As 5h30, meu celular tocou. Peguei-o e desliguei o alarme. Terça-feira. Teria de ir para a escola, mas não queria encontrá-lo. Quais são as minhas opções?

São 5h45 e ainda não levantei. Minha mãe percebeu e veio me acordar, dizendo:

– Amanda, fofinha, você tem que levantar. Tem aula hoje.

Eu me viro e a encaro, faço um beiçinho e pergunto:

– Posso faltar? Não to bem.

Minha mãe passa a mão dela na minha testa e diz:

– Tudo bem. Pode dormir.

Ela se levanta e sai do quarto. Esse é a melhor coisa da minha mãe, se eu pedir, ela deixa eu faltar, desde que eu não falte muito e minhas notas não caiam.

Voltei a dormir.

•••

7h40, meu celular toca de novo. É uma mensagem da Crystal:

“Oi flor, por que você não veio para a escola? Precisava falar com você.”

Ainda meio grogue, eu escrevo:

“Desculpa Crystal, não to me sentindo bem.”

Alguns minutos depois, recebo uma resposta:

“Não está bem de verdade, ou por causa do que aconteceu ontem?”

“Por causa de ontem. To meio ruim. Sei lá. O que houve?”

Alguns minutos se passam. A curiosidade começa a me corroer. O que terá acontecido? Quando a resposta vem, me atrapalho ao colocar a senha, e meu celular acaba indo para o chão. Tento pega-lo sem sair da cama e acabo caindo também. Olho a mensagem, enquanto pego o travesseiro em cima da cama, e fico deitada no chão mesmo.

“Encontrei o Andrew ontem no mercado, antes de ir para casa, depois da escola. Fica calma, não aconteceu nada de importante. Só demos oi e tals. Só queria que soubesse que ele só lembrou de mim, por causa da frase ‘amiga da Amanda’. Pode gritar agora.”

O celular cai na minha cara. Sem querer, solto um palavrão e esfrego o nariz. Não gosto de falar palavrões, mas... fazer o quê?

Logo em seguida, escrevo: “Não acredito! Queria ter ido junto... :(”

“haahahaha quem sabe na próxima? Amanhã você vem para a escola?”

“Vou sim.”

Coloco o celular do meu lado e olho para o teto do meu quarto. Ele tem aquelas estrelinhas que brilham no escuro, e todas estão brilhando agora. Crystal encontrou o Andrew no mercado perto da escola. Sinto uma pontada de ciúmes. Sei que Crystal nunca me daria uma facada nas costas. Mas mesmo sabendo disso, não consigo afastar o sentimento.

Me viro de lado para tentar dormir de novo, no chão mesmo, mas meu celular toca novamente. Dessa vez é a Sam.

“Amanda, por que você não veio para a escola? E você não vai acreditar quem veio falar comigo hoje.”

Eu fiquei curiosa. Decidi responder.

“Estou doente. Mas quem veio falar com você?”

“Sabe o James? Aquele que você gostava? Então, ele veio perguntar de você para mim. Veio perguntar aonde você estava.”

Na hora que eu li isso, eu levantei. James? O James? O mesmo James que eu gostei ano passado?

Vocês não devem estar entendendo nada. Ano passado eu gostei de um menino. Ele tem os cabelos pretos e os olhos bem escuros,tipo um castanho. Ele é um ano mais novo. E ano passado, ele descobriu que eu gostava dele. E ai ele ficou tipo “aff, aquela menina gosta de mim”. Fazer o que?

Eu já o tinha superado, mas ouvir que ele estava me procurando, fez um sentimento antigo voltar. Era um quase uma saudade. Não entendi o por que disso, nem porque agora ele vem me procurar.

Enfim, eu respondi:

“Como assim ele veio me procurar? O que ele queria?”

Dois segundos depois:

“Ele não disse o que queria, só que estava de procurando.”

Respondi, já relaxando:

“:p . Bom, vou dormir agora tá? Se souber de alguma coisa, me manda mensagem.”

E eu voltei a dormir.