O beijo começou calmo, mas aos poucos foi se intensificando. Ele então pediu passagem com a língua, que involuntariamente eu cedi. Oliver possuía a incrível habilidade de me fazer parar de pensar racionalmente. Um simples beijo fora capaz de derrubar todas as minhas defesas.

Não deveríamos estar fazendo aquilo.

Não podíamos!

Mas era impossível me afastar... Eu simplesmente não conseguia.

Paramos de nos beijar apenas quando nos faltou ar. Afastamos nossos lábios lentamente. Foi, de certa forma, extremamente difícil me afastar dele.

Eu não sabia o que dizer. E, aparentemente, ele também não.

Seguiram-se longos e desagradáveis minutos de um torturante silêncio.

– Sinto muito... - Murmurou, evitando me olhar nos olhos.

Nada consegui dizer. Em toda a minha vida, nenhum homem havia sido capaz de fazer com que eu me sentisse tão confusa. Nem mesmo durante meu relacionamento com Cooper eu me sentia assim.

Não posso mentir e dizer que não gostei ou que não queria que ele tivesse me beijado. De nada adiantaria tentar enganar a mim mesma, fugir de meus próprios sentimentos.

O que eu sinto por Oliver é mais do que amizade. Só não sei ao certo o que é... Seria apenas uma atração? Um simples desejo? O mesmo que senti na noite em que fizemos sexo? Ou talvez, algo mais intenso?

É tudo tão estranho... Eu costumava sempre entender meus sentimentos, sem a menor dificuldade. Mas com Oliver, tudo parece fora do lugar. Tudo se complica. As coisas se tornam confusas... Inexplicáveis... Indescritíveis!

Mas não era certo! Não posso me permitir amar Oliver Queen. Apesar de ser meu melhor amigo e eu saber que ele não faria nada para me machucar, Oliver não é e nunca será um homem de uma mulher só.

Amor? Por que diabos estou pensando em amor? O que sinto é apenas desejo! Certo?

De qualquer forma, o que eu sinto não importa. Somos amigos, acima de tudo. E por mim, sempre seríamos.

– Não quero que as coisas fiquem estranhas entre nós. - Falei. - Vamos apenas esquecer que esse beijo aconteceu.

– Não posso e não quero esquecer, Felicity. - Respondeu, de forma ríspida.

– Oliver, por favor... - Pedi.

Ele me encarou com olhar triste, fazendo com que eu me sentisse a pior pessoa do mundo. No fundo, eu também não queria esquecer. Bem lá no fundo, eu queria me permitir ter um relacionamento com ele. Mas o medo de perdê-lo, o medo de que algum de nós cometa um erro que acabe nos afastando, era forte demais.

– Tudo bem... - Concordou, forçando um sorriso.

***

Esquecer definitivamente não era uma opção.

Passou-se um mês desde o maldito beijo e em momento algum consigo pensar em outra coisa. Durtante 30 dias, toda vez que eu via Oliver, imaginava o quão melhor poderia estar minha vida se naquela noite eu tivesse seguido em frente. Se naquela noite eu não tivesse dito que o melhor que poderíamos fazer era esquecer.

Por mais que eu tentasse, pensar em outra coisa ou outra pessoa, era impossível. Há aproximadamente duas semanas, Ray confessou o que sente por mim.

Eu aceitei sair com ele.

Durante o jantar, tudo que consegui fazer foi pensar em Oliver. Em como ele se sentiria se me visse ali, com outro homem. Provavelmente ele não se importaria. Tenho certeza que ele seguiu em frente, colocando nossa amizade acima do que o que algum dia ele pode ter sentido.

No fim, o encontro com Ray foi um fracasso.

Por mais divertido e bonito que ele fosse, sentir por ele o mesmo que sinto por Oliver seria impossível.

Mas... O que exatamente eu sinto por Oliver?