Amor Inseparável escrita por matheus153854, Gabriel Lucena


Capítulo 74
Capítulo 74


Notas iniciais do capítulo

Fala gente, é o Gabriel mais uma vez...

Boa leitura.



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Marcelina narrando

Acordei a noite com os olhos pesados, lutei muito para conseguir abri-los, mas quando finalmente abri, eu estava no quarto da Maria Joaquina, na cama que ela dividia com o Daniel, fazia sentido porque Mário estava agora dormindo no nosso quarto com Daniel, mas como eu havia ido parar ali? Será que Paulo me trouxe? Talvez. Não tenho muito o que fazer e dou uma olhada no relógio na mesa de cabeceira, eram 19:45 da noite, quando saímos do parque eram duas da tarde, eu dormi demais. Mesmo assim, me levanto, abro a porta do quarto e vejo que a casa está com um barulho na sala, quando dou uma espiada, percebo que Paulo e Alícia estão jogando videogame, um jogo de corrida que eu não conheço. Caminho para a cozinha pra tentar encontrar algo pra comer, pois estou faminta, e encontro Maria Joaquina bebendo um suco, que eu acho que era de maracujá.

–Oi amiga.- ela diz enquanto me aproximo.

–Oi. Está melhor?- perguntei.

–Sim. E você?

–Também.

–Cadê os meninos?

–Ainda estão trancados no quarto, estão muito magoados ainda.

–Achei que o Paulo e a Alícia tinham falado com eles.

–Sim, falaram, mas eles disseram que vão pensar no assunto.

–E por falar nisso, foi o Paulo quem me levou até o quarto?

–Ele e a Alícia...Bom, eu também ajudei.- e riu.

–Que bom.- eu ri também.

Acabei não resistindo e também peguei um copo e coloquei suco, depois fui com Maria Joaquina até a sala, observar os dois jogando.

–Venci mais uma vez. Vamos jogar mais uma corrida.- disse Alícia e Paulo riu e ambos deram continuidade ao jogo.

–E aí Marcelina? Está melhor?- perguntou-me Paulo.

–Na medida do possível.- respondi sem ânimo.

–Não se preocupe, já falamos com eles, é só uma questão de tempo.

–Na verdade, eu tenho um plano para uni-los, assim que eu acabar aqui, vamos iniciá-lo.- disse Alícia.

–Sério? Qual é?- perguntei curiosa.

–Ai, quase perdi. Depois te explico.

Eu ri com aquele comentário dela, acompanhada de Paulo e Maria Joaquina.

Maria Joaquina narrando

Realmente, achei esse plano da Alícia muito legal, apesar de não termos certeza se vai dar certo, eu até gostei. Depois de alguns minutos, quando ela finalmente terminou a partida, se levantou num piscar de olhos.

–Viu só? Eu disse que ia te ganhar!!- ela disse.

–Foi sorte sua, na próxima vez que a gente jogar eu te venço!!- brincou Paulo.

–Vai sonhando amor.- ela o abraçou e depois desligou o aparelho.

Depois daquilo, eu e Marcelina colocamos os copos de volta no lugar e Paulo abriu a porta do quarto.

–Está na hora de vocês se resolverem.- disse ele, com firmeza.

–Agora?- disse Daniel com uma voz sonolenta.

–Agora!- repetiu Paulo.

Pude ouvir a cama rugir, mostrando que Daniel tinha se levantado, assim que ele chegou na porta, Paulo o guiou até o quarto e depois fez o mesmo comigo. Quando eu cheguei no quarto, Daniel sentou na cama com as mãos nos cabelos e eu pude ouvir Paulo trancar a porta, para garantir que nós dois não sairíamos de lá.

–Daniel, me escuta. Eu não queria aquele beijo, ele que me beijou à força.- eu disse.

–À força? Pois você não parecia estar sendo forçada à nada.- ele disse um pouco mais alto.

–Claro, porque quando você viu fez um décimo de segundo que ele tinha me beijado, foi só um selinho entre nós dois. Eu sei que poderia ter sido mais se você não tivesse visto e gritado, mas mesmo assim eu ia empurrá-lo, quando você gritou eu estava empurrando ele pra longe de mim.

–Não foi o que parecia.

–Mas foi isso mesmo, o Paulo e a Alícia estão de prova.

Ele ficou um tempo calado, sem falar nada, até que virou de costas pra mim. Aquilo doeu muito, foi como uma facada no coração, eu senti vontade de chorar, mas não queria fazer aquilo na frente. Pensei em sair do quarto, mas Paulo trancou a porta por fora com a chave original, pois ele deu um prazo para a gente sair de lá com as pazes feitas. O Paulo não mudou nada, ainda parecia aquele adolescente que era quando voltou do colégio interno, só mudou fisicamente, mas continuava o mesmo, isso me deixava alegre, mas ao mesmo tempo, eu acho que ele exagerou ao trancar a gente ali dentro, tinha que trancar por dentro. Sem ter o que fazer, me deitei na cama virada de costas para Daniel, não queria que ele visse meus olhos molhados, não agora. Ele ficou todo aquele tempo sem se mexer, um silêncio profundo e perturbador. Depois de muito tempo, finalmente pude escutar a cama se mover e braços me envolverem pela cintura.

–Amor, vamos esquecer isso? Estava com tantas saudades.- ele disse com uma voz melosa, mas eu percebi que ele não sorria com medo de eu responder "não".

–Vamos sim amor.- eu disse, agarrando seu pescoço e o beijando com vontade, pra mostrar a felicidade que eu estava por ele ter decidido me perdoar.

Daniel narrando

Eu não sabia mais o que fazer. Até agora, mesmo tendo passado tanto tempo, tantas horas, eu ainda não tinha desistido de dar um soco na cara daquele idiota que beijou a Maria Joaquina, eu juro que se não fosse pelo Paulo ter me segurado, à essa hora ele já estava no hospital. Não, espera aí. Esse não sou eu, nunca pensei e nunca vou pensar em uma coisa dessas. Onde já se viu? Eu, colocando um homem dentro de um hospital? Não é com violência que vamos resolver as coisas. Mas sinceramente, acho que a Maria Joaquina gostou, porque ela nem tentou afastá-lo, ou simplesmente dar um tapa nele. Ou melhor, quando ela percebeu que ele queria beijá-la, devia ter contado à ele, o impedido, mas ela não fez isso. Ou fez? Sim, talvez ela tenha feito, mas ele roubou um beijo dela. Pode ter sido isso, será? Ah, não sei, só sei que aquela cena não parava de sair da minha cabeça. Era como se uma foto tivesse sido tirada e colocada na minha frente para eu olhar diretamente pra ela. Meu Deus, como eu faço pra tirar essa imagem da minha cabeça? Meus pensamentos são interrompidos quando eu ouço a porta do quarto se abrir, abro os olhos e é Paulo, que fica encostado na porta.

–Está na hora de vocês se resolverem.- disse ele, com firmeza na porta do quarto.

–Agora?- eu disse com uma voz sonolenta.

–Agora!- repetiu Paulo.

Mesmo assim, com muita preguiça e lentamente, consegui me levantar, assim que ele chegou na porta, Paulo me guiou até o quarto e depois fez o mesmo com Maria Joaquina. Quando eu cheguei no quarto, sentei na cama com as mãos nos cabelos e eu pude ouvir Paulo trancar a porta, mas ao invés de deixar a chave do lado de dentro, trancou a porta do lado de fora. Era só o que faltava.

–Daniel, me escuta. Eu não queria aquele beijo, ele que me beijou à força.- ela disse.

–À força? Pois você não parecia estar sendo forçada à nada.- eu me exaltei e disse um pouco mais alto.

–Claro, porque quando você viu fez um décimo de segundo que ele tinha me beijado, foi só um selinho entre nós dois. Eu sei que poderia ter sido mais se você não tivesse visto e gritado, mas mesmo assim eu ia empurrá-lo, quando você gritou eu estava empurrando ele pra longe de mim.

–Não foi o que parecia.

–Mas foi isso mesmo, o Paulo e a Alícia estão de prova.

Argh, pra mim chega. Quanto mais eu discuto com ela, mais aquela sensação de dor parece piorar, eu só quero chorar agora, não consigo pensar em outra coisa a não ser isso, mas como eu sei que ela não vai me tocar se eu virar de costas pra ela, é isso mesmo que faço, dou as costas pra ela, que não reage. Enquanto fico sentado, lentamente minhas lágrimas caem, mas eu não soluço, meu choro sai tão fraco que nem dá pra perceber. Chorei por vários minutos, até que sinto a cama remexer, dou uma rápida olhada e vejo Maria Joaquina se deitando de costas pra mim, ela também devia estar chorando baixinho como eu. Mas não dá pra continuar assim, eu não quero chorar mais e apesar de tudo que aconteceu, continuo não suportando vê-la assim, o que eu posso fazer pra que ela pare? Será que perdoá-la é uma boa opção? Sim, mas como perdoá-la se a imagem do beijo não sai da minha cabeça? Já sei, quem sabe se eu a perdoar e se ela aceitar, talvez essa imagem saia da minha mente? É, pode funcionar.

Vou até onde ela está deitada e a abraço por trás.

–Amor, vamos esquecer isso? Estava com tantas saudades. - eu disse fazendo voz manhosa, queria deixar um pouco mais de drama fazendo uma voz chorosa, mas não consegui, estava perdendo o jeito de ser ator.

–Vamos sim amor.- ela disse, foi quando vi que seu rosto continuava molhado, talvez ela tenha visto o meu também molhado, mas aquilo não importava, pelo menos estávamos de bem novamente, ela agarrou meu pescoço e me beijou vorazmente enquanto eu só retribuía, foi aí que descobri que aquilo era mesmo a chave para evaporar a imagem do beijo da minha mente.

Mário narrando

A dor em meu peito estava muito grande, quando Paulo e Alícia contaram que Marcelina não havia beijado ele porque queria, no princípio eu não acreditei, fiquei com tanta raiva que simplesmente expulsei eles do quarto.

–Que é isso cara? Você enlouqueceu?- pergunto Paulo, assustado.

–SAIAM DAQUI AGORA!!- berrei, jogando meu abajur caro, que usava desde a adolescência, na direção deles, Alícia se abaixou na hora e o abajur se espatifou na parede.

–Gente, calma, acho melhor vocês irem antes que ele quebre mais alguma coisa!- ouvi Daniel dizer.

Depois disso, não ouvi mais nada, me joguei na cama e acabei tirando um cochilo, mas quem disse que fiquei calmo? Continuei com muita raiva, não só da Marcelina, mas daquele maldito que beijou ela, minha vontade era de socar a cara dele, eu sei que violência não leva a nada, mas na hora da raiva, a gente não pensa e nem fala direito, por isso eu pensei daquela forma. Estava deitado na cama, encarando o teto, quando vejo Paulo entrar no quarto novamente.

–Está na hora de vocês se resolverem.- disse ele, com firmeza.

–Agora?- disse Daniel com uma voz sonolenta.

–Agora!- repetiu Paulo.

Meio que relutante, Daniel se levantou e foi até o quarto, pouco depois que ele e Maria Joaquina entraram no quarto, Marcelina apareceu no quarto, não consegui encará-la, porque olhá-la me fazia lembrar da cena e a dor voltava, tive que deitar na cama de novo e fechar os olhos para que aquelas imagens não aparecessem na minha mente novamente.

–Mário, me ouça. Eu juro pra você que eu não queria que aquele beijo acontecesse, eu realmente fiz amizade com aquele rapaz, mas ele que me beijou à força, ele não sabia que você é meu namorado e acabou me beijando, só que foi apenas por meio segundo quando você viu o beijo acontecer e você gritou na hora em que eu estava com as mãos no peito dele para empurrá-lo. Por favor, me perdoa, eu não queria...- nessa última parte ela chorou. Acho que ela viu que eu estava a ignorando e cada palavra que ela dizia, o choro ia aumentando. Foi quando a vi chorando baixinho, mas compulsivamente. Naquele momento, senti um aperto no coração, apesar de estar brigado com ela e momentaneamente a odiando, não aprendi a vê-la daquela forma, pra mim, a pior coisa do mundo é ver a Marcelina chorar, não dava pra aguentar, minhas lágrimas estavam voltando também. Não tinha jeito, ou eu a perdoava ou passaria por isso por um bom tempo, mas como eu não sou um bom guerreiro, não estava nem um pouco a fim de lutar com essa decepção, então, a abracei forte, estava precisando de um abraço mais do que ela.

–Marcelina, eu é que fui um idiota em ter duvidado de você. Eu acredito que ele te roubou um beijo tá? Está tudo bem agora.- eu disse, a abraçando.

–Está mesmo?- ela perguntou, ainda com voz chorosa.

–Sim, eu te perdoo tá bom?- até que dei um selinho nela.

Ficamos ali, naquela posição, até que ela adormece em meus braços e eu a cubro para que ela pudesse dormir melhor, pois já eram quase dez da noite. Meu Deus, ela vai ficar desidratada se continuar chorando dessa forma, preciso tomar mais cuidado com isso. Após colocá-la pra dormir, me levantei para ir até o banheiro e tomar um banho pra esfriar a cabeça, mas lembrei que Alícia trancou a porta por fora, então preferi deitar de novo e esperar ela abrir para poder sair.


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Notas finais do capítulo

É isso, até o próximo.