A Doçura Nunca Durou escrita por Enchantriz


Capítulo 7
Capitulo 06: Equilíbrio é Uma Mentira




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O tempo passou e os garotos Zed e Shen foram crescendo, se tornando os ninjas mais fortes de Ionia. E de todos ali no templo, somente uma pessoa dava a impressão de ser páreo para Zed, o filho do mestre: Shen. Após tantas lutas, parecia que Zed nunca viria a ser o favorito de seu mestre, pois cada batalha entre os dois acabava em empate. Irritado com os resultados falhos, o moreno se distanciou cada vez mais de seu amigo em busca do aperfeiçoamento das técnicas e reconhecimento de seu mestre. Precisava progredir rápido para completar seu objetivo. Agora rivais, os meninos quase não se falavam mais, nada alem do necessário.

Um dia qualquer, Zed foi ordenado a limpar uma das salas onde guardavam os pergaminhos antigos.

– É sua vez de limpar a sala do lado oeste. – avisou Shen normalmente lhe entregando a chave do local. – Tome cuidado, o cheiro de mofo esta bastante forte p--

– Não precisa se preocupar. – interrompeu o jovem ao sair andando.

– Certo... – murmurou Shen vendo o rapaz virar pelo corredor.

Zed passou a tarde toda limpando aquela grande e espaçosa sala que guardava tantos livros e pergaminhos em altas prateleiras junto com alguns troféus. Essa não era a primeira vez que havia entrado ali, já tinha entrado algumas outras vezes acompanhado de Shen para pegar uma coisa ou outra, porém, nunca reparou na porta ao fundo lacrada por diversas fitas. Ele se aproximou da porta velha de madeira, analisando os arranhões e as manchas amareladas no papel que selavam a porta em um aviso para não entrar. Percebendo a atmosfera sombria que emanava por de trás dali, deu um passo para trás se afastando desconfiado quando, de repente, ouviu uma voz, um leve sussurro o chamando ao longe... Algo o atraia cada vez mais para perto. E sem pensar nas conseqüências, ele estender a mão puxando as fitas que isolavam a madeira envelhecida antes de empurrar a porta sentindo o cheiro de mofo misturado com o ar pesado e mortífero.

– Mas que merda é essa...!? – tossiu engasgado devido ao cheiro forte e a pressão baixa do ar.

Seus olhos rubis percorreram todos os cantos da estreita sala a frente, não havia nada alem de uma pequena caixa preta detalhada que repousava em uma bancada ao centro. Estranhamente, sentia-se hipnotizado por aquele objeto tão misterioso.

– “Abra a caixa.” – dizia uma fraca voz ecoando em sua cabeça. – “Aceite a escuridão...”

Ele entrou na sala e pegou cuidadosamente a caixa, analisando as escritas douradas em toda sua superfície.

– “Não tema o caminho obscuro... A verdade esta nas trevas.”

Pressionado pela curiosidade, Zed abriu lentamente a caixa que saiu uma fumaça negra o fazendo derrubá-la no chão. Em segundos, varias sombras saíram de dentro do objeto percorrendo todo o corpo do rapaz que cego batia-se contra a parede na tentava inútil de livrar-se. Quando as sombras adentrarem em sua mente, como num flash seus olhos foram encobertos de técnicas ninjas nunca vistas antes.

– Isso é incrível! – disse impressionado ao piscar os olhos recobrando os sentidos um tanto ofegante.

Ele olhou para suas mãos sentindo-se invencível com o poder fluindo em suas veias. Nunca havia sentido tal força desde os poderes dos magos ionianos, e armado com os diversos segredos antigos, pode ver uma oportunidade para desafiar Shen e ser reconhecido.

– Shen. – chamou-o no meio do dojo principal do templo. – Enfrente-me se for capaz! – sorriu provocativo.

– Acho que agora não é uma boa hora para isso... – comentou Akali.

– Não, esta tudo bem. Já esta realmente na hora de resolvermos isso, Zed. – Shen sorriu de volta para o amigo, o encarando.

– Lá vai começar... – bufou Kennen balançando a cabeça negativo.

Os dois se posicionaram em frente um ao outro. Shen rapidamente correu em direção a Zed e girou o corpo para chutar-lhe na altura do rosto, mas Zed bloqueou o ataque com o braço antes começar uma serie de socos que foram desviados precisamente. O filho do mestre se agachou passando uma das pernas pelos pés do moreno que saltou para trás se livrando da rasteira, e era sua vez de contra-atacar, porém Shen voou em sua direção com a mão em punho. Os olhos dourados se arregalaram surpresos ao ver Zed sumir, deixando apenas uma sombra que se desfez ao acertar o soco.

– Como isso é possível...!? – perguntou-se segundos antes de se virar para trás, tentando acertar novamente o rapaz sem perder o foco.

Zed usou novamente sua técnica da sombra para esquivar do golpe de Shen e o distrair ficando em sua retaguarda, acertando rapidamente o cotovelo em suas costas ao mesmo tempo em que bateu o estomago do adversário em seu joelho antes deixar o corpo ir ao chão.

– Eu venci. – o moreno sorriu vitorioso vendo o amigo a seus pés.

– Não pode ser... – ouviu a voz rouca de seu mestre alguns passos atrás. – Você abriu a caixa... – murmurou o ancião sem acreditar.

Orgulhoso por sua vitoria, Zed esperou por reconhecimento e admiração, mas o mestre enfurecido o exilou ao percebeu as técnicas dos caminhos proibidos.

– Como você pode abrir a caixa!? Em décadas ninguém fez o uso das técnicas antigas e proibidas! – vociferou para o rapaz que o olhava sem entender a bronca. – Você traiu seu próprio povo! Saia daqui! Você me desonra...! – disse com desgosto.

– Você? – Zed gargalhou se divertindo com a situação. – Você nunca realmente sentiu orgulho de mim! – se aproximou do mestre, o enfrentando. – Todos esses anos você só me manteve aqui porque não me quis como inimigo, mas agora, eu serei seu pior pesadelo, pois as trevas me iluminaram.

O velho arregalou os olhos ainda mais espantado com as palavras.

– Saia imediatamente! – berrou enfurecido.

Humilhado, o jovem ninja vagou por anos e anos. Agora, era um homem de vinte e três anos de vestes vermelhas e negras com uma mascara que encobria todo seu rosto, deixando apenas os olhos vermelhos a mostra. Sua amargura transformou-se em ambição, assim passando a treinar outros com as técnicas das sombras. Seu círculo de seguidores crescia assim como o seu poder, mas ele sabia que sua técnica nunca seria completa sem a caixa. Então, banhados pelas estrelas da noite de verão, ele olhou para seus seguidores e viu que seus alunos já formavam um exército.

– Está noite, nós reinaremos sobre o templo! – disse firmemente. – Venham comigo, e lhes levarei a vitória!

Convencido, os levou de volta ao templo para reivindicar seu prêmio. Ao chegar aos portões, ficou surpreso ao encontrar o velho mestre o esperando, recebendo ele e seus discípulos como se fossem convidados. O velho homem retirou a branca espada vorpal de sua cintura e jogou aos pés de Zed.

– Zed, me perdoe, eu falhei com você. – disse arrependido. – Não deveria ter lhe exilado, foi eu quem lhe condenei as sombras em vez de conduzi-lo ao caminho do equilíbrio. Eu deveria ter ficado mais atento a você, meu filho.

– Espera mesmo que eu acredite nessa baboseira depois de ter me humilhado? – respondeu serio. – Tsc! Você é patético!

– Por favor, deixe-me redimir. – implorou lhe estendeu a mão. – Não precisa terminar assim, você sabe disso. Só você pode destruir aquela caixa. – confessou.

O mestre implorou para que Zed entrasse no templo, destruísse a caixa e liderasse seus seguidores pelo caminho do equilíbrio. Um tanto desconfiado, Zed aceitou a proposta e seguiu seu ex-mestre templo adentro. Todos seus alunos o observavam apreensivos, inclusive seus antigos amigos Shen, Akali e Kennen que haviam crescido e agora trajavam-se com uniformes, escondendo a identidade. Após entrar na sala a sós com o mestre, não demorou muito para que ele direcionasse uma espada velha para seu antigo aluno.

– Porque Zed? – perguntou o homem inconformado. – Eu lhe dei uma casa, lhe dei a amizade do meu filho e ensinei a ser alguém! Porque depois de todos esses anos você me virou as costas?

– Foi você quem me virou as costas quando não reconheceu meu potencial. Você só enxerga o Shen, aceite a verdade. – respondeu indiferente afastando a lamina de seu pescoço. – Não me venha com esse papo de merda de que se importa agora. – olhou friamente para o ancião que se mostrava hesitante. – Você sabia, mestre... – voltou a falar calmamente. – A lamina que não se vê é a mais mortífera.

Rapidamente a sombra do ninja apareceu atrás do velho, espantado, ele virou-se e viu Zed surgir passando as laminas da espada de seu braço direito em seu peito, o atravessando sem misericórdia. Friamente, o aluno assistiu o mestre cair ensangüentado aos seus pés, em seguida, virou-se e pegou a caixa com os olhos rubis brilhando em ambição.

– Segredos guardados, armas desperdiçadas. – brincou ao abrir a caixa obtendo o restando do poder, mas antes que pudesse se vangloriar, gritou de dor ao sentir uma espada perfurar seu ombro.

Enraivecido, ele se virou com as laminas afiadas passando pelo pescoço do ancião, o decapitando em seus últimos segundos de vida.

– Tsc! – trincou os dentes ao retirar a espada de seu ombro. – Péssima decisão, velho idiota.

Zed caminhou ereto até a porta e jogou a cabeça de seu mestre aos pés de seu antigo amigo Shen. Em um urro de fúria, ordenou que seus seguidores matassem os alunos do antigo mestre.

– Matem todos! – vociferou. – A tradição é o cadáver da sabedoria...! – teleportou-se para o telhado, assistindo agachado seu exercito se espalhar trazendo o terror e a destruição ao templo em meio aos gritos desesperadores.

O filho do mestre, Shen até então imóvel, sacou as espadas para se defender de dois soldados das sombras os quais matou rapidamente em um golpe certeiro. Ele levantou a cabeça para o telhado, os olhos dourados fervendo em raiva e desgosto para o ex-amigo.

– Akali, Kennen! Tirem todos daqui. – ordenou serio, tomando a posição.

– Mas Shen! – disse Akali sem entender o amigo. – Aqui é o nosso lar!

– O mestre... – Kennen tentou falar.

– Eu disse para retirar todos daqui agora! Vamos embora! – respondeu friamente antes de voltar a olhar para Zed. – Isso não vai ficar assim. Guarde minhas palavras, Zed. – apontou a espada para o ninja de vermelho que sorria vitorioso por baixo da mascara de ferro.

Naquele dia, a velha ordem dos ninjas definhou. Embora muitos dos discípulos tenham morrido, alguns escaparam graças aos feitos heróicos de Shen. O templo agora era um campo de treinamento da Ordem das Sombras. Zed liderava como o mestre da Ordem e seu decreto é simples:

– Aceite a escuridão, ou morra nas trevas! – disse enquanto caminhava calmamente em meio aos alunos em treinamento. – Equilíbrio é uma mentira! – ele parou olhando para o céu noturno com a lua brilhando forte entre as nuvens. – Nós somos os verdadeiros ninjas.


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Notas finais do capítulo

Ultimo Capitulo - Capitulo 07: Memorias + Capitulo Extra



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