Capitulo 25 — Que a verdade seja dita

POV Seth

Eu ainda estava em estado de torpor. Algo perdido entre pensamentos e chocado com as palavras que ela me dizia, nem mais percebendo onde estava, quase como se não estivesse sentado naquela cadeira de madeira na cozinha da pequena casa de Anna.

À minha frente, se via uma Anna muito triste, com um olhar culpado e cheio de pedidos de perdão, com a cabeça levemente baixa. Apesar de tudo aquilo, eu podia ver que ela parecia aliviada por contar tudo para mim. Parecia que um peso havia saido de suas costas.

Eu estava com raiva. Raiva porque mesmo magoado, ferido e me sentindo o homem mais traído do mundo, eu não conseguia ter raiva ou magoa dela. Na verdade, eu me sentia impotente diante de sua expressão. E aquilo me irritava porque eu estava completamente a mercê daquela garota e eu percebia que não adiantava eu tentar lutar para odia-la porque eu não poderia.

Vi Anna ficar com o olhar longe, perdida em pensamentos novamente.

Ela ficara assim o dia todo, desde que fui busca-la de manhã, para visitar Sue. Ela conversava e brincava como sempre, com seu jeito mandão, mas ao mesmo tempo parecia que ela não estava ali. Distraida demais para ser a completa.

Então, eu a levei de volta para sua casa — a contra gosto dela, que parecia temer ficar em um espaço fechado comigo — e disse que precisávamos conversar.

Não sabia o que exatamente esperava quando ela se explicasse, como ela sabia tudo, mas com certeza eu não esperava aquilo que ela jogou sob mim.

Anna me contou tudo o que realmente acontecera desde que ela chegara ali, sempre com o receio em seus olhos, parecendo encolhida e esperando o pior vindo de mim. Saber que ela ela esperava um reação ruim de vinda de mim, piorou tudo.

Mesmo surpreso, sentindo que talvez tudo fosse um sonho, eu não disse nada. A unica coisa que eu fiz foi escutar. E quando ela começou a chorar pra valer, com a flor em suas mãos, começando a desabafar tudo o que tinha medo, tudo que lhe assombrava, eu a abracei. A abracei enquanto eu escutava ela dizendo que estava sentindo culpa por causa do Imbecil do Jonathan — que ela o mandou embora da sua casa e sabia que ele ficaria “magoado” por ter feito isso — e de ela não conseguir mais suportar tantas mentiras.

Disse que Jacob já sabia e que Jon na verdade era só o seu melhor amigo e nunca tinha namorado ele, nem mesmo o beijado. Nem uma unica vez.

Bom... Saber que na verdade o Flint, não era, não é e nunca será nada além de amigo era simplesmente foi a melhor noticia que eu poderia receber. E aquele pequeno momento de alegria, confesso, ofuscou todas aquelas mentiras.

Talvez eu até conseguisse ficar um pouco magoado se eu não olhasse para seus olhos ou não falasse com ela por bastante tempo, mas, pensei eu, valia a pena? Ela era humana. Cometeu erros. Mas a maioria dos erros veio de Jonathan, por tentar fazê-la ficar com ele, logo no inicio de tudo. Se ele não tivesse insistido naquela bobageira de namoro falso, eu tinha certeza que ela teria me contado tudo e estariamos nesse momento felizes, cuidando de nossas vidas.

Quanto á flor e do Imprinting falso, eu realmente não liguei para essa parte. Na verdade eu senti meu ego aumentar um pouco por saber que existia uma garota que saiu de sua própria dimensão só porque, mesmo que de uma forma estranha, tenha se apaixonado por mim.

Não podia se negar que, sair de sua vida apenas para encontrar um cara que estava apaixonado e tecnicamente ‘não existe’ é sim uma grande prova de amor.

Havia como não ficar um pouco, ao menos, convencido?

Giovanna pode ter sido egoísta, fazendo aquele desejo do imprinting, mas eu tenho certeza que qualquer um faria a mesma coisa para ficar com quem você esta apaixonado.

Tudo aquilo que acontecera era por causa do seu amor incondicional, quase um imprinting de sua própria dimensão. E talvez, mesmo sendo de outra dimensão, fossemos mesmo almas gêmeas. De alguma forma, já ligadas e destinadas a ficar para sempre juntas.

— Anna? — eu falei baixinho, a enroscando mais em meu corpo — Não fique assim. Se Jonathan não falar mais com você, ele é quem esta perdendo uma amiga maravilhosa.

Eu crispei bem a palavra “amiga” de propósito. Apesar de ter descoberto que ele nunca foi nada, eu ainda não gostava dele.

Anna pareceu ficar um pouco melhor e me deu um sorriso para mim.

— O que? Oh, eu realmente não te mereço. — ela perguntou debochada, ainda com o brilho do receio nos olhos — Não entendo como você não diz nada! Tudo o que eu fiz FOI errado. Não há como você negar isto.

A ultima palavra saiu como se ela cuspisse ela, com nojo.

— Giovanna Scavattine. Aqui todos já cometemos erros bem maiores que os seus e nem por isso julgamos. Não será eu ou o bando ou quem quer que seja que irá começar a julga-la por suas decisões. Foi errado, foi mas... Todos somos uma família e agora, você faz parte dela.

Ela já balançava a cabeça negando antes que eu terminasse a frase.

— Ninguém de vocês forçou um amor. Ninguém de vocês fez seu melhor amigo sofrer de amor por você enquanto você escolhia o outro. Ninguém mentiu tanto pra quem amava quanto eu.

Eu soltei uma risada baixa e gentil.

— Pensei que você tinha dito que leu os livros da Bella — Lembrei-a gentilmente — Aqui, já fizeram todos os itens que você falou.

Ela me olhou nos olhos, franzindo a testa, como se tentasse se lembrar do livro.

— Mas... Eu a condenava, por ter feito aquilo com o Jake. Falei como ela era idiota e sonsa por ficar com o Ed Purpurina ao invés do Jacob... E agora, eu fiz a mesma coisa!

Eu segurei os ombros dela, fazendo ela ficar de frente para mim.

— Anna, você não é como a Bella. A situação é diferente, as pessoas são diferentes. Sem falar que não estamos pedindo para você escolher entre mim e ele. Porque a situação, os envolvidos, a história é diferente.

Ela suspirou pesadamente me olhando nos olhos por um segundo antes de enterrar o rosto em meu peito.

— Só espero que todos sejam como você e não em julgue muito.

POV Leah

— Aconteceu bastante coisa nesses poucos tempos que estive fora, não é? — disse lentamente, assim que terminei de ouvir o seu relato.

Ele me olhou tristemente.

— Leah, eu sei que isso não é certo, sei que não é exatamente a verdade... Mas eu quero ficar com você. Não quero ela, eu quero você — ele falou com convicção de um verdadeiro garoto Imprintado.

Eu olhei tristemente para Jacob, sentindo meu coração acelerar sozinho no peito.

— Jake, você sabe que não é o que você sente de verdade. Não é a verdade. Você é o duplo de Renesmee e não de mim.

— Eu sabia que você ia dizer isso. — Riu, sem realmente achar graça.

— Jacob, você sabe que é a verdade. Só vai ser temporário, não foi o que aquele semi-deus disse? Então, acho que se não irá ser para sempre, eu não quero que nem haja um começo.

Ele ficou em silêncio, encarando a floresta. Eu suspirei, me sentindo melancólica com a situação. Até mesmo quando eu tinha meus desejos realizados, eu não podia simplesmente agarra-los e ser feliz. Sempre tinha que ter um obstáculo, um ‘mas’ ou uma reticencias.

— Mas... Eu não quero que seja temporário. Eu quero que seja você! Renesmee é mimada, e sempre me usava. Só ficava comigo quando lhe era conveniente e você não! Sempre conheci você e sei que você é melhor que qualquer uma.

E lá se foi minha reserva de negações. Eu não conseguiria falar não outra vez, abaixei a cabeça suspirando.

Eu sabia que eu me machucaria em algum momento, eu sabia que eu era como um estepe para aquilo tudo, eu sabia que uma hora ele voltaria ao seu imprinting original. Mas ali, com ele implorando para ficarmos junto, eu não conseguia pensar em nada que não fosse aproveitar o máximo de tempo que tínhamos juntos até que aquele semi-deus desfizesse tudo.

— Por favor, Leah, agora que podemos ficar juntos, não seja contra. — ele falou pegando minhas mãos e apertando contra o peito — Aqui mora um coração que já sofreu e já amou duas pessoas do mesmo sangue. Nenhuma delas mereceu ele de verdade e você sabe disso muito melhor que qualquer um. Não faça o sofrer novamente por...

Não deixei ele terminar a frase e nem ao menos tinha forças para deixar. Agarrei seus cabelos, juntando nossos lábios e dando um beijo que pareceu durar eternidades.

Talvez ele não soubesse, mas eu sonhara com esse momento a tanto tempo... E eu nunca poderia acreditar que aquilo era bem melhor do que nos sonhos.

Eu iria me machucar, definitivamente, mas como eu poderia deixa-lo sofrer?

–-

Como eu prometi, segue foto de Pamela:

https://drive.google.com/drive/folders/0B__WP3PSgQGnT1YtX1dEVS1sVkU