Recuerdos escrita por Cissey Senna


Capítulo 22
A foto


Notas iniciais do capítulo

" Nada há escondido que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia."
—Bíblia.



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– Não conheço! Bom eu só vim pegar minha bolsa que eu esqueci e hoje volto mais tarde mamis! Vou pedir pra ele entrar, tudo bem?- diz Violet pegando a bolsa e beijando a mãe na testa antes de sair.
–Tudo bem, qualquer coisa liga!- diz Matilda ao ver a garota sair e fechar a porta.
– Com licença!- diz Benjamin entrando assim que Violet saí. Senhora Matilda...
–Benjamin!- exclama Matilda sentindo estranhamente feliz com a presença do rapaz.
–Eu vim a pedido do Senhor Gurgel, ele me pediu pra entregar esses papéis que faltavam!- diz ele esticando a mão com uma pasta cheia de papéis para que ela recolhesse.
–É, e como você está?- diz Matilda indicando-lhe uma poltrona para sentar.
–Eu... estou bem!- responde ele. Você mudou daquela casa?
–Sim, vai faz dois meses. - diz Matilda colocando os papéis sobre a mesa de centro da sala. Quer tomar alguma coisa?
–Uma água!- ele responde ofegante, pois havia vindo muito rápido pelas escadas.
–Veio rápido?- ela diz ao perceber a rapidez com que ele tomava a água, de verdade estava com muita sede.
–Sim, eu queria voltar rápido pra casa, era meu último trabalho de hoje!- diz ele sorrindo com os olhos brilhantes.
–Ah você é casado!- supõe Matilda ao perceber aquela alegria toda de ir para casa.
–Não! Eu vivo com meus pais e minha sobrinha!- diz ele pegando sua carteira e mostrando a foto de uma menina com um casal de idosos.
–Bela menininha!- diz Matilda admirando a beleza da menina, apesar de deixar bem claro em sua expressão que crianças não era seu forte.
–Sua filha aquela moça!- diz Benjamin apontando para a porta referindo-se a Violet.
–Sim, minha única filha!- diz ela apontando para um quadro de Violet na parede.
–Está linda!- diz ele sorrindo para ela.
–É minha filha é linda!- sorri Matilda orgulhosa da garota que sorria na foto com um certificado na mão.
–Não, eu disse você!- diz ele sorrindo suavemente a ela.
–Obrigada!- diz Matilda sentindo-se lisonjeada e sem reação ante ao elogio de Benjamin. Não importava o que tinha em Benjamin e quem ele era, sim ele havia conseguido o que nenhum havia conseguido, nem mesmo o grande amor da vida dela, seu esposo. Ele havia conquistado sua confiança.
–Mais água!- diz ela para quebrar o silêncio constrangedor em que estavam.
–Não obrigada!- sorri ele.
–Está bem!- diz ela colocando o recipiente com água ao lado da pasta com papéis que cai ao chão espalhando toda a papelada pelo chão.
Ela rapidamente se põe a recolhe-lho com ajuda de Benjamin, tudo estava separado em ordem e não devia ser espalhado, agora ela teria o trabalho dobrado de acertar todos em sua devida ordem.
Benjamin recolhe alguns caídos aos cantos e nem se dá conta do último que havia ficado preso atrás do sofá entre a parede.
–Obrigada! diz Matilda se levantando-se rapidamente e quase caindo para trás quando sua mão escorrega ligeiramente do sofá fazendo com que ela perdesse o equilíbrio.
–Cuidado!- diz ele amparando-a antes que caísse.
Matilda se vê mais uma vez nos braços de Benjamin, aquele lugar que fazia com que ela se sentisse a pessoa mais protegida do mundo. E ninguém melhor do que ela sabia de como era se sentir ali.
Ele não simplesmente a envolvia com as mãos mas também com a doçura do olhar.
De repente estavam os dois envolvidos no que eles não sabiam explicar, mas que era encantador.
–Estava com saudades de você!- diz ele mirando-a nos olhos acariciando com suavidade os cabelos dela enquanto ela olhava para o teto fixadamente.
–É engraçado!- diz Matilda sem desprender a atenção do teto do quarto.
–Engraçado?- questiona ele sorrindo sem entender.
–Eu aqui mais uma vez com você!- diz ela olhando para ele a fim de descobrir o que lhe atraía naquele rapaz.
–Pois eu acho maravilhoso! Eu não deixei de pensar em você um só momento depois daquele dia.- diz ele beijando a testa dela carinhosamente.
–Pensou em mim?- diz ela sorrindo. Fazia muito tempo que ninguém dizia que pensava nela, nem alguém tão encantador como Benjamin.
–Eu quero te ver mais, te encontrar mais!- diz ele propondo que eles se encontrassem sempre.
–É bom estar com você!- diz ela tomando a iniciativa de beijá-lo pela primeira vez.
–E então, o que você diz de nos encontrarmos mais!- insiste ele.
–Acho uma perigosa ideia!- diz ela olhando para ele. Mas... como sou uma pessoa perigosa temo que não temerei em te ver...
–E isso tudo de não temo, quer dizer que sim?- ri ele com o jogo de palavras que Matilda havia feito.
–Em partes, isso também quer dizer que deve ser segredo e que você não deve contar a ninguém, nem ao Gurgel, principalmente a ele...-adverte ela.
–Tudo bem!- aceita ele. E quando nos vemos novamente?
–Vá com calma!- diz Matilda vestindo-se com seu roupão. Eu tenho uma filha que mora aqui... e ela também faz parte dos que não podem saber de nada.
–Podemos nos encontrar fora daqui! Bom, me diga seu telefone e eu te chamo ou você pode me chamar quando quisermos nos encontrar.- diz ele segurando-a pela cintura "respeitavelmente".
–Aqui está!- diz ela entregando pra ele um papel com os números. Chamá-me e eu te digo!
–Está bem!- diz ele colocando a camiseta.
–Já vai?- diz Matilda ao vê-lo se arrumar novamente.
–Você não quer que eu vá?- diz ele passando o braço ao redor do pescoço dela que esta sentada de costa do outro lado da cama.
–Tenho o dia livre e não tem ninguém por aqui a tarde inteira!- diz ela sorrindo com o canto dos lábios.
–Que coincidência!- diz ele beijando-a. Eu também.
Benjamin abraça-a com aquele carinho que só ele tinha. E de verdade Matilda amava aquele abraço, que a fazia se sentir a mulher mais protegida e amada do mundo.
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Horas depois...
–Boa noite!- cumprimenta Matilda ao entrar de muito bom humor na sala de espera da recepção do lugar onde estavam ocorrendo as gravações.
–Olá Matilda!- diz um ruivo ocupado com umas papeladas.
–Onde está Violet?- pergunta ela sem dar muita atenção ao descaso que o outro fazia com sua presença e sem ao menos dirigir algum tipo de palavra ofensiva a Jacque que aguardava seus textos ali juntamente com o ruivo.
–Está no camarim, tirando a maquiagem!- diz ele finalmente voltando-se a ela com a atenção que deveria e percebendo o estranho sorriso no rosto de Matilda. Está tudo bem?
–E por que não estaria?- questiona ela com um ar desdenhoso que tentava ser o mais gentil possível.
–Você está diferente!- diz ele reparando nos cabelos de Matilda, maiores por sinal e em seu semblante mais digamos que "suave".
–É de fato uma boa coisa!- diz ela convertendo-se na Matilda cheia de ironia de sempre. Como não vim aqui pra bater papo, prefiro ir até a minha filha...
–Não pode!- diz ele colocando-se a frente dela sem pensar nas consequências.
–E por que eu não poderia ir lá dentro buscar a minha filha?- diz Matilda sem mudar um passo do lugar.
–Por que estão gravando!- diz Jacque interferindo ao ver que aquilo ali não terminaria bem para o seu companheiro de gravações.
–Não perguntei á você! Mas... tudo bem! Eu espero, mas faça o favor de dizer a ela que eu estou esperando aqui, colocaram fogo na sua cabeça?- diz Matilda voltando as costas para a garota e respirando fundo e mirando o ruivo com uma cara de desaprovação.
O pobre ruivo olha intrigado ao espelho e sacode suas madeixas com orgulho.
–Em chamas!- diz Matilda fazendo uma piadinha básica enquanto repara o rapaz arrumar sua madeixas com frequência. Bom, eu vou esperar lá no camarim dela, é melhor do que ficar aqui com um tipo que pinta o cabelo desse jeito e outra songamonga.
–Faça como quiser! -diz Jacque ainda assustada pois esperava mesmo era uma enorme briga por parte de Matilda.
–E onde está aquela criadinha, a Guadalupe?- pergunta Matilda voltando-se a Jacque.
–Não sei!- responde a garota fingindo nem ter notícias de Guadalupe.
–Ela não apareceu mais e eu presumo que está querendo ser demitida por justa causa!- diz Matilda circulando em volta do sofá. Se você encontrá-la diga a ela que volte imediatamente antes que eu realmente tome medidas para expulsá-la com uma mão na frente e outra atrás.
–De certo que ela voltará!- diz Jacque recolhendo seus textos e saindo um pouco feliz com o que ouvirá mas em parte com uma dó terrível de sua companheira de batalhas, voltar para aquela casa e aturar Matilda todos os dias era coisas que só os fortes aguentariam.
–Garota mal educada!- esbraveja Matilda. Sempre assim, nunca muda, aliás como diz um certo ditado "pau que nasce torto, MORRE TORTO!
–Quem morreu?- diz Violet ao trombar com Jacque que saía e escutando um trecho da frase de Matilda.
–Olá filha!- diz Matilda aliviada com a chegada da garota.
–Vamos!- diz Matilda observando com espanto a suavidade com que sua mãe a estava tratando. Está tudo bem?
–E por que não estaria!- diz Matilda seguindo rapidamente para fora do lugar. Por que metade da America resolveu me fazer essa mesma perguntas?
O ruivo que observava a cena estava completamente perdido, não entendera absolutamente nada. O por que de mulheres loucas, que falavam coisas loucas e depois simplesmente saíam ser dizer nada.
–Alguma notícia filha?- diz Matilda.
–Ah sim! A Jacque e eu vamos contracenar no filme.- diz Violet checando suas mensagem no celular.
–O que?- espanta-se Matilda.
–Ela vai ser a co-protagonista mamãe! Vai fazer Psiquê a esposa do Cupido filho da minha personagem.- explica Violet que estava totalmente concentrada em seu Smartphone.
–E desde quando isso? Ela não seria a bailarina idiota que entrava e saía rápido?- diz Matilda estranhando a mudança rápida do elenco.
–Ia, mas ela foi convidada para fazer o papel, fez o teste e passou!- diz Violet na maior naturalidade. Aquela situação não era assim tão "engolível" para Matilda.
Matilda manobra o carro saindo fora do estacionamento enquanto Violet folheava um jornal que havia capturado do set. Matilda sempre condenará o fato da garota se fissurar a jornais, para ela era coisa de velhos sem ter o que fazer que sentavam em suas cadeiras e folheavam aqueles jornais estúpidos antes do desjejum.
–Olha uma notícia da tia Helena!- diz Violet apontando a uma foto de Helena que tomava toda a folha principal do jornal.
–Onde?- assusta-se Matilda freando o carro bruscamente.
– Aqui no jornal que eu peguei do set!- diz Violet.
–E este jornal é de quando?- diz Matilda.
–De hoje, e diz: Hoje faz exatamente um ano em que o cinema nacional e internacional ficou órfão de uma de suas maiores estrelas no auge de seu sucesso: HELENA WHITE.- lê Violet.
–Exatamente um ano...- recorda Matilda enquanto se vê novamente naquele seu dia de delírio e glória. Um ano de inferno para Helena!
–Que horror mamãe!- diz Violet odiando a expressão usada pela mãe. Por que você odeia tanto a tia Helena?
–Por que ela me ensinou a odiá-la!- diz Matilda retomando a direção do carro. Ninguém odeia ninguém sem motivos, é evidente que o odiado deve de alguma forma ter provocado o ódio alheio.
A exatamente um ano os planos maléficos de Matilda que até então eram apenas projetos haviam se concretizados... tudo estava perfeito olhando por seu ponto de vista, mas naquele momento olhando pelo ponto de vista onde Benjamin a colocará, aquilo era terrível, egoísta e horripilante.
–Benjamin!- ela deixa escapar de entre seus pensamentos aquele breve suspiro.
–Que foi?- pergunta Violet que ouvirá aquela respiração lenta de sua mãe e algum sussurro não compreendido.
–Nada! Eu estava pensando alto!- diz Matilda acelerando o carro a fim de terminar logo aquela conversa comprometedora que Violet poderia iniciar a qualquer momento.
A jovem Violet não sabia o real fim que tomará sua tia Helena e tua aquilo lhe fora encoberto com uma cortina de fumaça criada por Matilda. Ela desconfiará em algum tempo que a morte era estranha mas jamais cogitou a ideia de que sua mãe poderia ter provocado aquele destino terrível que a vida de todos havia subitamente tomado.
–E você sabe quando começaram as gravações fora?- diz Matilda mudando o assunto de repente.
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Caribe.
–Olá Jane!- diz Mark ao vê-la chegar com um sorriso no rosto.
–Olá Mark!- diz ela entrando de mãos dadas com Julie e Max.
Jane deixa as crianças na sala entretidas com o pai e segue para o quarto.
–Olá papai!- cumprimenta a garotinha sem ir beijá-lo no rosto como sempre fazia.
–E o meu beijo onde está?- Mark pergunta a Julie que corre para abraçá-lo.
–Vão começar as férias de verão papai!- diz a menina animada. Eu e o Max não precisamos de escola.
–Sim papai!- diz o garoto Max aproximando. E poderíamos ir acampar, o que acha da ideia?
–Eu acho incrível, poderíamos convidar a Kart...- propõe Julie.
–Você pode convidá-la se quiser!- diz Mark sorrindo.
–Sim e a Jane também!- diz Max. Ela é especialista em derrotar os "Madison" ela até venceu um pra mim no meu jogo... O Lucas Madison.
–Pergunte a ela...- diz Mark ao ver que Jane regressará a sala.
– Jane você quer ir acampar com a gente?- pergunta o garoto super animado fazendo sinal de entusiasmo com as mãos.
–É tem um lago gigante!- completa Julie. Nós acampamos lá o ano passado, a Taylor quem fez os uniformes de exploradores... foi divertido.
–Que legal Julie!- sorri Jane sem muito entusiasmo ao ouvir o detalhe a respeito de Taylor, normalmente ela nem se importaria mas agora estava começando a se importar e muito com as passagens de Taylor pela vida das crianças, por ter que engoli-la em seu trabalho e por ter que aturá-la por ali rondando a vida deles. Em especial a de Mark.
–Então o que diz?- perguntam Max e Julie em um coro animado.
–Bom crianças, você sabem que eu tenho um curso que faço, e também trabalho lá e isso me impede de ir com vocês, eu sinto muito mesmo não poder derrotar os Madison com você Max e nem brincar de pato com você Julie, mas eu prometo ir lá sempre visitá-los em suas maravilhosas férias... eu prometo!- diz Jane agachando-se para abraçá-los.
–Eu queria que você fosse!- diz Julie acariciando os cabelos de Jane suavemente. Sabe, lá no colégio todo mundo diz que você é minha mamãe...
Ao ouvir a palavra "mamãe" daquele jeito carinhoso, um turbilhão de sensações invadem os pensamentos de Jane fazendo-a perder o sentido do mundo e cair ao chão como se levasse uma enorme bofetada.
–Jane você está bem?- pergunta a pequenina que tenta segurá-la sem sucesso.
–Jane!- grita Mark levantando-se para acudi-la ao vê-la fechar os olhos lentamente e perder os sentidos e as forças.
Jane desmaia ao tentar sussurrar novamente a palavra 'mamãe" que ouvirá. Kart havia chegado e adentrava a sala naquele momento, se depara com a situação e corre para ajudar a acudir Jane.
– Oque aconteceu?- pergunta ela assustada ao ver Jane caída ao colo de Mark desacordada.
–Não sei, estávamos aqui e de repente ela desmaiou.- diz Mark buscando a melhor forma de aconchegá-la em seus braços.
A pequena Julie apenas observava a cena temerosa enquanto "acalmava" a sua boneca e a si mesma.
" Vai ficar tudo bem..." ela dizia.
–Vou levar ela lá pro quarto e você liga para o doutor.- diz Mark tomando Jane nos braços e indicando a Kart uma agenda repleta de números.
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–O que houve com ela?- pergunta o doutor assim que chega rapidamente após ser chamado.
–Estávamos conversando e de repente ela desmaiou!- diz Mark.
–Ela disse alguma coisa?- diz o doutor.
–Ela sussurrou alguma coisa que eu não consegui entender bem, "Jaíque" ou coisa parecida com filha...-diz Mark.
–Será que ela se lembrou de alguma coisa?- pensa o médico. Bom, vamos ver como ela está...
–Jane estava deitada e havia acordado, ela havia recobrado a consciência subitamente e por um instante não reconhecerá ninguém, nem mesmo Kart que estava ali do seu lado.
Sua mente havia viajado até um lugar estranho onde ela dirigia por uma estrada e nada mais. Nada além daquilo.
–E como se sente Jane?- diz o doutor após examinar sua pressão.
Jane apenas sacode a cabeça em um tom suave que respondia que ela estava bem.
–Ela acordou e perguntou quem eu era!- diz Kart ficando de pé ao lado de Mark e dali observando Jane apreensiva. Será que ela se esqueceu de mim e de mais coisas...
– Espere um pouco Kart, mas creio que não!- diz o doutor acalmando-a sem que Jane percebessem o que eles falavam.
–O que aconteceu comigo?- diz Jane sentando-se na cama para o alívio de todos.
–Você apenas desmaiou Jane, mas sua pressão está boa e você está se recuperando do susto que passou e que nos deu também!- diz o doutor colocando o estetoscópio no pulso de Jane para escutar a sua pulsação.
–Kart você está ai é?- diz Jane reparando Kart que olhava ressabia por cima dos ombros de Mark.
–É eu estou!- diz Kart aliviada, bom Jane não havia esquecido pelo menos dela. Ela lembrou de mim Mark...
–E a Julie?- pergunta Jane preocupada com a menina.
–Está lá na sala com o Max. Ela não gosta muito de ver essas coisas!- diz Kart.
–Pobrezinha, devo ter assustado ela!- diz Jane imaginando o susto que a pobrezinha devia ter tomado ao vê-la desmaiar do nada em sua frente.
–Ela está bem!- diz Max entrando seguido de Julie que para na porta um tanto espantada.
–Olá Jane!- sorri ela acenando sem sair da porta. Está melhor agora!
–É eu estou!- sorri Jane com um sorriso que dizia "Desculpa por te assustar, está tudo bem agora!"
–Mark eu devo ter lembrado alguma coisa, eu desmaiei por isso!- diz Jane a Mark.
–E o que lembrou?- pergunta Mark colocando uma cadeira ao lado da cama.
–Eu vagamente me vi dirigindo em uma estrada escura! Mas estava tudo confuso, e eu não consegui lembrar mais nada!- diz Jane colocando as mãos na cabeça afim de que lembrasse alguma coisa.
–Jane acalme-se!- diz o Doutor voltando-se para ela. Não é bom que você se estresse assim... pode te fazer mal.
–Eu estou bem agora!- diz Jane forçando um sorriso para evitar outra repreensão. Ela em sua opinião deveria mesmo se calar quando lembrasse das coisas e não sair por aí desmaiando. Ninguém iria saber se ela não expressasse corporalmente os seus pensamento. Era sua vida que estava em jogo, sua vida.
–Eu preciso te acompanhar de perto Jane!- diz o doutor. Necessito avaliar bem seu estado de memória.
–Está bem!- diz Jane sorrindo. eu prometo que não vou decepcioná-lo outra vez.
–Não está me decepcionando querida, estas coisas simplesmente acontecem!Você é uma das pessoas mais fortes que eu conheço!- diz ele recolhendo seus materiais e finalizando o atendimento com um sorriso que Jane se recordava muito bem, o mesmo daquele primeiro atendimento em que o conhecerá em seu consultório.
–Espero ser tudo isso mesmo!- ri Jane.
–E quanto a você velho Mark...cuide bem dela!- diz o doutor dando um leve tapinha nas costas de Mark.
–Que assim seja!- responde Mark devolvendo os tapinhas.
–E a senhorita sem estresse dona Jane!- diz ele olhando-a pela última vez antes de sair do quarto.
–Tudo bem, sem estresse!- diz Jane acenando para ele ao vê-lo sair seguido por Mark e Kart.
– Há algum perigo de ela voltar a esquecer as pessoas!- diz Kart que realmente se preocupara com o fato de Jane ter se esquecido dela por alguns minutos.
–Sim há. Vocês devem cuidar muito bem para que isso não aconteça. Jane está se recuperando ainda, apesar de ter passado um ano, mas ela não se recuperou totalmente!- diz o doutor.
–Está certo!- concordam Kart e Mark juntos enquanto despendem o doutor que vai embora.
–Mark!- diz Kart enquanto eles voltam para a casa. Quando ao beijo na praia a Jane não viu, não é mesmo?
–Não!- diz Mark enquanto regressa ao quarto seguido por Kart. Não que eu saiba! Bom, ela não viu, não tinha ninguém lá...
–Meu amor, eu fico feliz por que as crianças disseram que eu era sua mamãe!- sorri Jane rodeada por Max e Julie.
–Você gosta da gente?- pergunta Max.
–Eu amo vocês e vocês dois fofurinhas, são tudo pra mim e vocês deixam eu ser a mãe de vocês de verdade, pra sempre?- Diz Jane abrindo os braços convidando-os para uma braço coletivo.
–E eu posso te chamar de mãe no colégio?- pergunta Max animado.
–Claro que pode filho!- diz Jane beijando a testa do menino.
–Eu vou contar pra todas as minhas amigas que eu tenho uma mamãe!- diz Julie com um sorriso encantador no rosto.
–É claro querida, e eu vou ser a mamãe de vocês pra sempre!- diz Jane emocionada com tudo aquilo.
–Então minha mamãe, você me conta um conto hoje antes de ir dormir?- diz a pequenina abraçando-a com seus pequeninos braços. Como aqueles contos que você me conta todos os dias?
–Sempre meu amor! Até você fechar os olhinhos...- diz Jane comovida.
Mark e Kart observam a cena através da porta entreaberta. Ver as crianças assim felizes era satisfatório, mas o mais emocionante para Mark foi ver os dois descerem da cama e cumprimentarem Jane com um doce "Boa noite mamãe".
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Dia seguinte
–Não é possível!- diz um policial saltando da cadeira ao ver a mulher que saía do mercado e sentava a beira mar ao lado de Mark.
–Precisamos conversar Jane!- diz Mark segurando-lhe as mãos enquanto falava.
–Mark agora não!- diz ela também segurando as mãos dele sem perceber que era fotografada por alguém que a observava espantado de longe.
–Por favor Jane, eu preciso te perguntar uma coisa!- insiste Mark prendendo as mãos dela carinhosamente enquanto coloca a outra sobre a perna de Jane.
–O que aconteceu?- pergunta Jane como se lesse os pensamentos de Mark.
–Aquele dia pela manhã quando você saiu sem avisar... você foi me procurar na praia mais cedo?- pergunta ele buscando a melhor maneira para que a pergunta não soasse tão estranha.
–Não, não!- diz Jane enquanto lembrava de sua breve e terrível passada pela praia aquela manhã.
–Ah... por que eu pensei que...- ia dizendo Mark.
–Não Mark eu não fui procurá-lo, e acho que aquele beijo entre nós dois naquele dia, nós devemos esquecer, para o bem de nós dois, para nosso boa convivência.- diz ela sorrindo para parecer suave, saindo angustiada em seguida.
Mark fica sem ação ante as palavras de Jane, mas o certo era não colocá-la em situações como aquela. E era o que ele deveria fazer para o bem dos dois, como ela havia dito: Deixar Jane, era a melhor forma para não perdê-la.
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Alguns minutos depois...
Sentado em seu escritório numa delegacia estava o policial assustado, o mesmo que se assustará ao ver Jane e o mesmo que havia tirado algumas fotos dela lá na praia.
Ele agora folheava alguns blocos de arquivos e depois de examiná-los atentamente parecia apreensivo ao encontrar exatamente o que não gostaria de encontrar.
Uma foto 3 por 4, algumas cópias de documentos e dados do caso: HELENA WHITE ACIDENTE 2354: [óbito: Sim] Vítimas: 1, sexo: Feminino.
–É ela mesmo! diz ele recolhendo a papelada e colocando-a em uma maleta enquanto disca rapidamente um número que tomara de um dos documentos.
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BRASIL
Enquanto isso Matilda estava dando os últimos retoques de sua maquiagem antes de sair quando seu celular toca e um número estranho de chamada aparece na tela.
–Quem será?- questiona ela analisando bem o número sem conseguir identificá-lo.
"Que número estranho" pensa ela enquanto volta a atenção para sua maquiagem jogando o celular para dentro da bolsa julgando ser alguma operadora que lhe chamava para oferecer algum plano idiota ou coisa do tipo.
Alguns segundos depois o celular volta a tocar e o mesmo número aparece gritante na tela.
–Quem é?- diz ela atendendo o celular impaciente.
–Señora Matilda por favor!- diz um latino do outro lado da linha.
–A própria, quem é você?- pergunta ela ainda mais impaciente.
–Sou eu o policial do Caribe, a senhora se lembra?- diz ele.
–Que policial?- estranha ela sem se dar conta afinal já havia esquecido o tal "rato que a ajudará" em seu plano final.
–O mesmo que te ajudou a sumir com as provas da morte daquela mulher, a senhora Helena White Schiavo pra ser mais exato!- diz ele encontrando a melhor maneira de fazê-la recordar.
–Ah e o rato resolveu dar as caras por que?- diz ela esbravejando assustada. O que eu disse sobre ligar para mim ou tentar algum tipo de contato... aliás manter algum tipo de dados meus com você?
–Eu encontrei aqui na delegacia e não se preocupe, eu não liguei pra você para falar a respeito daquele dia e sim de alguém que era a causa principal daquele dia...- diz ele atemorizado.
–Está preocupado comigo querido, há não se preocupe eu estou maravilhosamente bem!- diz Matilda pronta para "derrubar" a ligação.
–Não estou preocupada com você e sim comigo!- diz ele. Hoje encontrei uma pessoa e se for ela mesmo...estamos numa fria!
–O que você quer dizer com isso?- pergunta Matilda desconfiada.
–A mulher...a tal Helena, ela está viva, e eu a vi hoje!- dispara ele.
–Viva? Helena?- diz Matilda sentando-se boquiaberta e impactada com a notícia que ela de fato não esperava. Não seja ridículo, ela está morta você mesmo sabe!- diz ela.
–O corpo não foi encontrado e eu a vi hoje mesmo com meus próprios olhos!- diz ele e se não for ela é o espírito dela ou alguém muito identifica a ela...- diz ele recordando o olhar de Jane fixo em Mark.
–E o que você fez quando viu ela?- pergunta Matilda cada vez mais assustada.
–Eu tirei algumas fotos, vou enviá-la para você! Veja aí!- diz ele enviando a foto.
O celular de Matilda vibra avisando que a foto havia chegado. Ela minimiza a ligação e clica sobre o ícone de mensagem para visualizar aquilo que ela cria que fosse um engano, um engano ridículo. Helena não podia estar viva, não aquela Helena.
–E então?- diz o tal policial enquanto sua voz soa em viva voz no celular de Matilda.
Matilda enfim reúne coragem para abrir o arquivo de imagem que se estende sobre a tela, a imagem terrível de uma mulher sentada a beira mar faz com que ela grite atirando o celular ao sofá.

–Alô senhora Matilda?- pergunta o outro do outro lado da linha.


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Notas finais do capítulo

"Tudo quanto nós próprios descobrimos ou voltamos a descobrir são verdades vivas; a tradição convida-nos a aceitar somente os cadáveres da verdade. "
( André Gide )



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