A Doçura Nunca Durou escrita por Enchantriz


Capítulo 3
Capitulo 02: Culpa


Notas iniciais do capítulo

Eu tinha dito que ia postar os capítulos uma vez por semana, mas como eu estou prevendo que minha volta as aulas da universidade vai vir no modo hard, provavelmente estarei postando a historia completa antes para a alegria de vocês, kk'



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– Ei, acorda! – Syndra chacoalhava Zed que dormia despreocupado na sombra de uma enorme árvore. – Acorda!

– Mas que diabos! O que foi?! – disse ele impaciente ainda meio sonolento, mas reconhecendo a garota.

– O que esta fazendo dormindo em um lugar como esse?

– Hã? Ah, droga! – praguejou passando a mão no cabelo bagunçado. – Eu acabei cochilando enquanto te esp-- – ele parou de falar ao perceber o que ia dizer.

Havia se passado três dias desde que se conheceram por um acaso do destino, e durante esse tempo, não sabia explicar a confusão que estava dentro de si pelo que tinha ocorrido, mas Zed sempre passava no mesmo horário pelo local onde se encontraram. Por um momento, pensou que estivesse ficando louco, tendo imaginado tudo o que passou sem realmente acreditar que pudesse existir uma garota ioniana que o ajudaria... porém, o inesperado aconteceu.

– E o que você esta fazendo aqui? – ele mudou de assunto rapidamente, olhando para Syndra ajoelhada ao seu lado. – De novo... – lembrou-se.

– Não gosto de ficar trancada em casa. – confessou. – É sufocante...

– Porque te deixam trancada? – perguntou curioso, sem entender.

– Bom, você não é a aberração aqui. – ela sorriu de canto. – Eu sou.

– Agora é você que esta falando besteira. – abafou um riso. – Você é uma ioniana iluminada! Dá para sentir de longe que você tem um grande poder ai dentro. – apontou para o colar em seu pescoço.

– Do que adiante ter um grande poder se não posso usá-lo? – remexeu o cristal branco como as nuvens. – Eu gostava de passar as tardes aqui distraindo meu pai com a magia. – lembrou-se deixando a pedra escorregar de seus dedos de volta para sua roupa. – Agora, essa droga de colar não me permite nem se quer levantar uma pena. – reclamou desanimada.

– Se te deixa tão mal, porque não o tira?

– Meus pais me trancariam eternamente se soubesse que usei meus poderes.

– Eles não precisam saber. – sorriu para ela. – Você é bem lerda, não? – a provocou.

Syndra o empurrou com força.

– Ei!

– Você é insuportável, moleque! – comentou se levantando emburrada. – Ah, – ela parou olhando novamente para o garoto. – você não me disse qual é o seu nome...

– Zed. – respondeu baixo, um tanto sem jeito.

Estranhamente, nunca disse seu nome a ninguém, nem se quer teve uma conversa tão tranqüila. A cada segundo que olhava para a garota à frente ficava fascinado por seu jeito e humor instável.

– Eu te vejo amanhã? – ouviu novamente a voz calma de Syndra.

– Se for isso o que você quer. – sorriu.

Os dias do mês passaram rápidos quando Syndra e Zed se encontravam escondidos todas as tardes, conversando animados, mas, toda aquela animação acabou quando os poderes de Syndra fluíram mais fortes.

– Isso parece estar ficando fora de controle. – comentou o garoto vendo o estrago que sua amiga causou ao redor após irritá-la em uma brincadeira. – Você esta bem? – perguntou preocupado recebendo apenas um sorriso pequeno como resposta.

Syndra não parecia assustada com a quantidade de poder que tinha em mãos sem controle, porem seus olhos vagos se perguntavam como podia ter domínio de tudo aquilo. Seu poder parecia chamá-la ao fundo da mente, quase a envenenando para usufruir do dom que todos a impediam dizendo que era errado.

– Syndra! – berrou Zed quando viu os olhos prateados quase serem tomados por um tom negro.

A garota piscou os olhos prateados voltando a atenção para Zed.

– Desculpe, eu me distrai um pouco.

– Não. – disse serio lhe entregando seu colar. – Você tem que se concentrar, se não vai acabar ficando louca com esse poder. – cutucou-lhe a testa. – Eu sei que você vai ser uma grande maga um dia. – sorriu confiante.

E de repente, ouviram o barulho de passos se aproximando. Nervosa, Syndra rapidamente colocou o colar no pescoço e empurrou o garoto para trás de uma árvore quando ouviu chamarem seu nome.

– Syndra? – chamou a voz familiar de seu pai. – O que esta fazendo aqui? – perguntou estranhando o local.

– Treinando. – respondeu rápido sem conseguir mentir. – Mas... não deu muito certo. – inclinou um pouco a cabeça para o lado mostrando o enorme buraco que havia feito em varias arvores ao redor.

O homem suspirou pesado antes sorrir gentil.

– Certo. Vamos para casa. – estendeu a mão para a filha.

– Desculpe. – pediu ao segurar a mão do adulto.

– Esta tudo bem, mas não tente isso de novo, por favor. E você ainda é nova, vai melhorar.

– Como você pode ter tanta certeza? – perguntou curiosa.

– Acredite, eu sei. – deu uma leve risada. – Eu causei muitos estragos com a magia quando tinha a sua idade, era realmente horrível tentando conjurar feitiços! – expressou-se voltando a caminhar.

Zed saiu por detrás da árvore vendo com os braços cruzados os dois se afastarem, encostado em um dos troncos. Sério, pensou ter sentido por um momento inveja daquela atmosfera agradável que cercava os dois familiares, mas logo ele sorriu despreocupado lembrando-se que nada daquilo mais o importava. Depois de tanto tempo, não sentia mais aquela necessidade e atração que os pais proporcionavam, tudo aquilo agora era apenas um pedaço do ódio que reprimia. Ele se virou caminhando na direção contraria, seguindo calmamente seu caminho para a pequena casa afastada que ficava no meio da floresta. Sentia-se estranho toda vez que entrava em casa, afinal, nunca tinha ficado tanto tempo em um único lugar.

– ...porque eu sinto como se essa calmaria não fosse durar? – perguntou se jogando na cama desarrumada, fitando o teto com um mau pressentimento. – O que será que você vai fazer agora? – murmurou entediado. – Hã? Quem esta ai!? – ele se levantou estranhando o barulho da porta se abrindo.

Tudo parecia tranqüilo quando, mais tarde naquele dia, Syndra estava sentada na cama lendo um livro até que se distraiu olhando para a janela de seu quarto, debruçou-se sobre o parapeito ao ver uma aglomeração ao longe na vila. E para a sua preocupação, reconheceu quem estava no meio do tumultuo.

– Zed! – berrou deixando o livro cair de seus dedos, correndo desesperada até a porta principal da sala, e quase sem fôlego continuou correndo até a briga.

Por uma coincidência maldosa do destino, os aldeões que patrulhavam pela floresta haviam descoberto onde Zed estava morando durante todo aquele tempo. Eles arrastaram o garoto até a vila para ser julgado por sua desobediência.

– Não!!! – gritou Syndra jogando-se em frente ao corpo do amigo fazendo o soco de um dos homens virar-lhe o rosto com força.

– Syndra!

– Mas o que...!? O que esta fazendo aqui garota?! Vá embora

– Não façam isso! – voltou ela a falar ignorando a dor em sua bochecha direita avermelhada. – Ele não fez nada para ser punido desse jeito! – explicou.

– Você está cega? Olhe para ele! – apontou para Zed. – Ele não pertence a este lugar! Uma iluminada como você deveria ficar longe desse tipo de pessoa. – empurrou Syndra para o lado e puxou o garoto pela camisa. – Eu já cansei de avisar a essa moleque para sair daqui, só vai nos trazer desgraça!

– Syndra sai daqui. – ordenou Zed encarando o adulto a frente.

– Por favor, me escute! Zed nunca faria mal a ninguém, eu sei disso! Eu confio nele!

– Tirem-na daqui! – ordenou para um de seus companheiros que segurou o braço da garota a impedindo de se aproximar. – Ele a esta envenenando com mentiras!

– O que!? Não! – tentou se soltar da mão pesada. – Zed! Diz pra eles que estão enganados! – berrou desesperada. – Diz alguma coisa! Reage!

Zed não respondeu, tudo o que sentia naquele momento alem da raiva era o vazio dentro de si. Já estava acostumado com a situação perturbadora que nada mais o importava, seria apenas mais um dia comum da sua miserável vida.

– Sai logo daqui Syndra... – pediu calmo sem olhá-la.

Boquiaberta, a garota assistiu apreensiva e assustada o adulto a sua frente socar o rosto de Zed. Ela fechou os olhos com forço sem conseguir ver a cena, apenas ouvindo a barulho dos ossos se chocando.

– Já chega... – sussurrou com o coração apertado. – Eu disse para deixá-lo em paz!!! – berrou irritada gesticulando a mão em frente ao corpo, fazendo a pedra do colar em seu pescoço estourar ao surgir do chão uma grande barreira negra com vários espinhos afiados separando o homem de Zed.

– Isso é... magia negra! – murmuram as pessoas a sua volta.

Syndra permaneceu por alguns segundos com a mão estendida, alongando cada vez mais os espinhos quando se deu conta do que estava fazendo.

– O que foi que eu fiz?! – murmurou respirando ofegante piscando os olhos, segurando as mãos com força entre os seios. – Eu não queria... Eu juro! Me desculpe... – pediu vendo as pessoas a olharem aterrorizados ao se afastarem. – Por favor! Não é o que vocês estão pensando! – disse desesperada.

– Você é uma aberração... – um dos homens falou baixo, cuspindo as palavras para a menina que permaneceu calada. – ...eu sabia que o garoto tinha trazido desgraça a ela. – se afastou esbarrando o ombro no do pai da garota que chegava às pressas.

Syndra olhou para o pai desapontado antes de direcionar a atenção para Zed com o rosto machucado quase encoberto de sangue.

– Porque você fez isso? – sussurrou ele ainda no chão, surpreso sem entender a atitude. – Porque me defendeu?

– Porque você foi o único que não se importou por eu ser uma aberração. – sorriu de canto. – Desculpe... – lamentou antes de se afastar.

Zed desejou com todas as forças que nada acontecesse a garota naquele momento. Tudo aquilo era culpa dele, nunca deveria ter se envolvido com ninguém, principalmente com uma ioniana com poderes anormais.

– Saia logo daqui, bastardo, – avisou novamente o homem. – antes que cause mais problemas a essa vila. É o ultimo aviso.

O aldeão estava certo, só tinha causado problemas ali, estava na hora de ir embora. Zed sabia que, no fundo ele estava melhor sozinho.


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