajudar e dizer o caminho que seria mais fácil, mas percebi que por todo aquele tempo em que Seth entrara em meu bando, se tornara o meu irmão menor que nunca tive, e eu havia feito aquilo. Eu o instruo por todo aquele tempo, mesmo quando ele não precisava de instrução.

Agora eu sentia que sua hora chegou. O garoto tinha que decidir por conta própria.

O rosto do garoto se iluminou de súbito quando seus olhos vaguearam pela sala e eu soube que ele teve a ideia que salvaria a todos.

— O.k.! — Disse vitorioso e me olhou com euforia característica — Vamos deixar eles para trás!

Meu queixo caiu.

Claire socou o ar com felicidade.

— OQUE? — Berrou Quil chocado, tirando as palavras da minha boca.

Se um dia alguém me dissesse que Seth diria aquelas palavras, eu riria da cara dessa pessoa e perguntaria se ela tinha fumado uma das ervas da tia Lesley.

Quil não se importou mais de esperar no batente da porta, longe das vistas de Claire, empurrou Lesley do caminho e parou a centímetros do corpo de Seth. Quil tremia da cabeça aos pés e os seus olhos aniquilavam — fitava ou encarava era um termo muito ameno para o que ele fazia — a figura de Seth parada tranquilamente.

— HEY! Você não pode entrar aqui!!!! — Berrou Lesley alheia á cena à frente, apenas encarando Quil com uma raiva característica de quando uma ordem de mãe é desobedecida.

Seth mantinha o rosto iluminado. Na boca começava a brotar um sorriso debochado — que me lembrava muito o de Leah — enquanto ele se virava lentamente para falar com Quil que estava prestes a dar um soco na sua cara.

— Quem é você hic! E o que fez com Seth? — Perguntou a voz arrastada de Jon.

Somente agora eu reparava que Jon fazia algum esforço para se levantar da cadeira e se manter em pé.

Seth riu pelo nariz, ganhando em troca um rosnado de Quil.

— Calma aí, esquentatinho. Você entendeu errado. — Ele exclamou feliz — Eu quis dizer é que Claire deve ficar em repouso até estar completamente curada, sim. Não é seguro leva-la com nós e arriscar a sua saúde.

— Eu sabia que você veria a verdade, Seth! — Sorriu Claire vitoriosa — Vocês têm que ir sem mim. Agora pare de fazer cara feia para ele, Quil!

Quil bufou exasperado, passando a mão pelos cabelos.

— Olha, Seth, não vou deixa-la para trás! — Exclamou Quil e Claire revirou os olhos em um gesto atípico dela. Eu franzi a testa estranhando sua reação. — Eu sei que você não tem tempo, precisa correr para chegar até Anna e coisa e tal, mas se ela não for eu também não vou!

— Exato! — Riu Seth.

No mesmo segundo, foi como se uma lâmpada se acendesse em cima de minha cabeça e eu me senti em um desenho animado.

Como não pensei em uma resposta tão simples assim antes? Eu ri alto com aquilo.

— Vocês não entenderam? — Perguntou Seth — Não podemos levar Claire e sabemos que Quil não iria com nós se a deixássemos para trás. Então, porque o Quil não fica cuidando de Claire e quando ela ficar melhor não a leva para casa e nos encontra lá?

Eu ri da simplicidade com que ele falou.

Claire pareceu entrar em desespero.

— Mas... Mas e se Quil precisar de vocês? Vocês estarão em menor numero. Pode ser perigoso! — Ela tentou argumentar — Muito, muito, muito perigoso.

— Perigoso? Renesmee pode ser perigosa para humanos e para vocês — eu disse me referindo ás garotas — Mas para nós, ela é somente garotinha que tem alguns desejos para realizar.

Claire revirou os olhos para a minha resposta e respirou fundo, parecendo estressada.

— Então é isso? Todo esse sacrifício para nada? — Ela perguntou se endireitando na cama — Para o Quil acabar preso comigo? Eu fiquei aqui, deitada nessa maldita cama, tentando desvendar a droga daquela profecia para nada?!

Vi ela apontar enfurecida para uma pilha de papeis amassados no canto do quarto. Os olhos da garota pareciam pegar fogo e todos do quarto ficaram chocados com sua explosão.

— Quer saber? Vocês que se explodam! Eu não vou falar o que eu descobri. — Ela gesticulou com os braços furiosamente — Hunf! Ficar aqui com Quil? Puff... Por favor!

Só então Quil pareceu sair de seu estado de torpor e encarar Claire parecendo perdido.

— Espera, o que quer dizer com isso? — Perguntou Quil chocado com o modo que ela falara dele.

— Foi exatamente por isso que eu não te deixei entrar!?! — Berrou Tia Lesley, que agora estava com o rosto parecendo um pimentão — Claire não pode ver você! Ela fica exaltada por sua culpa. Agora, fora daqui! Fora!

Claire. O que você quis dizer com isso? — Perguntou Quil novamente, ignorando o ataque de Lesley, que tentava empurra-lo para fora da sala sem sucesso.

— O que eu quis dizer com isso, Quil, é que talvez você mereça ficar perto de gente melhor do que eu! Por que não vai atrás de Samantha, aquela sua amiguinha da escola? Talvez, ela seja madura o suficiente para ficar com você sem se quebrar inteira em um estupido banheiro de avião e atrapalhar a vida de todo mundo! — Gritou ela furiosa — Ah, quem sabe ela não seja tratada como uma louca confinada, obrigada a tomar uma sopa nojenta e que, quando seu melhor amigo dorme, não tenha pesadelos com ela!

Quil ficou pálido e sem reação ás palavras que saiam da boca da menina, assim como eu, Seth e Jon. Lesley tentava a todo custo tirar Quil da sala, mas ele se mantinha imóvel, com os olhos grudados nela.

— Surpreso? Pois é! Eu ouvi você noite passada enquanto dormia. Gritando meu nome como seu eu fosse uma assombração! — A garota gritou mais alto — Se me odeia tanto, se tem tantos pesadelos comigo assim, porque passou a sua vida toda me perseguindo? Talvez você seja masoquista ou... ou melhor, queira enfrentar os seus medos, não é? Enfrentar as suas assombrações! Se eu sou tão horrível assim, porque você não vai de uma vez embora e NUNCA MAIS VOLTA?

— TUDO BEM, JÁ CHEGA! — Gritou Tia Lesley — A garota vai explodir se continuar com você nesse quarto! Quil Ateara, como proprietária dessa casa, eu peço, não melhor, eu mando você sair desse quarto imediatamente, ou eu vou te colocar para dormir na casa do cachorro lá no quintal!

Todos ainda estavam em choque demais para assimilar totalmente o que Lesley disse. Relutante e chocado, vi pelo canto do olho Quil, que se arrastava para fora e se deixava cair no sofá empoeirado da sala parecendo pasmado com o que tinha acontecido.

E foi instantâneo. A porta se fechou e Claire voltou a sua aparecia normal de garota frágil e preocupada. Ela colocou as duas mãos sobre a boca enquanto arregalava os olhos, olhando diretamente para a porta.

— Ah, Deus! — Ela murmurou abafadamente por conta da mão que ainda estava em sua boca — O que eu fiz?

Os olhos da garota já começavam a se encher de lagrimas.

— O... O que diabos foi aquilo? — perguntei olhando de Claire para Lesley, que agora foi amparar a garota que ainda estava deitada na cama branca.

— Eu disse que ela não podia vê-lo. — Resmungou Tia Lesley enquanto acariciava os cabelos da garota — Aquela sopa faz ela se curar mais rápido, é verdade, mas deixa todo ou qualquer sentimento ruim muito maior do que é. Eu já sabia que Claire estava ressentida com Quil, por isso o mantive longe, mas o garoto é teimoso! Agora, viu? A garota explodiu e vai ficar se culpando o resto do dia.

Eu troquei um olhar silencioso com Seth, que parecia assombrado com aquela cena.

— O que tinha hic! na sopa? — perguntou Jon, que agora parecia um pouco melhor.

— Alguns ingredientes que não se acha na cidade. — Ela disse enquanto consolava o choro de Claire — Maça, bananas, seiva, essas coisas.

Jon assentiu meio compreensivo, mas logo teve que se segurar nos móveis já que ele pareceu ficar tonto.

— O que aconteceu com você Jon? — perguntou Seth franzindo a testa — Por que você está assim?

Jon sorriu irônico na direção de Seth.

— Essa casa tem de tudo, cara. Nós precisamos ir embora logo se não vou ficar aqui para sempre! — Ele riu tolamente.

Vi Lesley revirar os olhos.

— Jon, Jon, Jon... Nunca soube enxergar o limite que separa as coisas. Às vezes, você pode pensar que tudo é muito maior e grandioso, mas na verdade é menor. Às vezes você pensa que é tudo menor, mas na verdade é muito maior. — Filosofou Lesley com aquele ar misterioso — Sugiro que termine de ler seus livros até a noite. Você vai aprender uma coisa neles que fara tudo ficar no devido lugar.

Agora eu entedia porque Quil odiava tanto aquela velha. Mistériosa demais, sabe-tudo demais, sem falar que metade do que ela dizia não fazia sentido, o que me deixava meio puto da vida.

— Tome um gole daquele frasco amarelo que está em cima da mesa. Vai ajudar a melhorar seu soluço — Lesley disse para o Jon sem tirar os olhos de Claire, que agora parecia mais calma — Filha, que tal você contar o que descobriu agora? Sei que não foi sua intenção falar aquelas coisas para seu Quil, mas eu tenho certeza que vocês irão se resolver depois. Agora conte para os garotos, vamos?

Claire fungou mais algumas vezes limpando as lagrimas. Eu via que suas bochechas estavam ruborizadas e ela mal conseguia olhar para nós, parecendo envergonhada pela cena que ela havia feito.

— Bem... É, me desculpe por aquilo... Eu realmente não estava no controle... — Ela ia continuar a se desculpar, mas Tia Lesley lhe mandou um olhar e a garota abaixou a cabeça.

— Sabemos que não foi sua culpa, Claire — falou gentilmente Seth, pegando sua mão e a acariciando, tentando a reconfortar. — E tenho certeza que Quil não ficara longe de você por muito tempo. Fique tranquila.

Ela deu um mínimo sorriso antes de tirar sua mão das de Seth e pegar alguma coisa em baixo do travesseiro. Claire piscou algumas vezes, arrumando o maço de papeis em sua mão e olhou para nós quatro antes de começar a dizer qualquer coisa.

— Bem, eu consegui a profecia inteira, mas não sei se está completamente certa... Comecei pelo óbvio. “No país tropical a resposta está aguardando”, o país tropical se refere mesmo ao Brasil, e como você tinha mencionado... Jacob, provavelmente aquela Ilha dos Cullen. Então provavelmente Renesmee tenha levado Anna para lá.

— Mas isso nós já sabíamos — Disse Jon em tom debochado enquanto virava o conteúdo do vidrinho amarelo na garganta e parava de soluçar — Tanto que estávamos indo para lá.

— Sim, eu sei — Corou a garota levemente — Mas é que não consideramos a primeira frase, antes dessa, “Das mulheres vem a força e a intenção”. Eu demorei algumas horas para reparar que o ‘mulheres’ está no plural. Eu tinha imaginado que se referia á apenas Anna, já que na frase seguinte, “De seu brinquedo, três fios podem ser a salvação”, que deixa bem claro que não fala de Renesmee, já que menciona a ‘salvação’.

— Mas como pode ser Anna?

— Bem, além da palavra ‘salvação’, pensei que talvez os fios fossem uma referencia indireta as pétalas da flor ou algo assim. — Ela falou olhando para os papeis e depois para nós, ainda timida — Mas ‘mulheres’ está no plural. Então eu acho que não se fala apenas de Anna, mas sim de todas as mulheres que está no nosso circulo... digo, que saibam dos lobos.

— Força e a intenção...

— Sim. Em geral nós somos fortes por vocês e temos a intenção de mantê-los seguros, exatamente como vocês por nós. — Ela disse parecendo animada por eu ter entendido.

— Mas isso não ajuda em nada. — Resmungou Jon e vi Seth mandar um olhar repreendedor para sua direção — Ok, tudo bem que descobrimos que a primeira frase se refere ás garotas que sabem dos lobisomens, mas se formos contar todos de todo o universo, na minha dimensão, todas as mulheres do mundo sabem sobre eles.

— Cala a boca Jonathan. — Repreendeu Seth ao ver a garota corar e abaixar a cabeça — Preferia quando você estava desmaiado, pelo menos não conseguia falar.

— Não, ele está certo. — Ela disse olhando para Seth — É só que... Bem, vocês pelo menos ficam avisados caso precisem de uma salvação ou algo assim.

— Okay, então vamos acrescentar isso na lista do que fazer em casos de emergência: Achar uma mulher — Falou Jon debochado e eu vi quando uma bola de plástico transparente voou na direção dele e acertou sua cabeça em cheio, e quicou no chão — AI! TIA LESLEY! Por que fez isso?

— Para você parar de zombar das descobertas da garota! — Ela disse em um tom bravo, mas que parecia se divertir ao constatar que agora o garoto tinha um galo vermelho no meio da testa — Ela tem talento para enxergar as coisas. Agora, continue querida.

Claire olhou rapidamente para Jon que ainda esfregava a testa com uma cara de dor antes de voltar a falar.

—Eu... Eu não fui muito melhor nas outras partes, mas o final... Aqui... “E a salvação final de um coração partido, sempre vem de um lugar perdido, que tem nossos esforços rendidos por um cérebro provido de ficção”... Bem, eu sinto muito Seth, mas o coração partido só pode ser o seu... ou talvez do de Jacob, mas faz um pouco mais de sentindo se for seu, já no final menciona ficção... E bem, Anna achava que nossa dimensão fosse apenas um livro de ficção, então...

Seth se deixou sentar na ponta da cama de Claire com o olhar perdido em alguma coisa á frente.

Claire segurou a mão de Seth que estava pousada na cama.

— Não fique assim Seth, a frase final diz que é a salvação do coração partido.

— Mas mesmo assim é um coração partido. — Jon disse e Lesley bufou, olhando ao redor, parecendo procurar outro objeto para tacar no garoto — Mas e quanto ao resto Claire?

— É tudo muito vago para dizer exatamente quando vai acontecer ou com quem. — ela disse olhando o maço de papais em sua mão — Mas tenham muito, muito cuidado, por favor. Eu estou mesmo preocupada é com a parte... Hmm... que fala sobre a morte e a guerra.

E as palavras pularam da minha boca quase como sem comando.

— “As mãos entrelaçadas à morte, que alguns levarão. E quando o fim chegar, talvez uma guerra acarretará, e tudo dependerá da decisão da mente nascida para liderar, se não, morte e destruição irão reinar.”

As palavras saíram melancólicas de minha boca e todos os quatro agora olhavam para mim. Eu não me dei o trabalho de observar melhor suas expressões, porque algo me dizia que eu não gostaria de ver o que havia ali.

Eu respirei fundo, decido a não pensar naquilo, mas mesmo assim os pensamentos saltaram. Sabia o que significava, mesmo que Quil, Claire, Jon e Seth não tinham muita ideia do que poderia ser, eu sabia muito bem o que elas queriam dizer quando se referiam á ‘decisão’. Eu senti minha cabeça doer ao tentar medir o tamanho do amor que eu tinha pelas duas e quem sabe me facilitar na escolha pela melhor — mesmo que o termo seja precário — pizza. Aquela seria uma longa e terrível decisão e me daria uma grande dor de cabeça.

Toc Toc.

A batida na porta me despertou dos devaneios e eu percebi que os outros haviam seguido a conversa sem mim. Me perguntei o que havia perdido, mas logo minha atenção foi presa na voz que apareceu ao abrir a porta, que parecia um tanto melancólica e ressentida, meio abafada pelos barulhos que vinham de fora.

— Os helicópteros chegaram. — anunciou a voz abafada de Quil e ele fechou a porta novamente.

Por um segundo eu achei estranho que daqui do quarto não desse para ouvir praticamente nenhum barulho do lado de fora, mas então lembrei de quem se tratava a casa e deixei de lado aqueles pensamentos.

Eu suspirei alto. Não sabia se era de alivio, nervosismo ou estresse pela nova noticia.

Assim que eu e Seth acordamos hoje cedo, ouvimos um certo alivio no ar e conversas alegres. A neve tinha se dissolvido rapidamente — de forma nada natural de se acontecer — e agora todos da casa estavam ligando para parentes, amigos e um heliporto que havia na cidade mais próxima daquele lugar.

Nós encontramos Jon soluçando junto com um aparelho celular prata que eu nunca tinha visto na vida — deve ter aparecido do além — e pedia um helicóptero urgente para que nos levasse finalmente, de alguma maneira, para o Brasil.

— Então agora apenas três seguiram viajem! — Anunciou Tia Lesley parecendo animada com a noticia — Então tudo vai dar certo! Jon, não esqueça de pegar os livros... e Jacob, Seth, sugiro que tome um banho antes, o.k.? Vocês estão cheirando a cachorro molhado de verdade. Vocês não dormiram no quarto de espumas, não é?

Eu revirei os olhos para aquela velha canastrona em minha frente e sorri irônico. Eu não sentiria nenhuma falta dela.

Jon se aproximou de Claire para lhe dar um abraço de despedida e correu para os andares de baixo atrás de sua coleção de livros roubados do avião que ele ainda estava lendo. Seth demorou mais, dando uma série de recomendações para Claire e a abraçando delicadamente e se despedindo ainda de tia Lesley com um abraço de urso.

Eu revirei os olhos para o garoto quando ele disse que sentiria saudades dela.

— Ah, querido, eu sei que sou irresistível e que as melhores conversas que você já teve na vida foram comigo, mas eu já tenho dono, ok? Tente não pensar muito em mim que a saudade diminui. — Ela disse parecendo acreditar no que dizia e Seth gargalhou alto.

Eu dei um abraço em Claire também, desejando que ela ficasse bem logo e dizendo que esperaria ela em La Push para uma corrida pela praia de manhã, como fazíamos quando Quil estava de patrulha e pedia para mim passar um tempo com ela.

Ela sorriu timidamente como sempre fazia e me deu um ultimo abraço.

Do lado de fora do quarto estava uma bagunça.

Os passageiros restantes arrastavam bagagens que trouxeram do avião pela casa e o barulho do helicóptero era infernal, ainda mais para quem tinha ouvidos extras, como nós.

Eu e Seth começamos a ajudar os outros passageiros com algumas bagagens muito pesadas á colocar dentro dos helicópteros, mas não ficamos muito tempo ajudando.

Quil apenas nos desejou boa sorte e um abraço, que eu achei que demonstrava o quanto chocado ele ainda estava com aquele ataque de Claire. Eu pedi para que ele ficasse calmo e que deixasse Claire quieta até ela se curar totalmente. Quem sabe depois eles não fossem dar uma volta pelas florestas e pelas montanhas? Colocar tudo em pratos limpos.

Logo que o nosso helicóptero pousou, Jon apareceu com os seus livros na mão e com uma cara eufórica. Eu poderia dizer que era porque ele estava ansioso para achar Anna, mas algo me dizia que era por causa que ele encontrara os livros que ele segurava junto ao peito quando sentou dentro o helicóptero.

Eu fui o segundo a entrar, sem nada de bagagens a não ser os papeis de anotações que Claire havia feito. Ela achou que seria melhor se eu ficasse com eles.

Seth estava com um dos pés para dentro do helicóptero quando Tia Lesley se aproximou correndo e falou algo em seu ouvido. O garoto ficou tenso alguns segundos e vi seus olhos faiscarem em minha direção, mas foia tão rápida que talvez fosse apenas coisa da minha cabeça.

Ele apenas balançou a cabeça concordando e subiu para dentro.

Nós já estávamos no ar quando finalmente Seth me olhou nos olhos e eu percebi que não gostaria nem um pouco da noticia que iria me dar.

Eu respirei fundo e fechei os olhos.

Sinceramente? Eu deixaria para ouvir as más noticias depois. Agora eu só tiraria um cochilo e fingiria que o que está acontecendo é só um pesadelo besta.

Eu estava cansado daquele pesadelo.


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